Mirage III versus Sea Harrier

Assuntos em discussão: Força Aérea Brasileira, forças aéreas estrangeiras e aviação militar.

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Jose Matos
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Mirage III versus Sea Harrier

#1 Mensagem por Jose Matos » Ter Mai 10, 2005 9:22 am

Olá pessoal

Tenho reparado aqui em várias análises de comparativos entre aviões de combate, que o desempenho dos aviões tem sido um factor muito salientado, embora também se fale de outras coisas como armas e aviónicos.

O meu desafio e a minha provocação neste tópico é que me expliquem como é que na guerra das Falkand, os Sea Harrier abatarem dois Mirage III da Argentina. Sendo o Mirage III, um caça teoricamente superior ao Sea Harrier e com uma perfomance supersónica, como é que foi abatido por um caça subsónico como o Sea Harrier??



Um abraço





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Lauro Melo
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#2 Mensagem por Lauro Melo » Ter Mai 10, 2005 9:56 am

Tudo bem Jose Matos, a parte em vermelho e NEGRITO do texto explicam tudo.
Abraços,

O outro lado da moeda
A guerra aérea no Atlântico Sul, vista pelos argentinos


1 - INTRODUÇÃO

Quando no dia 2 de Abril de 1982, a República do Rio da Prata que estava mergulhada em uma inflação altíssima e com um nível de desemprego nunca alcançado, foi sacudida com a notícia de que após 150 anos, suas forças armadas haviam retomado as Ilhas Malvinas, a Fuerza AéreaArgentina (FAA), rapidamente deu-se conta de que estaria em futuro muito próximo, envolvida profundamente em uma guerra aérea moderna, guerra essa que demandaria o uso de tecnologia e táticas puramente teóricas e nunca aplicadas. Cada um dos lados subestimava a força do outro e o resultado foi o que se passou a chamar Guerra do Atlântico Sul.

2 - OS PROBLEMAS DE PLANEJAMENTO

Era óbvio que a distância das bases continentais argentinas (Rio Grande ficava à 704 km e Comodoro Rivadávia à 959 km), capazes de operar as aeronaves de combate de alta performance, complicaria qualquer planejamento para se atacar a Força Tarefa Britânica ao largo das ilhas. O uso de tanque sub-alares seria obrigatório para os Mirages IIIEA e Daggers, já que ambos os modelos não possuíam capacidade de reabastecimento no ar e mesmo assim os armamentos a serem carregados seriam restritos. A FAA possuía um par de KC-130 H, e se esses aviões pudessem utiliza-los, o uso do afterburner para combates seria um problema, e caso os ingleses utilizassem um AEW, o problema aumentaria com a necessidade de se realizar missões LO-LO-LO a partir de uns 350 km de distância das ilhas.

As facilidades aeroportuárias nas Malvinas eram restritas a uma pista asfaltada de 1250 m em Puerto Argentino (Port Stanley), que poderia ser utilizada pelos C-130 e pelos F-27 de transporte, mas que seria curta para as aeronaves de combate carregadas. A defesa aérea das Malvinas estava baseada em mísseis SAM (Roland, Tigercat, Blowipe, etc...), e em canhões de 35 mm dirigidos por radar. A falha estava na não existência de muitas armas de pequeno calibre.

Um Mirage IIIEA do I Escuadrón, VIII Brigada Aérea, em Rio Gallegos, pronto para uma missão de escolta
Veja o Matra R 530 AAM e o tanque de combustível sub-alar de 374 galões.


As forças argentinas tinham outro problema além da falta de suporte aéreo.

O relevo das ilhas também impunha seus problemas, atrapalhando a instalação e a operação de radares; a escassez de vegetação praticamente impossibilitava a camuflagem de qualquer posição; Um outro aspecto do teatro de operações que deve ser considerado, é a condição meteorológica da área, característica essa que pode ser o fiel da balança entre o sucesso e o fracasso de uma operação.

Vê-se então, que as condições de defesa das ilhas pelos argentinos eram difíceis, como foi dito por muitos antes e durante o conflito. Realmente, avaliando-se todos os fatores envolvidos, podemos dizer que a desvantagem que os argentinos tinham para defender as ilhas era contabalançada pela imensa distância que as forças britânicas teriam que operar.

3 - O INÍCIO DOS COMBATES

Com a chegada das forças argentinas nas Malvinas, intensos preparativos foram iniciados para se estabelecer uma presença da força aérea na ilha, centrada no que se denominou Base Aérea Militar de Puerto Argentino. Seriam baseados nesse aeródromo os Pucarás do IV Escuadron de Exploracion y Ataque e MB 339 e T-34C das 1ª e 4ª Ecuadrillas Aéronaval de Ataque, sendo que algumas aeronaves seriam dispersadas em outros pequenos campos de pouso em Goose Green e Pebble Island. À essas aeronaves juntaram-se helicópteros Bell UH-1H, Boeing Vertol CH-47 Chinook, Pumas e Augusta A-109 do Comando de Aviacion del Ejército além de Skyvans e outros helicópteros da Prefectura Naval Argentina.

4 - OS JATOS EM AÇÃO

Os ataques aéreos principais às forças de invasão eram provenientes dos aeródromos do continente. Informações de satélites eram fornecidas à Força Tarefa Britânica pelos Norte Americanos, fazendo com que os argentinos tivessem uma grande desvantagem, mesmo quando para evitar que os ingleses tentassem adivinhar suas intenções, eles trocavam os aviões de bases. Essas observações de satélite, permitiam ao Adm Woodward um constante monitoramento dos principais movimentos do adversário - as unidades de bombardeio.

As aeronaves britânicas estavam muito mais próximas das áreas de operação do que a dos argentinos, e isso refletia na disponibilidade maior dos ingleses de permanecerem na zona de combate do que seus adversários; a grande quantidade de fragatas e destroiers ingleses nas proximidades, fornecia uma ampla cobertura de radar e os argentinos eram obrigados a voarem em um perfil não econômico, de modo a tentar minimizar o efeito dos radares, diminuindo ainda mais sua permanência na área de combate.
Oitenta e dois A-4B e A-4C, Mirages III EA, Daggers e Camberas foram deslocados para as bases aéreas mais próximas das ilhas, impondo um considerável esforço logístico. Um alto grau de disponibilidade foi mantido, com exceção dos Skyhawks, que tiveram no máximo 70%, devido a falta de peças (motores, tanque sub-alares e sistema de ejeção), devido ao embargo imposto pelos Estados Unidos. A FAA operou basicamente de três bases: Os Camberras de Comodoro Rivadavia; os Mirrages III EA e os A-4B de Rio Gallegos e os A-4Q e Super Etendards da Aviación Naval de Rio Grande. Os Daggers começaram voando de Rio Gallegos mas foram transferidos depois para Rio Grande e os A-4C voaram basicamente de San Julian, com algumas sortidas sendo feitas de Rio Grande.
A distância entre essas bases e as Ilhas Malvinas praticamente acabava com a vantagem que os argentinos tinham em utilizar aviões lotados em terra. Levava-se 45 minutos para ir e outros tantos para voltar, ou seja, 90% do combustível era consumido para translado, restando muito pouco para as ações de combate. Todas as missões dos Mirages, foram voadas com dois tanques sub-alares, cada um com 374 galões (1700 litros). Já os Daggers, voavam com três tanques sub-alares, cada um com 286 galões (1300 litros).

Os argentinos tinham sempre em mente o objetivo de preservar ao máximo seus aviões, e por isso o planejamento de qualquer operação era cercado de certezas de se obter o melhor e mais positivo resultado.
Não podiam limitar a utilização dos Mirages III EA a ataques ao solo, visto que existia a remota possibilidade dos Vulcans atacarem as bases continentais argentinas, e por isso os lotados em Rio Gallegos estavam permanentemente em alerta. Em algumas ocasiões, esses Mirages foram empregados como cobertura aérea de outras aeronaves em missão de ataque, e para isso foram armados com um míssel MATRA R530, dois Magic AAA e dois tanques sub-alares de 374 galões.

Dois A-4C Skyhawhs da IV Brigada Aérea. Essa unidade perdeu 10 aeronaves durante o conflito.
A economia de combustível era de primordial importância nessas missões, e os Mirages não possuiam autonomia suficiente para tentar estabelecer qualquer superioridade aérea, ja que só possuiam 10 minutos de autonomia para combate. Isso era frustante para os pilotos, visto que os Mirages eram totalmente ignorados pelos Sea Harriers, que só se preocupavam com os aviões de ataque. Os Mirages não podiam nem lançar seus mísseis à distância, com receio de abaterem seus compatriotas.

Mas houve ocasiões em que os Mirages e Sea Harriers se encontraram, como no dia 1 de maio, quando um Mirage, pilotado pelo 1º Tenente Carlos Perona, escoltando uma missão de ataque, em companhia de outro Mirage, se envolveu em combate. O tenente Perona relata:
- Meu radar mostrou dois bandidos vindo em nossa direção. Cruzamos com dois Sea Harriers e comecei então a executar manobras na tentativa de encauda-los. O Sea Harrier tinha uma habilidade muito grande de desacelerar rapidamente e de repente me ví ao lado de um a mais ou menos uns 150 metros. Eu o acompanhei visualmente até ele desaparecer de vista, quando nesse momento senti um violento impacto. Meu Mirage começou a vibrar violentamente e logo perdi o controle da aeronave, tendo como única solução me ejetar. Assim que meu para-quedas se abriu, ví meu Mirage se chocar com a água e logo em seguida observei outra coluna d`água como se fosse um outro avião mergulhando. Na hora concluí que eu havia me chocado com o segundo Harrier ! Na realidade, o Tenente Perona havia sido atingido por um Sidewinder lançado pelo Sea Harrier. O segundo impacto na água observado, era provavelmente o seu assento ejetor.

Um outro Mirage, pilotado pelo Capitão Garcia Cuerva, foi perdido em uma outra dessas missões de escolta. Sua aeronave foi atingida por um AIM-9L, e o Mirage tentou fazer um pouso de emergência em Puerto Argentino. Na reta final, provavelmente devido a um curto-crcuito, seus dois mísseis Matra foram disparados, e a AAA argentina assumindo que era uma aeronave hostil, o abateu, com o Capitão falecendo. Esses foram os dois primeiros Mirages perdidos, durante o primeiro real batismo de fogo da FAA.

Nesse dia, o Adm Woodward decidiu testar a eficácia das defesas argentinas, aproximando-se das ilhas com sua frota. Assim que esta ficou ao alcance das aeronaves lotadas no continente, a FAA realizou 56 saídas - 12 com os A-4B, 16 com os A-4C, 12 com os Daggers, 10 com os Mirages e 6 com os Camberras. Por diversas razões, apenas 35 desses aviões chegaram a seus objetivos, infligindo danos em uma e possivelmente em duas fragatas, com a perda de um Dagger e um Camberra, além dos dois Mirages anteriormente mencionados. O resultado dessas missões, foi que a Força Tarefa Inglesa retirou parte significativa de seus navios, para uma região além do alcance das aeronaves da FAA, até que o principal desembarque acontecesse na Baía de San Carlos.



5 - O TEMPO ESQUENTA

A Aviacion Naval teve sua primeira grande vitória, quando no dia 4 de maio, um dos mísseis Exocet lançados por dois Super Etendards da 2ª Escuadrilla, atingiu e afundou o destroyer Sheffield. O destroyer fora localizado por outra aeronave do mesmo tipo, e os atacantes aproximaram-se do alvo vindo do sul a uma altura muito baixa a cerca de 480 nós. O teto era de uns 500 pés (150 metros) e a visibilidade de um-quarto de milha (400 metros). A 25 milhas do Sheffield, os pilotos argentinos subiram para 500 pés (150 metros), com o radar adquirindo dois alvos separados de 40 graus de azimuth. A 23 milhas, cada avião lançou um Exocet para cada alvo, sendo que o Sheffield foi atingido por um dos mísseis, e o outro míssel desviado pelas medidas contra-eletrônicas, caíu no mar a uns 300 metros do Yarmouth.
Um Dagger da VI Brigada Aéra, fotografado em sua base de origem (Tandil - Buenos Aires)
Os A-4Q da 3ª Escuadrilla atacavam tanto os navios da Força Tarefa quanto as tropas em terra, juntamente com os Skyhawks e Daggers da FAA. Uma das missões foi particularmente desastrosa para a Aviación Naval, quando no dia 23 de maio, às 18:30 horas, três Skyhawks decolaram de Rio Grande para atacarem uma fragata. O lider, lançou sua bomba de 500 lb e ao mesmo tempo a fragata respondeu com um par de mísseis, atingindo-o e derrubando-o. O número 2, atacou e conseguiu acertar o navio, mas Sea Harriers apareceram e ele foi atingido, tendo ficado com seus sistemas inoperantes. Tentou pousar em Puerto Argentino, mas o trem de pouso não baixou e ele preferiu se ejetar a uns 600 m de altura. O número 3, não lançou suas bombas, sendo atingido pelos Sea Harriers. Conseguiu retornar à Rio Grande, mas ao tentar pousar, os estragos eram tantos que o avião acidentou-se e o piloto perdeu a vida.
Os Super Etendards reapareceram na zona de combate no dia 25 de maio, um dos piores dias para a Força Tarefa Britânica. Desta vez, eles foram reabastecidos em vôo pelos KC-130, e cada aeronave carregava um Exocet em uma das asas e um tanque sub-alar de 242 galões na outra. Utilizando a mesma tática do dia 4 de maio, ao subirem para 500 pés, o radar revelou um grande alvo cercado de outros menores em uma formação circular. Os mísseis foram lançados contra o alvo maior, atingindo o Atlantic Conveyor, danificando-o tão seriamente que foi a pique dias depois. Acreditava-se na Argentina que cerca de uma dúzia de Harriers e de Sea Harriers estavam a bordo do navio destruído, mas na realidade eles haviam sido transferido em vôo para o Hermes e para o Invencible uma semana antes. Contudo, 6 Wessex e 3 Chinooks foram para o fundo do oceano juntamente com preciosos suprimentos, o que representou enorme perda para a Força Tarefa Britânica.
Uma missão dos Super Etendards quase tornou-se a glória para a Aviación Naval, quando um Exocet foi lançado contra o porta aviões Invencible, sendo milagrosamente destruído por fogo anti-aérea de 4,5 polegadas da fragata Avenger. No dia 21 de maio foi a vez da fragata Ardent ir a pique e no dia 23 a vez da fragata Antelope juntamente com o destroyer Conventry. Outros navios sofreram danos sérios, sem entretanto afundarem.

Responsáveis pela maioria das missões de ataque, os Skyhawks e os Daggers sofreram as maiores baixas entre os aviões argentinos. Durante um ataque à Baia de San Carlos, uma esquadrilha de quatro Daggers foi completamente abatida - possivelmente pelos Sea Harrires - e em outra ocasião um Dagger tentou engajar combate com um Sea Harrier a baixa altura, mas esse estando em seu elemento favorito, não deu chance ao argentino, derrubando-o rapidamente.

6 - A FASE FINAL

A fragata Plymouth foi danificada, quando um projétil do canhão de um Dagger atingiu uma carga de profundidade de um helicóptero. Essa mesma fragata foi atingida por quatro bombas de 1000 lb, mas nenhuma delas explodiu - verificou-se ao final da guerra que cerca de 70% das bombas argentinas que atingiram os alvos não explodiram. Inicialmente pensou-se que os argentinos estavam utilizando velhos suprimentos ainda da 2ª Guerra Mundial, mas não ! Elas eram bombas modernas, Mk 83 ou similares, mas cuja espoleta não fora projetada para ataques contra navios a baixa altura, pois elas não tinham tempo de se armar entre o lançamento e o impacto. Modificações foram introduzidas, mas não houve tempo para utiliza-las. Se todas elas tivessem explodido como deveriam, com certeza as baixas argentinas teriam sido muito menores.

Durante o ataque do dia 8 de maio, os navios de desembarque Sir Tristam e Sir Galahad, foram bastante danificados, sendo que o úlimo afundou. A FAA não só atacou os navios em Plesant Bay, como também as barcaças de desembarque e as tropas em terra, tendo causado inúmeras baixas nos ingleses, ao preço de várias aeronaves. Entre 9 e 14 de junho, 65 missões foram planejadas, mas o tempo piorou ainda mais, e apenas 27 se completaram - a última aeronave argentina a ser derrubada foi um Camberra, abatido por um míssel Sea Dart lançado da fragata Exeter, horas antes do cessar fogo.

Os C-130 Hércules da I Brigada Aérea foram algumas vezes utilizados como aeronaves de reconhecimento, bem como Boeings 707 da Aerolineas Argentinas. O procedimento do Hércules era o seguinte: voavam a 50 pés (15 metros) com seu radar desligado, subiam a 500 pés (150 m), ligavam-no, faziam uma varredura, desligavam e retornavam a altura das ondas. Um dos Hércules foi pego pelo radar da fragata Minerva, que rapidamente vetorou um Sea Harrier em direção ao transporte, sendo este abatido por um Sidewinder. Os Boeings serviram como rudimentares AEW, e foram interceptados em várias ocasiões, pelos Sea Harriers durante o mês de abril, fora da Zona de Exclusão, acompanhando a Força Tarefa Britânica. Em ocasião mais tarde, um deles conseguiu escapar de seis mísseis Sea Darts, realizando manobras que os projetistas de Seattle nem imaginaram ser possível um Boeing 707 fazer, como por exemplo, um mergulho acentuado até o topo das ondas.
Uma outra utilização dos C-130 foi como bombardeio. Os KC-130 H de reabastecimento, foram bastante utilizados nas operações com os Skyhawks (tanto da FAA como da Aviación Naval) e mais tarde com os Super Etendards. Se não fossem os Hércules, muitos desses aviões teriam sido obrigados a amerrissarem por falta de combustível. Houve casos em que Skyhawks fizeram o retorno ao continente, com seu "probe" de reabastecimento permanentemente conectado ao Hércules, porque estavam perdendo combustível na mesma taxa em que eram reabastecidos no ar !!

Resumindo, a FAA realizou durante os 44 dias de atividades 505 missões das bases continentais (255 pelos Skyhawks A-4B e C, 145 pelos Daggers, 45 pelos Mirages, 54 pelos Camberras e 6 pelos Pucarás). Isso foi um esforço muito grande por parte dos argentinos, visto que a disponibilidade de suas aeronaves foi em média de 41%. Perderam 35 aeronaves (18 Skyhawks, 11 Daggers, 2 Mirages, 2 Camberras, 1 Hércules e 1 Lear Jet), o que dá uma taxa de 7% de perdas, considerando-se o total de missões realizadas. Além disso, 6 Daggers e 2 Skyhawks foram tão severamente danificados, que não puderam ser reparados, sendo considerados perdidos.
Assim a aviação militar argentina recebeu seu batismo de fogo.




Editado pela última vez por Lauro Melo em Ter Mai 10, 2005 11:09 am, em um total de 4 vezes.
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#3 Mensagem por Guilherme » Ter Mai 10, 2005 10:15 am

Numa revista Veja da época do conflito, é citado que um Sea Harrier britânico foi derrubado por um Mirage argentino. Se não me engano, foi a primeira aeronave britânica perdida no conflito. Alguém confirma isso?




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Re: Mirage III versus Sea Harrier

#4 Mensagem por Slip Junior » Ter Mai 10, 2005 10:27 am

Jose Matos escreveu:O meu desafio e a minha provocação neste tópico é que me expliquem como é que na guerra das Falkand, os Sea Harrier abatarem dois Mirage III da Argentina. Sendo o Mirage III, um caça teoricamente superior ao Sea Harrier e com uma perfomance supersónica, como é que foi abatido por um caça subsónico como o Sea Harrier??

A superioridade obtida pelos Sea Harriers frente aos Mirage III/Nesher argentinos não pode ser obtido à um único fator. Dessa forma, vou citar alguns que considero de extrema importância para os resultados como um todo:

- Treinamento:
Os argentinos não conseguiram utilizar sua maior velocidade a favor de si próprios e foram atraidos para envelopes de vôo de menor velocidade onde a agilidade do Sea Harrier era superior.

- Armamento:
Enquanto as aeronaves da FAA utilizam mísseis de 2ª geração como o AIM-9B Sidewinder e o Matra Magic I que permitiam disparos a partir apenas do quadrante traseiro, os caças da RN contavam com mísseis de geração mais nova, os AIM-9L.

- Apoio:
Os Sea Harriers contavam com o apoio dos radares dos diversos navios da RN na área para ajudar em sua vetoração para interceptação das aeronaves argentinas incursoras. Apesar dos argentinos terem instalado um radar em Puerto Argentino (Port Stanley), o mesmo foi destruido já nas primeiras missões Blackbuck.

- Longa distância:
Os Mirages e Nesher argentinos tinham que voar longas distâncias até chegar ao TO. Isso poderia (pode) ter resultado em uma certa perda de concentração, cansaço físico e psicológico assim como uma limitação quanto ao uso da potência dos motores de suas aeronaves.

Abraços




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#5 Mensagem por Jose Matos » Ter Mai 10, 2005 10:47 am

Olá pessoal

Sim senhor, o Júnior está no bom caminho para explicar o que aconteceu. Tocou praticamente em todos os pontos importantes.

Lauro, obrigado pelo texto enviado, pois tem o relato do ponto vista argentino, mas só explica uma parte do episódio. E a história do Mirage ter sido abatido em Port Stanley por causa dos Matras é uma lenda. Não foi isso que aconteceu, embora o Mirage tenha realmente sido abatido por fogo amigo.

Guilherme, nenhum Sea Harrier foi derrubado por Mirages, mas sim o contrário.

Um abraço





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#6 Mensagem por J.Ricardo » Ter Mai 10, 2005 11:18 am

Li tbm um estudo s/ esse conflito na net e na RFA, esta escrito que as RAF consegui colocar soldados da forças especiais escondidos nas matas perto das bases argentinas e toda vez que um avião argentino decolava, os ingleses ficavam sabendo em tempo real, ou seja, antes mesmo dos argentinos chegarem ao TO, os ingleses já estavam esperando por eles sabendo a quantidade e o tipo de avião que teriam de enfrentar.




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#7 Mensagem por Marechal-do-ar » Ter Mai 10, 2005 12:16 pm

O Harrier não tem desempenho inferior ao Mirage, ele não é supersônico por não ter pós-combustor, mas nos outros quesitos é superior, ele é mais agil ja que tem uma melhor relação potência/peso, algo como 1/1 do Mirage contra 1,5/1 do Harrier (o número não esta exato), o Harrier tambem é mais manobravel e possui armamentos melhores (um missel de terceira geração contra misseis e segunda), o resultado não poderia ser outro.




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#8 Mensagem por rodrigo » Ter Mai 10, 2005 12:30 pm

Um outro Mirage, pilotado pelo Capitão Garcia Cuerva, foi perdido em uma outra dessas missões de escolta. Sua aeronave foi atingida por um AIM-9L, e o Mirage tentou fazer um pouso de emergência em Puerto Argentino. Na reta final, provavelmente devido a um curto-crcuito, seus dois mísseis Matra foram disparados, e a AAA argentina assumindo que era uma aeronave hostil, o abateu, com o Capitão falecendo.
Esse episódio é uma grande piada. A informação que eu tinha era que o piloto havia ejetado os tanques fazendo a aproximação, e a AAA argentina pensou que fossem bombas e mandou bala.

Li tbm um estudo s/ esse conflito na net e na RFA, esta escrito que as RAF consegui colocar soldados da forças especiais escondidos nas matas perto das bases argentinas e toda vez que um avião argentino decolava, os ingleses ficavam sabendo em tempo real, ou seja, antes mesmo dos argentinos chegarem ao TO, os ingleses já estavam esperando por eles sabendo a quantidade e o tipo de avião que teriam de enfrentar.
A informação que eu tenho era de quem fazia esse acompanhamento eram submarinos ingleses perto das bases aéreas.




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#9 Mensagem por helio » Ter Mai 10, 2005 12:32 pm

Temos que destacar também o fracasso total dos mísseis Shafir que os argentinos usaram, todos os disparados erraram o alvo.

Hélio




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#10 Mensagem por Jose Matos » Ter Mai 10, 2005 3:23 pm

Olá pessoal

Comentando alguns dos posts e dando mais umas pistas. Isto está a ficar interessante. O desafio permanece até ao fim-de-semana a ver se alguém consegue descrever tudo o que aconteceu para dar origem a este resultado. Venham daí mais participações.

Rodrigo tens toda a razão parece que foi isso que aconteceu (ejecção dos tanques) e não os Matra.

Ricardo, é verdade que houve operações de observação do SAS no próprio território argentino e existem indícios que essas forças vigiavam a actividade aérea informando os britânicos.

Marechal deste mais algumas pistas importantes (manobralidade e armamento), mas olha que o Mirage é bem mais rápido que o Sea Harrier. A sua velocidade máxima é de Mach 1,14 ao nível do mar, aumentando para Mach 2,2 a 11 mil metros de altitude. Enquanto que o Sea Harrier está longe de atingir tais velocidades.

Agora dizes bem em relação à alta relação empuxo/peso do Sea Harrier, bem melhor que a do Mirage. Mas dava mais uma pista a este nível a que altitude se desenrolou o combate? Qual o comportamento do Mirage a essa altitude em relação ao Sea Harrier? E que outros factores podem ter afectado o Mirage no seu desempenho a essa altitude?

Hélio, neste combate em concreto que estamos a falar o Mirage não levava o Shafir, mas sim o Matra 550 sob as asas. Mas concordo que o Shafir não seria grande coisa.

Um abraço





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#11 Mensagem por Marechal-do-ar » Ter Mai 10, 2005 3:43 pm

Jose, os combates se realizavam ao nivel do mar, ai o Mirage não era tão mais rapido que o Harrier mas a relação potência/peso era muito importante pois dava ao Harrier mais mobilidade, a velocidade não é tão importante em um combate, um piloto experiente saberia usa-la, mas não acho que era o caso dos pilotos argentinos.




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#12 Mensagem por Lauro Melo » Ter Mai 10, 2005 3:46 pm

Caro Jose Matos,

"Responsáveis pela maioria das missões de ataque, os Skyhawks e os Daggers sofreram as maiores baixas entre os aviões argentinos. Durante um ataque à Baia de San Carlos, uma esquadrilha de quatro Daggers foi completamente abatida - possivelmente pelos Sea Harrires - e em outra ocasião um Dagger tentou engajar combate com um Sea Harrier a baixa altura, mas esse estando em seu elemento favorito, não deu chance ao argentino, derrubando-o rapidamente. "

O texto acima explica bem, diversos fatores veja :

1 ) Planejamento de ataques

2 ) Dificuldade de operações Devido ao Tempo ( nuvens, neblina, chuva etc...

3 ) Qualidade das Informações

4 ) Diferença Armamento utilizado pelos caças

5 ) Combates a Baixa Altitude

6 ) Distancia do Frota Inglesa e dificuldade de interceptar e atacar dos caças Argentinos devido a terem que utilizar tanques sub-alares e atuarem em seu limite.

sds,




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#13 Mensagem por Jose Matos » Ter Mai 10, 2005 4:47 pm

Olá pessoal

Lauro, boas pistas apontadas por ti, no entanto, neste tópico a ideia é analisar apenas o caso dos dois Mirage III no dia 1 de Maio e não outros casos durante a guerra.

Marechal, o combate não foi ao nível do mar não senhor, mas o que disseste também se aplica à altitude a que foi o combate.

Venham daí mais comentários, eh, eh. Isto está animado.

Um abraço





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#14 Mensagem por Slip Junior » Ter Mai 10, 2005 5:01 pm

Jose Matos escreveu:neste tópico a ideia é analisar apenas o caso dos dois Mirage III no dia 1 de Maio e não outros casos durante a guerra.

Calma ai.. Eu não sabia disso! Nesse caso, vou dar uma relida sobre o assunto e posto minhas impressões sobre o caso amanhã.

Abraços




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#15 Mensagem por VICTOR » Ter Mai 10, 2005 11:59 pm

Problemas dos Mirages:

SEM REVO, podiam ficar apenas 5 minutos sobre as zonas de combate, não podiam usar PC, superioridade aérea impraticável

SEM SITUATIONAL AWARENESS, tinham que usar seus próprios radares paleozóicos para tentar saber o que acontecia, ao contrário dos Sea Harriers que recebiam orientações da frota. Se houvesse qualquer tipo de vetoração, os Mirages poderiam até tentar um tiro BVR, mas como o próprio texto diz, haveria risco de derrubarem seus companheiros

MÍSSEIS ANTIGOS

DESEMPENHO INADEQUADO A BAIXA ALTITUDE. Houve casos em que os Mirage II chegaram a saber da presença dos SHARs lá em baixo, mas mantiveram-se a grande altitude, para não enfrentar os ágeis Sea Harriers. Estes, por sua vez, não ganhariam nada subindo para enfrentar os Mirages, já que estes ficariam alguns minutos ali e iriam embora.

:arrow: O Marechal tocou num ponto importante, que é a alta relação empuxo/peso do Sea Harrier. Muitos se enganam pelo fato dele ser subsônico, mas na verdade o Pegasus é muito potente (basta imaginar que ele é capaz de fazer o caça decolar verticalmente SEM PÓS-COMBUSTOR)! Isso, associado à configuração aerodinâmica (pequena envergadura e área alar), faz o Sea Harrier um oponente temível em WVR a baixa altitude.

Então:

AIM-9L + SA superior + melhor desempenho e agilidade a baixa altitude + melhor treinamento + Mirages sem alcance = massacre.




Carlos Eduardo

Podcast F1 Brasil
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