TAP regressa aos lucros com 7,3 milhões e atribui prémio aos trabalhadores
Leonor Matias
A TAP encerrou 2006 com lucros líquidos de 7,3 milhões de euros, contra prejuízos de 10,3 milhões em 2005. Com estes resultados, a empresa liderada por Fernando Pinto ultrapassou em três milhões de euros (82,5%), a meta estabelecida pelo Governo na carta de missão assinada no ano passado com a administração da companhia aérea. Em face dos resultados, Fernando Pinto anunciou que a TAP vai atribuir um prémio aos trabalhadores, estando neste momento a definir os montantes, os quais, garantiu, serão pagos até final de Junho. Há já dois anos que a TAP não distribui lucros pelos funcionários.
A meta definida pelo Governo para 2006, adiantou Fernando Pinto, parecia "muito difícil" de alcançar perante os resultados apurados no final do primeiro semestre, que foram negativos em 50 milhões de euros. A inversão começou a dar-se na segunda metade do ano, quando a TAP reforçou a oferta com três novos Airbus A330 e dois A320 e alargou os destinos, sobretudo para o Brasil e para algumas cidades europeias, entrando em concorrência com as companhias de baixo custo. Ao passar a dispor de uma frota composta por 48 aparelhos, a TAP encerrou 2006 com um total de 6,8 milhões de passageiros, mais 8% face a 2005 (6,3 milhões). Fernando Pinto anunciou ontem, durante a apresentação de resultados, que espera ultimar com "sucesso", até final do mês, as negociações para a compra de mais três Airbus A330, reforçando a frota até começar a receber, a partir de 2008, os novos modelos do A330 encomendados à Airbus.
Para os resultados da TAP contribuíram ainda a área da manutenção e engenharia, que encerrou o ano com proveitos para terceiros no valor de 117,6 milhões de euros, contra os 105 ,8 milhões em 2005. Na manutenção, a companhia tem previsto investimentos de 24 milhões de euros na sua participada brasileira VEM (antiga empresa da Varig).
Também na área da carga aérea a companhia registou um acréscimo da actividade, com a TAP a obter um proveito total de 93,4 milhões de euros, evidenciando um crescimento de 29,4% em relação aos 72,1 milhões do ano anterior. O crescimento desta área de negócio, nomeadamente para Angola, obrigou a TAP a recorrer ao aluguer de cargueiros. Fernando Pinto chamou a atenção para a progressiva alteração do perfil da TAP, que se assume como uma das principais empresas portuguesas que "mais riqueza trazem para o País". Em 2006, o volume de vendas produzido pelas representações da companhia no exterior cresceu 29%, atingindo um valor total superior a mil milhões de euros. No ano passado, Portugal contribuiu com 33,2% das vendas de passagens, contra 39,7% do resto da Europa, seguindo-se o Brasil, com 14,6% (ver quadros). No global, 64% das receitas foram obtidas fora de Portugal.
Os resultados da companhia não foram melhores porque, no ano passado, a TAP gastou mais 87 milhões de euros em combustíveis do que o valor orçamentado. No total, a companhia gastou 373 milhões em combustíveis, contra 286 milhões em 2005. O orçamento para 2007 prevê um custo com combustíveis de 350 milhões de euros.
Sobre a privatização, Fernando Pinto revelou que os estudos preliminares para a operação "já começaram", estimando que a venda "ocorra em 2008". Sobre a percentagem de capital a alienar, remeteu a decisão para o accionista. Em relação à Portugália, a intenção, adiantou, é mantê-la com "gestão independente" e aproveitar sinergias nas operações das duas empresas, sobretudo na rota Lisboa/Porto.
http://dn.sapo.pt/2007/03/13/economia/t ... e_atr.html