Nota CCOMSEX--Notícias da Brigada Haiti: Operação MACAJOUX
No dia 27 de janeiro de 2004 foi realizada, no bairro de Bel-Air na cidade de Porto Príncipe, Haiti, a Operação MACAJOUX. A Operação constou da realização de intenso patrulhamento com blindados, do atendimento médico-odontológico, da distribuição de cestas básicas em algumas escolas do bairro e da retirada de lixo das principais vias urbanas para melhorar o tráfego naquela que é uma das áreas mais sensíveis da cidade
Durante a Operação MACAJOUX, a Seção de Comunicação Social da Brigada Haiti coordenou, com os órgãos da MINUSTAH, a cobertura a ser realizada pela imprensa local, por representantes de agências internacionais e do jornal "Miami Herald". Na área da Operação foi realizada uma entrevista coletiva com o "Force Comander" da MINUSTAH, General Heleno, que destacou os aspectos operacionais e o apoio da população às ações da Brigada Haiti.
Cabe registrar que o jornal "Miami Herald" publicou, em 28 de janeiro de 2005, uma matéria bastante favorável à atuação da Brigada Haiti, sobre a operação realizada, conforme segue traduzida:
MANTENDO A PAZ
Haitianos abraçam forças da O.N.U. Forças de Paz da ONU adentraram a volátil favela de Bel Air na capital haitiana, Port-au-Prince, para remover o lixo e distribuir alimento e prover assistência médica, um movimento que a população recebeu com alegria.
POR JOE MOZINGO
PORT-AU-PRINCE - A Força de Paz da ONU fez a segurança da favela quarteirão a quarteirão, casa a casa. Atiradores de elite faziam a varredura das vielas do alto dos prédios. Tratores fechavam as valas e removeram carcaças queimadas de veículos que tinham sido usadas como barricadas para afastar as autoridades.
Até quinta-feira, essa parte da vizinhança de BelAir próxima ao palácio presidencial no centro de Porto Príncipe era uma zona proibida - um labirinto tortuoso e sanguinário dominado por gangues armadas leais ao presidente deposto Jean-Baaptiste Aristide.
Mas os 700 soldados da paz da ONU, que chegaram aos montes antes do amanhecer, foram ansiosamente saudados por residentes felizes de serem libertados - pelo menos naquele dia - dos membros das gangues que constantemente os aterrorizam.
"É bom, é bom, é bom", disse Jocelyn Timouche, de 25 anos, vendendo sapatos na calçada. Seis metros à frente, um trator da ONU escavava montes de lama sulfurosa e lixo empilhados na altura de uma pessoa. "A gente não podia nem comer, de tão mal que cheirava".
Mais que tudo, a calorosa recepção refletia a insatisfação crescente dos residentes com os "ratazanas", como os marginais são conhecidos.
"Eles vêm aqui com seus brincos e suas calças frouxas lambendo o chão, obrigando as pessoas a darem dinheiro para eles. Às vezes, fazem as pessoas saírem correndo e ateiam fogo em tudo", disse Timuche.
Ao redor dela, as ruas estavam cheias de curiosos e estudantes e ambulantes se movendo entre as tropas dos capacetes azuis que patrulhavam e limpavam a vizinhança. Alguns até se juntaram com vassouras e pás.
MUITO IMPRESSIONADO
Julius Crespac, de 72, sentado na varanda de casa admirando o pouco instante de paz e cores de aquarelas de praias e telhados de sapê - cenas marcadamente diferentes da distopia urbana na qual seu bairro havia se tornado nos últimos meses.
"Eles estão fazendo um belo trabalho", disse ele sobre os soldados da paz. "Há duas semanas, os ratazanas estavam na rua. Eles estavam atirando. Em ninguém, só atirando."
Hoje não. O fato de ninguém ter aberto fogo contra os soldados da paz foi um sinal de boas-vindas de que eles estão gradualmente sendo aceitos mesmo nas comunidades mais pró-Aristide. Simpatizantes de Aristide, deposto 11 meses atrás, chamavam as tropas da ONU de uma força de ocupação que deveria sair para que Aristide pudesse voltar do exílio na África do Sul.
Liderada pelos brasileiros, a Missão da ONU de Estabilização no Haiti tem, agora, 6003 soldados e 1400 policiais civis e, recentemente, iniciou operações mais ousadas em redutos pró-Aristide como Bel Air.
Embora a multidão estivesse as recepcionando bem, as tropas não correram riscos.
Na escuridão antes das 6 da manhã, grupos de combate brasileiros ressoaram vizinhança adentro em urutus. Tomaram de assalto os topos dos edifícios que os atiradores antes costumavam usar para atirar contra eles e contra a polícia. Velhos estojos deflagrados de metralhadora se empilhavam em um dos terraços.
Com os pontos dominantes em segurança, os soldados se espalharam pelas ruas enlameadas, batendo nas portas, procurando armas, estabelecendo postos em cada esquina.
As ladeiras de Bel Air são mais apavorantes para tropas que as partes violentas de favelas planas como La Saline e Cité Soleil.
LUGAR DE PERIGO
''Bel Air é muito problemática'', disse o Coronel Carlos Barcellos. "As ruas são tão tortuosas e os prédios têm uns 5 andares de altura".
A fumaça de fogueiras de lixo cobria a área como uma mortalha sinistra.
Uma vez segura a área de seis quarteirões, as tropas começaram a montar tendas e a desembarcar tratores para a parte humanitária da operação.
Na Praça da Paz, uma praça pública construída por Aristide, médicos e dentistas da ONU começaram a atender a população. Por volta das 9 da manhã, as pessoas faziam filas às centenas. O Haiti tem um dos piores sistemas de saúde do mundo e as pessoas de áreas pobres como Bel Air raramente vêem médicos. As tropas distribuíram comida a diversas escolas e começaram a transferir as pilhas gigantescas de lixo para os caminhões caçamba.
Lus Porcenar, de 65 anos, viu o esforço deles e calçou seus chinelos cor-de-rosa e pegou sua vassoura. Sem se importar com a lama entre seus dedos, ela meticulosamente varria o lixo para fora da sarjeta para que o trator pudesse recolhê-lo.
"Achei que devia apoiá-los", disse ela, "Eles estão fazendo uma coisa boa para nós".
Ela disse que era a primeira vez em meses que ela saía para vender sua comida na calçada. Sem os soldados da ONU, ela sentia muito medo. Ela aponta para uma pochete contendo seus lucros. "Eu jamais poderia usar isso se eles [os soldados] não estivessem aqui" disse ela."
Fonte: Miami Herald (via Defesa Net)
http://www.defesanet.com.br/panoramahaiti/03fev05/
Original em inglês:
http://www.defesanet.com.br/panoramahaiti/03feb05/
Fotos:
Soldado brasileiro observa de uma posição no telhado dos prédios, procurando pistoleiros que possam atacar os membros da operação.
General. General Augusto Heleno Pereira, comandante da missão de Paz da ONU no Haiti, conversa com os residentes enquanto seus homens limpam a área de Bel Air.
Soldados brasileiros guardam a violenta área de Bel Air na operação de quinta-feira. As tropas limparam o lixo que estava na ruas há meses.
Soldados brasileiros observam as redondezas tentando identificar com antecedência possíveis ataques de pistoleiros aos membros da operação.
Nota Defesanet: Observar arma em posição.
Soldados brasileiros utilizam blindados Urutu na operação em Bel-Air.