AFEGANISTÃO

Área destinada para discussão sobre os conflitos do passado, do presente, futuro e missões de paz

Moderador: Conselho de Moderação

Mensagem
Autor
Avatar do usuário
EDSON
Sênior
Sênior
Mensagens: 7303
Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
Localização: CURITIBA/PR
Agradeceu: 65 vezes
Agradeceram: 335 vezes

#121 Mensagem por EDSON » Sex Fev 23, 2007 2:52 pm

Eu li um livro sobre a guerra russa no Afeganistão, aprendi sobre as tribos afegãs que vivem como a 2000 anos, os pasthuns são um povo guerreiro altamente temido desde a antiguidade e a cultura neste povo é altamente complexa, por exemplo se vc casa com uma pasthu vc faz parte da familía, de maneira nenhuma eles entregaram um membro de sua familia a quem quer que seje, pois os laços familiares são sagradosl.Ja entre os Uzbekes, Tadkis. Quirquizis e Turcomanos (ANTIGA ALIANÇA DO NORTE QUE AJUDOU A DERROTAR O TALIBÃ) isso não se aplica tanto, mas como tem um gosto forte pela guerra sempre estarão dispostos a uma briga, principalmente os Usbekes decedentes dos Mongóis tem um atrativo forte pela matança, não poupando prisoneiros e esterminando de homens a crianças. E depois são os xiitas que são formados por Hazaras e Persas, estes diferentes dos outros tem um apego muito forte a religião, se acham um povo a parte dos outros não se sentem dominados se vc não tentar mudar sua religião, mas em contra partida tem uma forte influecia do Irã. Não se podera derrotar a Al Kaeda e o Talibã sem que seja necessário exterminar tribos inteiras, eles não mudaram 2000 anos de seu modo de vida só porque o Ocidente quer. Antes que alguém diga que eu sou a favor de A ou B não defendi nimguém ou ataquei alguém.




Avatar do usuário
manuel.liste
Sênior
Sênior
Mensagens: 4056
Registrado em: Seg Set 12, 2005 11:25 am
Localização: Vigo - Espanha
Agradeceu: 7 vezes
Agradeceram: 8 vezes

#122 Mensagem por manuel.liste » Seg Mar 12, 2007 5:35 pm

Un vocero de Al-Qaeda vuelve a amenazar a España por la presencia de sus tropas en Afganistán:

http://www.elmundo.es/elmundo/2007/03/1 ... 18209.html

Recomiendo que se hagan las gestiones oportunas para enviar a esa gentuza a su paraíso :twisted:




nestor
Sênior
Sênior
Mensagens: 1499
Registrado em: Sáb Jan 22, 2005 10:26 pm
Localização: GRANADA (España)

#123 Mensagem por nestor » Qua Mar 14, 2007 2:37 am

DENTRO DE LA 'OPERACIÓN AQUILES'
Tropas españolas en Afganistán participan en la mayor ofensiva contra los talibán del año
El lunes, Al Qaeda amenazó a España en un comunicado por su presencia en Afganistán
La operación culminará el próximo 10 de abril para 'impermeabilizar' el sur del oeste
Actualizado miércoles 14/03/2007 00:14 (CET)
AGENCIAS
MADRID.- Tropas españolas colaboran con el Ejército y las Fuerzas de Seguridad afganas en una operación conjunta con la ISAF de "impermeabilización" que se ha iniciado en la zona oeste de Afganistán dentro de la denominada 'operación Aquiles', la mayor ofensiva contra el movimiento talibán desplegada este año. Según un portavoz de Defensa, las tropas españolas están en labor de apoyo.

Al frente de la operación se encuentra el teniente general italiano Mauro del Vecchio, quien comanda el Mando Oeste de la ISAF en Afganistán. Los efectivos españoles participan en la operación junto con militares de la misión ISAF de Naciones Unidas, que realiza una labor de apoyo a esta "impermeabilización" de la frontera entre ambas zonas.

La operación, que comenzó el 12 de febrero y culminará el próximo 10 de abril, tiene como objetivo reducir la posibilidad de que grupos de la insurgencia intenten escapar de la presión a la que se ven sometidos en la zona sur del país y se refugien en el oeste, de responsabilidad española.

La misión entraría dentro de las competencias asignadas al contingente español y se circunscribe en todo momento a su zona geográfica de responsabilidad, ya que España tiene asignadas como responsable de la Base de Apoyo Avanzado de Herat las cuatro provincias de la zona oeste a las órdenes del Mando Regional.

Las tropas españolas actuarán en la zona oeste, su área de responsabilidad, sin traspasar la frontera a la región sur, según Defensa. En concreto, al cargo del Ejército español se encuentra la provincia de Badghis, con 690 militares distribuidos principalmente en las bases de apoyo de Herat y Qala i Naw.

Fronteriza con la provincia occidental de Farah, Helmand es una de las regiones con mayor actividad del movimiento talibán y otros elementos terroristas, por lo que la ISAF decidió el pasado 5 de marzo la 'operación Aquiles', su mayor ofensiva en la zona sur con 4.500 efectivos aliados desplegados en el norte de la provincia con el apoyo de unos 1.000 soldados del Ejército afgano.

Imagem


Saludos




WalterGaudério
Sênior
Sênior
Mensagens: 13539
Registrado em: Sáb Jun 18, 2005 10:26 pm
Agradeceu: 56 vezes
Agradeceram: 201 vezes

#124 Mensagem por WalterGaudério » Qui Mar 15, 2007 12:20 pm

EDSON escreveu:Eu li um livro sobre a guerra russa no Afeganistão, aprendi sobre as tribos afegãs que vivem como a 2000 anos, os pasthuns são um povo guerreiro altamente temido desde a antiguidade e a cultura neste povo é altamente complexa, por exemplo se vc casa com uma pasthu vc faz parte da familía, de maneira nenhuma eles entregaram um membro de sua familia a quem quer que seje, pois os laços familiares são sagradosl.Ja entre os Uzbekes, Tadkis. Quirquizis e Turcomanos (ANTIGA ALIANÇA DO NORTE QUE AJUDOU A DERROTAR O TALIBÃ) isso não se aplica tanto, mas como tem um gosto forte pela guerra sempre estarão dispostos a uma briga, principalmente os Usbekes decedentes dos Mongóis tem um atrativo forte pela matança, não poupando prisoneiros e esterminando de homens a crianças. E depois são os xiitas que são formados por Hazaras e Persas, estes diferentes dos outros tem um apego muito forte a religião, se acham um povo a parte dos outros não se sentem dominados se vc não tentar mudar sua religião, mas em contra partida tem uma forte influecia do Irã. Não se podera derrotar a Al Kaeda e o Talibã sem que seja necessário exterminar tribos inteiras, eles não mudaram 2000 anos de seu modo de vida só porque o Ocidente quer. Antes que alguém diga que eu sou a favor de A ou B não defendi nimguém ou ataquei alguém.


Beleza de Post EDSON, mas será que a dupla dinâmica Bush & Blair ( e seu fiel escudeiro John Howard) leram algo à respeito?

Acho que a força da OTAN desdobrada em Kabul deve tomar muito cuidado a partir de agora. As coisas por lá devem desandar de vez(novamente...) em 2007. O Talibã está botando as magas de fora de novo.

sds

Walter




Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...

Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.


Os sábios PENSAM
Os Inteligentes COPIAM
Os Idiotas PLANTAM e os
Os Imbecis FINANCIAM...
Avatar do usuário
EDSON
Sênior
Sênior
Mensagens: 7303
Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
Localização: CURITIBA/PR
Agradeceu: 65 vezes
Agradeceram: 335 vezes

#125 Mensagem por EDSON » Ter Mar 20, 2007 12:16 pm

17/03/2007
A Otan enfrenta uma hostilidade crescente no Afeganistão
A luta contra o Talebã nas regiões mais remotas do país continua durante esta primavera. Mas, enquanto o número de baixas entre os civis vai aumentando, o apoio da população às tropas ocidentais está decaindo

Susanne Koelbl

O túmulo tem 14 metros de comprimento. As bandeiras brancas com caracteres dourados tremulam no vento no topo de estacas de bambu. As inscrições são versos do Alcorão, destinados a guiar o morto rumo à vida após a morte.

Abdullah Shah está sozinho no cemitério de Da Mirwais mini Hadira, na zona oeste de Kandahar. As suas mãos estão erguidas para o céu. Após concluir as suas orações, o idoso alisa seu rosto e sua barba branca, conforme manda o ritual.

Vinte pessoas estão enterradas sob o montículo de terra aos pés de Shah: a sua mulher, Miamato, os seus três filhos, treze netos, duas noras e um primo. Eles morreram em Lakani, uma aldeia situada no distrito de Panjwai, no sul do Afeganistão, que foi o palco de uma batalha, às 2h30 da madrugada de 25 de outubro de 2006. As suas vidas foram apagadas pelo fogo dos canhões de 30 mm de um avião de ataque americano A-10 especializado em destruições no solo, também conhecido como Warthog.

Antes da matança, helicópteros já vinham patrulhando o céu acima de Lakani há dias. Quando as bombas começaram a ser arremessadas, o patriarca Abdullah Shah deu a ordem à sua família para buscar refúgio numa choupana de barro afastada da casa. Por volta das 2h da manhã, quando as coisas pareciam ter se acalmado, a família decidiu retornar à aldeia. Mas os atiradores do caça A-10, que observavam a movimentação através dos seus binóculos de visão noturna, não podiam perceber a diferença entre civis e combatentes. Tudo o que se mexesse tornava-se um alvo. As ordens eram claras: o Talebã tinha de ser removido desta região.

Zona imprensada entre a Otan e o Talebã

Abdullah Shah sobreviveu ao ataque por ter permanecido onde estava para tomar conta da casa. A sua neta de 4 anos, Aqida, também sobreviveu, mas foi atingida na coluna vertebral por um estilhaço de metralha e nunca mais poderá andar. Agora, a criança está na Alemanha. Perto do final do ano passado, o exército alemão transportou-a de avião para Colônia, onde ela foi tratada inicialmente numa clínica para crianças, e, mais tarde, foi acolhida por um casal afegão na Alemanha. Aqida poderia ser levada de volta para Panjwai até o final deste mês - para um lugar que se tornou uma zona de guerra imprensada entre as forças da Otan e do Talebã.

A Aliança ocidental espera fazer com que este seja o ano decisivo no conflito no Afeganistão. Com a ofensiva que ela desencadeou na semana passada na província de Helmand, a Aliança pretende desbaratar a ofensiva dos seus adversários, prevista para esta primavera. Os membros da Aliança estão convencidos de que não se deve deixar os terroristas retomarem o controle do país que eles libertaram do Talebã e da Al Qaeda.

Mas a estratégia de dois gumes da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que inclui uma política de reconstrução de um lado e ofensivas militares do outro, tem um alto custo. À medida que as mortes de civis vão aumentando, o mesmo ocorre com a animosidade contra os libertadores ocidentais do Afeganistão.

Cinco adultos e quatro crianças pequenas foram mortos na segunda-feira passada na província de Kapisa, ao norte de Cabul, quando um caça de combate da Otan arremessou uma bomba de 900 quilogramas sobre uma casa de barro. Segundo um porta-voz da Otan, membros das forças rebeldes haviam disparado foguetes contra a base da Otan em Kapisa e se refugiado então naquela casa antes de as forças da Otan realizarem o seu contra-ataque.

Um dia antes, as tropas americanas mataram nove civis e feriram 34, alguns dos quais gravemente, na estrada que leva até a passagem de Torkham, na fronteira com o Paquistão, a 50 quilômetros a leste de Jalalabad.

"Os americanos atiraram em tudo que se mexesse", conta uma testemunha que também ficou ferida. "Eles alvejavam pessoas que estavam dentro de carros, além de pedestres". Imediatamente antes do ataque, um homem-bomba havia arremessado uma lotação repleta de explosivos contra um veículo de patrulha americano.

Escudos humanos

Das 4.000 pessoas que tiveram morte violenta no Afeganistão no ano passado, cerca de 1.000 eram civis. A maioria das vítimas foi morta quando os soldados ocidentais se encontraram diante de "emboscadas complexas", uma expressão que costuma ser empregada por porta-vozes do exército para descrever a estratégia do Talebã de utilizar civis como escudos humanos.

A maior parte dos atentados suicidas também é perpetrada intencionalmente em ambientes povoados por civis, uma vez que um dos seus propósitos é atiçar o ódio da população contra as tropas estrangeiras. A estratégia parece estar dando certo, ao menos na região pashtun onde pouquíssimos projetos de reconstrução foram concretizados. Na semana passada, milhares de manifestantes irados marcharam pelas ruas de Jalalabad, gritando palavras de ordem tais como "Morte à América! Morte a Karzai!"

As frentes desta nova guerra são difíceis de definir, mas ainda é possível - conforme Abdullah Shah e a sua família descobriram - ser preso entre elas por uma armadilha. Shah, um nativo de Kandahar, tem 68 anos e não sabe ler nem escrever; ainda assim, ele conduziu a sua família numerosa através das diversas crises e dos períodos conturbados que o país conheceu nos últimos 40 anos. O seu clã sobreviveu à invasão soviética e à guerra civil no início dos anos 1990. Ele conseguiu até mesmo chegar a um entendimento com o Talebã, mesmo se os islâmicos o obrigaram a ceder um dos seus filhos para lutar no conflito. Caso ele não tivesse feito essa concessão, teria sido expulso da sua terra.

Hoje, apesar disso, a fazenda de Abdullah Shah em Lakani está abandonada. Foram-se as galinhas, as ovelhas e as vacas, e Shah não sabe sequer se elas foram furtadas ou se elas simplesmente escapuliram. Alguns amigos distantes de uma aldeia vizinha hospedaram-no temporariamente.

Imprensados como eles estão, no meio do conflito entre o Talebã e as forças internacionais, os habitantes do sul do Afeganistão viram a sua vida se tornar cada vez mais difícil. Hoje, eles não sabem a quem recorrer para obter proteção. O governo está fraco demais; na maioria dos casos, a Otan está combatendo principalmente para preservar a sua própria segurança, enquanto o Talebã vai infiltrando as aldeias.

Região chave para a produção do ópio afegão

"Se tiver que haver uma ofensiva da primavera, que seja então a nossa ofensiva", disse a secretária de Estado americana Condoleezza Rice no final de janeiro, numa reunião dos ministros das relações exteriores da Otan em Bruxelas. Esta ofensiva teve início na terça-feira passa, às 5h, hora local, quando uma tropa de 5.500 homens - incluindo britânicos, canadenses, holandeses, americanos e 1.000 afegãos - deu a partida da "Operação Aquiles" no sul da província de Helmand, uma região onde predomina a etnia pashtun. O objetivo da operação da Otan, liderada pelo major-general holandês Ton van Loon, é de liberar aldeias da região do domínio dos extremistas. Esta é uma região chave para a produção do ópio afegão, e uma das mais importantes bases estratégicas e econômicas do Talebã.

Cinco meses atrás, os britânicos assinaram uma trégua regional depois de combates pesados que causaram muitas perdas. Segundo os termos do acordo, os líderes tribais concordavam em manter o Talebã fora da região. Mas quando os britânicos se retiraram, o acordo foi rompido, e, no começo de fevereiro, o Talebã já haviam retomado o controle da situação.

Do seu esconderijo situado na região fronteiriça entre o Afeganistão e o Paquistão, o mulá (chefe espiritual islâmico) Dadullah, o líder militar perneta do Talebã, divulgou recentemente um anúncio que denotou uma grande confiança em si mesmo, segundo o qual 6.000 combatentes estavam prontos para a ofensiva da primavera. Disseram que aquele número inclui mais 2.000 homens-bomba.

O mais provável é que boa parte dessa propaganda se destinava a tornar as tropas aliadas nervosas. Aos 40, o mulá Dadullah já é um dos veteranos mais experientes do Talebã. Ele tem a reputação de ser particularmente violento e sabe-se que ele ordenou decapitações de "infiéis" assim como de "colaboradores", as quais foram filmadas em vídeo, numa tática destinada a apavorar os seus adversários. Os seus anúncios bombásticos visam essencialmente a intimidar a Otan e o governo em Cabul. Ao mesmo tempo, ele espera incentivar os jovens homens pashtun, que estão entre os habitantes os mais pobres do país, a se juntarem aos combatentes. Também ficou difícil para o Talebã, que perdeu centenas de combatentes, recrutar sangue novo todos os anos.

Nos anos 1980, os predecessores do Talebã, os mudjahidin, haviam encontrado um forte apoio popular na sua luta contra os invasores soviéticos. Mas, poucas são as famílias que hoje aceitam sacrificar seus filhos. Muitos habitantes percebem que a presença das tropas internacionais, por mais impopular que ela seja, talvez seja a sua melhor e derradeira chance de escapar do ciclo vicioso de opressão e pobreza. Entretanto, muitos deles enfrentam uma luta diária pela sobrevivência, o que cria as condições ideais para recrutar mercenários. Se eles tiverem de combater, raciocinam muitos afegãos, será principalmente por dinheiro. O Talebã oferece atualmente 30.000 afeganes por mês - cerca de R$ 1.400 - e mais uma moto àqueles que exigem um pagamento para lutar. Ao passo que o governo de Cabul paga aos seus servidores civis - professores e oficiais de polícia, entre outros - o equivalente a R$ 140 por mês apenas.

Líderes tribais, senhores feudais

A nova ofensiva em Helmand também será um teste rigoroso para descobrir se os Aliados ocidentais poderão mesmo prosseguir os seus projetos de reconstrução nas regiões objetos das disputas as mais encarniçadas do país. Mais de cinco anos depois da invasão americana, o Afeganistão continua sendo um dos países mais pobres do mundo, um lugar onde inúmeras pessoas vivem como escravas sob o jugo de líderes tribais guerreiros ou de senhores feudais.

O principal objetivo da nova ofensiva da Otan é de tornar seguras as áreas do vale de Sangin e da represa de Kajaki, no norte da província de Helmand. Se o plano for bem-sucedido, os Aliados ocidentais esperam consertar uma importante usina hidrelétrica que poderia fornecer energia para cerca de 2 milhões de afegãos. As tropas da Força da Assistência e Segurança Internacional (cuja sigla em inglês é Isaf), lideradas pela Otan, e até mesmo os americanos, agora se deram conta de que elas só conseguirão conquistar "os corações e as mentes" dos seus aliados afegãos melhorando de maneira significativa o seu padrão de vida.

Por sua vez, o Talebã está tentando impedir o progresso tecnológico a qualquer custo, pois ele sabe muito bem que o seu poder irá dissipar-se tão logo os afegãos constatarem melhorias em sua vida ou conseguirem encontrar empregos. Contudo, se os extremistas tiverem condições de aumentar o número de civis mortos no combate, os afegãos estarão mais inclinados a entrar nas fileiras do Talebã.

Resumindo, isso aqui está muito longe de uma guerra santa, ou de qualquer outra virtude, neste sul permanentemente ingovernável. O Talebã envolveu-se numa aliança estratégica com a poderosa máfia do contrabando que opera entre o Paquistão e o Afeganistão. Longe de apoiarem a implantação de um califado, os contrabandistas só estão interessados em drogas, armas, mulheres e em garantir o seu poder.

Por sua vez, a população quer paz - mas está se preparando para uma longa guerra de desgaste. O pavor que as pessoas têm das tropas internacionais é palpável; quando uma patrulha da Otan aparece numa esquina em Kandahar, todas as crianças ficam paralisadas de medo. Os afegãos sabem que todo e qualquer movimento inesperado poderia desencadear uma reação mortal. Na sua maior parte, os jovens soldados da Otan estão sentados nos seus veículos blindados, com o dedo no gatilho das suas metralhadoras, observando o mundo exterior num monitor. Um alvo vermelho surge toda vez que um perigo em potencial se apresenta - e dois estalos apenas separam a vida da morte.

É simplesmente difícil para a população rural dizer o que há de positivo na presença dos soldados estrangeiros. Eles circulam em velocidade pela paisagem poeirenta nos seus estranhos veículos, enfrentam de vez em quando o inimigo, e então retornam para as suas bases fortificadas. No distrito estrategicamente importante de Panjwai, na província de Kandahar, aldeias inteiras foram arrasadas porque estavam sendo utilizadas como cobertura pelo Talebã.

Alvos convenientes

A falta de segurança continua sendo o maior problema dos afegãos. Os policiais, que raramente aparecem quando se precisa deles, constituem alvos convenientes para o Talebã, que está interessado principalmente em intimidar a população local. Pessimamente treinados e muito mal pagos, isso quando eles recebem algum dinheiro, os oficiais de polícia do Afeganistão não raro abusam do seu poder para extorquir subornos daquelas mesmas pessoas que eles deveriam proteger. Esta situação faz com que muitos aldeenses acabam preferindo ver o Talebã manter a ordem. Eles alegam que embora o Talebã não tenha proporcionado qualquer desenvolvimento para o país, ele ainda assim instaurou uma estabilidade. Ao passo que o governo atual não conseguiu oferecer nenhum dos dois.

Exemplos disso é o que não falta. Desde que o governo talebã foi derrubado, no final de 2001, muitas áreas rurais deixaram de dispor de juízes para arbitrar as incontáveis disputas em torno da terra ou da água. Praticamente todos os casos de assassinato ou de assalto permanecem impunes. Em certos lugares onde o Talebã retomou o controle do poder, muitos acreditam que mais vale uma justiça tosca do que justiça nenhuma. No mais, lugares como esses vêm se multiplicando. O Talebã já voltou a controlar regiões inteiras ao sul de Kandahar e nas províncias de Helmand e de Zabul; ele está também penetrando em várias áreas no leste do país, essencialmente na região de Khost e nas províncias de Paktia e de Paktika. Os combatentes do Talebã se infiltram nessas áreas em pequenos grupos, seja a partir do Paquistão vizinho ou das montanhas do Hindu Kush, forçando os aldeenses a escondê-los em suas casas - e transformando a população local num escudo humano.

Toda pessoa que for suspeitada de cooperar com o governo de Cabul ou com as tropas estrangeiras vive em perigo mortal. No mês passado, no espaço de apenas 10 dias, extremistas mataram sete oficiais do governo na cidade de Kandahar, incluindo dois mulás e dois oficiais de polícia de patente modesta. Os assassinos ficaram aguardando suas vítimas em motos estacionadas na frente das suas casas e atiraram nelas com metralhadoras kalashnikov no momento em que elas saíam para ir trabalhar, de manhã. Nem mesmo os empregados das companhias de transporte público podem sentir-se em segurança. Qualquer um que for considerado como um colaborador corre o risco de ser punido.

Enquanto isso, os membros cada vez mais corajosos de organizações de ajuda privadas vêm demonstrando que é possível promover o desenvolvimento e a reconstrução em zonas de guerra. A Senlis Council, uma organização de ajuda britânica, oferece assistência a refugiados praticamente em toda a região sul do país. Engenheiros alemães concluíram recentemente uma importante estrada de 4,3 quilômetros que liga pontos cruciais no ameaçado distrito de Panjwai. Organizações não-governamentais estão oferecendo a sua assistência a qualquer um, quer ele seja amigo ou inimigo. É uma estratégia que costuma dar certo, mas nem sempre. Na semana passada, assaltantes desconhecidos mataram a tiros Dieter Rübling, um ativista alemão de uma ONG caritativa, que havia atuado a serviço da Deutsche Welthungerhilfe (uma organização alemã que atua no meio agrícola), em Sar-i-pul, no norte do Afeganistão.

Trata-se de um equilíbrio difícil de ser alcançado, e o desafio que a Otan tem pela frente é considerável. De um lado, ela precisa impedir que o Talebã volte a tomar conta do país. De outro, ela não pode se permitir desperdiçar os últimos apoios que lhe restam em maio à população. Assim como fizeram os americanos. Após terem sido celebrados como libertadores, as forças dos Estados Unidos perderam grande parte da sua credibilidade em meio aos civis afegãos como resultado do se comportamento, nem sempre atencioso. Agora, os europeus também estão prestes a perder o respeito da população.

De vez em quando, este dilema motiva os diplomatas e os oficiais militares em Cabul a considerarem abordagens radicalmente diferentes. "Por que os americanos não se retiram de uma vez por todas e deixam a reconstrução a cargo dos europeus?", perguntam-se oficiais europeus do alto escalão reservadamente. Mas eles não ousam manifestar as suas idéias abertamente - por temerem que alguém possa levá-los a sério para valer.

Noivo desdentado

Mas, caso os números de baixas entre civis não puderem ser reduzidos, o Ocidente poderia uma séria descompostura no Afeganistão. O viúvo Abdullah Shah, que perdeu praticamente toda a sua família num ataque da Otan, tornou-se uma espécie de símbolo desse combate. Quando a sua desgraça ficou conhecida por todo o país, o presidente Hamid Karzai se encontrou com Shah em Cabul. Karzai o enviou numa peregrinação a Meca e tomou providências para que a sua neta paralisada Aqida pudesse ser tratada na Alemanha.

Abdullah Shah aproveitou-se do seu encontro com o presidente para indagar a Karzai sobre quem lhe daria uma compensação pela perda da sua família. Karzai ofereceu a Shah duas parcelas de terra e o incentivou a ir à procura de uma nova mulher e casar-se de novo. Desde então, o viúvo esteve negociando a mão de uma nova noiva. A mulher que ele escolheu tem cerca de 30 anos apenas, e, por causa da idade avançada do noivo agora amplamente desdentado, a sua família está exigindo um preço elevado: 800.000 afeganes (cerca de R$ 33.200).

"Os homens sempre têm uma pressa desmedida", comentou o presidente afegão, ao ser indagado pela "Spiegel" sobre se ele pagaria a Abdullah Shah a dote da sua noiva. "Eu lhe fiz essa promessa, e manterei a minha promessa", disse o soberano.

Os afegãos são aparentemente capazes de resolver ao menos alguns dos seus problemas da sua própria maneira - da maneira que eles andaram fazendo durante séculos.

Tradução: Jean-Yves de Neufville

Visite o site do Der Spiegel




Avatar do usuário
EDSON
Sênior
Sênior
Mensagens: 7303
Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
Localização: CURITIBA/PR
Agradeceu: 65 vezes
Agradeceram: 335 vezes

#126 Mensagem por EDSON » Dom Mar 25, 2007 12:23 pm

24/03/2007
Taleban vê acordo para libertação de refém como vitória
Após a libertação de um jornalista italiano em troca de cinco guerrilheiros talebans, a máquina de propaganda dos extremistas islâmicos entrou em ação a pleno vapor

Matthias Gebauer

Não demorou muito para o mulá Dadullah, o comandante sedento de sangue do Taleban, colocar sua máquina de propaganda operando a plena potência. Afinal, ele tinha uma vitória do Taleban em suas mãos. O seqüestro do repórter italiano Daniele Mastrogiacomo mal tinha chegado ao fim quando ele pegou seu telefone por satélite e telefonou para o renomado jornalista paquistanês Rahimullah Yusufzai. Durante a conversa, o notório comandante foi rápido em descrever a troca de reféns da segunda-feira como uma vitória para o Taleban, disse Yusufzai para a "Spiegel Online", descrevendo a chamada.

Segundo o relato de Dadullah, o refém italiano foi libertado na margem do Rio Helmand, na região afegã de mesmo nome no sul do país, em troca de cinco membros do Taleban, incluindo dois proeminentes porta-vozes do grupo e três combatentes bem conhecidos. Suas declarações estão de acordo com as descrições da troca fornecidas pelo refém italiano. "Um grande número de nossos combatentes se dirigiu até o local para receber nossos camaradas libertados", disse Dadullah. "Eles dispararam suas granadas propelidas por foguete no ar e houve uma grande celebração."

Os comentários de Dadullah provavelmente intensificarão o debate em torno da controversa troca de cinco guerrilheiros talebans encarcerados pelo repórter italiano, em uma negociação entre os italianos e o Taleban. Se referindo ao seu irmão, que também foi libertado, Dadullah caracterizou seu sucesso nas negociações como uma vitória pessoal. Ele prosseguiu descrevendo a libertação dos combatentes como "uma vitória importante para o Taleban", notando que os dois ex-porta-vozes eram "politicamente muito significativos". Os três outros combatentes, ele disse, seriam imediatamente posicionados no sul do Afeganistão.

Suas declarações parecem confirmar os temores dos governos ocidentais. Quase tão logo o acordo foi fechado com o Taleban, o Reino Unido, os Estados Unidos e a Alemanha criticaram fortemente a libertação dos guerrilheiros e a capitulação aos seqüestradores como sendo o envio da mensagem errada. Na Alemanha, autoridades do governo temem que o sucesso do Taleban forneça um incentivo ainda maior para os guerrilheiros, liderados pelo líder do grupo, o mulá Omar, continuarem seqüestrando estrangeiros. Os Estados Unidos também expressaram irritação com o fato de não terem sido informados com antecedência sobre o acordo.

O mulá Dadullah teve um prazer considerável ao divulgar os detalhes das negociações. Apesar de seu relato não poder ser corroborado de forma independente, seu principal objetivo parecia ser a autopromoção do próprio mulá. "Nós rejeitamos a oferta dos diplomatas italianos de pagar US$ 1 milhão", disse o comandante do Taleban. Ele também alegou ter dito aos diplomatas que nem mesmo US$ 10 milhões seriam suficientes. Em vez disso, ele alega ter se mantido firme em sua insistência para que os guerrilheiros do Taleban fossem libertados. A idéia que ele parecia transmitir é a de que os combatentes do Taleban não podem ser comprados.

Problema político para Karzai

As declarações de Dadullah também poderão ser politicamente explosivas para o governo do presidente do Afeganistão, Hamid Karzai. Dadullah alega que o governo afegão não fez nenhum esforço para tentar obter a libertação do intérprete de Mastrogiacomo, que permanece refém do Taleban. "O governo afegão só estava interessado no italiano", ele alegou. Mas em sua conversa com Yusufzai, Dadullah disse que considerará a libertação do homem em troca de Mohammed Hanif, um membro do Taleban que está preso. Hanif, um ex-porta-voz do grupo, está encarcerado em uma prisão de Cabul.

As declarações sobre o intérprete afegão poderão provocar mais protestos contra o governo de Karzai. Logo após a libertação de Mastrogiacomo na segunda-feira, depois de ser mantido refém por duas semanas pelo Taleban, centenas de membros da família de seu intérprete realizaram um protesto na capital provincial de Helmand. Os comentários de Dadullah poderão servir para confirmar o temor deles de que o governo afegão só se importava em assegurar a libertação do repórter, não a de seu intérprete. Uma coisa é certa: independente de ser verdade ou não, as palavras de Dadullah foram rapidamente aceitas como verdade em muitas partes do Afeganistão.

Dadullah também citou de forma preocupante que mais jornalistas ocidentais serão seqüestrados. Qualquer repórter que esteja realizando pesquisa sem a permissão do Taleban no sul do país, ele alertou, será "preso". Com sua declaração, Dadullah deu credencial adicional a uma dolorosa realidade para as forças internacionais de segurança presentes no Afeganistão: em muitas áreas, especialmente em Helmand, elas perderam o controle para o Taleban.

Tradução: George El Khouri Andolfato

Visite o site do Der Spiegel




Avatar do usuário
EDSON
Sênior
Sênior
Mensagens: 7303
Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
Localização: CURITIBA/PR
Agradeceu: 65 vezes
Agradeceram: 335 vezes

#127 Mensagem por EDSON » Sex Abr 13, 2007 12:24 pm

13/04/2007 - 10h10
Explosões matam dois soldados da Otan no Afeganistão


CABUL (Reuters) - Dois soldados da Otan foram mortos em duas explosões separadas provocadas por bombas em estradas no leste do Afeganistão, elevando o número de mortes de soldados estrangeiros neste semana para 11 --uma das semanas mais sangrentas para as tropas ocidentais em meses.

As mortes aconteceram no mesmo dia em que um helicóptero do coalizão liderada pelos EUA caiu por causa de problemas técnicos no sudoeste de Cabul, disse um porta-voz do Exército dos Estados Unidos.

Equipes de resgate foram atacados por militantes suspeitos do Taliban no local, na província de Ghanzi, depois da queda na noite de quinta-feira.

Três militantes do Taliban foram mortos em decorrência da batalha, mas não houve vítimas entre as tropas de resgate ou entre os cinco empreiteiros a bordo da aeronave.

O Taliban disse que abateu o helicóptero, mas não há como verificar independentemente a causa da queda.

Mais cedo na quinta-feira, dois comboios da Otan, a cerca de 8 km entre eles e em diferentes operações de apoio às forças de segurança do Afeganistão foram atacados num intervalo de 30 minutos, disse a aliança em comunicado. Um soldado também foi ferido.

(Por Sayed Salahuddin)

UOL Busca - Veja o que já foi publicado com a(s) palavra(s)
Otan




Avatar do usuário
Clermont
Sênior
Sênior
Mensagens: 8842
Registrado em: Sáb Abr 26, 2003 11:16 pm
Agradeceu: 632 vezes
Agradeceram: 644 vezes

#128 Mensagem por Clermont » Dom Abr 22, 2007 10:42 pm

A GUERRA SEM FIM.

Por Eric Margolis – 18 de abril de 2007.

As mortes, domingo último, de seis soldados canadenses no sul do Afeganistão nos lembra da famosa máxima de Santayana que aqueles que não estudam a história estão condenados a repeti-la.

Os soldados foram mortos próximo a Maiwand, um nome que não significa nada para a maioria dos ocidentais. Mas, aí, em 27 de julho de 1880, durante a sangrenta Segunda Guerra Afegã, o Império britânico sofreu uma das piores derrotas em sua história colonial.

Dois anos antes, o Raj (o Império indiano da Grã-Bretanha) tinha invadido o Afeganistão pela segunda vez. Os britânicos colocaram governantes fantoches afegãos no poder em Cabul e Kandahar.

Ayub Khan, filho do antigo emir do Afeganistão, agrupou 12 mil guerreiros tribais pashtun (ou pathan) para enfrentaram uma força britânica invasora cuja missão era, pelas palavras de Londres, “libertar” as tribos afegãs e trazê-las para “a luz da civilização cristã”. Hoje, o slogan é “promover a democracia”.

Os ferozes guerreiros tribais afegãos desbarataram a força imperial, composta de regulares britânicos, incluindo os afamados Grenadier Guards, e tropas de sipaios indianos, após uma terrível batalha. O médico do exército britânico que Conan Doyle utilizou como modelo para o companheiro de Sherlock Holmes, Dr. Watson, combateu em Maiwand.

Eu relembro esse épica vitória afegã contra o colonialismo britânico porque compreender a guerra de hoje no Afeganistão requer um contexto histórico apropriado. Um século e um quarto após Maiwand, guerreiros pashtun do sul do Afeganistão continuam a resistir a outra poderosa potência mundial e seus aliados, que estão seguindo, fielmente, a estratégia imperial do velho Raj britânico.

A invasão do Afeganistão foi propagandeada aos americanos como uma missão “anti-terrorista” e um esforço para implantar a democracia. Ela foi vendida aos canadenses como uma nobre campanha de “reconstrução de nações, e defesa dos direitos das mulheres.” Tudo muito bonito, mas, na maioria inverídico.

O que realmente estamos vendo é uma guerra por potências ocidentais buscando dominar o estratégico corredor de petróleo do Afeganistão, dirigida contra o povo pashtun que compreende metade da população da nação. Outros 15 milhões vivem logo além da fronteira no Paquistão. O que nós chamamos “taliban” é, realmente, uma aliança frouxa de tribos e clãs pashtun, apoiados por forças nacionalistas e antigos mujahidin da luta anti-soviética dos anos 1980.

No ano passado, uma autoridade de ponta sobre Afeganistão, o Instituto Senlis baseado em Bruxelas, descobriu que o Taliban e seus aliados controlam ou influenciam metade da nação – quase o equivalente ao território tribal pashtun. Esse estudo contradiz em cheio os relatórios róseos de sucesso militar e “construção de nações” de Washington e do QG da OTAN.

Essa semana, o mesmo centro de pensamento emitiu uma chocante nova pesquisa baseada em 17 mil entrevistas. “Os afegãos no sul do Afeganistão estão cada vez mais preparados para admitirem seu apoio ao Taliban, e a crença de que o governo e a comunidade internacional não serão capazes de derrotar o Taliban é amplamente disseminada.”

O estudo da Senlis concorda com meus próprios achados no Sul da Ásia de que o Paquistão e a Índia, independentemente chegaram a conclusão de que a OTAN irá, eventualmente, ser derrotada no Afeganistão e se retirar. Os EUA, no entanto, poderão permanecer e reforçar seus 30 mil soldados lá, porque não podem admitir uma segunda derrota após a débâcle no Iraque.

Os Estados Unidos e a OTAN não estão combatendo “terroristas” no Afeganistão e certamente não estão conquistando corações e mentes. Eles estão combatendo o maior povo tribal do mundo. Quanto mais os ocidentais permaneçam e bombardeiem vilarejos, mais a resistência irá crescer. Tal é o inevitável padrão de cada guerra de guerrilhas que já cobri.

Soldados ocidentais atolados nesse terrível conflito de guerrilhas de 2 bilhões de dólares por dia, irão se tornar cada vez mais brutalizados, desmoralizados e violentos. Isso foi, precisamente, o que aconteceu ao segundo e último invasor do Afeganistão, a União Soviética.

O regime de proa de Karzai do Afeganistão controla, apenas, a capital. O restante do país está sob o Taliban, ou os senhores da guerra que controlam o crescente comércio de narcóticos que tornou a OTAN o principal defensor do narco-estado líder do mundo.

Se 160 mil soldados soviéticos e 240 mil soldados comunistas afegãos não puderam derrotar os pashtuns em dez anos, como podem 50 mil soldados americanos e da OTAN se saírem melhor?

Esses generais e políticos que afirmam que essa guerra irá ser ganha em poucos e curtos anos fariam melhor em estudarem Maiwand.




Avatar do usuário
EDSON
Sênior
Sênior
Mensagens: 7303
Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
Localização: CURITIBA/PR
Agradeceu: 65 vezes
Agradeceram: 335 vezes

#129 Mensagem por EDSON » Seg Abr 23, 2007 3:35 pm

Só uma maneira de o Talibã resistir. Eles tem que pagar com vidas.

Faço minha as palavras do General Chuiikov, comandante do 62ª Exército, defensor de Stalingrado.


Tempo é sangue.




Avatar do usuário
P44
Sênior
Sênior
Mensagens: 55189
Registrado em: Ter Dez 07, 2004 6:34 am
Localização: O raio que vos parta
Agradeceu: 2739 vezes
Agradeceram: 2410 vezes

#130 Mensagem por P44 » Seg Abr 23, 2007 4:46 pm

EDSON escreveu:Só uma maneira de o Talibã resistir. Eles tem que pagar com vidas.
Faço minha as palavras do General Chuiikov, comandante do 62ª Exército, defensor de Stalingrado.


Tempo é sangue.


"Eles " não se ralam 8-]

É o pior inimigo que alguém pode "desejar", que vai vc fazer, "ameaçá-lo" de morte"?

Faz lembrar muitos Japoneses na WWII :?




Triste sina ter nascido português 👎
Avatar do usuário
EDSON
Sênior
Sênior
Mensagens: 7303
Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
Localização: CURITIBA/PR
Agradeceu: 65 vezes
Agradeceram: 335 vezes

#131 Mensagem por EDSON » Dom Mai 13, 2007 1:14 pm

UMA GRANDE VITÓRIA NO AFEGANISTÃO DA OTAN.

Quem sabe é o ponto da virada nesta guerra fatidica.

Comandante militar Talebã é morto no Afeganistão


Notícias anteriores sobre morte e captura do mulá eram falsas
O principal líder militar do grupo insurgente Talebã, o mulá Dadullah, foi morto em um enfrentamento com tropas do Afeganistão e da aliança militar Otan, informaram autoridades afegãs neste domingo.
O porta-voz do serviço afegão de inteligência, Said Ansari, afirmou que Dadullah, um dos homens mais procurados do país, morreu um dia antes, na província de Helmand, ao sul.

Seu corpo foi transportado à cidade de Kandahar e visto por um repórter da BBC. A morte foi confirmada por fontes da milícia Talebã, que havia inicialmente desmentido a perda.

No passado, notícias sobre a suposta captura ou morte de Dadullah se revelaram falsas. Para confirmar o fato, seu corpo foi exposto desta vez.

Ataques suicidas

Em entrevista recente à BBC, Dadullah havia afirmado ter à mão centenas de militantes dispostos a realizar ataques suicidas em massa contra as tropas estrangeiras no país.

Os ataques aumentaram no Afeganistão desde o final de 2005.

O correspondente da BBC em Herat, Alastair Leithead, disse que a morte do comandante militar representa um forte golpe moral no Talebã.

Segundo o correspondente, Dadullah também é suspeito de estar ligado a diversos seqüestros realizados no sul do país, e produziu diversos vídeos que exibiam decapitações de reféns estrangeiros.

Ele foi ainda um dos dez membros do conselho de lideres do Talebã antes da invasão liderada pelos Estados Unidos em 2001.




Avatar do usuário
Dieneces
Sênior
Sênior
Mensagens: 6524
Registrado em: Seg Abr 09, 2007 1:50 pm
Localização: São Gabriel , RS
Agradeceu: 9 vezes
Agradeceram: 10 vezes

#132 Mensagem por Dieneces » Dom Mai 13, 2007 4:08 pm

O Talibã só chegou ao poder (após a saída dos russos) sobrepujando as demais correntes político-guerreiras afegãs , porque contou com efetivo apoio paquistanês , que não admitia a tomada de poder por algum grupo que tivesse como base alguma des ex-repúblicas soviéticas e mesmo o Irã. Isso não ocorreria , em hipótese alguma , hoje em dia . A etnia pashtun , que em parte apóia o Talibã , se encontra dividida , dado que o governo do Paquistão está sob intensa vigilância dos americanos . Qualquer deslize seu fará com que perca o apoio americano , vital para a guerra fria em que está envolvido com a India , país imensamenta mais forte econômica e militarmente . Os grupos originários do Turcomenistão , Tadjiquistão , Quirguistão e Uzbequistão recuperaram seu status político-militar anterior e o governo central , embora não possua ainda um respaldo interno solidificado , conta com o poderoso apoio armado da OTAN . Osso duro demais para a já banguela dentadura dos seguidores do Mulá Omar , que aproveitam o degelo anual nas montanhas , para promoverem pequenos ataques , insignificantes do ponto de vista estratégico-militar .




Brotei no Ventre da Pampa,que é Pátria na minha Terra/Sou resumo de uma Guerra,que ainda tem importância/Sou Raiz,sou Sangue,sou Verso/Sou maior que a História Grega/Eu sou Gaúcho e me chega,p'ra ser Feliz no Universo.
Avatar do usuário
EDSON
Sênior
Sênior
Mensagens: 7303
Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
Localização: CURITIBA/PR
Agradeceu: 65 vezes
Agradeceram: 335 vezes

#133 Mensagem por EDSON » Seg Mai 14, 2007 12:40 pm

Por Sardar Ahmad=(FOTOS)= CABUL, Afeganistão, 14 mai (AFP) - A morte do chefe militar dos talibãs para o sul do Afeganistão, o mulá Dadullah, é um golpe duro, mas não decisivo para os guerrilheiros, que encontrarão um substituto rapidamente, consideraram nesta segunda-feira os especialistas.

"Havia muitas pessoas ao redor de Dadullah. Talvez não tenham a envergadura de Dadullah, mas seguramente aprenderam muito com ele", afirmou o analista afegão Wadir Safi.

"Agora faz parte da história, mas seus homens continuam ali", acrescentou Wadir Safi, um ex-ministro que atualmente é professor de Ciências Políticas na Universidade de Cabul.

Dadullah Lang, com idade aproximada de 40 anos, que havia perdido a perna esquerda durante o avanço dos talibãs para Cabul nos anos 90 e tinha uma reputação de extrema crueldade, é o comandante militar talibã mais importante morto depois da derrocada do regime fundamentalista, no final de 2001.

Seu corpo foi encontrado na sexta-feira em meio a outros dez cadáveres na província de Helmand, uma das mais afetadas pela rebelião talibã.

O Ministério da Defesa do Afeganistão afirmou que o corpo de Dadullah foi encontrado após um confronto na sexta-feira entre rebeldes e forças afegãs e da Otan que realizavam uma patrulha.

Embora o Ministério da Defesa tenha afirmado que o chefe da guerrilha talibã morreu no distrito de Sangin, o Ministério do Interior e a Otan sustentam que perdeu a vida no distrito de Gereshk, 50 km mais ao sul.

O corpo foi exibido à imprensa em Kandahar no sábado. Os talibãs desmentiram inicialmente a morte, mas seu conselho de direção se manifestará a respeito em breve, seguramente para reconhecer a perda, ressaltaram pessoas vinculadas ao movimento talibã.

Alguns partidários de Dadullah poderão tentar aproveitar sua morte para aceitar as ofertas de anistia das autoridades afegãs, frisou Safi.

"Talvez houvesse aliados de Dadullah que não se atrevessem a manifestar seu desejo de paz em sua presença, mas é provável que alguns deles o façam agora", afirmou.

O porta-voz do Ministério afegão de Defesa, o general Mohamad Zahir Azimi, ressaltou por sua vez que o desaparecimento de Dadullah poderá acirrar as rivalidades entre os talibãs.

"Era um comandante-chave que tinha a capacidade de centralizar os talibãs sob um comando único. A frente de Helmand sofrerá a falta de uma figura central", considerou este porta-voz.

"Sabemos que já existem rivalidades entre os comandantes talibãs e a ausência de Dadullah as aumentará", assegurou, manifestando o desejo de que isto "leve alguns membros dos talibãs a ingressar nas tropas do governo".

A Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan considerou que Dadullah "seguramente será substituído".

"Não há dúvida de que trata-se de um duro golpe, pois levarão tempo para substituir um homem com semelhante personalidade e experiência na direção de uma insurreição e nas operações de desestabilização e terrorismo", declarou à AFP um porta-voz da Otan, o comandante John Thomas.




Avatar do usuário
manuel.liste
Sênior
Sênior
Mensagens: 4056
Registrado em: Seg Set 12, 2005 11:25 am
Localização: Vigo - Espanha
Agradeceu: 7 vezes
Agradeceram: 8 vezes

#134 Mensagem por manuel.liste » Seg Mai 14, 2007 12:43 pm

Bomba al paso de un convoy español en la provincia de Herat. La OTAN ha informado de un número indeterminado de heridos:

http://blogs.periodistadigital.com/cron ... a_bomba_al




Avatar do usuário
EDSON
Sênior
Sênior
Mensagens: 7303
Registrado em: Sex Fev 16, 2007 4:12 pm
Localização: CURITIBA/PR
Agradeceu: 65 vezes
Agradeceram: 335 vezes

#135 Mensagem por EDSON » Sex Mai 18, 2007 9:16 pm

15/05/2007
Nova aliança ameaça Karzai na luta por poder no Afeganistão

De Christian Neef

No Afeganistão, uma estranha nova aliança de mujahedeen ('guerreiros santos', no termo original islâmico, defensores do regime islâmico no contexto atual), antigos comunistas e monarquistas está ameaçando o governo de Hamid Karzai. Mas um saco de gatos resolverá os problemas do país?

O enorme esquema de segurança - simplesmente para garantir uma parada de feriado nacional - dificilmente é um bom sinal para o país. Primeiro, a polícia secreta assegurou a ponte sobre o rio Cabul. Depois, blindados com metralhadoras em suas torres rotatórias rolaram para suas posições, enquanto atiradores espalhavam-se pelas ruínas do antigo centro da cidade. Uma unidade das Forças Especiais vigiava os VIPs do telhado da mesquita id-Gah.

Por fim, pouco depois das 9h, meia dúzia de carros de polícia chegaram à praça, com as sirenes barulhentas. O líder surgiu, quase sem ser notado, de um carro no meio da comitiva. Hamid Karzai, o presidente do Afeganistão, chegou.

A avenida entre o rio e a rua principal de Cabul, Maiwand, já viu muitas celebrações. Em 1919, depois da terceira guerra anglo-afegã, o rei Amanullah proclamou ali a liberdade do Afeganistão do Reino Unido. Governantes foram coroados; rebeldes marcharam e comunistas fizeram manifestações neste lugar.

Hoje, Cabul está celebrando o aniversário da "Revolução Islâmica", uma referência à derrubada do regime de Najibullah, em 1992, e à tomada pelos mujahedeen; o governo Karzai escolheu 28 de abril - o dia em que os guerreiros santos triunfaram sobre comunistas leais a Moscou - como feriado nacional da incipiente democracia. Tanques fumegantes passam diante do palco, seguidos de veteranos de guerra mancos, enquanto os primeiros caças do Exército Nacional Afegão cruzam os céus.

Eles servem apenas ao inimigo

E as multidões celebrando a independência do Afeganistão? Não se vê; toda a área foi cercada. Além disso, há pouca razão para celebrar, um fato que pode ser facilmente entendido do discurso de Karzai aos convidados homenageados.

O país, lamenta Karzai, não parece capaz de encontrar a paz, apesar do convite do governo de cooperação com o Taleban. O próprio governo está longe de saudável; suas diferenças internas precisam ser reconciliadas, adverte Karzai, porque apenas servem ao inimigo.

Pendurado no palco está um retrato do herói nacional Ahmed Shah Massoud. O exército que chefiou, chamado Aliança do Norte, expulsou o Taleban há cinco anos. O general não pôde testemunhar sua conquista, entretanto, tendo sido assassinado pouco antes da vitória. Em seu lugar, seu irmão Ahmed Zia Massoud está ao lado de Karzai no palco. Ele agora é o primeiro vice-presidente do Afeganistão.

E é principalmente a ele que o presidente se refere quando fala de "diferenças".

Há quatro semanas, Massoud deu um golpe contra Karzai -pelo menos esse foi o nome dado pelos detratores ao que aconteceu. Outros dizem que foi a preocupação com o futuro do país que o levou a agir.

Independentemente de como se vê, Karzai estava em uma visita à Índia quando seu vice-presidente - chefe de Estado interino com o presidente fora do país - apareceu em um evento dúbio, em um antigo hotel de luxo de Cabul, o Intercontinental. Era a cerimônia de fundação da Frente Nacional Unida do Afeganistão - a mais impressionante coleção de pessoas vista em Cabul.

O ex-senhor de guerra e atual chefe das forças armadas de Karzai, general Dostam, estava presente, assim como o ex-governador Ismail Khan - conhecido como "leão de Herat", durante a resistência anti-soviética - que atualmente é ministro de energia. O ex-ministro da defesa e ex-diretor do serviço secreto da Aliança do Norte, Marshal Fahim, também estava lá, com o general reformado Oumi, que era comandante do Exército de Najibullah em Candahar.

Depois havia Yunus Qanuni, atual orador do Parlamento, e Sayed Mohammad Gulabzoy que, como tenente comunista, derrubou o chefe de Estado Daud, em 1978. Também estava lá o príncipe Mustafá, neto favorito do rei Mohammad Zahir, que voltou do exílio há cinco anos. Quem convocou a reunião foi Burhanuddin Rabbani, reconhecido no mundo todo como presidente do Afeganistão sob os mujahedeen e até durante os tempos do Taleban - islâmico radical e oponente da democracia.

O governo do presidente afegão Hamid Karzai pode estar em dificuldades

Era uma reunião de pessoas que foram inimigas mortais, culpadas de diversas violações sérias de direitos humanos. Durante a sangrenta guerra civil que seguiu a retirada soviética, homens como Rabbani e Dostam fizeram de Cabul uma pilha de destroços, matando milhares de civis. Se tivessem nascido nos Bálcãs, eles e outros como eles provavelmente estariam em uma cela no Tribunal Internacional de Justiça em Haia hoje.

Mas no Intercontinental, eles adotaram um manifesto pedindo a abolição do sistema presidencial e a eleição de governadores. Em outras palavras, estão pedindo nada menos que a derrubada de Karzai e o restabelecimento de seu antigo poder como chefes tribais e senhores das províncias.

Governo instalado por estrangeiros

O jornal Afghanistan Times, amigável ao governo, disse que assembléia era composta de "infiéis e traidores", uma reunião dos que tinham perdido e agora queriam tirar vantagem da debilidade temporária do governo. Outros levaram o evento muito mais a sério - e com razão. A Frente Nacional representa a fundação da primeira organização para todos os pesos pesados políticos que tiveram um papel na política afegã nas últimas décadas - e que agora questionam um governo que consideram escolhido por estrangeiros.

A importância do evento tampouco escapou a Hamid Karzai. A frente tem "o apoio de embaixadas estrangeiras", disse ele, irado, após sua volta da Índia - referindo-se especialmente ao Irã. Vozes parlamentares leais ao governo exigiram que o vice-presidente Massoud e qualquer membro do gabinete que se unisse a Rabbani renunciassem.

Burhanuddin Rabbani, 64, certamente não está descontente com toda a comoção. Esse professor de teologia, que resistiu tão fortemente a desistir de seu cargo para Hamid Karzai no outono de 2001, reside em uma mansão no bairro exclusivo de Wazir Akbarn Khan, em Cabul. A entrada do bairro tem barricadas de seguranças.

"Sim", diz Rabbani e suspira, "o governo está espalhando propaganda sobre nós. Queremos a mesma coisa que Karzai: mais segurança no país, de uma vez por todas." Sentado ereto, o tadjique de barba branca é imponente, com seu turbante preto, enquanto bebe seu chá. "Mais segurança não acontecerá sem nós - os líderes nacionais que foram empurrados para o lado em 2001."

Depois do chá vem o "mas"

A frente não vai se apressar, assegura o sorridente ex-presidente, é tudo uma questão de tempo. Mas é preciso considerar que o público apóia sua aliança, e não Karzai. Até mesmo os membros da família real entraram para seu movimento.

Ele está falando de Mustafa Zahir. O príncipe é como um troféu para a frente, e não esteve envolvido nas guerras recentes do Afeganistão, pois estava no exílio em Roma com seu avô. "Eu fui assistente especial de Sua Majestade, o pai da nação, e seu secretário pessoal até 2001", diz Mustafa.

Agora, é "presidente" da agência afegã de proteção ambiental, "o mesmo nível de ministro", enfatiza. Seu avô, o antigo monarca, voltou a morar no palácio real, mas, com 92 anos, passa mais tempo com seus médicos nos EUA ou em Abu Dhabi do que em Cabul.

As coisas melhoraram no Afeganistão nos últimos cinco anos, explica o príncipe de 43 anos. Ele está vestindo um blazer claro sobre o traje nacional, e o rosário muçulmano Tasbih escorrega sem parar pelos seus dedos finos, com um anel de lápis-lazúli. O povo elegeu o Parlamento, a moeda vale alguma coisa novamente e cinco milhões de crianças voltaram a freqüentar a escola. É preciso quase uma hora e vários bules de chá verde até o príncipe chegar ao "mas".

"Mas como cidadão normal", ele ficou "desapontado" com o regime de Karzai.

Dos 1.500 deputados, 1.347 expressaram apoio ao seu avô como chefe de Estado, diz ele. Quem exatamente empurrou seu avô de lado, ele não diz. O que quer dizer é que os americanos queriam Karzai e ninguém mais, desde o início.

Mas a situação de segurança, reclama, tornou-se atroz - tão ruim, de fato, que o príncipe não ousa se aventurar pela passagem Khair Khana, no Norte da Cabul, depois do anoitecer. Além disso, ele diz que a corrupção é pior sob Karzai do que era com os comunistas, os mujahedeen e o Taleban juntos, que a polícia pilha a cidade à noite, e que ninguém sabe o que aconteceu com os bilhões de ajuda externa.

"Eu sabia que juntar-me a Rabbani seria arriscado", diz o neto do rei, que a Economist considera um herdeiro promissor de Karzai. Entretanto, ele corajosamente colocou o interesse nacional antes de interesses de seu partido, família ou pessoais. "Precisamos construir pontes para nossos irmãos e irmãs infelizes", diz ele.

Uma reforma no governo

Um desses é Sayed Gulabzoy, 55, que foi ministro do interior sob Najibullah - um homem cuja mão o príncipe Mustafa não apertaria no passado.

Após 17 anos em exílio na Rússia, ele está de volta ao país e é membro do Parlamento.

Sua tribo e amigos de cinco províncias, assim como muitos que ficaram desapontados com o regime de Karzai, pressionaram-no a concorrer, diz o general reformado. O aumento explosivo de narcóticos e corrupção? Nunca foram problema sob "Dr. Najibullah". O pior, entretanto, é que o novo governo levou 45.000 integrantes treinados do exército ao desemprego, junto com 7.500 funcionários do Ministério do Interior - se você incluir suas famílias, isso é um quarto de milhão de afegãos "que agora vivem na pobreza".

É esse ressentimento que o ex-chefe de Estado Rabbani, homem com um instinto apurado de poder, canaliza por sua frente unida. Ele sabe que até generais do novo exército apóiam seu plano. Hamid Karzai, chamado de "o grande acomodador" por observadores ocidentais em Cabul, também tenta agradar seus críticos. Contra os conselhos do Ocidente, deu anistia a todos os criminosos de guerra como exigido pelos muhajedeen. Rumores dizem que ele também está preparando uma reforma no governo -em favor dos seguidores de Rabbani.

A questão permanece sobre qual jogo o vice de Karzai, Ahmed Zia Massoud, está jogando. "O povo deve decidir sobre o futuro", diz o irmão do herói nacional no Sederat, um palácio dos tempos britânicos. E, é claro, "todo mundo tem o direito de pertencer a qualquer partido", até um membro do governo. Ele prefere não falar do fato que é cunhado de Rabbani.

Tradução: Deborah Weinberg

Visite o site do Der Spiegel




Responder