As Forças de Operações Especiais do Exército Brasileiro.
As raízes históricas.
O histórico das Forças de Operações Especiais do Exército Brasileiro remonta aos idos do século XVII, ainda na época do Brasil-Colônia, por ocasião da ocorrência das Invasões Holandesas.
A primeira invasão holandesa ocorreu em 8 de maio de 1624, na cidade de Salvador, então sede do Governo Geral do Brasil. Em 29 de março de 1625, cerca de um ano após terem tido sucesso na conquista da capital da colônia, os holandeses se viram sitiados, por terra, por forças de guerrilha organizadas e lideradas pelo bispo de Salvador, D. Marcos de Mendonça, e por mar, por uma frota portuguesa, sob o comando de D. Fradique de Toledo Osório. Acossados por terra e por mar, reduzidos à área urbana da cidade, os invasores terminam por capitular. As forças de D. Marcos eram comandadas por combatentes identificados como "capitães dos assaltos", responsáveis pela condução das "Companhias de Emboscadas". Entre eles, destacou-se a figura do Capitão Francisco Padilha, brasileiro nato, que se notabilizou por ter conduzido inúmeras ações ofensivas muito bem-sucedidas, caracterizadas pela surpresa na execução e por uma intensa ação de choque. Em uma delas, foi pessoalmente responsável pela eliminação do próprio governador holandês, Van Dorth. Francisco Padilha, naquele momento histórico, demonstrou uma capacitação ímpar na condução do que hoje é identificado como "Ações de Comandos".
Em 1640, na segunda investida dos batavos ao território brasileiro, Antônio Dias Cardoso, português filho de família humilde da cidade do Porto, foi enviado a Pernambuco pelo Governo Geral da Colônia com a missão de organizar e instruir civis luso-brasileiros, com o objetivo de formar uma força de resistência com potencial que possibilitasse a expulsão do invasor. Dias Cardoso, cumprindo uma missão que atualmente é específica de Operadores de Forças Especiais, após uma impressionante infiltração que atravessou o sertão baiano e o sertão pernambucano, vencendo perigos que iam desde a superação dos obstáculos apresentados pela natureza até as ações hostis dos invasores estrangeiros, obteve pleno êxito na sua empreitada. Assim, tornou-se, ao lado do fazendeiro português João Fernandes Vieira, do paraibano André Vidal de Negreiros, do índio potiguar Felipe Camarão e do brasileiro afro-descendente Henrique Dias, uma figura relevante nos sucessos obtidos pelas forças nativistas em inúmeras batalhas, tais como a do Monte das Tabocas (3 de agosto de 1645), Primeira Batalha de Guararapes (19 de abril de 1648) e a Segunda Batalha de Guararapes (19 de fevereiro de 1649). Todas fundamentais para a derrota do invasor holandês que, em 26 de janeiro de 1654, assinou a Capitulação da Campina do Taborda e retirou-se definitivamente.
Dessa forma, lusitanos, colonos nascidos no Brasil, escravos africanos, índios e mestiços, empregando táticas, técnicas e procedimentos típicos das operações de Guerra Irregular, enfrentaram e venceram as poderosas forças estrangeiras em campanhas que viriam a materializar, de forma relevante, o alvorecer da formação da nacionalidade brasileira.
Francisco Padilha e Antônio Dias Cardoso protagonizaram uma série memorável de eventos, nos quais demonstraram seus excepcionais atributos de liderança, coragem, determinação, criatividade e abnegação, tornando-se magníficos exemplos para os especialistas em ações de Comandos e operadores de Forças Especiais da atualidade.
Como homenagem a essas memoráveis campanhas e àqueles magníficos combatentes nativistas, o Exército Brasileiro selecionou o dia 19 de abril (Primeira Batalha de Guararapes) como o Dia do Exército, e, em 1991, o 1º Batalhão de Forças Especiais recebeu a denominação histórica de Batalhão Antônio Dias Cardoso. Da mesma forma, em 2006, o recém-ativado 1º Batalhão de Ações de Comandos recebeu a denominação histórica de Batalhão Capitão Francisco Padilha.
O passado recente.
A história das atuais FOpEsp do Exército Brasileiro recomeça em dezembro de 1957, quando por uma iniciativa pioneira, plena de determinação e idealismo, liderada pelo então major pára-quedista Gilberto Antônio Azevedo Silva, realiza-se o primeiro Curso de Operações Especiais, planejado e conduzido por uma equipe de instrutores e monitores do então Curso de Precursor, no Centro de Instrução Especial do então Núcleo da Divisão Aeroterrestre. Este curso, concluído em meados de 1958, com a formação de 16 militares, viria a se tornar o embrião dos futuros Cursos de Ações de Comandos, Forças Especiais e Operações na Selva, além de influenciar significativamente o futuro preparo de nossas unidades nos ambientes operacionais de montanha, caatinga e pantanal.
Em 1961, um pequeno grupo de oficiais e de sargentos pára-quedistas, possuidores do Curso de Operações Especiais, deslocou-se para os EUA a fim de obter conhecimentos atualizados sobre o emprego de Rangers e Special Forces, com o objetivo de adaptá-los para o Exército Brasileiro.
Em 1966, o Curso de Operações Especiais, na época conduzido em 24 semanas contínuas, desmembra-se nos Cursos de Comandos e de Forças Especiais respectivamente, com 9 e 21 semanas de duração, ambos desenvolvidos no então Centro de Instrução Especial Aeroterrestre (CIEspAet).
Em maio de 1965, em uma relevante participação na Força Interamericana de Paz (FIP), o Brasil desdobrou em São Domingos, República Dominicana, o Destacamento FAIBRAS, com base em um batalhão do Regimento-Escola de Infantaria (REsI) e uma companhia dos Fuzileiros Navais. No retorno ao Brasil, em meados de 1966, após uma missão muito bem cumprida e de grande repercussão internacional, oficiais e sargentos do REsI, como resultado de valiosos ensinamentos colhidos naquele complexo ambiente operacional, decidiram criar um Curso de Comandos, para oficiais e sargentos, desenvolvido naquela unidade. Naquele momento, portanto, o Exército Brasileiro passou a ter duas formações de combatentes especializados em Ações de Comandos, uma no CIEspAet e outra no REsI, sendo que nenhuma delas estava oficialmente reconhecida.
Uma Portaria Ministerial, datada de 12 de agosto de 1968, marcou significativamente, com duas decisões, a história das Forças de Operações Especiais. Por esse ato administrativo, os Cursos de Comandos e de Forças Especiais desenvolvidos no CIEspAet foram oficialmente reconhecidos (o curso do REsI foi conseqüentemente extinto); e foi ativada a primeira unidade de Operações Especiais do Exército Brasileiro, o Destacamento de Forças Especiais (DFEsp), organização militar de valor Companhia, organizada com um Destacamento de Coordenação e Controle (DstCooCt) e dois Destacamentos de Operações de Forças Especiais (DOFEsp), com 12 homens cada (4 oficiais e 8 sargentos), perfazendo um total de 30 combatentes. Ocupou instalações na Colina Longa, à retaguarda das edificações do CIEspAet, permanecendo inicialmente subordinado àquele centro. Pouco tempo depois, passou a subordinar-se diretamente ao Comando da então Brigada Aeroterrestre (Bda Aet). Desde a sua ativação, o DFEsp adotou como lema a frase nascida nos antigos Cursos de Operações Especiais, e que viria a se consolidar como lema das Forças Especiais do Exército Brasileiro: "Qualquer missão, em qualquer lugar, a qualquer hora, de qualquer maneira."
Naquele momento, as Forças Armadas e demais organismos de segurança do Brasil vivenciavam, em um contexto de Defesa Interna, uma luta sem trégua contra a subversão e o terrorismo. O então recém-ativado DFEsp engajou-se decisivamente nesse esforço, que contava com uma destacada atuação da tropa pára-quedista, incorporando uma significativa experiência de combate, sobretudo nas operações contra as forças irregulares em ambiente rural. Essa experiência, desenvolvida de 1969 a 1974, foi institucionalmente reconhecida pelos inequívocos resultados obtidos. Não há como esquecer, entretanto, que a consecução desses resultados, em inúmeras oportunidades, teve o seu preço pago com sangue.
Há de se destacar que, naquele período crítico no território nacional, graças ao grande esforço integrado muito bem-sucedido entre as Forças Armadas e os diferentes organismos de segurança, nunca se verificou a presença nem de tropa nem de "assessores" estrangeiros na resolução dos nossos problemas de Segurança Interna. Tal evidência tornou o Brasil uma grande exceção no cenário latino-americano daquela época, exceção esta que até hoje origina manifestações de respeito e admiração por parte de analistas internacionais civis e militares, e que veio a se constituir em motivo de acendrado orgulho profissional daqueles que, como os então integrantes do DFEsp/ Bda Aet, vivenciaram aquele período. Destaque-se também que os ensinamentos colhidos naquelas operações contra as forças irregulares, em diferentes ambientes operacionais, foram inúmeros e diversificados, tanto em termos de planejamento quanto de execução, permanecendo válidos até os dias de hoje.
Em 1972, em cumprimento a uma determinação do então I Exército (hoje, Comando Militar do Leste), o DFEsp passou a realizar periodicamente um Estágio de Ações de Comandos (duração de três semanas) visando ao adestramento de policiais civis e militares selecionados, integrantes de um Grupo de Operações Especiais (GOpEsp), recém-criado pela Secretaria de Segurança Pública do então Estado da Guanabara. Esse estágio, que ficou conhecido como "comandinhos", veio a se constituir no embrião da formação dos futuros Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) da Polícia Militar e da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE) da Polícia Civil.
Em 1973, o Comando do DFEsp (Companhia) e seus dois Destacamentos Operacionais de Forças Especiais (DOFEsp) orgânicos, cada qual com 4 oficiais e 8 sargentos, perfazendo um total de 32 militares, dirigiram-se aos EUA para realizar, durante cerca de três meses, um adestramento específico de Operações de Forças Especiais, conduzido no US Army John Fitgerald Kennedy Special Warfare Center com o apoio do 7th Special Forces Group (Airborne), ambos sediados em Fort Bragg, Carolina do Norte.
Há de se ressaltar que o DFEsp/Bda Aet foi transportado aos EUA em duas aeronaves C-115, "Búfalo", da Força Aérea Brasileira (FAB), pertencentes ao Esquadrão sediado na Base Aérea dos Afonsos. Suas tripulações (operando as nossas aeronaves), paralelamente ao adestramento do DFEsp, desenvolveram um adestramento de Operações Aéreas Especiais em conjunto com o pessoal da Força Aérea dos EUA (na Pope Air Force Base, vizinha a Fort Bragg), inclusive apoiando os nossos DOFEsp em diversificadas atividades táticas diurnas e noturnas, com pleno sucesso.
O rendimento dessa missão no exterior foi excelente, e, além da magnífica impressão deixada junto aos profissionais norte-americanos (o que por si só já justificaria o tremendo esforço realizado), os resultados alcançados de imediato refletiram-se positivamente na formação, no adestramento, na dotação de material e no emprego dos recursos humanos no Brasil. Um significativo exemplo desses resultados foi que, já em 1974, após a importação do material aeroterrestre específico e dos equipamentos de oxigênio necessários, as Forças Especiais brasileiras, operando em conjunto com os Esquadrões da então V Força Aérea de Transporte Aéreo (V FATA), tornaram-se plenamente qualificadas para a realização de infiltrações aéreas por meio de saltos livres operacionais em grande altitude, uma capacitação que foi mantida até os dias de hoje e que distingue unidades operacionais dessa natureza em todo o Mundo.
Em 30 de setembro de 1983, o Destacamento (Companhia) de Forças Especiais foi extinto, criando-se o 1º Batalhão de Forças Especiais (1º BFEsp). A ativação da nova unidade deveu-se à imperiosa necessidade, que já se fazia presente naquela época, de dotar o Exército Brasileiro de uma organização militar operacional, valor batalhão, especializada em Operações Especiais e na Guerra Irregular. O então 1º BFEsp foi estruturado em Comando e Estado-Maior, uma Companhia de Comando e Serviços (Cia CSv), uma Companhia de Forças Especiais (Cia FEsp) e uma Companhia de Ações de Comandos (CAC), ficando diretamente subordinado ao Comando da Brigada de Infantaria Pára-quedista (Bda lnf Pqdt). O efetivo do batalhão passou a admitir cabos e soldados nas Cia CSv e CAC; todavia, todos deveriam ser voluntários para a tropa pára-quedista e possuírem pelo menos mais de um ano de serviço militar, não se admitindo recrutas prestadores do Serviço Militar Inicial.
Diretrizes emanadas dos escalões superiores determinaram que a nova Organização Militar se transferisse das acanhadas instalações da Colina Longa para a Estrada do Camboatá, em uma área próxima ao Campo de Instrução de Gericinó, que tinha sido um depósito de munição da 1ª Região Militar. Após a ocorrência de uma explosão de graves proporções em 1957, aquela extensa área, rica de pujante vegetação, passou a ser utilizada como ponto de distribuição de munição daquele Comando Regional.
A transferência do recém-ativado batalhão, ainda com os recursos humanos do antigo destacamento, para o sítio de um novo aquartelamento se constituiu em uma tarefa extremamente desgastante que envolveu todos os seus oficiais e praças, porque praticamente tiveram que participar da construção de todas as novas instalações projetadas, uma vez que muito pouco das edificações remanescentes era aproveitável. Em 27 de setembro de 1984, o novo 1º BFEsp, coroando um trabalho intenso e abnegado, ocupou oficialmente as suas novas instalações. Ainda no segundo semestre daquele mesmo ano, em uma demonstração de comprometimento dos quadros com a capacitação operacional, foi desenvolvido com pleno êxito o primeiro Curso de Comandos para cabos e soldados.
Em 1987, o Estado-Maior do Exército (EME) criou um grupo de trabalho com a finalidade de estudar a atividade de Operações Especiais, visualizando possíveis estruturas organizacionais e o preparo e o planejamento do emprego de elementos de Forças Especiais, Ação de Comandos e de Operações Psicológicas. Esse estudo concluiu sobre a viabilidade, adequabilidade e pertinência da criação de um Comando de Operações de Unidades Especiais (COpUEsp). Uma idéia conclusiva que viria a se materializar cerca de 15 anos depois, com a ativação da Brigada de Operações Especiais.
A partir de 1988, diretrizes emanadas dos mais altos escalões fizeram do 1º BFEsp uma organização militar dotada da mais alta prioridade no seio da Força Terrestre. Com a finalidade de incrementar significativamente sua operacionalidade, diretrizes específicas foram expedidas no sentido de facilitar a apresentação de voluntários, tanto de oficiais quanto de praças, principalmente para o Curso de Ações de Comandos. A partir de 1989, legitimando de direito uma situação que já era de fato, a responsabilidade pela execução dos Cursos de Ações de Comandos e de Forças Especiais passou do Centro de Instrução Pára-quedista General Penha Brasil (CIPqdtGPB) para o 1º BFEsp, que para tanto, incorporou os recursos humanos e materiais da Seção de Operações Especiais daquele centro. Ambas as medidas possibilitaram que o 1º BFEsp atingisse a sua melhor situação, em termos de recursos humanos, mobiliando em quase toda a sua plenitude a sua organização de então, com uma Companhia de Comando e Serviços; duas Companhias de Forças Especiais, a 1ª e a 2ª Cia FEsp (ficando esta com a missão de conduzir os cursos), cada uma enquadrando um DstCooCt e quatro DOFEsp (4 oficiais e 8 sargentos em cada); e uma Companhia de Ações de Comandos (CAC), com uma Seção de Comando (Sç Cmdo) e quatro Destacamentos de Ações de Comandos (DAC), cada um com o efetivo de 42 combatentes.
Em 1990, o então recém-criado Comando de Operações Terrestres (COTER) aprovou oficialmente o Plano de Adestramento da Unidade nas suas quatro fases: individual, fração, subunidade e unidade. Plano esse que, entre outros aspectos altamente especializados, contemplava exercícios de adestramento em diferentes áreas de emprego estratégico do território nacional. Da mesma forma, uma intensa reciclagem doutrinária possibilitou a elaboração do manual IP 31-95, "O Batalhão de Forças Especiais", 1ª edição que, no ano seguinte (1991), foi aprovada pelo EME.
Além de uma boa quantidade de viaturas operacionais de 1/4, 1 1/2 e 2 1/2 toneladas, uma imensa gama de material especializado de última geração foi recebida pela Unidade, destacando-se, no que se refere ao armamento e munição, submetralhadoras Heckler Koch (H&K), equipamentos supressores de ruídos, miras laser, dispositivos de visão noturna, fuzis sniper de diferentes alcances e calibres, granadas de som e luz etc. Com relação ao Salto Livre Operacional (SLOp), foram recebidos modernos pára-quedas MT1-XX e Mach III, em quantidade necessária e suficiente, além de consoles, garrafas portáteis, máscaras de oxigênio e capacetes. Na área das Operações Aquáticas, foram recebidas embarcações pneumáticas, motores de popa, garrafas de oxigênio, roupas de neoprene etc. Com relação ao material de comunicações recebido, entre diversas estações de alcance diversificado, destacou-se o recebimento de estações rádio ERC 620 P, a primeira estação- rádio com salto de freqüência (uma contramedida eletrônica), produzida no Brasil, pela fábrica de Material de Comunicações. Dotada de carregamento solar de baterias, essa estação sempre apresentou um excelente desempenho em diferentes ambientes operacionais (que não raro lhes exigia uma rusticidade ímpar), quando ligações eficientes e seguras se faziam necessárias a curtos, médios e longos alcances.
Paralelamente a esse montante de material especializado recebido, foram efetuadas uma série de obras, concluídas à curto prazo, como foi o caso de um novo pavilhão de comando, um novo e amplo pavilhão de rancho com cozinhas dotadas de aquecimento solar, além de reformas em todos os pavilhões de subunidades e garagens. Tudo visando edificações funcionais plenamente adequadas às necessidades específicas da Unidade. As diferentes pistas de adestramento (combate em localidades, estandes de tiro de diferentes alcances, pista de obstáculos do pentatlo militar), bem como áreas específicas para lançamento de granadas e acionamento de explosivos também foram atualizadas. Uma piscina tática com profundidade de 7m que, além da prática de natação, possibilitava a condução de instruções básicas para operações subaquáticas com equipamento de mergulho autônomo foi concluída em 1992.
O Programa de Adestramento do Batalhão deu um salto de qualidade com o tratamento diferenciado proporcionado pela então V FATA, que, tendo por fim o aproveitamento dos exercícios de campanha do 1º BFEsp nos mais diversificados ambientes operacionais para o adestramento de suas tripulações em operações aéreas especiais, incluindo infiltrações por SLOp em grande altitude, disponibilizou uma significativa carga horária de vôo e lançamento com esta finalidade. Outro aspecto altamente positivo foi a cerrada ligação estabelecida com o Comando da então Brigada de Aviação do Exército, particularmente com o Centro de Instrução daquela Grande Unidade (CIAvEx). Inclusive, o primeiro Curso de Piloto de Combate (1990) teve seu exercício tático final realizado em conjunto com um exercício do 1º BFEsp, que resultou em notáveis rendimentos para ambas as OM. Táticas, técnicas e procedimentos de "infiltração", incluindo lançamentos por pára-quedas, livres e semi-automáticos, por helicópteros e "exfiltração", Operações de Locais de Aterragem (LocAter) e de Zonas de Pouso de Helicópteros (ZPH) diurnas e noturnas, helocasting (desova no mar por helicópteros), Sniper (Caçador) helitransportado, entre outras, foram exaustivamente praticadas.
Em 1990, o EME ratificou oficialmente que a Unidade de Contra-Terrorismo do EB era o 1º BFEsp. Entre várias medidas conseqüentes, uma nova instalação foi rapidamente construída no aquartelamento do Camboatá. O "Pavilhão General Luis Paulo Fernandes Almeida", além de um estande de armas curtas extremamente funcional, possibilitava a prática das técnicas de entrada em edificações ocupadas por terroristas, com ou sem a presença de reféns, com execução de tiro importante acontecimento foi desencadeado desde 1991. Nos aspectos específicos inerentes ao 1º BFEsp, foram realizados inúmeros reconhecimentos e encontros de trabalho com elementos de Forças de Operações Especiais de vários países (na sua maioria, responsáveis pela segurança aproximada das eminentes autoridades) e com diferentes organismos de segurança nacionais e internacionais. Procedimentos operacionais padrão, normas gerais de ação e outras medidas de coordenação e controle foram estabelecidas, com um rendimento significativamente positivo para a consecução da segurança do evento. As inúmeras equipes operacionais contra o terrorismo, constituídas pelos operadores de Forças Especiais do batalhão brasileiro, operaram apoiadas por aeronaves da Aviação do Exército. Em conseqüência de adestramentos e ensaios criteriosa e exaustivamente conduzidos, os efetivos do batalhão e as tripulações dos helicópteros integraram-se em nível da perfeição, como se faz imprescindível em situações dessa natureza.
A ECO 92 foi realizada com absoluto sucesso, e o trabalho desenvolvido pelo Batalhão Antônio Dias Cardoso foi objeto de referências altamente elogiosas, em âmbito nacional e internacional, concluindo uma experiência histórica que propiciou a aquisição de ensinamentos colhidos altamente especializados e extremamente valiosos até os dias de hoje.
Assim, o 1º BFEsp, dotado de modernas instalações especializadas, integrado por pessoal criteriosamente selecionado, excepcionalmente motivado, com elevada prioridade na dotação de material e no adestramento, operando rotineiramente com um alto nível de desempenho técnico-profissional, atinge o final dos anos 1990 e o início dos anos 2000 com um conceito ímpar, tanto a nível nacional quanto internacional.
(continua...)