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Mensagem
por Koslova » Dom Abr 15, 2007 1:53 pm
O que penso sobre isto.
Em primeiro lugar, temos que esperar para ver se vai ser o Sr Crivelas, por enquanto é só hipótese. Mas vamos esperar para ver.
Quais foram os ministros da defesa até hoje.
Elcio Álvares
Geraldo Quintão
Viegas
Jose Alencar
Waldir Pires
Destes 5 cavaleiros, apenas (no meu entendimento pessoal), Quintão e Viegas eram pessoas que efetivamente se “vestiram” de ministro da Defesa. Os outros 3 eram ou amigos políticos do presidente em exercício, ou meros tapas buracos, ou seja, para Elcio Álvares, Jose Alencar ou Waldir Pires, tanto fazia ser ministro da defesa, minas e energia ou qualquer outro ministério.
Se analisarmos o ministério da Fazenda deste o governo FHC ou o ministério do Planejamento, sempre tivemos quadros ou que sejam técnicos como Malan, ou que representavam a credibilidade de uma linha política do governo, como Palloci, na idéia de continuidade macroeconômica de Lula.
Se analisarmos o ministério da Educação, seja no governo FHC com Paulo Renato, seja no começo do governo Lula com Cristovan Buarque também tínhamos quadros com alguma identidade com a pasta.
Mesmo nos rocambolescos governos Collor / Itamar, tínhamos quadros técnicos como Osires Silva e Jatene, na Infra Estrutura e Saúde, lugar de muita roubalheira tradicionalmente.
A onde quero chegar então?
Que o Ministério da Defesa seja ele no governo anterior ou neste, não tem um status que lhe permita uma indicação técnica, como em qualquer governo da nova republica sempre tivemos, seja ele Collor, Itamar, Lula ou FCH, sempre houveram ministros com identidade com a pasta, e isto sempre foi minoria no Mindef.
Ai vamos analisar, qual seria a “plataforma” do Sr Crivelas para o cargo. 2,5% do pib para a defesa e vou procurar argumentar o porque isto é irreal.
a) Qualquer político, por menos preparado que esteja, até mesmo um vereador em Londrina, defenderia uma proposta de aumento de recursos no setor.
b) É tão obvio falar que falta verbas em defesa, quando falar que a classe política é corrupta. O que não é obvio, e ai precisa realmente conhecer o assunto para perceber, é que falta sim no setor, uma distribuição correta dos recursos, através de reformas estruturais nas FA’s para otimizar os resultados.
c) Elevar o volume de recursos é inoculo se o governo não garantir a sua liberação dentro do orçamento. Assim temos dois orçamentos, o aprovado e o liberado. Não adianta fazer “bonitinho” e aumentar o total aprovado, sem garantir a sua liberação, o que um ministro da defesa sério tem que fazer é garantir coisas que já existem como o repasse dos royalties do petróleo e não ficar fazendo pose para a imprensa pedindo mais verbas vinculadas.
d) O Brasil tem quase 40% de carga tributaria, nossa estrutura de gastos é burra e cruel para com a sociedade, não resolvemos a questão da previdência e com as elevadas taxas de juros, não podemos colocar quase 1% do PIB a mais em defesa sem resolver estas outras questões. Na Rússia por exemplo, se tem um PIB menor, uma carga tributaria que não chega a 30% do PIB e se gasta de 4 a 6 vezes mais com defesa. Qual o segredo? Os gastos do governo russo são menos desequilibrados que do Brasil. Vincular mais dinheiro no orçamento a Defesa é apenas aumentar o desequilíbrio, temos que atuar em outras áreas do governo, para torná-lo equilibrado e ai sim, aumentarmos os gastos com defesa, educação, saúde etc..
e) Mesmo que exista um aumento real de orçamento em defesa, sem uma linha mestra para o setor, este dinheiro fatalmente vai ser corroído em aumentos de salários, aumentos de efetivos etc.. Os militares, ao contrario do que a maioria pensam são pessoas com a mesma natureza dos civis, seus vícios e virtudes, EB, MB e FAB são instituições tão boas e tão ruins, quando qualquer outra instituição brasileira, sem metas rígidas dentro de um contexto reestruturação militar, este dinheiro a mais, não viera grandes resultados, pelo menos não com o pensamento militar brasileiro atual.
Sendo assim, Crivelas, independente da sua religião, para mim é apenas mais um político como outro qualquer, que o presidente se sentiu obrigado politicamente a dar um cargo.
Sua proposta de aumento de verbas para o setor, é utópica e inócua
E o MinDef continua sem alguém a altura, sem um plano a altura, apenas a mesma terra de ninguém onde generais, brigadeiros e almirantes, que também foram promovidos por critérios políticos, reclamam do governo dos seus ministros promovidos por critérios políticos.