ESTRATÉGIA NAVAL
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Marino, perdoe-me a impertinência, mas a ordem não poderia ser:
- A Posição Estratégica;
- A Força Organizada;
- As Comunicações Marítimas; e
- As “Interferências”.
Coloco a questão, porque antes de analisar uma posição estratégica, não sei como elaborar um comentário sobre a organização de uma força...
- A Posição Estratégica;
- A Força Organizada;
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- As “Interferências”.
Coloco a questão, porque antes de analisar uma posição estratégica, não sei como elaborar um comentário sobre a organização de uma força...
- Marino
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Senhores
Não se preocupem por não terem estudado formalmente Estratégia ou Geopolítica anteriormente.
Este é um dos objetivos de nosso fórum: todos aprendermos um pouco mais.
Tenho aprendido muito nos tópicos referentes à Força Aérea e ao Exército. Creio que é minha vez de contribuir um pouco.
Não estou me aprofundando muito para que as dúvidas surjam e, caso consiga, eu possa responder.
Vimos anteriormente algo muito importante: que uma Força Naval não tem como preocupação única somente a Força Naval adversária, mas também as Posições Estratégicas e as Comunicações Marítimas. Isto é básico para compreendermos a guerra no mar.
Mas não termina nestas 3 preocupações. Vamos continuar com as Interferências, um conceito pouco compreendido inclusive por muitos Oficiais de Marinha:
Ao compreendermos para quais objetivos se direcionam os esforços de uma Força Naval demos um grande passo. Vimos que a Força Naval inimiga não é a única preocupação do condutor da guerra no mar.
Claro que aparecerão as perguntas, que tentarei responder.
O próximo tópico será sobre o Controle do Mar.
Boa leitura.
Não se preocupem por não terem estudado formalmente Estratégia ou Geopolítica anteriormente.
Este é um dos objetivos de nosso fórum: todos aprendermos um pouco mais.
Tenho aprendido muito nos tópicos referentes à Força Aérea e ao Exército. Creio que é minha vez de contribuir um pouco.
Não estou me aprofundando muito para que as dúvidas surjam e, caso consiga, eu possa responder.
Vimos anteriormente algo muito importante: que uma Força Naval não tem como preocupação única somente a Força Naval adversária, mas também as Posições Estratégicas e as Comunicações Marítimas. Isto é básico para compreendermos a guerra no mar.
Mas não termina nestas 3 preocupações. Vamos continuar com as Interferências, um conceito pouco compreendido inclusive por muitos Oficiais de Marinha:
2.4 - AS “INTERFERÊNCIAS”
“Interferências” são as ações e reações de guerra naval, executadas para atender a necessidades do nível político de condução da guerra ou das outras forças armadas. Elas interferem na estratégia naval em sua busca do controle do mar e, em algumas oportunidades, criam obstáculos para a conquista da citada meta. A liberdade de ação do condutor da guerra no mar é limitada por múltiplas exigências políticas, estratégicas, econômicas, jurídicas e morais.
Talvez o termo “interferência” não seja o mais próprio, pois sua satisfação, por meio do poder naval, normalmente, contribui para alcançar objetivos do nível político, ou das outras instituições da defesa. No entanto, serve para destacar o desvio a ser efetuado pela Marinha, de sua responsabilidade de controlar do mar, em contribuição a outras estratégias. O controle do mar, para dar frutos substantivos, deve transformar-se em um meio destinado a servir às estratégias superior ou das outras forças, em seu esforço para ganhar a guerra. Convém recordar o conselho de Castex em relação às interferências:
“Constituem um conjunto de necessidades alheias à estratégia naval, mas que merecem ser consideradas seriamente. É verdade que somente serão aceitas com reservas e depois de madura reflexão, contudo, em muitas circunstâncias, nos vemos obrigados a satisfazê-las amplamente, ainda sob a condição expressa, como é natural, de que elas não comprometam a estratégia marítima de forma demasiadamente perigosa.”
Esta advertência será levada em conta em cada ocasião em que se considera uma interferência. Em numerosas oportunidades, pretende-se impor ao poder naval tarefas para as quais estão melhor adaptadas as forças terrestres e aéreas.
Por outro lado, também a estratégia naval exige às outras estratégias sua colaboração gerando interferências. Em outras palavras, cumprir tarefas em benefício da guerra no mar.
2.4.1 – Classificação das interferências
As interferências podem ser classificadas de acordo com a origem. Além disso, têm caráter positivo quando obrigam a executar uma ação, ou negativo, ao impedi-la.
Políticas: Negativas ou Positivas. Atende a uma demanda de natureza política. Por exemplo, apoiar um aliado, efetuar demonstrações de força ante um país, fornecer proteção a uma determinada área, etc..
Exemplo: Primeira Guerra Mundial
A Rússia solicitou à Grã-Bretanha que fizesse uma demonstração frente à Turquia, com o propósito de aliviar a pressão sobre seu exército no Cáucaso. Depois de onerosas e inúteis tentativas de forçar os Dardanelos somente com uma força naval, decidiu-se capturar os estreitos turcos mediante uma operação anfíbia. .O plano foi executado com indesculpáveis vacilações e demoras, e “quando a esquadra de Robeck desembarcou 29 mil homens em cinco praias ao redor de Cabo Helles e de Gaba Tepe, os defensores turcos já estavam prontos para recebê-los. Nem nesta oportunidade, nem nos oito meses que se seguiram, obtiveram as tropas aliadas mais que uma cabeça de praia na península."
Em 19 de dezembro de 1915, se colocou fim a esta desastrada campanha. Os aliados perderam 9 pré-Dreadnought ou cruzadores encouraçados, numerosas unidades menores e sofreram 250 mil baixas.
Jurídicas: Negativas. São geradas pelas normas de direito. O Direito Internacional, de forma permanente, impede ou restringe certas operações navais. Relacionam-se com a observação de tratados que dizem respeito, ao direito de presa, comportamento em relação aos neutros, proibições do uso de certas armas, etc. O Almirante britânico Cyprian Bridge observa: “É necessário levarmos tanto em conta os juristas como o inimigo.”
Exemplo: Segunda Guerra Mundial
O Terceiro Reich iniciou a campanha submarina com grandes restrições. Os submarinos tinham ordens rigorosas para realizar a guerra exclusivamente conforme a ordenança de apresamento, isto é, atacar sem aviso prévio unicamente os navios armados ou navios acompanhados por escoltas. Quanto aos demais, somente detê-los e afundar os navios com contrabando tão somente após inspecionar seus papeis ou carga. Este procedimento privou os submarinos de sua melhor característica, a ocultação, pois tinham que emergir. Estas limitações foram abolidas de forma gradual e a guerra submarina tornou-se irrestrita..
Econômicas: Positivas. Estão voltadas para atender a aspectos das atividades econômicas próprias e prejudicar a economia do inimigo. Traduzem-se, muitas vezes, em ataque e defesa do tráfego mercante, fazendo parte da guerra no mar.
Exemplo: Segunda Guerra Mundial
Por causa da ofensiva contra a Polônia, a Marinha alemã desdobrou-se para iniciar as operações contra as comunicações marítimas britânicas.
“Raeder não iria permitir que sua reduzida esquadra permanecesse em seus fundeadouros. No fim de agosto de 1939, tinha no mar 18 submarinos; o Graf Spee e o Deutschland nas cercanias de suas áreas de espera. O primeiro, no Atlântico Sul, e o outro, nas proximidades da Groenlândia. Todos estavam preparados para interromper ou destruir o tráfico mercante inimigo, utilizando-se de todos os meios possíveis.”
Morais: Positivas. Normalmente, nascem de pressões da opinião pública e têm ampla repercussão na frente interna.
Exemplo: Segunda Guerra Mundial.
O ataque a Pearl Harbour e os sucessivos êxitos japoneses haviam deprimido a opinião pública norte-americana.
“As missões dos navios-aeródromos sugeriram em Washington uma idéia: atacar o Japão metropolitano, com o que se demonstraria que os EUA podiam alcançar território japonês e, ao mesmo tempo, se aumentaria o moral do povo norte-americano ... Para esta ação, eram precisos aviões de grande autonomia, que ,depois de lançados dos navios-aeródromos, bombardeassem os objetivos e aterrizassem na China. E assim, as 07:25 horas de 18 de abril de 1942, o NAe Hornet lançou o primeiro B-25, o de Doolittle. A incursão foi um êxito e Tóquio, Osaka, Kobe e Nagoia receberam as primeiras bombas norte-americanas.”
A repercussão do bombardeio no Japão foi muito grande. O fato levou o Alto Comando a aprovar o plano do Almirante Yamamoto de atacar Midway.
Bélicas: Positivas. Satisfazem as demandas da Totalidade da Guerra, ou seja, representam uma contribuição das forças navais às forças aérea e terrestre. Consistem, por exemplo, em realizar transporte, em impedir ou executar operações de projeção contra o litoral próprio ou inimigo.
Exemplo: Segunda Guerra Mundial – Retirada de Dunquerque
As forças britânicas foram evacuadas de Dunquerque, na operação Dínamo.
“Iniciada com a modesta meta de resgatar 45.000 homens, finalmente alcançou a surpreendente cifra de 338.226 homens..., 308.888 salvos em navios britânicos e o resto, em sua maioria, em navios franceses. Deste total, os contratorpedeiros e transportes trouxeram a maior porção e sofreram com maior severidade. A operação Dínamo custou à Marinha Real 6 contratorpedeiros afundados e 19 seriamente avariados. Além disso, foram perdidos 9 transportes e outros 8 sofreram avarias tais que foram retirados de serviço.”
Ao compreendermos para quais objetivos se direcionam os esforços de uma Força Naval demos um grande passo. Vimos que a Força Naval inimiga não é a única preocupação do condutor da guerra no mar.
Claro que aparecerão as perguntas, que tentarei responder.
O próximo tópico será sobre o Controle do Mar.
Boa leitura.
- Marino
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pt escreveu:Marino, perdoe-me a impertinência, mas a ordem não poderia ser:
- A Posição Estratégica;
- A Força Organizada;
- As Comunicações Marítimas; e
- As “Interferências”.
Coloco a questão, porque antes de analisar uma posição estratégica, não sei como elaborar um comentário sobre a organização de uma força...
Caro PT
Não há prioridade de um objetivo sobre outro, a priori. Cada situação terá que ser estudada, de per si, e a solução de qual objetivo deve ter prioridade será única para cada caso.
Não se esqueça da Dualidade descrita anteriormente: Força + Posição.
Mas um objetivo tendo prioridade não significa que os outros devam ser deixados de lado.
Veremos isso adiante, não se preocupe.
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Estou editando a minha resposta acima, para acrescentar o seguinte:
A organização de uma força, ou seja, de quais meios e em que quantidade necessito estes meios, é um dos estudos mais profundos existentes em Estratégia, chamado de "Projeto de Força".
Não creio que possa dissertar sobre isso, para não expor uma metodologia específica. Cada país possui a sua, normalmente parecidas mas com sutis diferenças.
como dizemos na Marinha, "nada é a garra" = nada é nas cochas.
A necessidade de cada meio pode ser justificada. Isto é importante saber.
Olá Marino!
Estou lendo com muita atenção os artigos e tenho um monte de dúvidas, mas para começar gostaria de entender mais sobre as "Comunicações Marítimas".
Pelo que eu entendi é vital manter o comércio marítimo.
Como é feita essa proteção? São escoltas? Ou basta colocar uma força naval entre a força inimiga e os navios mercantes?
Para ser sincero fiquei imaginando um cenário fictício onde numa guerra o Brasil precisasse buscar suprimentos na África do Sul (já que parece que o Brasil está se tornando parceira militar desta), tais como mísseis A-Darter.
Seria necessário navios de escolta na travessia do Atlântico todo, ida e volta?
Desculpe se estou saindo muito do tópico ou se estou estragando-o com suposições já.
Grato
Otavio
Estou lendo com muita atenção os artigos e tenho um monte de dúvidas, mas para começar gostaria de entender mais sobre as "Comunicações Marítimas".
Pelo que eu entendi é vital manter o comércio marítimo.
Como é feita essa proteção? São escoltas? Ou basta colocar uma força naval entre a força inimiga e os navios mercantes?
Para ser sincero fiquei imaginando um cenário fictício onde numa guerra o Brasil precisasse buscar suprimentos na África do Sul (já que parece que o Brasil está se tornando parceira militar desta), tais como mísseis A-Darter.
Seria necessário navios de escolta na travessia do Atlântico todo, ida e volta?
Desculpe se estou saindo muito do tópico ou se estou estragando-o com suposições já.
Grato
Otavio
- Marino
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otaolive escreveu:Olá Marino!
Estou lendo com muita atenção os artigos e tenho um monte de dúvidas, mas para começar gostaria de entender mais sobre as "Comunicações Marítimas".
Pelo que eu entendi é vital manter o comércio marítimo.
Como é feita essa proteção? São escoltas? Ou basta colocar uma força naval entre a força inimiga e os navios mercantes?
Para ser sincero fiquei imaginando um cenário fictício onde numa guerra o Brasil precisasse buscar suprimentos na África do Sul (já que parece que o Brasil está se tornando parceira militar desta), tais como mísseis A-Darter.
Seria necessário navios de escolta na travessia do Atlântico todo, ida e volta?
Desculpe se estou saindo muito do tópico ou se estou estragando-o com suposições já.
Grato
Otavio
Caro Otavio, você está pensando lá na frente.
Para nos adiantarmos, sem quebrar uma sequência lógica, podemos dizer:
1- se a força inimiga for destruída, não haverá ameaça;
2- pode haver proteção aos mercantes, na forma de comboio, como na IIGM;
3- os mercantes podem ser "divertidos" da área onde se encontra a força inimiga; e
4- a força pode interpor-se entre os mercantes e a força inimiga.
Mas para chegarmos até aí vamos ter que ler um pouco mais. Sugiro um pouco de paciência e a leitura na sequência lógica, ou muitos conceitos serão pulados e o entendimento não será correto.
Um abraço
Marino
Marino escreveu: Caro Otavio, você está pensando lá na frente.
Para nos adiantarmos, sem quebrar uma sequência lógica, podemos dizer:
1- se a força inimiga for destruída, não haverá ameaça;
2- pode haver proteção aos mercantes, na forma de comboio, como na IIGM;
3- os mercantes podem ser "divertidos" da área onde se encontra a força inimiga; e
4- a força pode interpor-se entre os mercantes e a força inimiga.
Mas para chegarmos até aí vamos ter que ler um pouco mais. Sugiro um pouco de paciência e a leitura na sequência lógica, ou muitos conceitos serão pulados e o entendimento não será correto.
Um abraço
Marino
Acho que me adiantei né....
Vou continuar lendo, mas depois posto mais dúvidas
Otavio
- Marino
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otaolive escreveu:Marino escreveu: Caro Otavio, você está pensando lá na frente.
Para nos adiantarmos, sem quebrar uma sequência lógica, podemos dizer:
1- se a força inimiga for destruída, não haverá ameaça;
2- pode haver proteção aos mercantes, na forma de comboio, como na IIGM;
3- os mercantes podem ser "divertidos" da área onde se encontra a força inimiga; e
4- a força pode interpor-se entre os mercantes e a força inimiga.
Mas para chegarmos até aí vamos ter que ler um pouco mais. Sugiro um pouco de paciência e a leitura na sequência lógica, ou muitos conceitos serão pulados e o entendimento não será correto.
Um abraço
Marino
Acho que me adiantei né....
Vou continuar lendo, mas depois posto mais dúvidas
Otavio
Ótimo. Se puder, estarei sempre pronto para tentar responder.
Um abraço.
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Obrigado caro amigo.alcmartin escreveu:Louvo a iniciativa, Marino. . Conforme bem disse o Pfifer em outro topico, o pessoal tende a se agarrar na teoria do "supertrunfo", analisando somente parametros de equipamentos e negligenciando a força maior: a doutrina, a tática, o porque da forma como esses equipamentos serão empregados.
abs!
- Marino
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Antes de continuarmos, um pequeno comentário sobre uma das diferenças entre Estratégia Terrestre e Estratégia Naval.
Como lemos, a Estratégia Naval possui 4 Objetivos: a Força Organizada, as Posições Estratégicas, as Comunicações Marítimas e as Interferências.
O condutor da guerra no mar deve ter em mente sempre 4 objetivos e não negligenciar nenhum deles. Isto será melhor visto adiante.
E a estratégia Terrestre? Esta possui como objetivo o Exército inimigo, pois é este que impede o atingimento dos objetivos estratégicos a serem alcançados.
Quando um exército recua, ele cede terreno pátrio para o inimigo.
Quando ele é destruído, nada se interpõe entre o objetivo estratégico inimigo e seu exército.
Isto significa que uma Estratégia é "melhor" que outra?
NÃO, significa que são diferentes. Por este motivo as aulas de Estratégia não podem ser unificadas em uma só Escola de Altos Estudos Militares, p. ex. Que cada Força tem que aprender as suas especificidades.
Devem lutar a guerra separadamente, cada uma por si? NÃO, o que escrevi não significa esta interpretação, significa que a maneira de empregar cada FFAA é diferente, mas que todas possuem o mesmo objetivo comum traçado pelo condutor político da nação, que vão sim operar conjuntamente, cada uma de acordo com sua especificidade, para o atingimento do objetivo político traçado pelo condutor político.
Como lemos, a Estratégia Naval possui 4 Objetivos: a Força Organizada, as Posições Estratégicas, as Comunicações Marítimas e as Interferências.
O condutor da guerra no mar deve ter em mente sempre 4 objetivos e não negligenciar nenhum deles. Isto será melhor visto adiante.
E a estratégia Terrestre? Esta possui como objetivo o Exército inimigo, pois é este que impede o atingimento dos objetivos estratégicos a serem alcançados.
Quando um exército recua, ele cede terreno pátrio para o inimigo.
Quando ele é destruído, nada se interpõe entre o objetivo estratégico inimigo e seu exército.
Isto significa que uma Estratégia é "melhor" que outra?
NÃO, significa que são diferentes. Por este motivo as aulas de Estratégia não podem ser unificadas em uma só Escola de Altos Estudos Militares, p. ex. Que cada Força tem que aprender as suas especificidades.
Devem lutar a guerra separadamente, cada uma por si? NÃO, o que escrevi não significa esta interpretação, significa que a maneira de empregar cada FFAA é diferente, mas que todas possuem o mesmo objetivo comum traçado pelo condutor político da nação, que vão sim operar conjuntamente, cada uma de acordo com sua especificidade, para o atingimento do objetivo político traçado pelo condutor político.
- Marino
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O que vou escrever agora é um dos pontos mais importantes para os que estão interessados em compreender a guerra no mar.
Após posteá-lo, vou me deter um pouco para ter certeza de que não há dúvidas, pois versa sobre a tarefa fundamental de uma Marinha: O Controle do Mar.
Uma observação antes de continuarmos:
Domínio, Comando, Governo ou Controle do Mar são expressões encontradas na literatura, algumas vezes, com mesmo significado. Por outro lado, há autores que empregam uma mesma expressão, mas têm entendimentos diferentes sobre seu significado.
Aqui utilizaremos a expressão "Controle do Mar".
Após posteá-lo, vou me deter um pouco para ter certeza de que não há dúvidas, pois versa sobre a tarefa fundamental de uma Marinha: O Controle do Mar.
Uma observação antes de continuarmos:
Domínio, Comando, Governo ou Controle do Mar são expressões encontradas na literatura, algumas vezes, com mesmo significado. Por outro lado, há autores que empregam uma mesma expressão, mas têm entendimentos diferentes sobre seu significado.
Aqui utilizaremos a expressão "Controle do Mar".
O CONTROLE DO MAR
3.1- CONCEITOS GERAIS
O Controle do Mar é a consideração básica da estratégia naval. Portanto, é indispensável entendê-lo.
Constitui um conceito complexo, sujeito a múltiplas interpretações.
Um aspecto que gera confusão e que precisa ser considerado, diz respeito à terminologia empregada.
Também provocam confusão dois conceitos de diferente caráter, mesmo que entrelaçados entre si: o conceito de conquistar o controle do mar e o conceito de exercê-lo.
O controle do mar não possui valor absoluto, mas relativo e variável. Um dos partidos em conflito desfruta-o em maior ou menor grau, enquanto seu rival também o goza, mas em grau inverso. Da mesma forma, o controle do mar é variável, pois é afetado pelo tempo, pelo espaço, pela ação dos neutros e pela imensidade dos oceanos. Por último, corresponde a um meio para se alcançar um fim posterior.
Um controle adequado, segundo Corbett , representa o requisito prévio para o início de numerosas operações.
“A expressão controle do mar deriva da expressão tradicional domínio dos mares. Esta mudança de terminologia pode parecer pequena, mas é uma tentativa deliberada de fazer conhecer as limitações no controle dos oceanos, acarretadas pelo desenvolvimento do submarino e do avião.”
3.2 - DUALIDADE DO CONTROLE DO MAR
O maior obstáculo para se exercer um efetivo controle do mar é a Força Organizada do inimigo, ameaça permanente que impede ou dificulta o uso do mar em benefício próprio, com fins estratégicos ou econômicos. De outro lado, representa o estorvo mais manifesto para expulsarmos, em sentido figurado, o inimigo dos oceanos.
A conquista do controle do mar é alcançada ao se destruir ou neutralizar a esquadra adversária. Parece, à primeira vista, que este resultado não tem grande significado em si mesmo. Mas a experiência assinala, sem sombra de dúvida, seus relevantes efeitos posteriores: assegura uma ampla liberdade de ação para exercer o controle do mar, inclusive admitindo realizar a invasão do território inimigo, antes protegido pela citada força. Mas se deve ter presente a dualidade do controle do mar:
“Outra diferença que certamente precisa ser gravada na mente é a da conquista do controle do mar e seu exercício...A força organizada nunca poderia ser suficientemente numerosa ou presente para exercer o domínio do mar e controlar as linhas de comunicações, que era tarefa das flotilhas, cruzadores de apoio e unidades intermediárias. Ao destruir ou neutralizar o inimigo, a Esquadra de Combate conquistava o domínio, que somente estas outras forças podiam exercer...Russel Grenfell aclarou a diferença entre ambas: todos os navios menores que exercem o domínio, patrulhando áreas focais e terminais, escoltando comboios e transportes militares, patrulhando para interceptar o comércio inimigo, etc., integram ao que ele chamou de Esquadra de Controle. A conquista e manutenção do domínio era tarefa da Esquadra de Combate, sob cuja proteção operava a Esquadra de Controle. O ponto de ênfase era a diferença entre as duas funções, que tinham diferentes necessidades de unidades navais, procedimentos táticos e outras. Somente com uma esquadra balanceada u’a Marinha podia esperar desempenhar ambas as funções.”
É importante que, no planejamento estratégico, quando se configura a força, sejam levadas em conta a necessidade de meios para compor o que Grenfell denomina Esquadra de Combate, destinada a enfrentar a força organizada inimiga, e a necessidade de meios para executar outras tarefas relacionadas com o exercício do controle do mar (meios que integram o que Grenfell denomina Esquadra de Controle).
Exemplo: Segunda Guerra Mundial
A esquadra japonesa, obcecada pela Batalha e pela conquista do controle do mar, descuidou de proteger suas vulneráveis comunicações marítimas. Em 8 de dezembro de 1941 não havia nenhuma unidade de escolta destinada a proteger os navios mercantes, na tarefa de exercício do controle do mar. Esta situação perdurou até 10 de abril de 1942, mas já era tarde demais.
“O governo informou à Dieta, convocada imediatamente após a rendição, que a principal causa da derrota foi a perda de navios mercantes. Mas é duvidoso que esta lição seja lembrada no futuro. O panorama de uma esquadra em ação está cheio de colorido, ao passo que o da guerra anti-submarino é monótono e pouco atrativo. Enquanto o resultado das operações da esquadra é óbvio ante os olhos de qualquer um, os efeitos da perda de navios mercantes é insidiosa, ainda ante um perspicaz observador econômico, até que se converta em perdas irrecuperavelmente agudas.”
3.3 - COMPARTILHAMENTO DO CONTROLE DO MAR
O controle do mar não possui um valor absoluto. Alguns tratadistas lhe atribuem esta característica pois entendem que o mar é único e indivisível. Afirmam que ou se desfruta ou não se desfruta do controle do mar e que não existem gradações intermediárias.
“Ainda quando o domínio possa ser local e temporal, um domínio simultaneamente dividido sobre a mesma extensão de água é impossível e não há domínio algum. Essa característica unilateral do domínio do mar dá à guerra no mar seu aspecto infinitamente mais dramático que em terra.”
Nas guerras, como regra geral, o controle do mar esteve por longo tempo em disputa, em outras palavras, compartilhado entre os beligerantes. Estes levaram a cabo numerosas operações navais de acordo com o grau de disputa detido.
“Quando ocorre que nenhum dos beligerantes pode usar o mar sem um custo excessivo, ou quando ambos os beligerantes podem usá-lo correndo riscos ou perigos idênticos, então o mar está em disputa e não se pode dizer que um dos beligerantes exerce domínio sobre ele.”
O mar compartilhado, em disputa, forma o marco onde se joga com maior intensidade a estratégia naval pura. Uma vez conquistado este controle, o mesmo é explorado, de maneira preferencial em benefício da Estratégia Superior, ou satisfazendo as necessidades da Totalidade da Guerra, em apoio às estratégias terrestre ou aérea.
Exemplo: Segunda Guerra Mundial - Teatro do Pacífico.
O controle do mar sofreu alterações radicais. Exceto no início do conflito, a mudança foi gradual. Nos primeiros seis meses, o Japão desfrutou de um amplo controle do mar, que perdeu de forma paulatina. Após a Batalha de Leyte, a marinha norte-americana não tinha uma força organizada rival, conquistando, no mais alto grau, o controle do mar. O poder naval dos EUA dedicou-se a explorá-lo em benefício da Estratégia Superior e da Totalidade da Guerra. Não tinha os objetivos naturais da estratégia naval de caráter prioritário para preocupá-lo. Passou a colaborar na destruição da estrutura econômica do Japão e a preparar a invasão
3.4 - RELATIVIDADE DO CONTROLE DO MAR
O controle do mar constitui um aspecto essencialmente relativo em espaço e tempo. Ademais, o influenciam os neutros e a vastidão do cenário. Portanto, o controle é local, imperfeito, temporal e incompleto.
A expressão domínio do mar encerra um sentido demasiadamente incondicional e totalizador para ser aplicado em algo tão restrito. No entanto, tendo presente suas reais limitações, podemos usar indistintamente os termos controle ou domínio do mar.
Com a incorporação ao inventário naval do submarino e da aeronave, o controle do mar compreende um aspecto tridimensional: o espaço aéreo, a superfície e as profundezas do mar.
Controle Local - O controle do mar é de limitada extensão, pois tem efeito somente na área onde se encontra a força. Aprofundando um pouco mais, se reduz ao espaço aéreo, submarino e de superfície dentro do qual a força, com seus sensores e armas, impede a presença do inimigo. Este espaço tridimensional move-se junto com a força, acompanhando-a em seu trânsito pelo mar. O Almirante britânico Eberle assinala: “Eu tenho muito claro que a força naval estabelece controle sobre certas áreas do mar. As águas litorâneas constituem a primeira área do mar em que se faz necessário estabelecer o controle, para os interesses nacionais.”
Controle Imperfeito - Um dos objetivos estratégicos principais da guerra no mar é constituído pelas comunicações marítimas. Seu controle, “Deve implicar o direito de proibir, se nos é possível, o trânsito de propriedade, tanto pública como privada, no mar.” Este propósito se consegue mediante a captura ou destruição da carga ou do navio de transporte. Mas os bens destinados a sustentar o esforço bélico do inimigo são transportados por navios seus e, também, de países neutros. Estes últimos fazem valer seus direitos de livre navegação pelos oceanos e certos países pretendem favorecer, de forma mais ou menos velada, a uma das partes em conflito. Além desses, existem Estados que tratam de colher frutos em qualquer disputa. Em suma, os neutros concorrem para interferir no controle do mar, fazendo-o imperfeito. O nível de imperfeição depende da própria vontade e firmeza disponível em relação às perturbações. Em todo caso, como afirma Castex, “É necessário ter presente os neutros, que não podem ser eliminados facilmente da navegação. O teatro de operações marítimo é percorrido constantemente por navios estranhos ao conflito.”
Controle Temporal - Pretende-se exercer o controle do mar para levar a cabo operações específicas durante períodos definidos. O controle do mar persiste enquanto a força permanece na área de interesse e, ao afastar-se, termina o domínio destes espaços. O Almirante Turner observa:
“A nova expressão Controle do Mar foi cunhada para ser relacionada com mais realidade ao controle em áreas limitadas e por limitado lapso de tempo. Hoje é concebível exercer temporariamente o controle de um espaço aéreo, submarino e superfície, enquanto os navios se deslocam a suas posições para projetar o poder sobre terra ou reabastecer as forças de ultramar.”
Exemplo: Segunda Guerra Mundial – Incursão japonesa no Índico.
“Os japoneses enviaram uma potente esquadra, composta por três encouraçados, quatro navios-aeródromos, cruzadores e contratorpedeiros ao Oceano Índico. Em 5 de abril bombardeou, com aviões, Colombo; em 9, Trincomale; afundou no mar, ou nos portos, o navio-aeródromo Hermes e os cruzadores Cornwall e Dorsetshire. Estes ataques não eram, como se podia temer, os prelúdios de uma invasão da Índia, senão operações preventivas de destruição.”
Enquanto a esquadra japonesa se manteve no Índico exerceu o controle do mar, deslocando o sistema de comunicações marítimas aliadas da área. A Força Organizada britânica, cujo grosso era composta por obsoletos encouraçados da classe “R”, se refugiou nas ilhas Maldivas. Uma vez retirada a força japonesa, os aliados recuperaram o domínio do Índico.
Controle Incompleto - A vastidão do mar impede o domínio de toda a sua extensão. Na guerra marítima, jamais se conseguiu varrer por completo o inimigo dos oceanos. Esta notável circunstância se deveu a amplitude do cenário, somado à dualidade do controle do mar: a conquista e o exercício. Ainda quando, em numerosos conflitos, uma potência marítima destruiu a esquadra adversária, ou gozou de uma manifesta superioridade de meios, o inimigo pôde atacar suas comunicações marítimas e, inclusive, realizar ofensivas estratégicas por meio de operações anfíbias. Castex destacou este fenômeno:
“Ainda que dispondo de uma superioridade que as vezes era esmagadora, quem exerceu o domínio das comunicações nunca desalojou totalmente o inimigo do mar. A história oferece grande número de exemplos deste fato, havendo ocorrido o mesmo ainda depois de acontecimentos que pareciam dar a um dos beligerantes o domínio absoluto do mar. Surpreende, em geral, quando se estudam as guerras do passado, a facilidade com que os navios, ou grupos de unidades do beligerante mais débil conseguem sair, navegar, desenvolver ações hostis e outras operações, não obstante a considerável superioridade do inimigo.”
Exemplo: Segunda Guerra Mundial – Teatro do Pacífico.
“Depois do ataque a Pearl Harbour, em dezembro de 1941, o fator principal que evitou que a esquadra japonesa chegasse a controlar todo o Pacífico, incluindo a porção oriental, foi a grande extensão deste oceano ... Os objetivos imediatos do Japão estavam no outro lado do oceano; mas a porção central estava em disputa e a porção ocidental não chegou a colocar-se sob controle completo dos japoneses, até que o poder combatente de sua esquadra pôde capturar novas bases na Malásia, Filipinas e Índias Orientais.” Apesar de tudo, os submarinos americanos depredaram as vulneráveis comunicações marítimas entre a área conquistada e o Japão metropolitano. A Marinha Imperial descuidou da escolta de seus navios mercantes.
Afirma o Almirante Caminha:
“Na prática, considera-se como estabelecido o domínio do mar numa área oceânica, quando as operações militares e os suprimentos econômicos, tidos como indispensáveis, são conduzidos através dessa área sem perdas inaceitáveis”
3.5 - CONTROLE DO MAR: UM MEIO PARA UM FIM
O controle do mar é a meta da estratégia naval. As operações das forças navais são planejadas e executadas visando a sua obtenção e exercício. Todavia, para a guerra, o mar não representa nenhum valor senão como via de comunicações. Por conseguinte, o fim da obtenção do controle do mar reside em seu exercício e exploração, do modo mais amplo e irrestrito, para propósitos políticos, econômicos e militares. Em outras palavras, é um meio para o atingimento de uma finalidade ulterior.
“No mar, não é possível a ocupação duradoura de zonas, como ocorre em terra, nem tampouco pode ser sustentada em exércitos permanentes. O valor do mar não é, pois absoluto, senão relativo. Quem o definiu melhor foi o geógrafo Ratzel, que afirmou que o mar é somente um caminho. Possuir o domínio desse caminho é, em síntese, o objetivo principal da guerra marítima, ou, para falar com maior clareza: o objetivo principal da guerra marítima é impedir o tráfego dos navios que conduzam tropas ou carregamento de ou para os inimigos, e proteger os navios que realizam nosso comércio marítimo ou que transportam nossa tropas ou de nossos aliados. O domínio do mar é, em suma, o domínio das rotas marítimas. Enquanto a um exército vitorioso lhe é adequado destruir ou proteger-se de todos os meios do adversário, o único valor positivo do domínio do mar consiste nas possibilidades de comunicação que oferece.”
3.6 - A IMPORTÂNCIA VARIÁVEL DO CONTROLE DO MAR
O controle do mar desempenha diferentes papéis nas guerras. Em algumas, influi de forma resolutiva desde o primeiro dia das hostilidades, em outras, carece de relevância. O domínio do mar é condição insofismável para conseguir resultados conclusivos quando os objetivos a lograr ou os partidos inimigos se encontram separados por águas oceânicas.
A maioria dos países insulares estão condenados ao colapso, em relativamente curto espaço de tempo, ao serem privados de suas comunicações marítimas. Os Estados que não dependem de suas comunicações marítimas desfrutam de vantagens sobre inimigos dependentes do mar. Sem se preocuparem com a segurança de suas prescindíveis comunicações marítimas, podem voltar seus esforços à destruição do tráfego de seu oponente. Neste caso, diz-se que efetuam um controle negativo do mar, pois estão interessados, apenas, em negar o uso do mar ao inimigo.
O Almirante Caminha assim se expressa:
“No caso de a área marítima ser vital apenas ao esforço de guerra de um dos lados, o lado oposto tende a estabelecer, como objetivo de sua Estratégia Marítima, negar o uso daquela área ao inimigo.”
Para beligerantes com fronteiras e mar comuns, não importando suas características geográficas, a sorte do conflito se decide, geralmente, mediante o inevitável choque dos exércitos. No entanto, o controle do mar influi nas operações terrestres. A possibilidade de um envolvimento, pelo mar, do flanco costeiro de seu dispositivo, obriga o inimigo a desviar consideráveis meios, com o propósito de prevenir a ameaça latente.
3.7 - A NECESSIDADE DO CONTROLE DO MAR
Uma série de considerações básicas fundamentam a necessidade de se estabelecer um adequado controle do mar. As principais são:
O valor do controle do mar - A condição geográfica essencial de um estado define sua dependência das comunicações marítimas. Como regra geral, se estas são importantes na paz, tornam-se críticas em tempo de guerra, pois são sobrecarregadas com as exigências bélicas. Para nações insulares, como Inglaterra e Japão, as comunicações marítimas revestem-se de caráter vital.
Forma de obtenção do controle do mar - Obtém-se mediante o emprego do poder naval. Para tal efeito, todos os meios de qualquer natureza ou origem, que operam no mar com o propósito de conquistar ou exercer seu controle, devem estar, preferencialmente, sob as ordens de um único comando. Com isto, se conseguem esforços harmônicos e concorrentes, orientados para alcançar as metas previstas.
Obstáculos para se obter e exercer o controle do mar - Estão constituídos pelos integrantes do Poder Militar do inimigo, especialmente de seu Poder Naval, cujo maior expoente é a Força Organizada.
Procedimentos para afastar o poder naval inimigo - A solução mais direta e definitiva consiste em sua destruição. No entanto, é factível utilizar o mar de acordo com o grau de controle que se desfruta. A destruição, em particular da Força Organizada inimiga, se executa quando a mesma interfere com as tarefas planejadas, ou se apresentam circunstâncias favoráveis. A Batalha naval é de consentimento mútuo e por sua vez corresponde a um meio e não um fim.
Conseqüências do controle do mar - Afeta os campos de ação político, econômico e militar. Afeta em geral a todo o país. A guerra no mar detém um caráter político muito mais marcante que a guerra em terra, pois as operações marítimas influem com intensidade nos interesses dos neutros.
Por outra parte, o controle do mar permite as operações de projeção. As ações navais de maior transcendência para o desenlace da guerra são a invasão do litoral inimigo por meio de uma operação anfíbia e a defesa do próprio.
3.8 - COMUNICAÇÕES MARÍTIMAS VITAIS
Inumeráveis navios, dos beligerantes e de neutros, transitam pelos oceanos materializando as linhas de comunicações marítimas. Destas, interessam que possuem efeitos reais e diretos no destino da guerra. É proveitoso considerá-las centro de gravidade nas operações de exercício do controle do mar. Realizar esforços sobre as que não se revestem de valor vital significa desperdiçar esforços.
“Quanto ao uso do mar para propósitos militares, em sua acepção mais ampla, novamente a superfície assume importância primordial. As grandes unidades terrestres, prontas para o combate e com apoio logístico, unicamente podem ser transportadas sobre a superfície do mar; o avião pode transportar muita gente, mas pouca carga pesada, enquanto o submarino somente pode acomodar grupos pequenos ... Além disso, o abastecimento das nações, posições e forças que não sejam auto-suficientes em época de conflito, deverá obrigatoriamente efetuar-se com meios de superfície, exceto nos poucos casos em que se arranjem com suprimentos lançados do ar ou desembarcados de submarinos, com as limitações inerentes a ambos os meios”
Desde a antigüidade, as comunicações marítimas têm grande valor econômico e estratégico. Com o propósito de identificá-las, sem confusões ou ambigüidades, são denominadas Linhas de Comunicações Marítimas Vitais (LCMV). Estas polarizam as operações de controle do mar, em particular as de exercício.
3.9 - EXPLORAÇÃO DO USO MAR
A exploração do uso do mar se realiza com fins econômicos e militares, mas ambos concorrem para afetar, com grande intensidade, o campo interno.
“A ação da opinião pública nos EUA, durante a guerra hispano-americana, se fez legendária. Sabemos da inquietação que se apoderou dela ao ter notícia da partida da Divisão espanhola do Almirante Cevera das Ilhas Cabo Verde, em 19 de abril de 1898. Esperava-se vê-la aparecer de um momento para o outro na Costa Leste dos EUA ... Poucas vezes a “vox populis” teve uma influência tão nefasta na condução das operações.”
As atividades a serem exercidas no mar dependem do grau de controle que se tenha obtido, ou conquistado, mediante operações destinadas a desgastar, imobilizar, ou destruir a força organizada inimiga. Quanto maior grau de controle obtido, mais liberdade de ação se possui e, por conseguinte, as metas a perseguir devem ser mais ambiciosas e conseqüentes com a situação vigente.
A exploração pode ser econômica ou militar:
Exploração Econômica
- Serve para satisfazer as necessidades da infra-estrutura financeira, produtiva e de serviços do país, por meio das linhas de comunicações marítimas;
- Permite negar ao inimigo o trânsito de suas LCMV atacando-as de forma direta;
- Exerce pressão sobre o inimigo impondo ao mesmo o bloqueio econômico, zonas de guerra e exclusão;
- Evita a chegada de auxílio ao oponente, por meio de neutros, capturando ou destruindo a carga destinada a seus portos; e
- Com bombardeio aeronaval e outras ofensivas desde o mar, danificam-se suas instalações econômicas e de serviços.
Exploração Militar
- Facilita o transporte dos exércitos e reforços através das linhas de comunicações marítimas militares;
- Conserva o vigor dos teatros de operações mediante as linhas de comunicações marítimas de manutenção;
- Concede mobilidade estratégica ao dispositivo, realizando operações de projeção, materializadas por operações anfíbias destinadas a conquistar território inimigo;
- Impede ao inimigo o reforço e manutenção de seus dispositivos, isolando-os por mar;
- Concede capacidade de destruir componentes da posição estratégica e do dispositivo militar do inimigo, efetuando incursões anfíbias, bombardeio aeronaval e outras ofensivas táticas; e
- Evita as operações de projeção inimigas.
3.10 – O CONTROLE DO MAR E A DURAÇÃO DA GUERRA
O General Fuller comentou: “As guerras podem classificar-se em duas categorias: as de objetivos políticos limitados e aquelas de objetivos ilimitados, sendo precisamente as primeiras as que têm sido proveitosas para o vencedor.” Os escritores militares, em sua grande maioria, concordam com tal juízo. Um dos parâmetros limitadores dos conflitos reside no tempo. Na história moderna, todos os agressores tentaram levar a cabo uma guerra curta e que facilmente levasse à conquista dos objetivos políticos visados. Entre eles podem ser citados o Kaiser Guilherme II, Adolf Hitler, Benito Mussolini, o General Hideki Tojo e Sadan Hussein. No entanto, seus adversários se negaram a render-se e a guerra se prolongou, inclusive trazendo a derrota aos iludidos atacantes. Nos conflitos por eles iniciado, exceto na guerra Irã – Iraque, o poder naval e o controle do mar foram decisivos para a vitória.
Existe a percepção que o controle do mar é lento em produzir seus frutos. O Almirante Castex assinala:
“Os efeitos que produzem o domínio das comunicações marítimas e a missão da Marinha são, a princípio, pouco perceptíveis. Serão percebidos na oportunidade de se realizar algum transporte de especial interesse, econômico ou militar ... O valor da liberdade no mar começará a comprovar-se, imediatamente, a partir do momento em que se inicie o tráfego continuado dos elementos provenientes do exterior, destinados ao prosseguimento da guerra e à sustentação da resistência.”
O poder naval e o controle do mar, usualmente, contribuem para a vitória, mas seu papel passa inadvertido ante o impacto e a persistência das ações aero-terrestres. Não obstante, em certas confrontações bélicas relativamente breves, jogam papéis de atores principais que permitem o triunfo em terra. É o caso da guerra das Malvinas e da guerra Indo- Paquistanesa de 1971. Quanto a esta última:
“Ainda que ambos os países tivessem atuado com suas forças mobilizadas e uma reserva logística acumulada para uma guerra de 15 dias de duração, as necessidades de combustível e a absoluta dependência do exterior para o apoio logístico de material de guerra, a juízo dos dois beligerantes, constituíram fatores determinantes para que a gravitação do controle do mar resultasse altamente decisiva ... Portanto, é inaceitável a pretensão de que países marítimos possam independentizar-se do mar, ignorando o caráter marítimo do conflito.”
Ambas as guerras tiveram certas características comuns: foram de objetivo limitado e o mar separava a um ou aos dois adversários do objetivo geográfico em disputa. As aludidas circunstâncias convergiram para revestir as duas guerras de um caráter eminentemente marítimo.
- gingerfish
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Acho que a maneira mais fácil de se entender a importãncia deste tipo conhecimento, é exemplificar a realidade sobre cada item proposto, sobretudo, se o exemplo for histórico.
Me parece que a Segunda Guerra Mundial, no Pacífico, é um ótimo exemplo para entendermos como uma Estratégia Superior, leva a uma compreensão superior de como se usa suas plataformas, e quais serão as prioridades para as novas construções e como será a configuração de cada plataforma.
Os equíocos estratégicos do Japão, os levaram a construção de plataformas equivocadas para a moderna guerra naval, tanto nas plataformas a serem produzidas, como na sua configuração. Ainda que, muitas fossem muito avançadas tecnologicamente falando.
A tradução dos equívocos, levaram os Japoneses a investirem na Classe Yamato, não adotarem o radar, desproteger seu tráfego marítimo e ignorar o do adversário, mesmo possuindo uma das maiores flotilhas de submarinos no início da guerra a Marinha Imperial usava-os como complemento da esquadra, não como arma independente.
É nítido que depois de Midway, houve uma mudança repentina de pensamento, mas já era tarde.
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Me parece que a Segunda Guerra Mundial, no Pacífico, é um ótimo exemplo para entendermos como uma Estratégia Superior, leva a uma compreensão superior de como se usa suas plataformas, e quais serão as prioridades para as novas construções e como será a configuração de cada plataforma.
Os equíocos estratégicos do Japão, os levaram a construção de plataformas equivocadas para a moderna guerra naval, tanto nas plataformas a serem produzidas, como na sua configuração. Ainda que, muitas fossem muito avançadas tecnologicamente falando.
A tradução dos equívocos, levaram os Japoneses a investirem na Classe Yamato, não adotarem o radar, desproteger seu tráfego marítimo e ignorar o do adversário, mesmo possuindo uma das maiores flotilhas de submarinos no início da guerra a Marinha Imperial usava-os como complemento da esquadra, não como arma independente.
É nítido que depois de Midway, houve uma mudança repentina de pensamento, mas já era tarde.
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