Quando vi essa notícia, fiquei cheio de dúvidas: posto no tópico do Haiti ou da nossa guerra interna? Godoy especialista? Rio=Haiti?
09 de maio de 2007 - 17:45
Estratégia do Exército no Haiti é aplicável ao Rio, diz analista
Com integração, Godoy aposta todas as fichas no sucesso dos militares nos Rio
Tahiane Stochero
SÃO PAULO - Apesar das diferenças jurídicas e do teatro de operações, o conceito estratégico das operações realizadas pelos militares brasileiros no Haiti, expulsando e prendendo gangues, é completamente aplicável ao Rio de Janeiro, afirma ao portal estadão.com.br o especialista em estratégia e defesa Roberto Godoy.
O analista diz que aposta todas as suas fichas no êxito do Exército nos morros fluminenses se houver integração de todos os órgãos envolvidos e as operações militares forem seguidas de ações político-sociais para a melhoria da qualidade de vida da população, como vêm sendo realizado no Haiti.
"Não adianta colocar a tropa morro acima, bandido morro abaixo e tchau e bênção. É necessário uma ação de ocupação e de atração da comunidade, através de ações como distribuição de água, alimentação e melhoria da infra-estrutura básica. Se todos trabalhem junto, sob um comando único, é uma aposta garantida. Se fosse um jogo, eu apostaria todas as minha fichas nesta aposta", afirma ele.
Godoy diz que baixas civis, os chamados "efeitos colaterais", são inevitáveis em operações de grande porte, mas que podem e devem ser atenuadas com um bom planejamento estratégico e operacional. Ele aponta que muitas vezes os próprios bandidos usam a população como escudo mas que, com mortes, primeiramente haveria uma revolta da comunidade contra os militares.
Segundo o analista, o que pode ser feito no Rio de Janeiro e que se está começando ainda a fazer nos bairros haitianos é o envolvimento do batalhão de engenharia do Exército para melhorar o saneamento, iluminação e acessos das regiões.
"A gente tem que oferecer mais do que a marginalidade oferece. Os bandidos oferecem status, dinheiro. O Estado precisa oferecer saúde e infra-estrutura. Só isso produzirá resultados", diz Roberto Godoy.
Na terça-feira, o estadão.com.br revelou que um plano do Exército para os morros cariocas foi aplicados com êxito na pacificação da região considerada pela ONU como a mais violenta do Haiti, Cité Soleil.
A estratégia, segundo o comandante das tropas brasileiras, coronel Barroso Magno, é baseada na integração entre os órgãos envolvidos, a ocupação simultânea de Quartéis Generais (QGs) das gangues e o crescente aumento das áreas de influência, seguido de ações político-sociais que resultem na melhoria da qualidade de vida da população e a conquista de corações e mentes - a simpatia da comunidade.
O modelo de pacificação brasileiro tem dado certo nas regiões haitianas. Desde maio de 2004, os brasileiros já reduziram a criminalidade em três violentos bairros da capital, Porto Príncipe.
O general Heleno Ribeiro, o primeiro comandante das tropas da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), conta que já foi procurado diversas vezes para dar palestras nos Estados Unidos e explicar o segredo do sucesso. "Eu digo que o segredo é respeito e carinho. O segredo é ser brasileiro", conta Heleno.
http://www11.estadao.com.br/ultimas/cid ... 09/285.htm