Koslova
Moderador: Conselho de Moderação
Koslova
Boa Tarde srs.,
Perdoem-me a amplidão do assunto, mas a srta. Koslova já postou, aqui e em diversos outros Sítios/Fóruns, diversos artigos, tecnicamente fantásticos e anímicamente perfeitos, e que valeriam à pena serem dispostos na forma de um "compêndio", para que n´so, reles mortais, pudéssemos ter acesso à estas pérolas do conhecimento humano.
Para tal, sugiro que nós buscássemos, na infinidade do Fórum Defesa Brasil, da Lista Aeroespacial, na Lista Sistemas de Armas, etc., seus artigos, e contanto também, porque não, com a colaboração da própria - colho o ensejo - "homenageada", para buscarmos masi e mais interessantíssimos artigos.
Acredito que ela deve salvar suas próprias pérolas.
Portanto, vou começar buscando alguns artigos aqui, desde os mais técnicos, aos mais descontraídos, e gostaria de contar com a ajuda dos srs. colegas.
Perdoem-me a amplidão do assunto, mas a srta. Koslova já postou, aqui e em diversos outros Sítios/Fóruns, diversos artigos, tecnicamente fantásticos e anímicamente perfeitos, e que valeriam à pena serem dispostos na forma de um "compêndio", para que n´so, reles mortais, pudéssemos ter acesso à estas pérolas do conhecimento humano.
Para tal, sugiro que nós buscássemos, na infinidade do Fórum Defesa Brasil, da Lista Aeroespacial, na Lista Sistemas de Armas, etc., seus artigos, e contanto também, porque não, com a colaboração da própria - colho o ensejo - "homenageada", para buscarmos masi e mais interessantíssimos artigos.
Acredito que ela deve salvar suas próprias pérolas.
Portanto, vou começar buscando alguns artigos aqui, desde os mais técnicos, aos mais descontraídos, e gostaria de contar com a ajuda dos srs. colegas.
LUGAR DE OFF TOPIC É NO OUTRO TÓPICO
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Materiais Russos no Brasil"
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?t=5220&highlight=
Sinopse - Artigo que fala sobre os "problemas" de operação de amteriais russos no Brasil
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?t=5220&highlight=
Sinopse - Artigo que fala sobre os "problemas" de operação de amteriais russos no Brasil
LUGAR DE OFF TOPIC É NO OUTRO TÓPICO
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"A mentalidade do atraso"
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?t=5349&highlight=
Sinopse: Fala da decisão da FAB em fabricar o C-212 no Brasil
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?t=5349&highlight=
Sinopse: Fala da decisão da FAB em fabricar o C-212 no Brasil
LUGAR DE OFF TOPIC É NO OUTRO TÓPICO
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Astronauta vai para a reserva e deixa governo perplexo"
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?t=5457&highlight=
Sinopse - Fala sobre o Astronauta TC Pontes, que retirou-se para a Reserva, assim que completada a missão de ir ao espaço.
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?t=5457&highlight=
Sinopse - Fala sobre o Astronauta TC Pontes, que retirou-se para a Reserva, assim que completada a missão de ir ao espaço.
LUGAR DE OFF TOPIC É NO OUTRO TÓPICO
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Misseis IR de terceira geração x caças altamente manobraveis"
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?t=5617&highlight=
Sinopres - Fala exatamente sobre uma comparação do Piranha contra Caças Manobráveis.
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?t=5617&highlight=
Sinopres - Fala exatamente sobre uma comparação do Piranha contra Caças Manobráveis.
LUGAR DE OFF TOPIC É NO OUTRO TÓPICO
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
hayes escreveu:Boa Tarde srs.,
Perdoem-me a amplidão do assunto, mas a srta. Koslova já postou, aqui e em diversos outros Sítios/Fóruns, diversos artigos, tecnicamente fantásticos e anímicamente perfeitos, e que valeriam à pena serem dispostos na forma de um "compêndio", para que n´so, reles mortais, pudéssemos ter acesso à estas pérolas do conhecimento humano.
Para tal, sugiro que nós buscássemos, na infinidade do Fórum Defesa Brasil, da Lista Aeroespacial, na Lista Sistemas de Armas, etc., seus artigos, e contanto também, porque não, com a colaboração da própria - colho o ensejo - "homenageada", para buscarmos masi e mais interessantíssimos artigos.
Acredito que ela deve salvar suas próprias pérolas.
Portanto, vou começar buscando alguns artigos aqui, desde os mais técnicos, aos mais descontraídos, e gostaria de contar com a ajuda dos srs. colegas.
Ola Hayes
Obrigada pelos elogios, não sei se são tão validos, mas mesmo assim obrigada.
Eu não guardo os textos que mando para os foruns, escrevo mais para passar o tempo mesmo, as vezes tiro uma "horinha" durante o expediente de trabalho para escrever algo, relaxar um pouco a mente... é um vício, até porque meu expediente de trabalho é de 12 horas normalmente. São 6 horas com a equipe de trabalho e 6 horas sozinha, que é quando neste momento de solidão consigo concatenar as idéias, formar juizo intimo sobre as coisas que tenho que fazer dentro do programa.... Escrever para os foruns, por ser algo que faço sem nenhum critério, também é algo que não me preocupo em guardar para mim.
Um colega porem da lista Aeroespacial, me mandou meses atrás alguns mails que eu mandei para o grupo que ele guardou, vou encaminha-los na seguencia para este tópico, não sei se são interessantes, mas são dos poucos que tenho.
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
Elizabeth posso te fazer uma pergunta?.... voce acha que o Brasil tem capacidade para produzir um INS totalmente nacional?... se não, porque não?... se sim o que está faltando para se produzir um?... seria interesse comercial (ou falta dele)?...
Ola
Vamos fazer uma abstração Sérgio.
Existem duas empresas.
A Construtora Saez
E a Koslova Tech
A Construtora Saez esta projetando e construindo uma ponte, ganhou a licitação
A Koslova Tech esta projetando e construindo um leitor optico de CD.
Derrepende os recursos se tornam irregulares, para a Construtora Saez e para a Koslova Tech
A ponte para na metade,ligando uma cabeceira do rio até o meio do rio
O leitor optico de CD também para, esta 50% desenvolvido.
Passa-se 5 anos, e tanto a Construtora Saez quanto a Koslova Tech recebem novamente recursos para continuar o contrato que elas ganharam.
Os engenheiros da Construtora Saez vão até a obra, verificam que o que foi feito esta estruturalmente nos padrões, e assinam os contratos de compra de material e mão de obra.
Algum tempo depois a Construtora Saez entrega a ponte.
A Koslova Tech faz uma lista dos 300 componentes que compõe a unidade optica e descobre que destes 300, 150 estão fora de linha de produção, foram substituidos por outros melhores. Também descobre que as velocidades de leitura optica previstas no projeto original estão 5 vezes mais lentas do que o estado da arte, tabém verifica que dos 15 engenheiros que tocavam o projeto, todos nestes 5 anos ou estão trabalhando com outra coisa, porque precisavam sustentar sua familia, ou se mudaram para outras empresas concorrentes.
Conclusão:
Os 50% financiados da primeira fase do projeto vão ter que se jogados no lixo e o projeto do CD optico vai começar novamente do zero.
Alguns projetos, alguns perfis de tecnologia tem uma tolerancia baixissima da irregularidades orçamentárias e/ou erros de planejamento.
O maior problema de desenvolver um INS no Brasil não é exatamente técnico, não que tecnicamente seja facil, a questão é que um programa desta natureza não tolera sazionalidades de investimentos e cumprimento de prazos e metas de qualidade de projeto.
O INS brasileiro esta no papel a pelo menos 20 anos.
Então devemos culpar o a cultura do estado brasileiro de
irregularidade de liberação de recursos pelo problema?
NÃO! NÃO! e NÃO!
Irregularidades orçamentaria em maior ou menor escala existe em qualquer lugar, o que qualquer pais com cultura de gestão espacial faz é preservar margens minimas de investimento para programas criticos.
Na Rússia apesar da quebradeira geral nos primeiros 5 anos apos a queda a URSS, todas as celulas de capacitação criticas foram preservadas.
Os russos não perderam nenhuma capacidade critica de desenvolvimento. Continuam a desenvolver satelites, foguetes, espaçonaves, submarinos, reatores, mísseis etc.. etc.. etc...
No Brasil não existe planejamento estratégico de capacitação, existe o oba oba eterno, os grandes bobalhões da gestão espacial como este atual presidente da AEB.
Foram aplicados mais de US$1bi em recursos e não se garantiu a capacitação critica em tecnologia de direcionamento.
Qual a lógica de um programa que o tempo todo anuncia projetos mirabolantes de satelites geo estacionários, 5 lançadores até 2022, cooperação na ISS, cooperação com a Ucrânia, com a China etc.. etc.. etc.. E não consegue garantir o fornecimento de um componente vital para qualquer programa espacial que são sistemas inerciais?
Elizabeth
Ola
Vamos fazer uma abstração Sérgio.
Existem duas empresas.
A Construtora Saez
E a Koslova Tech
A Construtora Saez esta projetando e construindo uma ponte, ganhou a licitação
A Koslova Tech esta projetando e construindo um leitor optico de CD.
Derrepende os recursos se tornam irregulares, para a Construtora Saez e para a Koslova Tech
A ponte para na metade,ligando uma cabeceira do rio até o meio do rio
O leitor optico de CD também para, esta 50% desenvolvido.
Passa-se 5 anos, e tanto a Construtora Saez quanto a Koslova Tech recebem novamente recursos para continuar o contrato que elas ganharam.
Os engenheiros da Construtora Saez vão até a obra, verificam que o que foi feito esta estruturalmente nos padrões, e assinam os contratos de compra de material e mão de obra.
Algum tempo depois a Construtora Saez entrega a ponte.
A Koslova Tech faz uma lista dos 300 componentes que compõe a unidade optica e descobre que destes 300, 150 estão fora de linha de produção, foram substituidos por outros melhores. Também descobre que as velocidades de leitura optica previstas no projeto original estão 5 vezes mais lentas do que o estado da arte, tabém verifica que dos 15 engenheiros que tocavam o projeto, todos nestes 5 anos ou estão trabalhando com outra coisa, porque precisavam sustentar sua familia, ou se mudaram para outras empresas concorrentes.
Conclusão:
Os 50% financiados da primeira fase do projeto vão ter que se jogados no lixo e o projeto do CD optico vai começar novamente do zero.
Alguns projetos, alguns perfis de tecnologia tem uma tolerancia baixissima da irregularidades orçamentárias e/ou erros de planejamento.
O maior problema de desenvolver um INS no Brasil não é exatamente técnico, não que tecnicamente seja facil, a questão é que um programa desta natureza não tolera sazionalidades de investimentos e cumprimento de prazos e metas de qualidade de projeto.
O INS brasileiro esta no papel a pelo menos 20 anos.
Então devemos culpar o a cultura do estado brasileiro de
irregularidade de liberação de recursos pelo problema?
NÃO! NÃO! e NÃO!
Irregularidades orçamentaria em maior ou menor escala existe em qualquer lugar, o que qualquer pais com cultura de gestão espacial faz é preservar margens minimas de investimento para programas criticos.
Na Rússia apesar da quebradeira geral nos primeiros 5 anos apos a queda a URSS, todas as celulas de capacitação criticas foram preservadas.
Os russos não perderam nenhuma capacidade critica de desenvolvimento. Continuam a desenvolver satelites, foguetes, espaçonaves, submarinos, reatores, mísseis etc.. etc.. etc...
No Brasil não existe planejamento estratégico de capacitação, existe o oba oba eterno, os grandes bobalhões da gestão espacial como este atual presidente da AEB.
Foram aplicados mais de US$1bi em recursos e não se garantiu a capacitação critica em tecnologia de direcionamento.
Qual a lógica de um programa que o tempo todo anuncia projetos mirabolantes de satelites geo estacionários, 5 lançadores até 2022, cooperação na ISS, cooperação com a Ucrânia, com a China etc.. etc.. etc.. E não consegue garantir o fornecimento de um componente vital para qualquer programa espacial que são sistemas inerciais?
Elizabeth
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
Conceito americano de remuneração no P&D com rápida obsolencia do projeto versus conceito russo de remuneração na produção do projeto. Estou certo?
Exatamente!
Veja esta diferença de estratégia como produziu resultados.
A Rússia esta fabricando em 2005 quase 60% a mais de foguetes que os EUA.
Os lançadores mais seguros da atualidade são o Proton e Soyuz
O orçamento espacial russo é cerca de 13 vezes menor que o da NASA.
Segredo?
Dos cerca de 100 gestores de programas espaciais com preparo formal em atividade hoje no mundo, 65 são russos.
No colapso da URSS faltava dinheiro para tudo, até para trazer os cosmonautas da MIR no prazo certo.
O presidente Yeltsin, ao ser avisado que pela primeira vez em quase 40 anos a Academia de Ciências Espaciais de Moscou interromperia uma turma de alunos por falta de recursos, foi pessoalmente ao prédio no outro dia e ordenou a liberação de verbas extras, deu o telefone do seu gabinete para os 4 alunos da turma de 94 e deu uma ordem.
"Se tiverem problemas me liguem", isto na frente do diretor da academia que estava boquiaberto.
"Quanto menos recursos tivermos, mais vamos investir neste pessoa"
Virou as costas e foi embora.
Este gesto do presidente Yeltsin ganhou status de lenda na Rússia, ele retrata uma cultura de trabalho vitoriosa.
Estou devendo uma resposta sobre aquela questão de metodologia de projetos... é que estou tirando uns dias de férias.. tenho participado pouco...... to curtindo minha filha...
Abraços
Exatamente!
Veja esta diferença de estratégia como produziu resultados.
A Rússia esta fabricando em 2005 quase 60% a mais de foguetes que os EUA.
Os lançadores mais seguros da atualidade são o Proton e Soyuz
O orçamento espacial russo é cerca de 13 vezes menor que o da NASA.
Segredo?
Dos cerca de 100 gestores de programas espaciais com preparo formal em atividade hoje no mundo, 65 são russos.
No colapso da URSS faltava dinheiro para tudo, até para trazer os cosmonautas da MIR no prazo certo.
O presidente Yeltsin, ao ser avisado que pela primeira vez em quase 40 anos a Academia de Ciências Espaciais de Moscou interromperia uma turma de alunos por falta de recursos, foi pessoalmente ao prédio no outro dia e ordenou a liberação de verbas extras, deu o telefone do seu gabinete para os 4 alunos da turma de 94 e deu uma ordem.
"Se tiverem problemas me liguem", isto na frente do diretor da academia que estava boquiaberto.
"Quanto menos recursos tivermos, mais vamos investir neste pessoa"
Virou as costas e foi embora.
Este gesto do presidente Yeltsin ganhou status de lenda na Rússia, ele retrata uma cultura de trabalho vitoriosa.
Estou devendo uma resposta sobre aquela questão de metodologia de projetos... é que estou tirando uns dias de férias.. tenho participado pouco...... to curtindo minha filha...
Abraços
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
Apesar de ser leigo no assunto, admiro a forma como você expõe as suas idéias, com clareza e simplicidade, e muito "pé no chão". Acho que se eles não tentaram conseguir a sua presença na equipe , estão indo no caminho errado.
Oi Roberto
Eu honestamente nunca tive vontade de trabalhar no programa espacial brasileiro. E vou te explicar porque.
Em algum momento, todo programa espacial já passou por alguma grande crise. Entre 1957 e 1958, os EUA perderam 12 lançamentos sucessivos antes do seu primeiro satélite, haviam disputas internas entre instituições federais, havia problemas de qualidade nos projetos, politicalha de baixo nivel e toda sorte de patifaria. Em uma década viaram o jogo e foram a Lua.
Mesmo com o sucesso de Gagarin, os soviéticos se perderam em disputas, politicalhas e intrigas, dezenas de mortos e sucessivos fracassos de 1965 a 1973. Em uma década mudaram o jogo e entraram nos anos 80 com o melhor programa espacial do mundo naquela época.
Quando em 1990 a URSS estava implodindo, faltava algo que em valores de hoje, equivale a uns 50.000 dolares para custear uma operação de aterrizagem de uma nave Soyuz, a tripulação da MIR ficou algumas semanas mais no espaço, utilizando suprimentos de emergencia até que uma operação emergencial pudesse ser montada para traze-los de volta. A situação do programa russo era camamitosa.
Hoje, 15 anos depois, a Rússia tem o melhor programa espacial do mundo. Para que tenha uma idéia dos 65 lançamentos planejados este ano para o mundo todo, 50% são foguetes russos, 30% americano, e o restante europeus 8% , chineses 7% japonses 3% e indianos 2%.
Falta de dinheiro, falta de vontade politica, brigas internas, e toda sorte de problemas inerente a uma atividade arriscada cara e complexa como esta já aconteceram em praticamente todos os paises que desenvolvem atividades espaciais, é claro que o Brasil não é excessão.
Mas as diferenças param por ai.
Todos paises que passaram por situações criticas como estas, reverteram seus quadros no espaço de tempo de uma década, baseado na qualidade das pessoas que comandam seus programas espaciais.
Em boas instituições dificuldades desta natureza são um combustivel que impulsionam a mudança, no Brasil dificuldades servem perpetuamente como combustivel para o imobilismo.
É só observarem os eternos debates sobre poder militar no Brasil.
São décadas de distorções que não mudam da noite para o dia.
O programa espacial é embalado em mentiras e intrigas de pessoas despreparadas para o exercicio do cargo de gestão de programas desta natureza. É uma divisão entre três alas INPE ( a unica que funciona razoavelmente bem), CTA, um covil de pessoas alienadas da realidade politico e economica brasileira, e da realidade mundial no que tange a tendencias de planejamento para este segmento, e finalmente uma agencia espacial, comandada por pessoas demagogas que não conseguem enxergar um palmo alem do nariz.
Esta corja toda um dia também já existiu nos EUA, na URSS, na China, mas foram alijadas do programa quando os resultados pificos apareceram.
Enquanto o novo administrador da NASA demitiu recentemente 50 pessoas em cargos de alta gerencia por falta de competencia e resultados, no Brasil, a morte por negligencia de 21 pessoas a 2 anos atrás, foi acobertada para debaixo do tapete e o brigadeiro comandande da operação promovido.
Muitas pessoas me perguntam o que faria se ocupa-se um cargo de gestora de programas no Brasil, diante de um quadro destes, o que respondo, é que pediria demissão.
E porque faria isto?
Para não ter que colocar a minha assinatura em documentos como o relatório do VLS-3, ou o plano megalomaniaco dos SGB, na qual estão começando a montar uma gigantesca campanha de desinformação para aprovar um programa que só vai beneficiar 3 empresas envolvidas.
Isto quer dizer que o Brasil esta fadado ao insucesso? Que os profissionais brasileiros não são competentes?
De forma alguma, em construção aeronautica que é uma atividade de igual complexidade, o Brasil se posiciona de igual para igual com qualquer concorrente no segmento em que atua, em siderurgia, petroquimica etc...
Porem infelizmente não existe no Brasil a mesma cultura de qualidade e de pessoas no segmento espacial e isto é fatal.
Elizabeth
Oi Roberto
Eu honestamente nunca tive vontade de trabalhar no programa espacial brasileiro. E vou te explicar porque.
Em algum momento, todo programa espacial já passou por alguma grande crise. Entre 1957 e 1958, os EUA perderam 12 lançamentos sucessivos antes do seu primeiro satélite, haviam disputas internas entre instituições federais, havia problemas de qualidade nos projetos, politicalha de baixo nivel e toda sorte de patifaria. Em uma década viaram o jogo e foram a Lua.
Mesmo com o sucesso de Gagarin, os soviéticos se perderam em disputas, politicalhas e intrigas, dezenas de mortos e sucessivos fracassos de 1965 a 1973. Em uma década mudaram o jogo e entraram nos anos 80 com o melhor programa espacial do mundo naquela época.
Quando em 1990 a URSS estava implodindo, faltava algo que em valores de hoje, equivale a uns 50.000 dolares para custear uma operação de aterrizagem de uma nave Soyuz, a tripulação da MIR ficou algumas semanas mais no espaço, utilizando suprimentos de emergencia até que uma operação emergencial pudesse ser montada para traze-los de volta. A situação do programa russo era camamitosa.
Hoje, 15 anos depois, a Rússia tem o melhor programa espacial do mundo. Para que tenha uma idéia dos 65 lançamentos planejados este ano para o mundo todo, 50% são foguetes russos, 30% americano, e o restante europeus 8% , chineses 7% japonses 3% e indianos 2%.
Falta de dinheiro, falta de vontade politica, brigas internas, e toda sorte de problemas inerente a uma atividade arriscada cara e complexa como esta já aconteceram em praticamente todos os paises que desenvolvem atividades espaciais, é claro que o Brasil não é excessão.
Mas as diferenças param por ai.
Todos paises que passaram por situações criticas como estas, reverteram seus quadros no espaço de tempo de uma década, baseado na qualidade das pessoas que comandam seus programas espaciais.
Em boas instituições dificuldades desta natureza são um combustivel que impulsionam a mudança, no Brasil dificuldades servem perpetuamente como combustivel para o imobilismo.
É só observarem os eternos debates sobre poder militar no Brasil.
São décadas de distorções que não mudam da noite para o dia.
O programa espacial é embalado em mentiras e intrigas de pessoas despreparadas para o exercicio do cargo de gestão de programas desta natureza. É uma divisão entre três alas INPE ( a unica que funciona razoavelmente bem), CTA, um covil de pessoas alienadas da realidade politico e economica brasileira, e da realidade mundial no que tange a tendencias de planejamento para este segmento, e finalmente uma agencia espacial, comandada por pessoas demagogas que não conseguem enxergar um palmo alem do nariz.
Esta corja toda um dia também já existiu nos EUA, na URSS, na China, mas foram alijadas do programa quando os resultados pificos apareceram.
Enquanto o novo administrador da NASA demitiu recentemente 50 pessoas em cargos de alta gerencia por falta de competencia e resultados, no Brasil, a morte por negligencia de 21 pessoas a 2 anos atrás, foi acobertada para debaixo do tapete e o brigadeiro comandande da operação promovido.
Muitas pessoas me perguntam o que faria se ocupa-se um cargo de gestora de programas no Brasil, diante de um quadro destes, o que respondo, é que pediria demissão.
E porque faria isto?
Para não ter que colocar a minha assinatura em documentos como o relatório do VLS-3, ou o plano megalomaniaco dos SGB, na qual estão começando a montar uma gigantesca campanha de desinformação para aprovar um programa que só vai beneficiar 3 empresas envolvidas.
Isto quer dizer que o Brasil esta fadado ao insucesso? Que os profissionais brasileiros não são competentes?
De forma alguma, em construção aeronautica que é uma atividade de igual complexidade, o Brasil se posiciona de igual para igual com qualquer concorrente no segmento em que atua, em siderurgia, petroquimica etc...
Porem infelizmente não existe no Brasil a mesma cultura de qualidade e de pessoas no segmento espacial e isto é fatal.
Elizabeth
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
[i]Pelas fotos me parece que o foguete é montado e posteriormente levado à torre de lançamento. Qual a vantagam de se construir aquela especie de hangar vertical ( sob o ponto de vista estético, de extremo mal gosto ) para se construir o VLS. Eu fico imaginando a enorme possibilidade de cair uma ferramenta durante a montagem vertical e causar um sério estrago. Gostaria de saber a opinião de quem entende. [/i]
Ola Fernando
Existem três formas basicas para montagem de um foguete:
Integração horizontal
Integração vertical com transporte vertical à plataforma
Integração vertical na plataforma
Integração horizontal
Os R-7 como os da foto, bem como outros foguetes russos, como osProton, Zenith e Energia, são foguetes de integração horizontal.
Isto significa oq?
Que eles são montados na horizontal e depois por meio de uma estrutura basculante são colocados na vertical já na plataforma de lançamento.
Isto acontece porque os R-7 eram mísseis balisticos de primeira geração, isto é, eram (e ainda são) montados no complexo de Samara, depois transportados por trem para o interior da URSS onde eram verticalisados e ficavam em alerta esperando uma eventual ordem de lançamento.
Estamos falando do final dos anos 50 e começo dos 60, os EUA não tinha satélites espiões que pudessem descobrir os pontos de espera dos R-7, tarefa que começou a ser executada pelos U-2, os tempos de reação destes misseis eram longos, algo como 10 horas pelo menos, e não fazia sentido monta-los na plataforma ou proxima delas.
Deste modo os R-7 herdam o conceito que é inerente a todos os ICBM´s, montagem horizontal e posteriormente verticalizados em silos ou plataformas.
Os Proton apesar de não serem ICBM´s, aproveitam-se das infra estruturas ferroviarias e seguem o mesmo conceito, o Zenith idem.
Quando o Energia começou a tomar forma a 25 anos atrás, o conceito de montagem horizontal permaneceu, porem o transporte não seria totalmente realizado de trem porque algumas partes criariam problemas de largura maxima da composição em alguns entroncamentos, surgiram então os monstros AN-225 para levar partes do foguete para Baikonur.
Em bases litoraneas como Cabo Canaveral ou Kourou uma parte muito volumosa, como os ET´s do Space Shuttle chegam por via portuaria, mas Baikonur não tem mar, dai a opção "exotica" dos AN-225.
A opção soviética pela montagem horizontal tem este historico portanto: Aproveitamento da infra estrutura ferroviária montada para o R-7.
Em que casos se utiliza montagem horizontal?
Quando o foguete é derivado de míssil balistico (que obrigatoricamente é montado horizontalmente), um outro exemplo é o Shavit em Israel, este pequeno foguete de 29.000Kg é montado perto de Tel Aviv e levado em cima de carretas até Palmachin onde é verticalizado e lançado.
Vantagens:
Mais facilmente integrados
Menor risco de acidentes na integração
Menor tempo de preparação para lançamento
Desvantagens:
Infra-estrutura de transporte para a base de lançamento é mais complexa
Mecanismo de verticalização mais complexo.
Integração vertical com transporte vertical à plataforma
Nos EUA, China e na Europa (Kourou) se prefere este outro sistema,
O foguete chega em partes até a base e é montado na vertical em um hangar sobre uma plataforma horizontal movel, sobre trilhos ou lagarta, que se desloca até a plataforma de lançamento. (Integração vertical com transporte vertical à plataforma).
Vantagens:
A operação de montagem é totalmente diferente do que a preparação de lançamento, desta forma, pode-se criar um ambiente de montagem, com regras e procedimentos diferente do ambiente de plataforma.
Em caso de retorno do foguete a plataforma (situação em que apos o foguete ser lançado ele perde potencia e retorna catastroficamente ao solo) os estragos causados são mais limitados.
Desvantagens:
Existe predios alturas elevadas
Mecanismo de transporte até a plataforma é complexo
Integração vertical na plataforma
Seria a montagem do foguete na plataforma de lançamento por meio de integração vertical dos estágios.
É a técnica utilizada no VLS.
Ela foi escolhida no foguete brasileiro, por questões de transporte entre a região sudeste e Alcantara. Como a base de lançamento não tem infra estrutura portuaria (esta sendo construida agora), o VLS é mandado por estágios para o Maranhão, dentro de aviões C-130.
O VLS pesa cerca de 49.000Kg, o que exige pelo menos 3 viagens de Hercules, que acabam sendo mais, devido a necessidade de descolar toda a "tralha" necessaria a operação de lançamento.
Ao chegar no Maranhão as partes são verticalizadas dentro da estrutura movel de montagem que "abraça" o foguete e a plataforma.
Este tipo de montagem tem algumas vantagens que uma operação de integração horizontal, a principal é que o foguete de quase 50.000Kg nao precisa ser verticalizado, e isto é complicado, porque o VLS é um foguete de combustivel solido, em um foguete de combustivel liquido como o da foto ele é verticalizado vazio, quando pesa "apesar" 32 toneladas, de modo que o Soyuz é mais facilmente "colocado em pé" que o VLS.
Existe um outro problema no caso do VLS que são seus 4 boosters laterais, é muito dificil colocar um foguete naquela configuração na vertical, porque os esforços estruturais na junção booster com o corpo central danificam o envelope.
Se montar o VLS na horizontal não era uma boa idéia, sobra a idéia de integra-lo em um ambiente separado e leva-lo por trilho até a plataforma ou monta-lo diretamente na plataforma.
Fosse ele um projeto americano ou europeu a idéia de montagem fora da plataforma talvez ganha-se força, mas no caso brasileiro a infra estrutura de Alcantara é pequena então optou-se pela montagem em plafaforma.
Vantagem da escolha do CTA:
Estrutura de montagem + lançamento mais enxuta do que a montagem em predio separado
Desvantagens:
Expõe demais equipes de montagem a processos de preparação para lançamento, já que são logicas diferentes, isto foi uma das causas do VLS-3, para que tenham uma idéia, em Jiuquan no lançamento daq Shenzhou-5, o numero de pessoas na plataforma não poderia ser maior que 8, na Shenzhou 6, ficou travado em 12 dado a maior necessidade de suporte para dois tripulantes.
Outra desvantagem consideravel que não esta presente em outros paises que ja adotaram a montagem vertical em plataforma, mas graças a um erro de avaliação do CTA esta presente no VLS é a integração foguete + satélite na plataforma.
Quando se realiza este procedimento, passa a ser necessaria então uma sala limpa no topo da plataforma para que a integração do satélite com o foguete e o fechamento da coifa seja realizado em um ambiente limpo.
Normalmente se utiliza sala limpa apenas em vôo tripulado, porque existe a necessidade de embarque do astronauta de um ambiente "sujo" para um ambiente "limpo" (interior da nave), deste modo é necessario um espaço de transição no auto da plataforma na forma de uma sala limpa.
Em lançamento de satelites, o conjunto satélite + coifa é montado já cacrado no topo do lançador.
Na CRD - Critical Review Design do VLS realizada aqui na Rússia, se bateu pesado na questão de integração.
Vejam um outro exemplo que colocaria de cabelos em pé algum chefe de equipe de plataforma, Russo, Americano, Europeu ou Chines.
Os ultimos estágios do VLS são compostos pela coifa, satélite, quarto estágio e depois as baias de controle e de instrumentação.
Tudo isto é empilhado por meio de ponte rolante, içado parte a parte para dentro da torre móvel, e não é raro algum operador, liberalmente "meter a mão" dentro de compartimentos sensiveis onde ficam sistemas como o inercial e conectorização de malhas pirotécnicas, eu li casos nos relatorios, em que se enfiava a cabeça e as mãos dentro do corpo do foguete para fazer alguma operação, isto tem um potencial enorme de criação de problemas, especialmente de impuresas (cabelo, suor e pequenas peças) bem como de destruição de conectorização e choques de ferramental para com componentes.
Em qualquer outro sistema de montagem, os componentes satelite + coifa + quarto estágio + baias de controle de instrumentação, chegariam todos já integrados e testados a plataforma de montagem final.
Coisas absurdas como a montagem do INS no local, são exemplos gritantes da falta de preparo deste pessoal.
Este tipo de escolha realizada por um misto de inexperiencia e falta de recursos para melhoria da infra estrutura de integração e testes necessarias para o perfeito recebimento do foguete em Alcantara é um enorme ofenssor do que é hoje o principal problema do VLS que é a politica de QPA Quality Process Assurance absurdamente relapça que o CTA implantou no programa.
Eu formalmente não tive participação no processo de CRD realizado na Rússia, na época estava trabalhando na China, mas tive acesso ao processo posteriormente e colaborei com algumas recomendações, as coisas presentes no cenário de operação do VLS eram bastante incompativeis com a boa pratica de projeto e operação de foguetes.
Elizabeth
Ola Fernando
Existem três formas basicas para montagem de um foguete:
Integração horizontal
Integração vertical com transporte vertical à plataforma
Integração vertical na plataforma
Integração horizontal
Os R-7 como os da foto, bem como outros foguetes russos, como osProton, Zenith e Energia, são foguetes de integração horizontal.
Isto significa oq?
Que eles são montados na horizontal e depois por meio de uma estrutura basculante são colocados na vertical já na plataforma de lançamento.
Isto acontece porque os R-7 eram mísseis balisticos de primeira geração, isto é, eram (e ainda são) montados no complexo de Samara, depois transportados por trem para o interior da URSS onde eram verticalisados e ficavam em alerta esperando uma eventual ordem de lançamento.
Estamos falando do final dos anos 50 e começo dos 60, os EUA não tinha satélites espiões que pudessem descobrir os pontos de espera dos R-7, tarefa que começou a ser executada pelos U-2, os tempos de reação destes misseis eram longos, algo como 10 horas pelo menos, e não fazia sentido monta-los na plataforma ou proxima delas.
Deste modo os R-7 herdam o conceito que é inerente a todos os ICBM´s, montagem horizontal e posteriormente verticalizados em silos ou plataformas.
Os Proton apesar de não serem ICBM´s, aproveitam-se das infra estruturas ferroviarias e seguem o mesmo conceito, o Zenith idem.
Quando o Energia começou a tomar forma a 25 anos atrás, o conceito de montagem horizontal permaneceu, porem o transporte não seria totalmente realizado de trem porque algumas partes criariam problemas de largura maxima da composição em alguns entroncamentos, surgiram então os monstros AN-225 para levar partes do foguete para Baikonur.
Em bases litoraneas como Cabo Canaveral ou Kourou uma parte muito volumosa, como os ET´s do Space Shuttle chegam por via portuaria, mas Baikonur não tem mar, dai a opção "exotica" dos AN-225.
A opção soviética pela montagem horizontal tem este historico portanto: Aproveitamento da infra estrutura ferroviária montada para o R-7.
Em que casos se utiliza montagem horizontal?
Quando o foguete é derivado de míssil balistico (que obrigatoricamente é montado horizontalmente), um outro exemplo é o Shavit em Israel, este pequeno foguete de 29.000Kg é montado perto de Tel Aviv e levado em cima de carretas até Palmachin onde é verticalizado e lançado.
Vantagens:
Mais facilmente integrados
Menor risco de acidentes na integração
Menor tempo de preparação para lançamento
Desvantagens:
Infra-estrutura de transporte para a base de lançamento é mais complexa
Mecanismo de verticalização mais complexo.
Integração vertical com transporte vertical à plataforma
Nos EUA, China e na Europa (Kourou) se prefere este outro sistema,
O foguete chega em partes até a base e é montado na vertical em um hangar sobre uma plataforma horizontal movel, sobre trilhos ou lagarta, que se desloca até a plataforma de lançamento. (Integração vertical com transporte vertical à plataforma).
Vantagens:
A operação de montagem é totalmente diferente do que a preparação de lançamento, desta forma, pode-se criar um ambiente de montagem, com regras e procedimentos diferente do ambiente de plataforma.
Em caso de retorno do foguete a plataforma (situação em que apos o foguete ser lançado ele perde potencia e retorna catastroficamente ao solo) os estragos causados são mais limitados.
Desvantagens:
Existe predios alturas elevadas
Mecanismo de transporte até a plataforma é complexo
Integração vertical na plataforma
Seria a montagem do foguete na plataforma de lançamento por meio de integração vertical dos estágios.
É a técnica utilizada no VLS.
Ela foi escolhida no foguete brasileiro, por questões de transporte entre a região sudeste e Alcantara. Como a base de lançamento não tem infra estrutura portuaria (esta sendo construida agora), o VLS é mandado por estágios para o Maranhão, dentro de aviões C-130.
O VLS pesa cerca de 49.000Kg, o que exige pelo menos 3 viagens de Hercules, que acabam sendo mais, devido a necessidade de descolar toda a "tralha" necessaria a operação de lançamento.
Ao chegar no Maranhão as partes são verticalizadas dentro da estrutura movel de montagem que "abraça" o foguete e a plataforma.
Este tipo de montagem tem algumas vantagens que uma operação de integração horizontal, a principal é que o foguete de quase 50.000Kg nao precisa ser verticalizado, e isto é complicado, porque o VLS é um foguete de combustivel solido, em um foguete de combustivel liquido como o da foto ele é verticalizado vazio, quando pesa "apesar" 32 toneladas, de modo que o Soyuz é mais facilmente "colocado em pé" que o VLS.
Existe um outro problema no caso do VLS que são seus 4 boosters laterais, é muito dificil colocar um foguete naquela configuração na vertical, porque os esforços estruturais na junção booster com o corpo central danificam o envelope.
Se montar o VLS na horizontal não era uma boa idéia, sobra a idéia de integra-lo em um ambiente separado e leva-lo por trilho até a plataforma ou monta-lo diretamente na plataforma.
Fosse ele um projeto americano ou europeu a idéia de montagem fora da plataforma talvez ganha-se força, mas no caso brasileiro a infra estrutura de Alcantara é pequena então optou-se pela montagem em plafaforma.
Vantagem da escolha do CTA:
Estrutura de montagem + lançamento mais enxuta do que a montagem em predio separado
Desvantagens:
Expõe demais equipes de montagem a processos de preparação para lançamento, já que são logicas diferentes, isto foi uma das causas do VLS-3, para que tenham uma idéia, em Jiuquan no lançamento daq Shenzhou-5, o numero de pessoas na plataforma não poderia ser maior que 8, na Shenzhou 6, ficou travado em 12 dado a maior necessidade de suporte para dois tripulantes.
Outra desvantagem consideravel que não esta presente em outros paises que ja adotaram a montagem vertical em plataforma, mas graças a um erro de avaliação do CTA esta presente no VLS é a integração foguete + satélite na plataforma.
Quando se realiza este procedimento, passa a ser necessaria então uma sala limpa no topo da plataforma para que a integração do satélite com o foguete e o fechamento da coifa seja realizado em um ambiente limpo.
Normalmente se utiliza sala limpa apenas em vôo tripulado, porque existe a necessidade de embarque do astronauta de um ambiente "sujo" para um ambiente "limpo" (interior da nave), deste modo é necessario um espaço de transição no auto da plataforma na forma de uma sala limpa.
Em lançamento de satelites, o conjunto satélite + coifa é montado já cacrado no topo do lançador.
Na CRD - Critical Review Design do VLS realizada aqui na Rússia, se bateu pesado na questão de integração.
Vejam um outro exemplo que colocaria de cabelos em pé algum chefe de equipe de plataforma, Russo, Americano, Europeu ou Chines.
Os ultimos estágios do VLS são compostos pela coifa, satélite, quarto estágio e depois as baias de controle e de instrumentação.
Tudo isto é empilhado por meio de ponte rolante, içado parte a parte para dentro da torre móvel, e não é raro algum operador, liberalmente "meter a mão" dentro de compartimentos sensiveis onde ficam sistemas como o inercial e conectorização de malhas pirotécnicas, eu li casos nos relatorios, em que se enfiava a cabeça e as mãos dentro do corpo do foguete para fazer alguma operação, isto tem um potencial enorme de criação de problemas, especialmente de impuresas (cabelo, suor e pequenas peças) bem como de destruição de conectorização e choques de ferramental para com componentes.
Em qualquer outro sistema de montagem, os componentes satelite + coifa + quarto estágio + baias de controle de instrumentação, chegariam todos já integrados e testados a plataforma de montagem final.
Coisas absurdas como a montagem do INS no local, são exemplos gritantes da falta de preparo deste pessoal.
Este tipo de escolha realizada por um misto de inexperiencia e falta de recursos para melhoria da infra estrutura de integração e testes necessarias para o perfeito recebimento do foguete em Alcantara é um enorme ofenssor do que é hoje o principal problema do VLS que é a politica de QPA Quality Process Assurance absurdamente relapça que o CTA implantou no programa.
Eu formalmente não tive participação no processo de CRD realizado na Rússia, na época estava trabalhando na China, mas tive acesso ao processo posteriormente e colaborei com algumas recomendações, as coisas presentes no cenário de operação do VLS eram bastante incompativeis com a boa pratica de projeto e operação de foguetes.
Elizabeth
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
Podemos concluir que esta historia de sistema anti-missil é uma desculpa para Lockheed Martin ganhar mais dinheiro?
Oi Fabio
É claro que os custos "suspeitos" do programa NMD, depõe contra ele.
Mas isto não é só uma característica de um programa ABM (Anti Ballistic Missile ), é uma característica de praticamente qualquer programa americano, de um satélite militar a um novo rifle para o US-ARMY, os programas americanos tem se perdido em estouros de custos graças a uma espécie de inércia que mantem uma estrutura de pensamento entre a relação industria / Pentágono ainda próxima ao que existia no final da guerra fria.
Nos anos Clinton, uma tímida mas já perceptível mudança de mentalidade americana sobre o tema começou a se desenvolver, mas com a política de Bush, tudo tem voltando ao lugar do que era no começo dos anos 90.
Existe um outro componente importante que é a própria natureza do pensamento ABM que é por si só um capitulo todo a parte em se tratando de tecnologia espacial com emprego militar.
O conceito de ABM não é exatamente novo como se imagina, ele tem pelo menos 40 anos.
Mas assim como os ICBM mudaram muito nos seus 48 anos de existência, o conceito de ABM também mudou.
Didaticamente podemos dividir o pensamento ABM em 4 fases.
A primeira fase durou de 1965 a 1975 com os sistemas exoatmosfericos de ogivas nucleares, que seriam os mísseis da geração do Spartan, Sprint, Nike-Zeus e Galosh. Estamos falando de uma época onde conceito de ataque de saturação era totalmente diferente do conceito que valeria nos anos 80.
Já em meados dos anos 70, o conceito de MAD - Mutual assured destruction - se tornou maduro, então teríamos a segunda geração do pensamento ABM, na qual o SDI - Strategic Defense Iniciative - (Programa guerra nas estrelas como ficou conhecido) é o expoente maior.
O SDI ao contrario do que se imagina não objetivava a criação de um sistema ABM operacional, e sim a investigação de possibilidades e tecnologias promissoras.
O SDI também não era um programa sem paralelo. O programa soviético para utilização militar do espaço desenvolvia trabalhos parecidos, em algumas áreas os americanos estavam a frente em outras os soviéticos eram lideres.
Infelizmente, a historia retratou o SDI como um programa que teria sido responsável pelo colapso econômico da URSS, consideração simplista demais no meu entender, a URSS implodir por N fatores sociais, políticos e econômicos.
O fato é que existia nos anos 80 um esforço enorme dos dois lados para desenvolver uma alternativa de médio prazo para um sistema ABM.
Um programa ABM é dividido em 3 segmentos:
1- Detecção de lançamento e caracterização de ataque
2- Comando e controle
3- Capacidade de interceptação
Nos dois primeiros quesitos tanto os EUA quanto a URSS conseguiram até meados dos anos 80 atingirem índices de eficiência necessários, mas faltava o terceiro e mais difícil aspecto.
Interceptar o invasor.
Com a capacidade MIRV - Multiple independente reentry vehicle - madura e operacional dos dois lados, o objetivo era interceptar os ICBM em suas fases de meio curso, e não nas fases terminais como na primeira geração de ABM.
Isto implicava em sistemas orbitais com capacidade de disparo, e ai surgiu todo o "exotismo" dos conceitos americanos e soviéticos, como os espelhos laser orbitais, as estações de batalha laser, os canhões orbitais de trilho eletromagnético e toda sorte de conceitos caros, complexos e arriscados que fez com que ambos os lados percebessem já no final dos anos 80 que aquela era uma capacidade ainda distantes das tecnologias e orçamentos possíveis, mesmo que para uma superpotência.
A URSS implodiu e saiu do jogo, e nos EUA sobrou o seguinte cenário.
Um sistema impecável de C3I para ABM fruto do SDI e uma capacidade de interceptação desprezível.
Então surgiu a terceira forma do pensamento ABM representada pelo NMD - Nacional Missile Defense - (Escudo Anti mísseis para os não versados), que é basicamente uma versão revisionista do SDI com uma mudança de estratégia.
Qual seria esta mudança?
Associar a rede C3I uma capacidade de interceptação, mesmo que de fase terminal. Leia-se:
Ineficiente contra capacidades MIRV e manobras ativas de fase terminal, que é a aposta russa nos últimos 10 anos.
O NMD é portanto uma espécie de fusão da primeira com a segunda geração de pensamento ABM.
Ele não é eficiente contra ataques de saturação, tão pouco é um sistema absolutamente confiável ainda.
Isto quer dizer que ele é uma perda de tempo e dinheiro?
Não é bem assim.
O NMD representa um programa de referencia que pela primeira vez permite se operar todos os componentes de um sistema ABM estratégico, ou seja:
Detecção de lançamento e caracterização de ataque + Comando e controle + Capacidade de interceptação
Ele é um misto entre demonstração de tecnologia como o SDI com capacidade operacional mínima como os primeiros programas de 40 anos atrás.
Existem alguns erros no NMD, mas eles pouco tem a ver com questões técnicas e sim políticas.
O primeiro deles é que procuraram "criar" um inimigo para justificar a existência do programa, neste caso Irá e Coréia do Norte, e isto vincula qualquer questão ligada a estes dois paises ao andamento ou não do programa, isto tem se mostrado danoso para o NMD.
O segundo é que deram a ele um status de programa com capacidade operacional madura ao seu termino, uma espécie de "vacina" contra a enorme expectativa frustrada com o SDI da era Regam que também foi construído em cima de "meias verdades".
Esta somatória de fatores listados até aqui:
Modelo industria americano que mantem os programas caros
Capacidade operacional limitada
Geração de falsas ameaças para justificar o projeto
Distorções sobre potencialidades
Tudo isto tornado o NMD um programa muito criticado, porque ele foi construído em cima de motivos e premissas artificialmente criadas pelos motivos que listei.
Podemos separar então a resposta em duas:
Do ponto de vista técnico, (Admitindo que a atual tecnologia não permite deter um ataque de saturação), o NMD é um programa coerente se for posicionado com o que chamamos de "Aplicação da margem de referencia" (Explico o que é isto no final).
Do ponto de vista político, pelo enorme volume de meias verdades que se evita levar ao publico, o programa esta montado em um castelo de areias, ele é muito frágil.
No começo comentei sobre 4 fases do pensamento ABM, falamos de 3.
1965 - 1975 - Sistemas exoatmosfericos de ogivas nucleares
1983 - 1990 - Sistemas de demonstração de tecnologias de interceptação de meio curso
1994 - Atual - Sistemas de interceptação terminal
E qual seria o outro?
Sistemas ABM táticos ou estratégicos de cenários regionais.
Estamos falando de sistemas como o Arrow II ou S-400, que mesmo tendo eficiência limitada, influenciaram muito em cenários locais como
Israel x Irá e Índia x Paquistão.
E porque eles são importantes?
Esta é nova filosofia que ganhou força nos últimos 15 anos e só a simples perspectiva de implantação do sistema Arrow II pela Índia mudou profundamente o programa de mísseis do Paquistão nos últimos 5 anos.
A implantação do Arrow II em Israel mudou também o programa de mísseis do Irá nos últimos 8 anos.
Estes sistemas táticos ou de cenários regionais são tidos como uma prova que o conceito de ABM é sim um elemento importante mesmo que suas tecnologias ainda não sejam absolutamente comprovadas.
O que os EUA desejam fazer é hoje começar a desenvolver um sistema, não para coloca-lo em operação com capacidade comprovada, mas operar um sistema global que possa ter a médio prazo a mesma capacidade que os sistemas regionais tem demonstrado possuir.
O alvo disto?
A China, que assim como a URSS nos anos 60 e 70, parece que não tem demonstrado muita competência para criar uma doutrina de resposta flexível, logo pode ser desestabilizada do jogo do poder global a médio prazo se o NMD melhorar suas capacidades.
O que precisa mudar no NMD então?
Tecnicamente ele esta no caminho certo.
Seus hardwares principais que são o GBI (Ground Base Interceptor ) e o XBR (X Band Radar) cumprem as especificações e apesar das dificuldades de desenvolvimento, especialmente do GBI tem progredido a contento.
O que precisa mudar no programa talvez seja a maneira como ele é "vendido" para a opinião publica.
Tirar um rotulo de um programa maduro e eficiente a curto / médio prazo, para o verdadeiro objetivo é que um programa que permita aos EUA desenvolverem um sistema eficiente a médio / longo prazo.
E porque isto não é feito?
Basicamente porque isto implicaria em discutir os custos dos desenvolvimentos associados a este programa que estão bastante suspeitos. Isto é claro contraria interesses econômicos e mantem o NMD neste atoleiro político em que ele se encontra.
Para finalizar, o que seria o conceito de
"Aplicação de margem de referencia"?
Porque os EUA podem gastar US$4,5bi por ano para manter o Space Shuttle, os russos podem aplicar até US$400mi por ano para manter seu programa tripulado (Mesmo tendo uma economia menor que a brasileira) ou os chineses podem se dar ao luxo de manter um programa tripulado e construírem uma estação espacial na próxima década.
Existe uma linha de pensamento sobre estes programas que esta baseada em estabelecer um programa de referencia com custos controlados.
Os US$4,5bi do Shuttle, os US$400mi das Soyuz e Progress, representam algo entre 1% e 2% do que EUA e Rússia gastam com seus aparelhos militares.
Logo se a Rússia aposentar a Soyuz e parar de mandar astronautas para o espaço ela vai estar economizado menos de 2% do que gasta com todo o segmento defesa.
Qual a importância de se manter um programa destes?
Ele gera a referencia de toda a teia operacional e industrial.
Do cadete que entra na academia da força aérea sonhando em ser astronauta, passando pela excelência em pesquisa e desenvolvimento, isto melhora como um todo os recursos humanos e tecnológicos disponiveis.
Logo esta economia de 1% ou 2% que se teria em desistir de um programa tripulado traria algum reflexo negativo dentro do segmento como um todo, transformando este valor não em uma despesa, e sim em um investimento de melhoria continuada da capacitação daquele pais.
Para que esta linha seja valida é importante que os custos estejam dentro de faixas estreitas para que não ultrapasse valores marginais do total de investimento.
Esta é a idéia por de trás deste conceito.
Custos controlados e dentro de uma faixa rígida e que não gere impacto sobre a o total aplicado no segmento.
Somem outros conceitos:
Indicadores claros de objetivos e resultados
Planejamento de investimento continuado de médio prazo (China e Rússia planejam programas espaciais com horizontes de 10 anos)
Gestão técnica de programa sem interferência política demasiada
Isto esta sendo aplicado na China atualmente em programas tripulados, os orçamentos dos programas Shenznhou, CZ-5 e 911 estão bastante enxutos e tem obrigado os gestores a trabalharem com indicadores de qualidade bastante claros.
Para que tenham uma idéia, hoje a China esta desenvolvendo uma estação espacial tripulada de pequeno porte a ser lançada em 2012 com recursos na faixa de US$1bi. Algo menor do que algumas projeçoes do que custaria este programa discutivel dos Satelites Geo Estacionários Brasileiros.
Os russos reformularam seu programa espacial em cima deste conceito. Alias são os pais dele.
O programa russo é hoje o melhor do mundo em duas coisas importantes:
1- Segurança de vôo e indices de perdas de lançadores
2- Qualidade de pessoal e praticas de gestão e planejamento
Israel é outro local onde o programa espacial, que é tocado com modestos US$50mi por ano, tem conseguido bons resultados, graças a uma nova mentalidade de trabalho.
O NDM deveria migrar para este conceito. Um programa mais enxuto, com investimentos menores porem graduais, baseados em indicadores claros entre as fases e livre de manipulações politicas ai ele se transformaria de um grande rombo orçamentário para um projeto conceituado e bem quisto.
Claro que nos EUA atual, as chances disto acontecer são nulas praticamente.
Elizabeth
Oi Fabio
É claro que os custos "suspeitos" do programa NMD, depõe contra ele.
Mas isto não é só uma característica de um programa ABM (Anti Ballistic Missile ), é uma característica de praticamente qualquer programa americano, de um satélite militar a um novo rifle para o US-ARMY, os programas americanos tem se perdido em estouros de custos graças a uma espécie de inércia que mantem uma estrutura de pensamento entre a relação industria / Pentágono ainda próxima ao que existia no final da guerra fria.
Nos anos Clinton, uma tímida mas já perceptível mudança de mentalidade americana sobre o tema começou a se desenvolver, mas com a política de Bush, tudo tem voltando ao lugar do que era no começo dos anos 90.
Existe um outro componente importante que é a própria natureza do pensamento ABM que é por si só um capitulo todo a parte em se tratando de tecnologia espacial com emprego militar.
O conceito de ABM não é exatamente novo como se imagina, ele tem pelo menos 40 anos.
Mas assim como os ICBM mudaram muito nos seus 48 anos de existência, o conceito de ABM também mudou.
Didaticamente podemos dividir o pensamento ABM em 4 fases.
A primeira fase durou de 1965 a 1975 com os sistemas exoatmosfericos de ogivas nucleares, que seriam os mísseis da geração do Spartan, Sprint, Nike-Zeus e Galosh. Estamos falando de uma época onde conceito de ataque de saturação era totalmente diferente do conceito que valeria nos anos 80.
Já em meados dos anos 70, o conceito de MAD - Mutual assured destruction - se tornou maduro, então teríamos a segunda geração do pensamento ABM, na qual o SDI - Strategic Defense Iniciative - (Programa guerra nas estrelas como ficou conhecido) é o expoente maior.
O SDI ao contrario do que se imagina não objetivava a criação de um sistema ABM operacional, e sim a investigação de possibilidades e tecnologias promissoras.
O SDI também não era um programa sem paralelo. O programa soviético para utilização militar do espaço desenvolvia trabalhos parecidos, em algumas áreas os americanos estavam a frente em outras os soviéticos eram lideres.
Infelizmente, a historia retratou o SDI como um programa que teria sido responsável pelo colapso econômico da URSS, consideração simplista demais no meu entender, a URSS implodir por N fatores sociais, políticos e econômicos.
O fato é que existia nos anos 80 um esforço enorme dos dois lados para desenvolver uma alternativa de médio prazo para um sistema ABM.
Um programa ABM é dividido em 3 segmentos:
1- Detecção de lançamento e caracterização de ataque
2- Comando e controle
3- Capacidade de interceptação
Nos dois primeiros quesitos tanto os EUA quanto a URSS conseguiram até meados dos anos 80 atingirem índices de eficiência necessários, mas faltava o terceiro e mais difícil aspecto.
Interceptar o invasor.
Com a capacidade MIRV - Multiple independente reentry vehicle - madura e operacional dos dois lados, o objetivo era interceptar os ICBM em suas fases de meio curso, e não nas fases terminais como na primeira geração de ABM.
Isto implicava em sistemas orbitais com capacidade de disparo, e ai surgiu todo o "exotismo" dos conceitos americanos e soviéticos, como os espelhos laser orbitais, as estações de batalha laser, os canhões orbitais de trilho eletromagnético e toda sorte de conceitos caros, complexos e arriscados que fez com que ambos os lados percebessem já no final dos anos 80 que aquela era uma capacidade ainda distantes das tecnologias e orçamentos possíveis, mesmo que para uma superpotência.
A URSS implodiu e saiu do jogo, e nos EUA sobrou o seguinte cenário.
Um sistema impecável de C3I para ABM fruto do SDI e uma capacidade de interceptação desprezível.
Então surgiu a terceira forma do pensamento ABM representada pelo NMD - Nacional Missile Defense - (Escudo Anti mísseis para os não versados), que é basicamente uma versão revisionista do SDI com uma mudança de estratégia.
Qual seria esta mudança?
Associar a rede C3I uma capacidade de interceptação, mesmo que de fase terminal. Leia-se:
Ineficiente contra capacidades MIRV e manobras ativas de fase terminal, que é a aposta russa nos últimos 10 anos.
O NMD é portanto uma espécie de fusão da primeira com a segunda geração de pensamento ABM.
Ele não é eficiente contra ataques de saturação, tão pouco é um sistema absolutamente confiável ainda.
Isto quer dizer que ele é uma perda de tempo e dinheiro?
Não é bem assim.
O NMD representa um programa de referencia que pela primeira vez permite se operar todos os componentes de um sistema ABM estratégico, ou seja:
Detecção de lançamento e caracterização de ataque + Comando e controle + Capacidade de interceptação
Ele é um misto entre demonstração de tecnologia como o SDI com capacidade operacional mínima como os primeiros programas de 40 anos atrás.
Existem alguns erros no NMD, mas eles pouco tem a ver com questões técnicas e sim políticas.
O primeiro deles é que procuraram "criar" um inimigo para justificar a existência do programa, neste caso Irá e Coréia do Norte, e isto vincula qualquer questão ligada a estes dois paises ao andamento ou não do programa, isto tem se mostrado danoso para o NMD.
O segundo é que deram a ele um status de programa com capacidade operacional madura ao seu termino, uma espécie de "vacina" contra a enorme expectativa frustrada com o SDI da era Regam que também foi construído em cima de "meias verdades".
Esta somatória de fatores listados até aqui:
Modelo industria americano que mantem os programas caros
Capacidade operacional limitada
Geração de falsas ameaças para justificar o projeto
Distorções sobre potencialidades
Tudo isto tornado o NMD um programa muito criticado, porque ele foi construído em cima de motivos e premissas artificialmente criadas pelos motivos que listei.
Podemos separar então a resposta em duas:
Do ponto de vista técnico, (Admitindo que a atual tecnologia não permite deter um ataque de saturação), o NMD é um programa coerente se for posicionado com o que chamamos de "Aplicação da margem de referencia" (Explico o que é isto no final).
Do ponto de vista político, pelo enorme volume de meias verdades que se evita levar ao publico, o programa esta montado em um castelo de areias, ele é muito frágil.
No começo comentei sobre 4 fases do pensamento ABM, falamos de 3.
1965 - 1975 - Sistemas exoatmosfericos de ogivas nucleares
1983 - 1990 - Sistemas de demonstração de tecnologias de interceptação de meio curso
1994 - Atual - Sistemas de interceptação terminal
E qual seria o outro?
Sistemas ABM táticos ou estratégicos de cenários regionais.
Estamos falando de sistemas como o Arrow II ou S-400, que mesmo tendo eficiência limitada, influenciaram muito em cenários locais como
Israel x Irá e Índia x Paquistão.
E porque eles são importantes?
Esta é nova filosofia que ganhou força nos últimos 15 anos e só a simples perspectiva de implantação do sistema Arrow II pela Índia mudou profundamente o programa de mísseis do Paquistão nos últimos 5 anos.
A implantação do Arrow II em Israel mudou também o programa de mísseis do Irá nos últimos 8 anos.
Estes sistemas táticos ou de cenários regionais são tidos como uma prova que o conceito de ABM é sim um elemento importante mesmo que suas tecnologias ainda não sejam absolutamente comprovadas.
O que os EUA desejam fazer é hoje começar a desenvolver um sistema, não para coloca-lo em operação com capacidade comprovada, mas operar um sistema global que possa ter a médio prazo a mesma capacidade que os sistemas regionais tem demonstrado possuir.
O alvo disto?
A China, que assim como a URSS nos anos 60 e 70, parece que não tem demonstrado muita competência para criar uma doutrina de resposta flexível, logo pode ser desestabilizada do jogo do poder global a médio prazo se o NMD melhorar suas capacidades.
O que precisa mudar no NMD então?
Tecnicamente ele esta no caminho certo.
Seus hardwares principais que são o GBI (Ground Base Interceptor ) e o XBR (X Band Radar) cumprem as especificações e apesar das dificuldades de desenvolvimento, especialmente do GBI tem progredido a contento.
O que precisa mudar no programa talvez seja a maneira como ele é "vendido" para a opinião publica.
Tirar um rotulo de um programa maduro e eficiente a curto / médio prazo, para o verdadeiro objetivo é que um programa que permita aos EUA desenvolverem um sistema eficiente a médio / longo prazo.
E porque isto não é feito?
Basicamente porque isto implicaria em discutir os custos dos desenvolvimentos associados a este programa que estão bastante suspeitos. Isto é claro contraria interesses econômicos e mantem o NMD neste atoleiro político em que ele se encontra.
Para finalizar, o que seria o conceito de
"Aplicação de margem de referencia"?
Porque os EUA podem gastar US$4,5bi por ano para manter o Space Shuttle, os russos podem aplicar até US$400mi por ano para manter seu programa tripulado (Mesmo tendo uma economia menor que a brasileira) ou os chineses podem se dar ao luxo de manter um programa tripulado e construírem uma estação espacial na próxima década.
Existe uma linha de pensamento sobre estes programas que esta baseada em estabelecer um programa de referencia com custos controlados.
Os US$4,5bi do Shuttle, os US$400mi das Soyuz e Progress, representam algo entre 1% e 2% do que EUA e Rússia gastam com seus aparelhos militares.
Logo se a Rússia aposentar a Soyuz e parar de mandar astronautas para o espaço ela vai estar economizado menos de 2% do que gasta com todo o segmento defesa.
Qual a importância de se manter um programa destes?
Ele gera a referencia de toda a teia operacional e industrial.
Do cadete que entra na academia da força aérea sonhando em ser astronauta, passando pela excelência em pesquisa e desenvolvimento, isto melhora como um todo os recursos humanos e tecnológicos disponiveis.
Logo esta economia de 1% ou 2% que se teria em desistir de um programa tripulado traria algum reflexo negativo dentro do segmento como um todo, transformando este valor não em uma despesa, e sim em um investimento de melhoria continuada da capacitação daquele pais.
Para que esta linha seja valida é importante que os custos estejam dentro de faixas estreitas para que não ultrapasse valores marginais do total de investimento.
Esta é a idéia por de trás deste conceito.
Custos controlados e dentro de uma faixa rígida e que não gere impacto sobre a o total aplicado no segmento.
Somem outros conceitos:
Indicadores claros de objetivos e resultados
Planejamento de investimento continuado de médio prazo (China e Rússia planejam programas espaciais com horizontes de 10 anos)
Gestão técnica de programa sem interferência política demasiada
Isto esta sendo aplicado na China atualmente em programas tripulados, os orçamentos dos programas Shenznhou, CZ-5 e 911 estão bastante enxutos e tem obrigado os gestores a trabalharem com indicadores de qualidade bastante claros.
Para que tenham uma idéia, hoje a China esta desenvolvendo uma estação espacial tripulada de pequeno porte a ser lançada em 2012 com recursos na faixa de US$1bi. Algo menor do que algumas projeçoes do que custaria este programa discutivel dos Satelites Geo Estacionários Brasileiros.
Os russos reformularam seu programa espacial em cima deste conceito. Alias são os pais dele.
O programa russo é hoje o melhor do mundo em duas coisas importantes:
1- Segurança de vôo e indices de perdas de lançadores
2- Qualidade de pessoal e praticas de gestão e planejamento
Israel é outro local onde o programa espacial, que é tocado com modestos US$50mi por ano, tem conseguido bons resultados, graças a uma nova mentalidade de trabalho.
O NDM deveria migrar para este conceito. Um programa mais enxuto, com investimentos menores porem graduais, baseados em indicadores claros entre as fases e livre de manipulações politicas ai ele se transformaria de um grande rombo orçamentário para um projeto conceituado e bem quisto.
Claro que nos EUA atual, as chances disto acontecer são nulas praticamente.
Elizabeth
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
Alguém sabe qual a altura maxima que o ônibus espacial pode ir?
Ola Moacir tudo na paz?
O recorde de apogeu em uma missão do Shuttle é de 650Km aproximadamente. Mas isto é um numero "redondo".
A resposta é cheia de variaveis, vamos fazer o seguinte, ao inves de colocar um numero "redondo" vamos tentar entender as variaveis quais são.
As missões do Shuttle de maior altitude foram aquelas destinadas a MIR, ISS e Hubble. As estações orbitais ficam a cerca de 350 - 400Km o Hubble a uns 600Km. Uma missão Shuttle que não implique em encontro com outra nave orbital geralmente é efetuada a 250Km em média.
Porque destes numeros?
Uma nave para ficar em orbita, precisa estar a cerca de 28.000Km/h de velocidade, para desenvolver esta velocidade orbital ela precisa de estar livre de arrasto atmosférico. A 200Km de altura, ela não vai ser arrasto significativo, logo ali vai ser a região minima aceitavel para vôo.
Porem a 200Km de altura, o arrasto (mesmo que pequeno) com a alta atmosfera vai tirando velocidade gradualmente, de modo que em uns 10 dias ela reentraria na atmosfera. Para um vôo tipico de Shuttle, algo como 10 a 14 dias, voar a 250Km de altura é aceitavel, porque qualquer arrasto pode ser compensado periodicamente pela ignição dos motores orbitais.
Já uma estação espacial a 200Km é inaceitavel, porque a longo prazo a quantidade combustivel para compensar o arrasto extra é consideravel, logo ela deve estar mais elevada. Porque uns 400Km então?
Porque ali ela vai estar significativamente mais fora da alta atmosfera, perdendo por dia algo como 1km de altitude (estou citando estes dados de cabeça, precisaria confirmar certinho a taxa de perda de altitude da ISS e da MIR), nesta taxa de perda precisa de bem menos combustivel orbital do que a 200Km por exemplo.
E o Hubble porque ele esta a uns 600Km?
Porque a esta altura a sua taxa de perda de altitude é menor ainda, logo precisa de muito menos combustivel para se manter.
Então porque não se lança a ISS a digamos, 600, 700Km, ela perderia menos altitude e conseguiria se manter com menos combustivel.
Ai entra uma relação de compromisso. Se ela tiver a 600Km, qualquer coisa que chegue até ela, vai ter menos carga paga, logo 350Km - 400Km é uma relação otima de altitude para o tipo de missão que ela desenvolve.
Agora vamos entender como uma espaçonave ganha e perde altura.
Toda nave que tenha propulsão, tem um parametro de projeto chamado "Delta V". Que é a capacidade dela em mudar de velocidade com sua propulsão OMS -orbital maneuvering system-.
No Shuttle o Delta V é de uns 350m/s. Ou 1260Km/h. Isto quer dizer que o combustivel a bordo do Shuttle, algo como 10.500Kg de propelente), permite que ele varie a sua velocidade em até 1260Km/h, utilizando o OMS depois de separado do ET - External Tank - e com os motores principais já cortados.
Quando o Shuttle se separada do ET ele queima seu combustivel no OMS para fazer a entrada em orbita dando um empurrãozido de uns 110m/s. Este empurraozinho, faz com que o Shuttle atinja uma velocidade que lhe permita ficar em orbita, e o ET, não, quando este retorna e se queima na atmosfera.
Agora o Shuttle esta em orbita a uns 250Km de altura, e precisa subir mais uns 100Km para encontrar a ISS então novamente ele liga o OMS para mais um empurraozinho.
A cada 0,36 m/s temos mais ou menos 1Km a mais de altitude.
Para sair de 250Km e chegar a 350Km ele vai precisar então de 36m/s.
Então ele já gastou dos 350m/s de delta V, 110m/s para a inserssão orbital e mais uns 36m/s para subir a ISS, 146m/s portanto.
Para descer é a mesma coisa, precisa de 146m/s, só que ao inves de acelerar, é para frear. Então teriamos uns 292m/s ida e volta.
E o resto do Delta / V?
Reservas técnicas, manobras orbitais para o acomplamento etc...
Em uma missão para o Hubble, talvez o calculo não feche, porque ele pareceria não ter combustivel para chegar lá a 600Km e depois descer, ai entram outras variaveis.
Estou fazendo um calculo simplificado. Temos que considerar outros elementos importantes.
A carga util por exemplo.
Quanto mais pesado o Shuttle, mais combustivel ele precisa queimar no OMS para mudar de velocidade, deste modo uma missão a ISS tem menos carga util que uma missão em orbita mais baixa, a 250Km de altura.
Também temos que considerar a inclinação da orbita.
Isto é o angulo de que a orbita faz com a linha do equador.
Uma nave que esta em uma orbita que passa rigorosamente na linha do equador, esta com zero graus de inclinação. Uma nave que esta passando em cima dos polos, esta com 90 graus de inclinação.
Quanto menor a inclinação menos combustivel se gasta, porque se aproveita melhor "o embalo" da rotação da Terra.
O Hubble esta a uns 29 graus de inclinação, a ISS a uns 52.
Porque de cada escolha?
A do Hubble é simples, foi a inclinação otima para um lançamento de Cabo Canaveral e que permita uma viagem até a sua orbita com menos combustivel.
A ISS foi uma relação de compromisso, entre o que seriam as janelas otimas para lançamentos de Baikonur e de Cabo Canaveral.
O que isto representa na pratica?
Que ir ao Hubble pela inclinação se consegue aproveitar melhor o "empurrão" da rotação da Terra. O calculo se fecha quando vc considerar que uma missão para o Hubble também sai com bem menos carga util que uma a ISS.
Agora dá para vocês entenderem porque na volta do Shuttle a ativa a NASA abandonou a idéia de visitar o Hubble novamente.
Porque a nave estaria no limite do combustivel de manobra e da carga paga, logo não poderia transporta todo o aparato para um conserto orbital que tornou-se padrão nos novos vôos, bem como não poderia chegar ao "porto seguro" da ISS, em caso de problemas, por falta de combustivel.
A titulo de curiosidade, já se pensou em vôos polares do Shuttle, que seriam a inclinação otima para sobrevoar a URSS, isto seria possivel somente da base de lançamento de Vandenberg na California, porque de Cabo Canaveral se sobrevoaria cidades importantes na costa leste. Para uma missão assim, a carga paga do Shuttle cairia em mais da metade.
E com as outras naves, Soyuz, Shenznhou?
Ai seria o mesmo raciocinio.
A Soyuz transporta 911Kg de propelente para o seu OMS o que nos dá uns 370m/s de Delta V. As primeiras Soyuz levavam uns 720Kg, com a disseminação dos vôos para estações espacias já nos anos 70, este valor foi aumentado.
A Shenznhou leva uns 980Kg de propelente, só que ela é um pouco mais pesada que a Soyuz TMA, mas seu Delta V, esta na mesma faixa de valor.
Em outros projetos como a Gemini, que não precisava se acoplar a estações espaciais, o delta V era bem menor, algo como 100m/s.
Por falar em Gemini, o recorde de altura em um vôo em orbita da terra é deste programa, 1200Km aproximadamente, porque a nave se acolplou ao foguete Agena, que forneceu o Delta V necessario a esta altitude. A idéia era trabalhar dentro do cinturão de Van Allen que protege a terra de radiação cosmica, e testar o comportanto da nave e tripulação nesta altitude, condição esta necessaria ao programa Apolo alguns anos depois.
Ele pode sair completamente da orbita terrestre? Poderá o mesmo ir a uma viagem a lua?
Sair da orbita da Terra é uma encrenca razoavel.
Para isto acontecer, se precisa sair de 28.000Km/h e ir para 40.000Km/h, os gastos de combustiveis são enormes.
Vou dar uma idéia de valores.
No programa Apolo, a massa orbita, isto é, a Apolo + Modulo Lunar, tinha uns 45.000Kg. Para lançar isto até a Lua era necessarios outros 45.000Kg de massa no terceiro estágio do Saturno-V.
O Shuttle é um tronbolho de uns 105.000Kg em orbita, ele precisaria de pelo menos outros 110.000Kg só para a injeção transular, fora combustivel para frear e entrar em orbita lunar, e depois acelerar e voltar para a Terra.
A Apolo para fazer estas duas manobras (desaceleração para entrar em orbita da Lua, e aceleração para voltar a Terra), precisava de uns 2700m/s de Delta V, algo bem acima dos possiveis 350m/s com o Shuttle.
Mesmo que coloquem combustivel o suficiente em orbita para o Shuttle fazer uma viagem destas, o retorno se daria a 40.000Km/h e não a 28.000Km/h, logo a fração de energia de reentrada cresceria em quase 3 vezes, ele não tem proteção para isto, se desintegraria.
Uma nave lunar precisa de muito mais proteção térmica que uma nave orbital.
Como curiosidade final sobre este tema.
Acho que voces ai no Brasil, viram uma nota na imprensa sobre um vôo circulunar a ser feito por uma Soyuz com turistas a US$100mi por pessoa.
Na verdade a história desta noticia é a seguinte.
Os 3 alunos de gestão de configuração da turma que se forma agora em gestão de programas espaciais, na Rússia, desenvolveram um trabalho em cima de uma configuração, onde uma Soyuz (7500Kg) se acoplaria a um upper stage (20.000Kg) lançado por um Proton que forneceria o Delta V necessario para a viagem de ida e volta a lua, sem alunisagem.
Eu estou dando aula desta disciplina para a atual turma, também trabalhamos com vários conceitos, que são situações em sala de aula, para testar a capacidade dos futuros gestores de criarem programas factiveis, mas existe uma cultura por aqui, de mandar para a míddia estudos academicos como se fossem projetos já aprovados, coisa que gera uma enormidade de ruido.
Eu me divirto bastante quando vejo estas noticias na internet nos ultimos 7 anos, sempre me informo sobre o que o pessoal da academia tem feito, por esta grande quantidade de factoides que são lançados.
No Brasil nos anos 80, parecia existir uma cultura parecida, os Hugo Piva e Ferolla da vida, fizeram boa parte do nome assim.
Se alguem acompanha o que sai na míddia do programa espacial da China nos ultimos vai ver que houveram dois momentos, um primeiro onde se mandavam muitos planos irreais para a míddia, como a suposta expedição lunar em 2020, e um outro, onde se falava mais sériamente sobre os programas, de forma pragmática e com maior credibilidade.
Esta mudança foi uma reivindicação dos gestores estrangeiros do programa, porque toda vez que alguma "fantasia" saia na imprensa internacional, algum burocrata do partido, mandava uma carta para os gestores de programa pedindo informação sobre o programa.
O sentimento era que este pessoal da burocracia tinha que saber de tudo o que se passava, mesmo não entendendo nada do tema, apenas para não falar bobagem sobre o assunto que estava onipresente na midia chinesa na época do lançamento da Shenznhou 5.
É isto....
Abraços
Ola Moacir tudo na paz?
O recorde de apogeu em uma missão do Shuttle é de 650Km aproximadamente. Mas isto é um numero "redondo".
A resposta é cheia de variaveis, vamos fazer o seguinte, ao inves de colocar um numero "redondo" vamos tentar entender as variaveis quais são.
As missões do Shuttle de maior altitude foram aquelas destinadas a MIR, ISS e Hubble. As estações orbitais ficam a cerca de 350 - 400Km o Hubble a uns 600Km. Uma missão Shuttle que não implique em encontro com outra nave orbital geralmente é efetuada a 250Km em média.
Porque destes numeros?
Uma nave para ficar em orbita, precisa estar a cerca de 28.000Km/h de velocidade, para desenvolver esta velocidade orbital ela precisa de estar livre de arrasto atmosférico. A 200Km de altura, ela não vai ser arrasto significativo, logo ali vai ser a região minima aceitavel para vôo.
Porem a 200Km de altura, o arrasto (mesmo que pequeno) com a alta atmosfera vai tirando velocidade gradualmente, de modo que em uns 10 dias ela reentraria na atmosfera. Para um vôo tipico de Shuttle, algo como 10 a 14 dias, voar a 250Km de altura é aceitavel, porque qualquer arrasto pode ser compensado periodicamente pela ignição dos motores orbitais.
Já uma estação espacial a 200Km é inaceitavel, porque a longo prazo a quantidade combustivel para compensar o arrasto extra é consideravel, logo ela deve estar mais elevada. Porque uns 400Km então?
Porque ali ela vai estar significativamente mais fora da alta atmosfera, perdendo por dia algo como 1km de altitude (estou citando estes dados de cabeça, precisaria confirmar certinho a taxa de perda de altitude da ISS e da MIR), nesta taxa de perda precisa de bem menos combustivel orbital do que a 200Km por exemplo.
E o Hubble porque ele esta a uns 600Km?
Porque a esta altura a sua taxa de perda de altitude é menor ainda, logo precisa de muito menos combustivel para se manter.
Então porque não se lança a ISS a digamos, 600, 700Km, ela perderia menos altitude e conseguiria se manter com menos combustivel.
Ai entra uma relação de compromisso. Se ela tiver a 600Km, qualquer coisa que chegue até ela, vai ter menos carga paga, logo 350Km - 400Km é uma relação otima de altitude para o tipo de missão que ela desenvolve.
Agora vamos entender como uma espaçonave ganha e perde altura.
Toda nave que tenha propulsão, tem um parametro de projeto chamado "Delta V". Que é a capacidade dela em mudar de velocidade com sua propulsão OMS -orbital maneuvering system-.
No Shuttle o Delta V é de uns 350m/s. Ou 1260Km/h. Isto quer dizer que o combustivel a bordo do Shuttle, algo como 10.500Kg de propelente), permite que ele varie a sua velocidade em até 1260Km/h, utilizando o OMS depois de separado do ET - External Tank - e com os motores principais já cortados.
Quando o Shuttle se separada do ET ele queima seu combustivel no OMS para fazer a entrada em orbita dando um empurrãozido de uns 110m/s. Este empurraozinho, faz com que o Shuttle atinja uma velocidade que lhe permita ficar em orbita, e o ET, não, quando este retorna e se queima na atmosfera.
Agora o Shuttle esta em orbita a uns 250Km de altura, e precisa subir mais uns 100Km para encontrar a ISS então novamente ele liga o OMS para mais um empurraozinho.
A cada 0,36 m/s temos mais ou menos 1Km a mais de altitude.
Para sair de 250Km e chegar a 350Km ele vai precisar então de 36m/s.
Então ele já gastou dos 350m/s de delta V, 110m/s para a inserssão orbital e mais uns 36m/s para subir a ISS, 146m/s portanto.
Para descer é a mesma coisa, precisa de 146m/s, só que ao inves de acelerar, é para frear. Então teriamos uns 292m/s ida e volta.
E o resto do Delta / V?
Reservas técnicas, manobras orbitais para o acomplamento etc...
Em uma missão para o Hubble, talvez o calculo não feche, porque ele pareceria não ter combustivel para chegar lá a 600Km e depois descer, ai entram outras variaveis.
Estou fazendo um calculo simplificado. Temos que considerar outros elementos importantes.
A carga util por exemplo.
Quanto mais pesado o Shuttle, mais combustivel ele precisa queimar no OMS para mudar de velocidade, deste modo uma missão a ISS tem menos carga util que uma missão em orbita mais baixa, a 250Km de altura.
Também temos que considerar a inclinação da orbita.
Isto é o angulo de que a orbita faz com a linha do equador.
Uma nave que esta em uma orbita que passa rigorosamente na linha do equador, esta com zero graus de inclinação. Uma nave que esta passando em cima dos polos, esta com 90 graus de inclinação.
Quanto menor a inclinação menos combustivel se gasta, porque se aproveita melhor "o embalo" da rotação da Terra.
O Hubble esta a uns 29 graus de inclinação, a ISS a uns 52.
Porque de cada escolha?
A do Hubble é simples, foi a inclinação otima para um lançamento de Cabo Canaveral e que permita uma viagem até a sua orbita com menos combustivel.
A ISS foi uma relação de compromisso, entre o que seriam as janelas otimas para lançamentos de Baikonur e de Cabo Canaveral.
O que isto representa na pratica?
Que ir ao Hubble pela inclinação se consegue aproveitar melhor o "empurrão" da rotação da Terra. O calculo se fecha quando vc considerar que uma missão para o Hubble também sai com bem menos carga util que uma a ISS.
Agora dá para vocês entenderem porque na volta do Shuttle a ativa a NASA abandonou a idéia de visitar o Hubble novamente.
Porque a nave estaria no limite do combustivel de manobra e da carga paga, logo não poderia transporta todo o aparato para um conserto orbital que tornou-se padrão nos novos vôos, bem como não poderia chegar ao "porto seguro" da ISS, em caso de problemas, por falta de combustivel.
A titulo de curiosidade, já se pensou em vôos polares do Shuttle, que seriam a inclinação otima para sobrevoar a URSS, isto seria possivel somente da base de lançamento de Vandenberg na California, porque de Cabo Canaveral se sobrevoaria cidades importantes na costa leste. Para uma missão assim, a carga paga do Shuttle cairia em mais da metade.
E com as outras naves, Soyuz, Shenznhou?
Ai seria o mesmo raciocinio.
A Soyuz transporta 911Kg de propelente para o seu OMS o que nos dá uns 370m/s de Delta V. As primeiras Soyuz levavam uns 720Kg, com a disseminação dos vôos para estações espacias já nos anos 70, este valor foi aumentado.
A Shenznhou leva uns 980Kg de propelente, só que ela é um pouco mais pesada que a Soyuz TMA, mas seu Delta V, esta na mesma faixa de valor.
Em outros projetos como a Gemini, que não precisava se acoplar a estações espaciais, o delta V era bem menor, algo como 100m/s.
Por falar em Gemini, o recorde de altura em um vôo em orbita da terra é deste programa, 1200Km aproximadamente, porque a nave se acolplou ao foguete Agena, que forneceu o Delta V necessario a esta altitude. A idéia era trabalhar dentro do cinturão de Van Allen que protege a terra de radiação cosmica, e testar o comportanto da nave e tripulação nesta altitude, condição esta necessaria ao programa Apolo alguns anos depois.
Ele pode sair completamente da orbita terrestre? Poderá o mesmo ir a uma viagem a lua?
Sair da orbita da Terra é uma encrenca razoavel.
Para isto acontecer, se precisa sair de 28.000Km/h e ir para 40.000Km/h, os gastos de combustiveis são enormes.
Vou dar uma idéia de valores.
No programa Apolo, a massa orbita, isto é, a Apolo + Modulo Lunar, tinha uns 45.000Kg. Para lançar isto até a Lua era necessarios outros 45.000Kg de massa no terceiro estágio do Saturno-V.
O Shuttle é um tronbolho de uns 105.000Kg em orbita, ele precisaria de pelo menos outros 110.000Kg só para a injeção transular, fora combustivel para frear e entrar em orbita lunar, e depois acelerar e voltar para a Terra.
A Apolo para fazer estas duas manobras (desaceleração para entrar em orbita da Lua, e aceleração para voltar a Terra), precisava de uns 2700m/s de Delta V, algo bem acima dos possiveis 350m/s com o Shuttle.
Mesmo que coloquem combustivel o suficiente em orbita para o Shuttle fazer uma viagem destas, o retorno se daria a 40.000Km/h e não a 28.000Km/h, logo a fração de energia de reentrada cresceria em quase 3 vezes, ele não tem proteção para isto, se desintegraria.
Uma nave lunar precisa de muito mais proteção térmica que uma nave orbital.
Como curiosidade final sobre este tema.
Acho que voces ai no Brasil, viram uma nota na imprensa sobre um vôo circulunar a ser feito por uma Soyuz com turistas a US$100mi por pessoa.
Na verdade a história desta noticia é a seguinte.
Os 3 alunos de gestão de configuração da turma que se forma agora em gestão de programas espaciais, na Rússia, desenvolveram um trabalho em cima de uma configuração, onde uma Soyuz (7500Kg) se acoplaria a um upper stage (20.000Kg) lançado por um Proton que forneceria o Delta V necessario para a viagem de ida e volta a lua, sem alunisagem.
Eu estou dando aula desta disciplina para a atual turma, também trabalhamos com vários conceitos, que são situações em sala de aula, para testar a capacidade dos futuros gestores de criarem programas factiveis, mas existe uma cultura por aqui, de mandar para a míddia estudos academicos como se fossem projetos já aprovados, coisa que gera uma enormidade de ruido.
Eu me divirto bastante quando vejo estas noticias na internet nos ultimos 7 anos, sempre me informo sobre o que o pessoal da academia tem feito, por esta grande quantidade de factoides que são lançados.
No Brasil nos anos 80, parecia existir uma cultura parecida, os Hugo Piva e Ferolla da vida, fizeram boa parte do nome assim.
Se alguem acompanha o que sai na míddia do programa espacial da China nos ultimos vai ver que houveram dois momentos, um primeiro onde se mandavam muitos planos irreais para a míddia, como a suposta expedição lunar em 2020, e um outro, onde se falava mais sériamente sobre os programas, de forma pragmática e com maior credibilidade.
Esta mudança foi uma reivindicação dos gestores estrangeiros do programa, porque toda vez que alguma "fantasia" saia na imprensa internacional, algum burocrata do partido, mandava uma carta para os gestores de programa pedindo informação sobre o programa.
O sentimento era que este pessoal da burocracia tinha que saber de tudo o que se passava, mesmo não entendendo nada do tema, apenas para não falar bobagem sobre o assunto que estava onipresente na midia chinesa na época do lançamento da Shenznhou 5.
É isto....
Abraços
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
Elizabeth, você pode contar para a gente que problema ocorreu no
acoplamento da Soyuz / Apollo por causa da diferença da atmosfera que o texto menciona?
Ola Camilo,
Isto aconteceu porque as atmosferas internas de cada nave eram completamente diferentes.
A Apolo era presurizada com 100% de oxigênio a 0,35ATM, e a Soyuz era (e ainda é) pressurizada a 1ATM 75% Nitrogênio + 25% oxigênio.
Eu estava vendo se achava uma foto para ilustrar melhor a situação, achei na "coleção" um esquema que ilustra a situação.
Para permitir a acomplagem, foi utilizado um "docking module" que permitia a interface mêcanica entre os mecanismos de acoplamento da Soyuz19 e Apolo18, bem como solucionava estes problemas de diferenças de atmosfera.
Como estes problemas de pressurização foram resolvidos?
Se ao se acoplarem ambas as naves abrissem a escotilha, o resultado seria catastrofico, os astronautas da Soyuz seriam alijados para dentro da Apolo pela diferença de pressão.
Então se criou um nivel intermediario de pressão. Ao se acomplarem, a Soyuz gradualmente iria equalisar sua pressão interna para algo como 0,65 ATM, ou seja diminuiria a sua pressão, a Apolo iria elevar a sua para 0,65, aumentaria portanto. O docking module seria esta camara intermediaria na operação. Ele foi levado ao espaço pela Apolo-18, pois havia folga de carga paga no Saturno IB, já no lançador Soyuz não.
A pergunta importante neste processo é o porque os sistemas de pressurização das naves são tão diferentes?
Bem, ai entram questões mais complexas sobre as peculiaridades de cada projeto. Mas resumindo a história seria basicamente o seguinte.
Astronautas precisam de trajes espaciais em duas situações, perda de pressão da nave em situações criticas, e as EVA - Extra-vehicular Activity -, um traje espacial tem que preservar uma atmosfera de sobrevivencia portanto.
A pressurização dos trajes tem um limite de pressão x mobilidade de articulação.
Em outros termos, quanto maior a pressão que você colocar dentro do traje, mais reforçado ele vai ser, e isto é critico em regiões de grande sensibilidade de movimento, especialmente nas luvas.
Se a pressão do traje é mais baixa, isto significa que se vai entrar nele, deve expelir o nitrogênio do seu corpo, e isto se faz respirando oxigênio puro durante algumas horas antes de entrar no traje.
As naves americanas da época eram pressurizadas com O2 puro e a baixa pressão para evitar problemas de perda de nitrôgenio caso a pressão interna caisse muito, ou para evitar longos periodos de preparação para as EVA´s como no programa Gemini e nas EVA lunares do programa Apolo.
Se por um lado existia a facilidade de projetos de trajes mais maleaveis e procedimentos mais simples antes das EVA´s, também existiam dois problemas associados.
O primeiro deles é que em atmosfera de oxigênio puro a combustão se torna muito mais rápida, tudo que é combustivel se consome muito rapidamente, e isto foi o principal fator que causou a morte dos tripulantes no ensaio de lançamento da Apolo-1.
Outro problema é que oxigênio puro, tende a criar maior tentencia de oxidação nos mecanismos internos, o que em vôos de curta duração não é critico, mas para uma estação espacial é.
Os problemas da Apolo-1, foram resolvidos com uma estratégia de criar uma atmosfera de N2+O2 com a nave ainda na plataforma, que gradualmente migraria para O2 puro com ela já no espaço.
Estas eram portanto as vantagens e desvantagens do sistema americano, o sistema soviético era diferente.
A atmosfera era N2+O2, isto eliminaria o problema de oxidação e também facilidade de combustão dentro da nave.
Mas qual era a desvantagem?
Basicamente não se utilizariam trajes espaciais em procedimentos de lançamento e pouso, em programas como o Voskhood e Soyuz.
Na Voskhood era criada uma camara de despressurização inflavel para possibilitar a entrada e saida do astronauta de EVA na cabine onde o seu colega não estaria com trajes. Este mecanismo diga-se de passagem, só foi utilizado uma vez no voo do Alexei Leonov e diga-se de passagem, foi um dos projetos e procedimentos mais perigosos que já se utilizou em uma nave espacial.
Na Soyuz o problema de não utilizar trajes em lançamentos, apenas em EVA era aceitavel porque a nave tinha dois compartimentos distintos o que permitiria todo o processo de pressurização e despressurização entre o astronauta em EVA e o resto da tripulação.
Qual sistema era melhor?
Hoje temos como referencia para projetos de espaçonaves tripuladas a atmosfera N2+O2 empregada pelos sovieticos.
Quer dizer que os sovieticos estavam certos em relação a NASA?
Não necessariamente. Ambos os lados pagaram com a vida de 3 tripulantes suas escolhas pelos sistemas de pressurização.
A Apolo-1 como muitos ja sabem, com a carbonisação de 3 astronautas por um incendio a bordo.
A Soyuz 11 em 1971 também matou 3 cosmonautas, quando a despressurização da atmosfera interna, porque a tripulação conta-se com trajes protetores que era uma caracteristica de projeto da Soyuz no inicio onde a necessidade de transportar 3 pessoas no diametro base de 2,1m tinha a premissa de não utilização de trajes.
As Soyuz voltaram a utilizar trajes, especialmente projetados para elas, o modelo Sokol-K1 em 1973, e assim continuam até hoje. De 1973 a 1980 com apenas duas pessoas, com um equipamento de condicionamento ambiental no meio da cabine ocupando o espaço do terceiro tripulante.
Até que em 1980 estreia o modelo Sokol IV2A para permitir a volta de até 3 tripulantes na Soyuz T. Estes modelos soviéticos de 1980, tem se mantido a base de projetos de trajes para lançamento na Rússia e China até então.
Eles tem capacidade para pressões mais elevadas, o que permite seu uso em atmosferas de N2+O2.
Como curiosidade, o Shuttle também não foi projetado para utilização de trajes de lançamento e reentrada, mas em 1986 a revisão de projeto causada pela explosão da Challenger, obrigou a NASA a voltar atrás quando surgiu o LES - Launch/Entry suit-, até que 10 anos depois fosse reprojetado o traje do Shuttle na forma do ACES - Advanced Crew Escape Suit-.
A história mostra em 40 anos que todo projeto de nave orbital passa por perda catastrofica durante o ciclo de vida, e estas perdas estão associadas sempre a fragilidades de sistemas de salvamento e suporte a vida.
Os trabalhos realizados na China nos anos 90 em torno da Shenznhou e agora aqui na Rússia no Kliper em torno de sistemas de suporte a segurança de tripulação, são ensinamentos destes problemas todos da Apolo, Soyuz e Shuttle.
Digo isto, porque eu tenho sido uma critica do projeto da Space Ship One, existem dois pontos muito frageis no projeto da nave, um deles esta ligado a isto, ou seja, a redução de espaços de habitabilidade em nome de redução de massa, levaram a soluções arriscadas como a não utilização de space suits, coisa que americanos e soviéticos já aprenderam com a morte de 6 pessoas, e de 1981 a 1986 quando a NASA parece ter esquecido a lição, a comissão da Challenger teve o bom sendo de lembra-la.
Elizabeth
acoplamento da Soyuz / Apollo por causa da diferença da atmosfera que o texto menciona?
Ola Camilo,
Isto aconteceu porque as atmosferas internas de cada nave eram completamente diferentes.
A Apolo era presurizada com 100% de oxigênio a 0,35ATM, e a Soyuz era (e ainda é) pressurizada a 1ATM 75% Nitrogênio + 25% oxigênio.
Eu estava vendo se achava uma foto para ilustrar melhor a situação, achei na "coleção" um esquema que ilustra a situação.
Para permitir a acomplagem, foi utilizado um "docking module" que permitia a interface mêcanica entre os mecanismos de acoplamento da Soyuz19 e Apolo18, bem como solucionava estes problemas de diferenças de atmosfera.
Como estes problemas de pressurização foram resolvidos?
Se ao se acoplarem ambas as naves abrissem a escotilha, o resultado seria catastrofico, os astronautas da Soyuz seriam alijados para dentro da Apolo pela diferença de pressão.
Então se criou um nivel intermediario de pressão. Ao se acomplarem, a Soyuz gradualmente iria equalisar sua pressão interna para algo como 0,65 ATM, ou seja diminuiria a sua pressão, a Apolo iria elevar a sua para 0,65, aumentaria portanto. O docking module seria esta camara intermediaria na operação. Ele foi levado ao espaço pela Apolo-18, pois havia folga de carga paga no Saturno IB, já no lançador Soyuz não.
A pergunta importante neste processo é o porque os sistemas de pressurização das naves são tão diferentes?
Bem, ai entram questões mais complexas sobre as peculiaridades de cada projeto. Mas resumindo a história seria basicamente o seguinte.
Astronautas precisam de trajes espaciais em duas situações, perda de pressão da nave em situações criticas, e as EVA - Extra-vehicular Activity -, um traje espacial tem que preservar uma atmosfera de sobrevivencia portanto.
A pressurização dos trajes tem um limite de pressão x mobilidade de articulação.
Em outros termos, quanto maior a pressão que você colocar dentro do traje, mais reforçado ele vai ser, e isto é critico em regiões de grande sensibilidade de movimento, especialmente nas luvas.
Se a pressão do traje é mais baixa, isto significa que se vai entrar nele, deve expelir o nitrogênio do seu corpo, e isto se faz respirando oxigênio puro durante algumas horas antes de entrar no traje.
As naves americanas da época eram pressurizadas com O2 puro e a baixa pressão para evitar problemas de perda de nitrôgenio caso a pressão interna caisse muito, ou para evitar longos periodos de preparação para as EVA´s como no programa Gemini e nas EVA lunares do programa Apolo.
Se por um lado existia a facilidade de projetos de trajes mais maleaveis e procedimentos mais simples antes das EVA´s, também existiam dois problemas associados.
O primeiro deles é que em atmosfera de oxigênio puro a combustão se torna muito mais rápida, tudo que é combustivel se consome muito rapidamente, e isto foi o principal fator que causou a morte dos tripulantes no ensaio de lançamento da Apolo-1.
Outro problema é que oxigênio puro, tende a criar maior tentencia de oxidação nos mecanismos internos, o que em vôos de curta duração não é critico, mas para uma estação espacial é.
Os problemas da Apolo-1, foram resolvidos com uma estratégia de criar uma atmosfera de N2+O2 com a nave ainda na plataforma, que gradualmente migraria para O2 puro com ela já no espaço.
Estas eram portanto as vantagens e desvantagens do sistema americano, o sistema soviético era diferente.
A atmosfera era N2+O2, isto eliminaria o problema de oxidação e também facilidade de combustão dentro da nave.
Mas qual era a desvantagem?
Basicamente não se utilizariam trajes espaciais em procedimentos de lançamento e pouso, em programas como o Voskhood e Soyuz.
Na Voskhood era criada uma camara de despressurização inflavel para possibilitar a entrada e saida do astronauta de EVA na cabine onde o seu colega não estaria com trajes. Este mecanismo diga-se de passagem, só foi utilizado uma vez no voo do Alexei Leonov e diga-se de passagem, foi um dos projetos e procedimentos mais perigosos que já se utilizou em uma nave espacial.
Na Soyuz o problema de não utilizar trajes em lançamentos, apenas em EVA era aceitavel porque a nave tinha dois compartimentos distintos o que permitiria todo o processo de pressurização e despressurização entre o astronauta em EVA e o resto da tripulação.
Qual sistema era melhor?
Hoje temos como referencia para projetos de espaçonaves tripuladas a atmosfera N2+O2 empregada pelos sovieticos.
Quer dizer que os sovieticos estavam certos em relação a NASA?
Não necessariamente. Ambos os lados pagaram com a vida de 3 tripulantes suas escolhas pelos sistemas de pressurização.
A Apolo-1 como muitos ja sabem, com a carbonisação de 3 astronautas por um incendio a bordo.
A Soyuz 11 em 1971 também matou 3 cosmonautas, quando a despressurização da atmosfera interna, porque a tripulação conta-se com trajes protetores que era uma caracteristica de projeto da Soyuz no inicio onde a necessidade de transportar 3 pessoas no diametro base de 2,1m tinha a premissa de não utilização de trajes.
As Soyuz voltaram a utilizar trajes, especialmente projetados para elas, o modelo Sokol-K1 em 1973, e assim continuam até hoje. De 1973 a 1980 com apenas duas pessoas, com um equipamento de condicionamento ambiental no meio da cabine ocupando o espaço do terceiro tripulante.
Até que em 1980 estreia o modelo Sokol IV2A para permitir a volta de até 3 tripulantes na Soyuz T. Estes modelos soviéticos de 1980, tem se mantido a base de projetos de trajes para lançamento na Rússia e China até então.
Eles tem capacidade para pressões mais elevadas, o que permite seu uso em atmosferas de N2+O2.
Como curiosidade, o Shuttle também não foi projetado para utilização de trajes de lançamento e reentrada, mas em 1986 a revisão de projeto causada pela explosão da Challenger, obrigou a NASA a voltar atrás quando surgiu o LES - Launch/Entry suit-, até que 10 anos depois fosse reprojetado o traje do Shuttle na forma do ACES - Advanced Crew Escape Suit-.
A história mostra em 40 anos que todo projeto de nave orbital passa por perda catastrofica durante o ciclo de vida, e estas perdas estão associadas sempre a fragilidades de sistemas de salvamento e suporte a vida.
Os trabalhos realizados na China nos anos 90 em torno da Shenznhou e agora aqui na Rússia no Kliper em torno de sistemas de suporte a segurança de tripulação, são ensinamentos destes problemas todos da Apolo, Soyuz e Shuttle.
Digo isto, porque eu tenho sido uma critica do projeto da Space Ship One, existem dois pontos muito frageis no projeto da nave, um deles esta ligado a isto, ou seja, a redução de espaços de habitabilidade em nome de redução de massa, levaram a soluções arriscadas como a não utilização de space suits, coisa que americanos e soviéticos já aprenderam com a morte de 6 pessoas, e de 1981 a 1986 quando a NASA parece ter esquecido a lição, a comissão da Challenger teve o bom sendo de lembra-la.
Elizabeth
Re: Compêndio de Artigos da srta. Koslova
Este texto eu escrevi meses atrás em resposta a seguinte pergunta:
O que eu gostaria de entender é que, com tantos “players” no mercado, e com uma certa infra-estrutura e posição geográfica privilegiada do Brasil, por que é tão difícil fechar uma parceria produtiva para utilização de Alcântara, com transferência de tecnologia, inclusive.
Resposta
Alguns motivos explicam:
-Falta de infra estrutura
-Percepção de risco
-Mudança da cadeia de apoio ao lançamento.
Motivo 1
O primeiro e principal deles é que Alcantara tem um defict de infra estrutura razoavel. Ela é uma base para lançar o VLS, que é um foguete de combustivel sólido (portando não precisa ser abastecido na operação de lançamento), é transportado em partes dentro de um C-130, portanto não precisa de estrutura portuaria (que em Alcantara tá no papel), também é um foguete pequeno, o que torna as instalações de montagem e manuseio muito mais simples do que em outro foguete.
Vou te dar um numero que ilustra a encrenca.
Para lançar o Soyuz de Korou, estão dendo investidos cerca de US$300mi isto é, para contruir uma plataforma em uma area desativada onde operaram os Ariane-2,3 e 4. Alcantara INTEIRA, custou de US$300mi a US$500mi. (A estimativa varia neste envelope).
Em outros termos, Custo da base de Alcantara = Uma plataforma de lançamento Soyuz em Korou.
Isto levando em conta que Kourou tem porto, planta de combustiveis liquidos e mais meia duzia de itens que Alcantara não tem. Se fosse para levar o Soyuz para Alcantara a conta seria ainda maior.
Motivo 2
Existe também a questão de percepção de risco. O horizonte de planejamento para uma operação destas é de pelo menos 20 anos. É muito complicado convencer empresas privadas que operam estes foguetes que dentro de 20 anos, um pais como o Brasil que já mudou tanto o seu discurso sobre este tema isto só nos ultimos 4 anos, que até plebiscito a Igreja católica fez sobre o tema Alcantara, dentro deste horizonte de planejamento ira fielmente cuprir todos os acordos que assinou. Isto pode ser até questionado pelos brasileiros, eu vejo o Brasil como bom cumpridor de acordos internacionais na area (AMX, CBERS, CBA-123, ISS), todos eles o pais fez a sua parte, mas infelizmente isto não é opinião do mercado internacional que não se aprofunda na realidade Brasileira.
Motivo 3
Por fim existe um custo inerente a mudança que tem que ser equacionado.
Vamos imaginar que a sua empresa opera o Soyuz lançado de Baikonur.
Então vc vê um estudo dizendo assim. Em Alcantara o seu foguete ganha até 30% a mais de payload do que em Baikonur.
Vamos embora deixar de lançar no Casaquistão e embora rapido lançar no Brasil?
Não é bem assim.
Vamos imaginar que existe infra estrutura em Alcantara, que existe acordos de salvaguarda tecnologica e que a percepção de risco é baixa (isto não acontece hj, mas vamos dar uma colhe de chá, vamos supor que fosse verdade).
Então existiriam ainda dois pontos importantes.
Primeiro que nem todos os Soyuz que vc lança de Baikonur saem com uma capacidade de carga totalmente utilizada (cada satelite tem uma massa diferente), então para aqueles que tivessem abaixo de 70% de utilização tanto faz de onde é lançado.
Você faz um estudo e descobre um numero magico X de foguetes onde tanto faz ser lançado de Baikonur, e um numero Y de onde tem vantagem ser lançado de Alcantara.
Depois você coloca no papel os custos para mudar-se para Alcantara, custos como a nova plataforma a ser construida, a operação remota do seu pessoal, os custos para levar o foguete até lá, as salas limpas a serem montadas etc... Então vc tem agora o custo da Mudança da cadeia de apoio ao lançamento.
Então dentro de um horizonte de estudos você pega o numero Y e compara com o custo Mudança da cadeia de apoio ao lançamento e veja se é vantajoso.
Ele vai ser vantajoso se o numero de lançamentos que você tem feito é muito grande, porque ai existe demanda que justifique o custo extra de ir a Alcantara.
Então tem que ter forte demanda para valer a pena? Sim tem.
E quem tem forte demanda hoje no mundo?
Arianespace (que não iria sair de Kourou), e as operadoras americanas como a Boeing, mas estas tem forte demanda principalmente pelos contratos governamentais americanos que é o filé mignon delas, e isto politicamente não as tirariam de Vandenberg e Cabo Canaveral.
Sobra então os outros competidores, estes tem bem menos demanda isto dificulta a ida para Alcantara.
Porque a Ucrânia foi e os outros não?
Basicamente porque não existia outra alternativa, ou iria para site rusos ou iria para um novo site, e isto obrigatoriamente geraria custos de Mudança da cadeia de apoio ao lançamento, neste sentindo Alcantara é vantajosa porque aproveita a vantagem geografica. Como o governo brasileiro entrou no pagamento da fatura, os ucranianos e os brasileiros fizeram o casamento dos primos pobres do mundo espacial.
Em palavras claras, sem ficar usando jargões tecnicos, a explicação para a sua pergunta é esta....
Elizabeth
O que eu gostaria de entender é que, com tantos “players” no mercado, e com uma certa infra-estrutura e posição geográfica privilegiada do Brasil, por que é tão difícil fechar uma parceria produtiva para utilização de Alcântara, com transferência de tecnologia, inclusive.
Resposta
Alguns motivos explicam:
-Falta de infra estrutura
-Percepção de risco
-Mudança da cadeia de apoio ao lançamento.
Motivo 1
O primeiro e principal deles é que Alcantara tem um defict de infra estrutura razoavel. Ela é uma base para lançar o VLS, que é um foguete de combustivel sólido (portando não precisa ser abastecido na operação de lançamento), é transportado em partes dentro de um C-130, portanto não precisa de estrutura portuaria (que em Alcantara tá no papel), também é um foguete pequeno, o que torna as instalações de montagem e manuseio muito mais simples do que em outro foguete.
Vou te dar um numero que ilustra a encrenca.
Para lançar o Soyuz de Korou, estão dendo investidos cerca de US$300mi isto é, para contruir uma plataforma em uma area desativada onde operaram os Ariane-2,3 e 4. Alcantara INTEIRA, custou de US$300mi a US$500mi. (A estimativa varia neste envelope).
Em outros termos, Custo da base de Alcantara = Uma plataforma de lançamento Soyuz em Korou.
Isto levando em conta que Kourou tem porto, planta de combustiveis liquidos e mais meia duzia de itens que Alcantara não tem. Se fosse para levar o Soyuz para Alcantara a conta seria ainda maior.
Motivo 2
Existe também a questão de percepção de risco. O horizonte de planejamento para uma operação destas é de pelo menos 20 anos. É muito complicado convencer empresas privadas que operam estes foguetes que dentro de 20 anos, um pais como o Brasil que já mudou tanto o seu discurso sobre este tema isto só nos ultimos 4 anos, que até plebiscito a Igreja católica fez sobre o tema Alcantara, dentro deste horizonte de planejamento ira fielmente cuprir todos os acordos que assinou. Isto pode ser até questionado pelos brasileiros, eu vejo o Brasil como bom cumpridor de acordos internacionais na area (AMX, CBERS, CBA-123, ISS), todos eles o pais fez a sua parte, mas infelizmente isto não é opinião do mercado internacional que não se aprofunda na realidade Brasileira.
Motivo 3
Por fim existe um custo inerente a mudança que tem que ser equacionado.
Vamos imaginar que a sua empresa opera o Soyuz lançado de Baikonur.
Então vc vê um estudo dizendo assim. Em Alcantara o seu foguete ganha até 30% a mais de payload do que em Baikonur.
Vamos embora deixar de lançar no Casaquistão e embora rapido lançar no Brasil?
Não é bem assim.
Vamos imaginar que existe infra estrutura em Alcantara, que existe acordos de salvaguarda tecnologica e que a percepção de risco é baixa (isto não acontece hj, mas vamos dar uma colhe de chá, vamos supor que fosse verdade).
Então existiriam ainda dois pontos importantes.
Primeiro que nem todos os Soyuz que vc lança de Baikonur saem com uma capacidade de carga totalmente utilizada (cada satelite tem uma massa diferente), então para aqueles que tivessem abaixo de 70% de utilização tanto faz de onde é lançado.
Você faz um estudo e descobre um numero magico X de foguetes onde tanto faz ser lançado de Baikonur, e um numero Y de onde tem vantagem ser lançado de Alcantara.
Depois você coloca no papel os custos para mudar-se para Alcantara, custos como a nova plataforma a ser construida, a operação remota do seu pessoal, os custos para levar o foguete até lá, as salas limpas a serem montadas etc... Então vc tem agora o custo da Mudança da cadeia de apoio ao lançamento.
Então dentro de um horizonte de estudos você pega o numero Y e compara com o custo Mudança da cadeia de apoio ao lançamento e veja se é vantajoso.
Ele vai ser vantajoso se o numero de lançamentos que você tem feito é muito grande, porque ai existe demanda que justifique o custo extra de ir a Alcantara.
Então tem que ter forte demanda para valer a pena? Sim tem.
E quem tem forte demanda hoje no mundo?
Arianespace (que não iria sair de Kourou), e as operadoras americanas como a Boeing, mas estas tem forte demanda principalmente pelos contratos governamentais americanos que é o filé mignon delas, e isto politicamente não as tirariam de Vandenberg e Cabo Canaveral.
Sobra então os outros competidores, estes tem bem menos demanda isto dificulta a ida para Alcantara.
Porque a Ucrânia foi e os outros não?
Basicamente porque não existia outra alternativa, ou iria para site rusos ou iria para um novo site, e isto obrigatoriamente geraria custos de Mudança da cadeia de apoio ao lançamento, neste sentindo Alcantara é vantajosa porque aproveita a vantagem geografica. Como o governo brasileiro entrou no pagamento da fatura, os ucranianos e os brasileiros fizeram o casamento dos primos pobres do mundo espacial.
Em palavras claras, sem ficar usando jargões tecnicos, a explicação para a sua pergunta é esta....
Elizabeth
"Novo Ministro da Defesa!"
http://defesabrasil.com/forum/viewtopic.php?p=4589569&highlight=#4589569
Sinopse - Comentários sobre a escolha do Ministro da Defesa, e a possibilidade de ser o sr. Marcelo Crivella.
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Sinopse - Comentários sobre a escolha do Ministro da Defesa, e a possibilidade de ser o sr. Marcelo Crivella.
LUGAR DE OFF TOPIC É NO OUTRO TÓPICO
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."
"Essa é a nossa eterna tragédia. Temos inveja dos outros, mas não queremos fazer os mesmos sacrificios."