AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

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AS ORDENS MILITARES DAS CRUZADAS.

#1 Mensagem por Clermont » Qua Jul 07, 2004 7:51 pm

Sundao escreveu: Poderia falar-nos "suscintamente" ( tá aí a dificuldade ) sobre a ordem dos templários. É algo que me interessa ( talvez a outros foristas ) e que não tenho muito tempo de procurar.


Bem, não sei se isso é sucinto o bastante, mas felizmente já tinha guardado esse texto que achei em outro fórum. Acho que ele deve ser bem informativo.


MONGES DE COMBATE

"Senhor, vim perante Deus e perante vós e os irmãos, e peço-vos e suplico-vos em nome de Deus e de Nossa Senhora que me concedais a vossa companhia e os benefícios da casa, como a um que doravante será sempre servo e escravo."

"Bom irmão, estás a pedir uma grande coisa, pois só vês a casca exterior da nossas religião; vês que temos bons cavalos, bons arneses, boa comida e bebida e boas roupas, e pode parecer-te que viverás aqui folgado. Mas desconheces os fortes mandamentos que existem no interior; pois coisa difícil é que tu, que és senhor de ti mesmo, te tornes servo de outrém. Dificilmente farás algumas coisa que desejes: se quiseres estar na Europa, podes ser enviado para lá dos mares; se desejares estar em Acre, podes ser mandado para Trípoli, ou para Antióquia, ou para a Armênia. Se desejares dormir, podes ser acordado, e se estiveres acordado pode ser-te ordenado que te deites. Bom e querido irmão, suportarás bem todas estas dificuldades?"

"Sim, suportarei tudo que for do agrado de Deus."

"Bom irmão, na nossa companhia não deves procurar mando nem riquezas, honra nem bem-estar do corpo. Deves procurar três coisas: renunciar e rejeitar os pecados deste mundo; fazer o serviço de Nosso Senhor, e ser pobre e penitente. Juras perante Deus e Nossa Senhora que doravante, todos os dias da tua vida, obedecerás ao mestre do Templo e a quaisquer ordens que vierem de quem estiver acima de ti? Que viverás em castidade, sem bens pessoais? Que respeitarás e defenderás os bons costumes da casa? Que ajudarás, na medida das tuas possibilidades, a conquistar a Terra Santa de Jerusalém? Que nunca deixarás esta Ordem, nem pela força nem pela fraqueza, nem em piores tempos nem em melhores?"

"Em nome de Deus, de Nossa Senhora, de São Pedro e do nosso pai, o papa, concedemos-te, ao teu pai, à tua mãe e a todos os da tua família que desejares, os benefícios da casa, tal como têm sido desde o princípio e serão até o fim. E tu, tu concede-nos a nós todos os benefícios que tens e terás; e nós prometemos-te pão, água, fadigas, trabalho e a pobre veste da casa."

(Juramento dos Templários)


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A primitiva Igreja cristã condenava a guerra por princípio, considerando-a um pecado não importando em que nível ou por qual motivo ela fosse travada. O imperador romano Constantino I, provocou um cisma, no ano de 313, ao estabelecer seu édito de tolerância do cristianismo em todo o império, pois a sobrevivência deste baseava-se na guerra. O Império Romano do Ocidente aceitou a guerra como justificável pela defesa da fé. A adoção de santos militares, tais como São Jorge ilustra tal fato. Por outro lado, a Igreja romana no Ocidente permaneceu firme em sua crença de que toda a guerra era um mal, embora ao tempo de Santo Agostinho (354-430) tenha sido aceito que um lado poderia ter uma “causa justa” para a guerra, e soldados como indivíduos tomando parte em tais guerras poderiam ser absolvidos.

Ao tempo do Papa Gregório, o Grande (590-604), o Ocidente adotou a interessante idéia de que heréticos e infiéis poderiam legitimamente ser convertidos ao cristianismo pela força; mas não foi até à época das Guerras Carolíngias contra os saxões na segunda metade do século VIII que os líderes cristãos foram capazes de transformar guerras políticas em guerras religiosas sob tal disfarce. No início do século VIII, a Igreja já acumulava grandes riquezas, quando a eclosão das invasões sarracenas se mostrou uma séria ameaça a tais posses - em verdade à todo o Cristianismo. Agora a Igreja romana podia apoiar a guerra na defesa da fé; e doravante guerra e Igreja andaram de mãos dadas, com a Missa sendo celebrada antes das batalhas e relíquias de santos passadas em revista pelas tropas para inspirá-las no “trabalho de Deus”.

Esta “meia-volta” deveu-se em parte ao antigo código guerreiro de comportamento que persistiu na Europa cristã. Sob este código as maiores virtudes de um homem eram a força física, habilidade com as armas, bravura, iniciativa, lealdade para com os chefes e solidariedade dentro da tribo. Os ideais da primitiva Igreja cristã eram diametralmente opostos a tudo isso. Entretanto, ao canalizar o espírito marcial para o serviço de Deus, o brutal guerreiro do passado foi transformado num guardião da sociedade. A guerra era aceitável se fosse socialmente útil, e o código guerreiro foi amarrado para criar um novo espírito cavalheiresco pelo qual a classe guerreira de elite, agora a nobreza ou classe governante, se tornasse a defensora da fé, protetora dos pobres e dos fracos. Este novo Miles Christianus (militar cristão) deveria se tornar um herói romântico para rivalizar com os heróis das velhas sagas pagãs; um membro de uma confraria internacional pertencente a uma única classe, compartilhando códigos e ideais.

Em meados do século XI, o papa Leão IX (1049-1054) invocava a guerra contra os invasores normandos na Itália meridional como meio de “libertar a Cristandade”. As bênçãos e estandartes papais foram atribuídos às expedições contra os muçulmanos na Espanha em 1063, e para a invasão da Inglaterra “herética” em 1066. Todas essas campanhas foram chamadas de “guerras santas”, mas eram na verdade lutas de natureza política. E quando, ao tempo do Papa Gregório VII (1073-1085), este convocava exércitos oferecendo recompensas tanto financeiras como espirituais, os papas tinham se tornado recrutadores de soldados e chefes de guerra.

Quando Urbano II convocou uma guerra santa ou “Cruzada” para salvar a igreja oriental e os cristãos de Jerusalém, a resposta foi avassaladora. Lutar pela fé havia se tornado parte do código cavalheiresco do guerreiro, e cada cavaleiro que se desse ao respeito se sentia obrigado a sair em cruzada - se não imediatamente, então em algum momento de sua vida. Desta forma as duas grandes ideologias da Europa medieval - a Cavalaria e a Igreja - se fundiram em uma única na Terra Santa. E lá, desta estranha união, nasceu, talvez a mais poderosa expressão do espírito dominante dos Tempos Medievais: o “monge-guerreiro” das ordens militares - termo que teria sido, em tempos não tão afastados, contraditório em si mesmo.

Depois que Jerusalém foi libertada (ou invadida, dependendo do ponto de vista...) em 1099, a maioria dos cruzados retornou à Europa e apenas uns 300 cavaleiros permaneceram para defender o recém-conquistado reino. Existiam forças menores em Edessa e Antióquia, mas aí os novos príncipes estavam ocupados consolidando e expandindo seus novos domínios. O problema era como defender o reino com forças tão escassas.

Bem cedo no século XII uma resposta parcial foi fornecida por pequenos grupos de cruzados que, por devoção religiosa, voluntariamente dedicavam-se a proteger os peregrinos nas rotas para a Terra Santa. Em pouco tempo a igreja reconheceu o valor destes homens e aceitou-os como parte de sua própria instituição, monges-soldados de nascimento nobre que cumpriam os três votos monásticos de Pobreza, Castidade e Obediência e que usavam hábitos religiosos na capela, mas que também cavalgavam na batalha em cotas de malha (armadura feita de elos metálicos) com os mantos ou túnicas de suas ordens.

Na verdade, desde o fim das legiões romanas, as ordens militares constituíram-se nos primeiros corpos de combate profissionais a surgir na Europa. Entenda-se o termo “profissionais” como homens dedicados, exclusivamente, a uma ocupação. Tal não ocorria, por exemplo, com os senhores da guerra feudais da época. Estes, eram “senhores” devido a suas habilidades militares. Estas eram, portanto, um meio. Quando não estava em combate, o senhor da guerra gastava o seu tempo com um mínimo de treino e um máximo de vida no castelo; administrando suas terras; participando em justas; caçando; jogando ou cortejando “miladies”. Os monges-soldados eram terminantemente proibidos de participar em justas; caçar ou jogar.

Certa feita, durante uma cruzada no Egito, os muçulmanos receberam a informação de que um “reforço” de prostitutas e bebida, havia chegado ao acampamento dos cruzados. Ao anoitecer, quando os cavaleiros laicos estavam “ocupados”, uma força muçulmana aproximou-se, sorrateiramente, do acampamento. Tudo indicava que eles obteriam total surpresa, e uma vitória decisiva. Porém, para sua infelicidade, o setor que eles escolheram para irromper no grande campo dos cruzados, era aquele guarnecido pelas ordens militares. Seus cavaleiros, naquele momento, estavam ocupados em suas orações e plenamente aptos a reagir. Desta forma, os muçulmanos, em vez de surpreender, foram surpreendidos e totalmente desbaratados.

Isto prova que, de vez em quando, a castidade tem suas recompensas...

Quando não estavam aperfeiçoando suas técnicas de combate ou na capela, os freires exerciam trabalhos manuais. Principalmente, a construção e reparo de suas enormes fortalezas. Esta era outra característica que os mantinha aparte dos seus contemporâneos, os cavaleiros laicos. Um senhor da guerra feudal jamais usava as mãos para outra atividade além do uso de armas. Outra característica que diferenciava os exércitos feudais laicos dos pertencentes às ordens militares, encontra-se num dos mandamentos monásticos destas últimas: obediência. Os senhores da guerra eram, quase sempre, indisciplinados. Apenas líderes excepcionais, como Ricardo Coração-de-Leão podiam fazer-se obedecer. Inclusive nos momentos de maior perigo, quando muitos nobres tendiam a pensar mais em salvar suas próprias linhagens do que manter-se firmes no campo de luta.

Por volta de 1140, uma destas ordens, a dos Templários, desempenhava uma parte importante na defesa militar do Reino de Jerusalém, e em meados do século, contingentes dos Templários e dos Hospitalários formavam uma grande parte do exército real em campanha. Recrutas e dinheiro fluíam para estas duas grandes ordens e, no final do século, elas eram as principais proprietárias de terra no “Outremer”, seus cavaleiros eram encarregados com a guarda dos maiores e mais importantes castelos do território, e a rede de comunicações da Terra Santa era policiada por suas patrulhas. No início do século XIII seus cavaleiros, sargentos (homens que combatiam a cavalo, usando cota de malha, porém sem origem nobre) e mercenários contratados formavam aproximadamente metade de qualquer exército de campanha.

O número preciso de soldados fornecidos pelas ordens militares é desconhecido. Para a Campanha do Egito de 1158, os Hospitalários contribuíram com 500 cavaleiros. Cada cavaleiro era, normalmente, acompanhado por dois escudeiros que eram não-combatentes. Entretanto, poderia haver pelos menos um número igual de sargentos e turcopoles (levas de combatentes de origem local, muitos deles muçulmanos convertidos ou de religiões cristãs orientais), assim o total de 2 mil combatentes seria razoável. Os Templários concordaram em fornecer 500 cavaleiros e 500 turcopoles para apoiar o Rei Amalrico (1163-1174) em troca de doações de terra. Por volta de meados do século XIII, os Templários e os Hospitalários podiam reunir, apenas, por volta de 200 e 300 cavaleiros cada, embora um pequeno número tenha permanecido nos vários castelos devendo ser adicionado ao total.



OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS.

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A Ordem do Templo de Salomão - originalmente chamada de "Os Soldados-Pobres de Cristo" - foi a primeira das ordens militares, formada por volta de 1118 por sete cavaleiros que juraram proteger peregrinos e observar os votos monásticos. A ordem foi reconhecida pelo Papa em 1128 como um ramo da Ordem Cisterciense e em 1147 travou sua primeira grande ação contra os muçulmanos.

Em 1145, os Cavaleiros Templários receberam permissão para usar o manto branco com capuz dos Cistercienses; este era substituído por uma capa branca em serviço ativo e a partir do tempo da Segunda Cruzada, uma cruz vermelha era usada no peito esquerdo e nos escudos. Os sargentos usavam manto ou capa marrons. Os pendões das lanças também eram brancos, com a cruz da Ordem. O estandarte era branco e negro.

A reputação da Ordem e sua força em combate cresciam a passos largos. Em novembro de 1177, 80 templários juntamente com outros 300 cavaleiros laicos colidiram com o exército de Saladino numa única e esmagadora carga de cavalaria liderada pelo mestre do Templo. Os muçulmanos foram completamente desbaratados, embora o mestre tenha sido capturado, morrendo na prisão por se haver negado a pagar resgate.

Seu sucessor, Geraldo de Ridefort, tornou-se notório por sua temeridade militar e intrigas políticas, ainda que a primeira crítica possa ser desculpável nos termos de que ele apenas obedecia seus votos. Em 1187, com apenas 90 templários e 40 outros cavaleiros, ele carregou uma força muçulmana de aproximadamente 7000 cavaleiros. Apenas ele e dois outros templários conseguiram abrir caminho e escapar. Pouco tempo depois, na Batalha de Hattin, ele dividiu o exército cristão e levou sua cavalaria a derrota total.

Apesar destes atos insensatos, os Templários juntamente com os Cavaleiros Hospitalários constituíam as melhores forças de combate na Terra Santa; na batalha eles sempre tomavam a honrosa posição na ala direita, com os Hospitalários na esquerda.

Durante o século XIII a riqueza da Ordem continuou a crescer, mas sua força militar começou a declinar na Terra Santa - em parte porque eram encontrados menos noviços desejosos de morrer pela fé, em parte devido à crescente rivalidade com as outras ordens militares recentemente criadas, dissipando suas energias e mesmo levando ordem a combater ordem.

Em 1243, Jerusalém foi perdida pela segunda vez. No ano seguinte, os cristãos foram decisivamente derrotados em Gaza, na Batalha de La Forbie, e dos mais de 300 templários presentes apenas 36 sobreviveram. Em 1250 cerca de 200 templários morreram nas ruas de Mansurah, no Egito. Nesta ocasião o mestre do Templo havia prevenido o exército contra uma emboscada, mas viu seus conselhos serem menosprezados pelo comandante laico e irmão do Rei de França (além de grande idiota), Roberto de Artois. Por questão de honra, a Ordem se viu obrigada a seguir os cruzados para a morte certa...

Ao iniciar-se a década de 1290, apenas a cidadela marítima de São João do Acre permanecia em mãos cristãs. Aí, a 6 de abril de 1291, uma última e galante batalha - ainda que fútil - foi travada contra o avassalador poder das forças islâmicas reunidas.

Depois de seis semanas de investidas por máquinas de cerco, uma brecha foi aberta na muralha externa. A brecha foi assaltada pelos Mamelucos (dinastia muçulmana de soldados-escravos que tomaram o poder das mãos de seus senhores no Egito), e apesar de uma magnífica resistência os cristãos foram eventualmente empurrados para a linha interna de muralhas. O assalto final veio três dias mais tarde.

O mestre dos Templários morreu combatendo por entre o troar de edifícios em chamas e desabando, mas os sobreviventes da Ordem conseguiram retirar-se para seu castelo, o Templo, no sul da cidade e aí fizeram uma última resistência sob o comando de seu marechal (o terceiro na linha de comando das ordens militares, abaixo do mestre e do senescal. Era responsável pelo planejamento militar). Termos de rendição foram ofertados, mas as conversações foram rompidas quando um grupo de muçulmanos que havia entrado no Templo começou a saquear civis abrigados lá, e os templários - em obediência a seus votos - os mataram. Uma segunda oferta fracassou quando o marechal, que havia saído do castelo para negociar, foi capturado à traição e decapitado. Só havia uma alternativa, e cada templário ainda capaz de lutar se preparou para ela.

Os muçulmanos atacaram o castelo com armas incendiárias, catapultas e minas. Depois de uma semana, a muralha externa foi derrubada e 2 mil mamelucos avançaram através da brecha. Enquanto o corpo-a-corpo final era travado, as fundações cederam sob o peso da massa de homens de armadura combatendo; o Templo desabou, sepultando os últimos dos templários e seus inimigos sob uma montanha de escombros. A Terra Santa estava perdida para sempre, apesar das mortes em combate de mais de 20 mil templários, cavaleiros e sargentos, desde a fundação da Ordem.



OS CAVALEIROS HOSPITALÁRIOS.

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A Ordem do Hospital de São João de Jerusalém foi originalmente criada em 1070 tendo uma função puramente hospitalar e hospitaleira para cuidar e abrigar os peregrinos na Terra Santa, mas no fim do primeiro quarto do século XII começou a se desenvolver alguma forma de organização militar, possivelmente apenas um condestável controlando mercenários contratados para defender as propriedades da Ordem. Entre 1136 e 1142, a Ordem recebeu como doações um certo número de fortalezas-chave e, por volta de 1157, estava engajada em ações de guerra, não apenas defendendo suas possessões. Em 1168 ela foi capaz de enviar 500 cavaleiros para a invasão do Egito, o que sugere que por meados do século ela cumpria uma tarefa tanto militar como hospitaleira.

O Papa concedeu-lhes um estandarte vermelho com uma cruz branca em 1130; entre 1120 e 1160 foi estabelecido que uma cruz branca devia ser usada com o manto negro da Ordem de Santo Agostinho, os Agostinianos, dos quais os Hospitalários eram um ramo. A cruz provavelmente era do tipo latino até meados do século XIII (posteriormente foi alterada para o característico formato com oito pontas, mais conhecida como Cruz de Malta). Em 1248, o manto foi substituído por uma túnica negra com a cruz branca no peito, mas em 1259 esta foi mudada para uma túnica vermelha.

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No início do século XIII, os Hospitalários rivalizavam com os Templários como potência militar, possuindo, talvez, mais de 600 irmãos em armas. Choques entre as duas ordens tornaram-se cada vez mais freqüentes. Em 1216, Antióquia, controlada pela Ordem do Templo, foi capturada pelos Hospitalários. Cada vez mais as manobras políticas e diplomáticas das duas ordens eram dirigidas menos contra os infiéis do que contra sua rival.

O declínio da Ordem começou com a perda de Jerusalém em 1243, e ganhou velocidade com o final do século. Em Gaza, na Batalha de La Forbie mais de 300 hospitalários juntamente com o mestre do Hospital foram capturados. Em 1271, a maior de todas as fortalezas da Cristandade, o Krak des Chevaliers, pertencente à Ordem, caiu - levada à rendição por falta de homens para defendê-la. Em 1291 foi a vez de Acre, chamada São João de Acre, devido à magnífica igreja do Hospital lá existente. Depois de oito semanas de heróica resistência Acre caiu, e os Hospitalários morreram até o último homem, combatendo lado-a-lado com seus antigos rivais, os Templários.

Um ano depois da queda de Acre, os Hospitalários se estabeleceram na ilha de Chipre. Incapaz de crescer ou retomar seu antigo poder militar, a Ordem começou a perscrutar o futuro. Ao contrário dos Templários que haviam recorrido às finanças, os Hospitalários perceberam que, a partir da experiência obtida com suas pequenas expedições anfíbias anteriores contra os muçulmanos, uma alternativa militar ainda era viável. Para sobreviver eles precisavam deixar de ser uma força terrestre para se transformarem numa força naval.

Buscando expandir-se, e aproveitando-se, como desculpa, do fato de alguns muçulmanos terem se estabelecido na ilha de Rodes controlada pelos bizantinos, a Ordem obteve permissão do Papa para expulsar os intrusos infiéis em 1306. Livre das divergências políticas internas que tanto empecilhos causaram à Ordem desde a formação do seu ramo militar e, agindo num teatro de operações onde ela era o único grande poder, a Ordem dos Hospitalários (agora conhecida como Cavaleiros de Rodes) dedicou-se a destruição dos corsários muçulmanos que dominavam o Mediterrâneo oriental.

Quando Constantinopla caiu em 1453, Rodes tornou-se o último posto avançado da Cristandade no Oriente. Após uma série de ataques em 1480, foi lançado o ataque final contra a fortaleza dos Hospitalários pelo sultão Solimão, o Magnífico, no ano de 1522. O Mestre do Hospital, Villiers de L’Isle Adam tinha 600 hospitalários e cerca de 4500 auxiliares locais contra um exército turco de uns 100 mil homens. No entanto, Rodes era uma das maiores fortalezas do mundo, equipada com excelentes baterias de artilharia, e obrigou Solimão a dois meses de operações de cerco até efetuar uma brecha no ponto mais fraco das muralhas. Os custosos assaltos foram substituídos por uma guerra de atrito, com a ilha sendo isolada de reforços e suprimentos por um bloqueio completo. Por volta de 20 de dezembro de 1522, os Hospitalários foram confrontados com duas alternativas: extermínio total, ou rendição. Os termos de Solimão eram generosos, e foram aceitos. Depois de 200 anos, a Ordem do Hospital estava de novo sem um teto.

O Sacro Imperador Romano-Germânico e Rei da Espanha, Carlos V reassentou a Ordem na estratégica ilha de Malta. Os Hospitalários, agora conhecidos pelo nome de Cavaleiros de Malta, converteram a ilha numa fortaleza ainda mais poderosa que seus antigos redutos. Doravante, a Ordem dedicou-se a combater os corsários da costa da Barbária, localizada na Argélia. Os corsários estavam dificultando seriamente o comércio em todo o Mediterrâneo, e mesmo levando a cabo incursões na Itália e na Espanha; porém, 200 anos de combates nas águas do Mediterrâneo criaram uma força naval hospitalária que era mais do que páreo para os corsários. Em breve, os nomes dos capitães do Hospital eram tão temidos entre os muçulmanos como os seus capitães corsários haviam sido entre os cristãos.

Em 1565, Solimão, agora envelhecido, chegou a Malta com uma frota de 180 navios e cerca de 30 mil homens. O grande cerco de Malta ia começar. Reforçado por cavaleiros de cada comendadoria hospitalária da Europa, os Cavaleiros de Malta se prepararam em suas espaçosas e bem supridas fortalezas para resistir ao último e mais famoso dos cercos de sua longa história. Haviam cerca de 500 cavaleiros da Ordem na ilha, apoiados por uma leva maltesa de uns 4 mil homens e cerca de 4500 outros soldados, incluindo mercenários. Outros 80 cavaleiros e 600 soldados conseguiram atravessar o bloqueio mais tarde, embora a força original de Solimão tenha dobrado durante o cerco.

O ataque inicial foi feito no fim de maio contra o Forte de São Telmo, que guardava a entrada para o Grande Porto. Após um mês de feroz combate, o forte finalmente caiu; os sobreviventes da heróica guarnição foram massacrados, e seus corpos mutilados foram postos a flutuar rumo ao porto. Os Hospitalários retaliaram executando os prisioneiros que mantinham, e arremessando suas cabeças no campo inimigo. A partir daí, o cerco tornou-se uma amarga luta até a morte, sem que nenhum dos lados desse quartel.

Em 15 de julho de 1565 um assalto geral foi lançado por terra e mar. Quase teve sucesso. Uma brecha foi criada por minagem em 7 de agosto, e novamente os turcos chegaram perto da vitória. Entretanto, os Hospitalários conseguiram reparar as brechas, e todos os assaltos foram repelidos. Em 7 de setembro, um exército espanhol de socorro, chegou; o desmoralizado exército turco reembarcou e se fez ao mar sem ser molestado, tendo sofrido cerda de 24 mil baixas. Os Hospitalários perderam 240 cavaleiros e cerca de 6 mil outros soldados.



OS CAVALEIROS TEUTÔNICOS.

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A terceira grande ordem militar na Terra Santa era a Ordem do Hospital de Santa Maria dos Alemães, conhecida como Ordem dos Cavaleiros Teutônicos. Fundada como ordem hospitalar e seguindo a Regra Cisterciense durante o cerco de Acre em 1189-1190. A ordem foi reconhecida pelo Papa em 1191 e em 1198 tornou-se uma ordem militar. Como os Templários e os Hospitalários já estavam firmemente estabelecidos na Síria, os Cavaleiros Teutônicos concentraram-se nas regiões de Antióquia e Trípoli. Porém, em 1210, a maioria de seus cavaleiros juntamente com seu Hochmeister (Grão-Mestre) foram mortos em combate. Um novo quartel-general foi estabelecido perto de Acre, mas a Ordem Teutônica sempre foi sobrepujada pelas outras duas ordens na Terra Santa e sua verdadeira grandeza foi fundada na Europa setentrional.

Os Cavaleiros Teutônicos usavam uma capa branca, ou túnica, ostentando uma cruz latina negra a partir de 1191 (a mesma que se vê nos tanques e aviões alemães e na Cruz de Ferro); os sargentos usavam uma capa ou túnica cinzas ostentando uma cruz truncada, isto é, sem a seção vertical acima do braços horizontais (como a letra “T”).

Em 1230, vinte cavaleiros e 200 sargentos foram enviados à Prússia para converter as tribos pagãs ao Cristianismo e por volta de 1237 haviam conseguido reduzir toda a resistência e iniciado a colonização da região. A Ordem então moveu-se para Livônia.

Os anos vindouros apresentaram uma série de grandes derrotas para os Teutônicos. Em 1241, eles sofreram uma dura derrota, nas mãos dos mongóis que haviam realizado uma incursão em larga escala contra a Europa oriental. Desta Batalha de Liegnitz, também participou um pequeno contingente de cavaleiros da Ordem dos Templários.

Em 1242, os Teutônicos tentaram aumentar sua província da Livônia as custas de outros cristãos - os russos da Igreja Oriental - e uma força expedicionária cruzou o rio Narva rumo a Novgorod. A Ordem foi confrontada por um exército russo liderado pelo Príncipe Alexandre Nevski, sendo forçada a combater por sobre o congelado Lago Peipus. O gelo rompeu-se sob o peso das armaduras e montarias dos Cavaleiros Teutônicos, e a maioria morreu afogada, ou nas mãos da cavalaria ligeira russa. Esta derrota, que efetivamente deteve a expansão da Ordem rumo ao norte, foi imortalizada no clássico filme de Eisenstein de 1938, "Alexandre Nevski".

Nesse mesmo ano, as tribos prussas se rebelaram e uma Cruzada de 60 mil alemães e boêmios foi lançada para salvar a Ordem e suas conquistas.

Enquanto isso, na Terra Santa, o castelo teutônico de Starkenberg havia sido perdido em 1272, e com a queda de Acre, os Cavaleiros Teutônicos moveram seu quartel-general para Veneza. Em setembro de 1309, o Hochmeister e outros líderes da Ordem entraram em Marienburg (atual Polônia) que se tornou o seu quartel-general.

Nas décadas que se seguiram, a expansão e grande poder da Ordem Teutônica criaram inimigos invejosos. As duas grandes monarquias católicas da Europa oriental, Polônia e Hungria, aliaram-se numa tentativa de conter a influência dos Teutônicos. Jagellon (Ladislau I) rei da Lituânia, que se havia convertido ao catolicismo, mobilizou um exército de mais de 10 mil homens, incluindo todos os inimigos dos Cavaleiros Teutônicos - poloneses, lituanos, russos, boêmios (estes sob o comando de João Ziska, futuro líder da Revolta dos Hussitas), húngaros e até mesmo mongóis e cossacos - e invadiu os territórios da Ordem em julho de 1410. O Hochmeister decidiu contragolpear o mais rápido possível, sem esperar pelo reforço dos irmãos da Livônia, e imediatamente marchou na direção do inimigo.

Os dois exércitos encontraram-se nas colinas arborizadas de Tannenberg, ou Grunwald. O exército de Jagellon acampou no interior da floresta, desta forma negando à Ordem o uso de sua mais poderosa arma - a carga montada de seus cavaleiros couraçados. O Hochmeister, portanto, desdobrou suas tropas para um engajamento defensivo e esperou pelo ataque inimigo, confiando em seus numerosos besteiros e arqueiros para contê-lo.

Quando o exército aliado começou o ataque, os besteiros e arqueiros da Ordem conseguiram pôr em fuga os lituanos numa ala, mas o centro e a outra ala avançaram, e um grande combate teve início. Os triunfantes perseguidores dos lituanos foram detidos pela cavalaria russa e uma reserva polonesa, e durante algum tempo, nenhum dos lados conseguiu vantagem. Então, o Hochmeister liderou sua reserva remanescente numa tentativa de perfurar a linha polonesa. A manobra fracassou; ele e os outros líderes da Ordem foram cercados e mortos. Após uma breve resistência o resto do exército dos Teutônicos rompeu as fileiras e fugiu, deixando cerca de 200 dos cavaleiros da Ordem mortos no campo de batalha. Muitos outros foram capturados, submetidos à tortura e, posteriormente, decapitados.

Outra ordem puramente alemã, fundada em 1204 pelo bispo de Riga para proteger os colonos alemães desta cidade, foi a dos Cavaleiros Porta-Gládio (ou Irmãos da Espada, Schwertbrüder em alemão). Em 1206 esta ordem possuía cerca de 50 cavaleiros, mas um terço destes foi morto entre 1212 e 1223 e mais da metade da força de combate dos Porta-Gládio tombou diante dos lituanos pagãos, na Batalha de Siaulai, em 1237. Os sobreviventes foram reunidos à Ordem Teutônica na Livônia, embora permanecendo independentes do Grão-Mestre teutônico.



AS ORDENS MILITARES IBÉRICAS.

Na península ibérica os exércitos dos vários reinos espanhóis e portugueses, sempre carentes de potencial humano para controlar as crescentes faixas de terra reconquistadas aos mouros, foram reforçados pelas ordens militares. Originariamente os Templários e os Hospitalários receberam terras e castelos para guarnecerem em nome dos reis, mas nenhuma destas ordens estava disposta a se engajar profundamente na península ibérica. Assim, entre 1160 e 1170, para tomarem os lugares delas, várias ordens militares luso-espanholas foram criadas. A maioria destas ordens locais se originou de pequenos grupos ou associações de cavaleiros que guarneciam fortalezas de fronteira. As maiores entre tais ordens foram a dos Cavaleiros de Santiago e a dos Cavaleiros de Calatrava.

A Ordem de Calatrava foi a primeira ordem espanhola a ser formada, em 1157, quando um grupo de monges Cistercienses e soldados de Navarra concordaram em manter o estratégico castelo de Calatrava (guardando o caminho para Toledo), que havia sido abandonado pelos Templários. No fim de 1158, estes homens haviam limpado de incursores mouros toda a área circunvizinha. Os monges retornaram à sua abadia em 1164 e, no mesmo ano, a seção militar remanescente no castelo foi reconhecida como ordem militar pelo Papa. Os cavaleiros originalmente usavam o manto branco com capuz dos Cistercienses mas uma túnica foi logo adotada para serviço ativo. Nenhuma insígnia foi criada, porém, as armaduras dos cavaleiros eram sempre pintadas de negro.

Os Cavaleiros de Santiago originaram-se de um grupo de treze cavaleiros que protegiam peregrinos no caminho para o santuário de Santiago de Compostella durante o período de 1158-1164. Em 1175, os cavaleiros foram reconhecidos como ordem militar pelo Papa. Eles usavam um hábito branco com uma cruz vermelha no peito esquerdo; o parte de baixo da cruz assemelhava-se a uma lâmina de espada. O ramo português, da Ordem, São Tiago, também usava um hábito branco e uma cruz vermelha, mas a parte de baixo do braço vertical desta cruz terminava num formato de flor-de-lis.

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Em 1162 existia um pequeno grupo de cavaleiros portugueses conhecidos como Irmãos de Santa Maria. Em 1170 eles adotaram a Regra beneditina. Depois das ofensivas mouras contra Portugal em 1190, a Ordem construiu muitos postos ao norte de Tagus e em 1211 adquiriu a cidade de Avis, tornando-se conhecida como Ordem Militar dos Cavaleiros de São Bento de Avis. Os Cavaleiros de Avis provavelmente usavam uma capa ou túnica negras, seguidores que eram da Regra beneditina. No início do século XIV, Alfonso IV obteve permissão papal para que a Ordem usasse uma cruz verde.

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Por volta de 1166, outro grupo de cavaleiros, conhecidos como Cavaleiros de São Juliano, estava operando em Castela e na fronteira de Leão. Eles foram reconhecidos como ordem militar pelo Papa em 1183. Por volta de 1264, a Ordem já contava com mais de 600 cavaleiros e 2 mil sargentos. Eles usavam capa ou túnica brancas.

A Ordem dos Cavaleiros de Nossa Senhora de Montjoie foi criada por um antigo cavaleiro da Ordem de Santiago por volta de 1176 na Terra Santa, e foi reconhecida pelo Papa em 1180. Um pequeno destacamento combateu na Batalha de Hattin, depois do que a maior parte de Ordem se retirou para Aragão e foi incorporada à Ordem de Calatrava em 1221. Os cavaleiros usavam um hábito branco com uma cruz branca e vermelha, cuja forma é desconhecida.

A dissolução dos Templários em 1312, levou o Rei Dom Dinis de Portugal a criar em 1318, uma ordem que encampasse as enormes propriedades do Templo em Portugal, impedindo que os Hospitalários se tornassem poderosos demais em seu reino. Em 1321, a nova ordem conhecida como os Cavaleiros de Cristo tinha 69 cavaleiros, nove capelães e seis sargentos. Henrique, o Navegador tornou-se Mestre de Cristo no início do século XV; durante seu mestrado, a Ordem empregou os mais eminentes geógrafos da época, e seus navios empreendiam expedições que eram em parte, missionárias e em parte, comerciais. Por volta de 1425, a Ordem havia colonizado Madeira e as Canárias; em 1445 estava estabelecida nos Açores, e levando a cabo uma sistemática exploração da costa ocidental da África. Vasco da Gama era cavaleiro da Ordem de Cristo quando, em 1497, fez vela para a Índia através do Cabo da Boa Esperança.

Os cavaleiros usavam um manto ou túnica brancos com uma cruz vermelha no interior da qual havia outra cruz branca.


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Extraído de WISE, Terence. - The Knighst of Christ, Osprey, 1997.




Editado pela última vez por Clermont em Sex Fev 17, 2006 11:30 pm, em um total de 1 vez.
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#2 Mensagem por Clermont » Sáb Jul 17, 2004 11:41 pm

A CRUZADA DO DESCOBRIMENTO - A chegada de Cabral ao Brasil foi parte de uma cruzada conduzida pela Ordem de Cristo, a organização que herdou a mística dos templários.

POR JORGE CALDEIRA

Super Interessante

Ano:12 – nº 2 – fevereiro 1998


Domingo, 8 de março de 1500, Lisboa. Terminada a missa campal, o rei d. Manuel I sobe ao altar, montado no cais da Torre de Belém, toma a bandeira da Ordem de Cristo e a entrega a Pedro Álvares Cabral. O capitão vai içá-la na principal nave da frota que partirá daí a pouco para a índia. Era uma esquadra respeitável, a maior já montada em Portugal. com treze navios e 1 500 homens. Além", do tamanho, tinha outro detalhe íncomum. O comandante não possuía a menor experiência como navegador. Cabral só estava, no comando da esquadra porque era cavaleiro da Ordem de Cristo e, como tal, tinha duas missões: criar uma feitoria na índia e, no caminho, tomar posse de uma terra já conhecida, o Brasil.

A presença de Cabral à frente do empreendimento era indispensável, porque só a Ordem de Cristo, uma companhia religiosa-militar autônoma do Estado e herdeira da misteriosa Ordem dos templários , tinha autorização papal para ocupar - tal como nas cruzadas - os territórios tomados dos infiéis (no caso brasileiro, os índios). No dia 26 de abril de 1500, quatro dias depois de avistar a costa brasileira, o cavaleiro Pedro Álvares Cabral cumpriu a primeira parte da sua tarefa. Levantou onde hoje é Porto Seguro a bandeira da Ordem e mandou rezar a primeira missa no novo território. O futuro país estava sendo formalmente incorporado às propriedades da organização. O escrivão Pero Vaz de Caminha, que reparava em tudo, escreveu pane o rei sobre a solenidade: "Ali estava com o capitão a bandeira da Ordem de Cristo, com a qual saíra de Belém, e que sempre esteve alta." Para o monarca português, a primazia da Ordem era conveniente. É que atrás das descobertas dos novos cruzados vinham as riquezas que faziam a grandeza e a glória, do reino de Portugal. Nas próximas páginas, você vai entender como essa organização transformou a pequena, nação ibérica em um império espalhado pelos quatro cantos do planeta.


Uma idéia delirante leva os portugueses ao mar

No começo do século XV, Portugal era um reino pobre. A riqueza estava na Itália, na Alemanha e em Flandres (hoje parte da Bélgica e da Holanda). Então (como foi que os italianos encabeçaram a expansão européias ? A rica Ordem de Cristo foi o seu trunfo decisivo. Fundada por franceses em Jerusalém em 1119, com o nome de Ordem dos Templários, acabou transferindo-se para Portugal em 1307, época em que o rei da França desencadeou contra ela uma das mais sanguinárias perseguições da História. Quando o infante d. Henrique, terceiro filho do rei d. João 1, tornou-se grão-mestre da Ordem, em 1416, a organização encontrou o respaldo para colocar em prática um antigo e ousado projeto: circunavegar a África e chegar à índia, ligando o Ocidente ao Oriente sem a intermediação dos muçulmanos, que então controlavam os caminhos por terra entre os dois cantos do mundo.

No momento em que d. Henrique, à frente da Ordem de Cristo, resolveu dar a volta no continente africano, a idéia parecia uma doidice. Havia pouca tecnologia para navegar em oceano aberto (o Mediterrâneo é um mar fechado) e nenhum conhecimento sobre como se orientar no Hemisfério Sul, porque só o céu do norte estava mapeado ainda: acreditava-se que, ao sul, os mares estavam cheios de monstros terríveis. De onde teria vindo então a informação de que era possível encontrar um novo caminho para o Oriente? Possivelmente dos templários, que durante as cruzadas, além de se especializarem no transporte marítimo de peregrinos para a Terra Santa, mantiveram intenso contato com viajantes de toda a Ásia.


Aventura religiosa

A proposta visionária recebeu o aval do papa Martinho V, em 1418, na bula Sane Charissimus, que deu caráter de cruzada ao empreendimento. As terras tomadas dos infiéis passariam à Ordem de Cristo, que teria sobre elas tanto o poder temporal, de administração civil, quanto o espiritual, isto é, o controle religioso e a cobrança de impostos eclesiásticos.

Entre o lançamento oficial da empreitada e a conquista do objetivo último decorreria um longo tempo, precisamente oitenta anos. Apenas em 1498, o cavaleiro Vasco da Gama conseguiria chegar à índia. Morto em 1460, d. Heruique não assistiu ao triunfo da sua cruzada. Mas chegou a ver como, no rastro dela, Portugal ia se tornando a maior potência marítima da Terra.


A diplomacia do Príncipe navegador.

A Escola de Sagres foi uma lenda criada por poetas românticos portugueses do século XIX. Na verdade, foi do porto de Lagos, no sudoeste de Portugal, que a Ordem de Cristo, liderada por d. Henríque, deflagrou a expansão marítima do século XV.

D. Henrique sagrou-se cavaleiro em 1415, na batalha de Ceuta, no Marrocos, em que os portugueses expulsaram os muçulmanos da cidade. No ano seguinte, o príncipe virou comandante dá Ordem. Como a sucessão do trono português caberia a seu irmão mais velho, d. Duarte, Henrique assumiu o cargo de governador de Algarve. Solteiro e casto, dividia o seu tempo entre o castelo de Tomar, sede da Ordem, e a vila de Lagos, no Algarve. Em Tomar, cuidava das finanças, diplomacia e da carreira dos pilotos iniciados nos segredos do empreendimento cruzado. O castelo era u m cofre de recursos e informações secretas. Lagos era a base naval e corte aberta. Vinham viajantes de todo o mundo, de "desvairadas nações de gentes tão afastadas de nosso uso", escreveu o cronista Gomes Eanes de Zurara, na crônica da Tomada de Guiné. Os, personagens desse livro revelam um pouco do cosmopolitismo do porto de lagos: havia gente das Ilhas Canárias, caravaneiros do Saara, mercadores do Timbucto (hoje Mali), monges de Jerusalém, navegadores venezianas, alemães e dinamarqueses, cartógrafos italianos e astrônomos judeus.

Uma das regras de ouro da diplomacia era presentear. Assim, o príncipe juntou uma biblioteca preciosa. Entre mapas, plantas e tabelas havia um exemplar manuscrito das Viagens de Marco Polo. Não por acaso a primeira edição impressa dessa obra foi feita não em latim ou em italiano, mas em português, em 1534.


A Ordem combatente dos monges-soldados.

Conquistada pelos cristãos na Primeira Cruzada, em 1099, Jerusalém estava de novo cercada pelos árabes em 1116. Foi quando os nobres franceses Hugo de Payens e Geoffroi de Saint-Omer juraram, na igreja do Santo Sepulcro, viver em perpétua pobreza e defender os peregrinos que vinham à Terra Santa. Nascia a Ordem dos Cavaleiros Pobres de Cristo, renomeada, em 1119, como Ordem dos Cavaleiros do Templo - a Ordem dos Templários.

Na época organizações católicas congregavam devotos sob regimento próprio. A dos Templários, entretanto era diferente: seus membros eram monges guerreiros. As normas da Ordem eram secretas e só conhecidas na totalidade, pelo comandante-em-chefe e pelo papa. Desde o início, os templários foram desobrigados de obedecer aos reis. Podiam, assim, ter interesses próprios. Ao entrar na companhia, o novato conhecia só uma parte das regras que a guiavam e, à medida em que era promovido, sempre em batalha, tinha acesso a mais conhecimentos, reservados aos graus hierárquicos superiores. Ritos de iniciação marcavam as promoções. Foi essa estrutura que permitiu, mais tarde, à Ordem de Cristo manter secreto os conhecimentos de navegação no Atlântico.


Banqueiros pobres.

Enquanto as cruzadas, empolgaram a Europa, os templários receberam milhares de propriedades por doação ou herança e desenvolveram intensa atividade econômica. Nos seus feudos. introduziram métodos racionais de produção e foram os primeiros a criar linhagens de cavalos em estábulos limpos. Uma rede de postos bancários logo se espalhou por vários países. Peregrinos a caminho da Terra Santa depositavam seus bens no ponto de partida e ganhavam uma carta de crédito com o direito de retirar o equivalente em moeda local em qualquer estabelecimento templário. Daí para gerirem as finanças de reis como o da França foi um passo.

Mas a sua exuberância gerou inveja. Enquanto houve cruzadas, os templários exibiram orgulhosamente o manto branco com a cruz vermelha - a mesma que depois as naus portuguesas usariam. Com a queda da Cidade Santa, em 1244, e a expulsão das tropas cristãs da Palestina, em 129 1, a mística se dissipou e a oposição monárquica tomou-se explícita. Nas décadas seguintes, a confraria seria extinta em toda a Europa. Com a exceção de Portugal.


Calúnia e difamação e contra os guerreiros.

O rei da França, Felipe IV, o Belo, devia dinheiro à Ordem dos Templários. Os templários franceses eram os mais poderosos da Europa. Controlavam feudos e construções no interior e em Paris. Entre eles, o Templo, um conjunto de igrejas e oficinas que, reformado em 1319, virou o presídio da Bastilha, mais tarde destruído durante a Revolução Francesa.

As derrotas no Oriente Médio alimentaram uma onda de calúnias segundo as quais os cavaleiros teriam feito acordos com os muçulmanos, fugido de campos de batalha e traído os cristãos. Aproveitando o clima, em 13 de outubro de 1307, Felipe invadiu, de surpresa, as sedes templarias em toda a França. Só em Paris foram detidos 500 cavaleiros, muitos sendo degolados.

Dois processos foram abertos: um dirigido pelo rei contra os presos e o outro conduzido pelo papa Clemente V contra a Ordem. O papa era francês, morava em Avignon e era aliado do rei. Torturas brutais e confissões arrancadas pela Inquisição viraram peças difamatórias escandalosas. O sigilo da Ordem foi usado contra ela e as etapas dos rituais de iniciação foram convertidas em monstruosidades. Os santos guerreiros foram acusados de cuspir na cruz, adorar o diabo, cultuar Maomé, manter práticas homossexuais e queimar crianças. Todos os seus bens foram confiscados. Esperava-se uma fortuna, mas, como pouco foi efetivamente recolhido, criou-se a lenda de que tesouros teriam sido transferidos em segurança para outro país.


Santuário de fugitivos.

Para muitos, esse país teria sido Portugal. O rei d. Diniz (1261-1325) decidiu garantir a permanência da Ordem em terras portuguesas: sugeriu uma doação formal dos seus bens à Coroa, mas nomeou um administrador templário para cuidar deles. Nem o processo papal nem a execução do grão-mestre Jacques de Molay, em 1314, o intimidaram. Em 1317, reiterando que os templários não haviam cometido crime em Portugal, d. Diniz transferiu todo o patrimônio dos cruzados para uma nova organização recém-fundada: a Ordem de Cristo.

Assim, Portugal virou refúgio para perseguidos em toda a Europa. De vários países chegavam fugitivos, carregando o que podiam. O castelo de Tomar virou a caixa-forte dos segredos que a Inquisição não conseguiu arrancar. Dois anos depois, em 1319, um novo papa, João ~XXII, reconheceu a Ordem de Cristo. Começava para os cavaleiros uma nova era, com uma nova missão.


De cavaleiros a funcionários do Estado.

Nas primeiras décadas de existência da Ordem de Cristo, os ex-templários estabeleceram estaleiros em Lisboa, fizeram contratos de manutenção de navios e à tecnologia, náutica, aproveitando o conhecimento adquirido no transporte marítimo de peregrinos entre a Europa e o Oriente Médio durante as cruzadas. Ao mesmo tempo, preparavam planos para voltar à ação, contornando a África por mar e, aliando-se a cristãos orientais, expulsar os mouros do comércio de especiarias.

Em 1416, quando assumiu o cargo de grão-mestre, d. Henrique lançou-se a diplomacia. Passaram-se cem anos desde que os templários haviam sido condenado nos processos de Paris e o Vaticano estava preocupado com a pressão muçulmana a Europa, que crescera muito no século XIV. Com isso, em 1418, o Infante consegue do papa um aval ao projeto expansionista. Daí em diante, cada avanço para o sul e para o oeste será seguido da negociação de novos direitos. Em um século, os papas emitiram onze bulas privilegiando a Ordem com monopólios da navegação na África, posse de terras, isenção de impostos eclesiásticos e autonomia para organizar a ação da Igreja nos locais descobertos.

Até a metade do século XV, os cavaleiros saíram na frente, sem esperar pelo Estado português. Uma vez anunciada a colonização, eventualmente doavam à família real o domínio material dos territórios, mantendo o controle espiritual, À corte, interessada em promover o desenvolvimento dá produção de riquezas e do comércio , cabia então consolidar a posse do que havia sido descoberto.


Pilhando mouros.

No Marrocos, os portugueses atacaram Tânger, em 1437, e Alcácer-Ceguer, em 1458. O ímpeto guerreiro preponderou sobre o mercantilismo real até 1461, quando o cavaleiro Pedro Sintra encontrou ouro na Guiné. Aí, a pressão comercial da monarquia começou a ficar maior. Mesmo assim, ainda houve expedições contra os mouros marroquinos em Asjlah e Tânger, outra vez, em 1471. Mas à medida que foi sendo consolidado o comércio na rota das índias, a. partir da sua descoberta em 1498, a coroa foi absorvendo gradualmente os poderes da Ordem. Até que em 1550 o rei d. João III fez o papa Júlio III fundir as duas instituições. Com isso, o grão-mestre passa a ser sempre o rei de Portugal, e o seu filho tem o direito de sucedê-lo também no comando dos cruzados.


Outros parceiros entram no jogo.

A Ordem de Cristo controlou o conhecimento das rotas e o acesso às tecnologias de navegação enquanto pôde. Mas com o ouro descoberto na Guiné, em 1461, o monopólio da pilotagem passa a ser cada vez mais desafiado. A partir de então, multiplicaram-se os contra tos com comerciantes e as cessões de domínio ao rei para exploração das regiões descobertas. Aos poucos a sabedoria secreta guardada em Tomar foi sendo foi sendo passada para mercadores de Lisboa, Flandres e Espanha. Portugal naquela época fervilhava de espiões, especialmente espanhóis e italianos, que procuravam os preciosos mapas ocultados pelos cruzados.

Enquanto o tesouro de dados marítimos esteve sob a sua guarda, a estrutura secreta da Ordem garantiu a exclusividade para os portugueses. Em Tomar e em Lagos, os navegadores progrediam na hierarquia apenas depois que a sua lealdade era comprovada, se possível em batalha. Só então eles podiam ler os relatórios reservados de pilotos que já haviam percorrido regiões desconhecidas e ver preciosidades como as tábuas de declinação magnética, que permitiam calcular a diferença entre o pólo norte verdadeiro e o, pólo norte magnético que aparecia nas bússolas. E, à medida que as conquistas avançavam no Atlântico, eram feitos novos mapas de navegação astronômica, que forneciam orientação pelas estrelas do Hemisfério Sul, a que também unicamente os iniciados tinham acesso.


Competição acirrada.

Mas o sucesso atraía a competição. A Espanha, tradicional adversária, também fazia política no Vaticano para minar os monopólios da Ordem, em ação combinada com seu crescente poderio militar. Em 1480, depois de vencer Portugal numa guerra de dois anos na fronteira, os reis Fernando, de Leão, e Isabel, de Catela, começaram a se interessar pelas terras d’além-mar. Com a viagem vitoriosa de Colombo à América, em 1492, o papa Alexandre VI, um espanhol de Valência, reconheceu em duas bulas, as Inter Coetera, o direito de posse dos espanhóis sobre o que o navegante genovês havia descoberto. E rejeitou as reclamações de d. João II de que as novas terras pertenciam a Portugal. O rei não se conformou e ameaçou com outra guerra. A controvérsia induziu os dois países a negociarem, frente a frente, na Espanha, em 1494, um tratado para dividir o vasto novo mundo que todos pressentia: o Tratado de Tordesilhas.


Vitória da experiência em Tordesilhas

Na volta da viagem à América, em 1493, Cristóvão Colombo fez uma escala em Lisboa para visitar o rei d. João II. um gesto corajoso. O soberano estava, dividido entre dois conselhos: prender o genovês ou reclamar do papa direitos sobre as terras descobertas.

Para sorte de Colombo, decidiu pela segunda alternativa. Como a reivindicação não foi atendida, acabou sendo obrigado à enviar os melhores cartógrafos e navegadores da Ordem de Cristo, liderados pelo ex presidente Duarte Pacheco Pereira, a Tordesilhas, na Espanha, para tentar um tratado definitivo, mediado pelo Vaticano, com os espanhóis. Apesar de toda a contestação a seus atos, a Santa Sé ainda era o único poder transnacional na Europa do século XV. Só ela podia mediar e legitimar negociações entre países.

O cronista espanhol das negociações, frei Bartolomeu de las Casas, invejou a competência da missão portuguesa. No livro História de Ias Índias, escreveu: "Ao que julguei, tinham os portugueses mais perícia e mais experiência daquelas artes, ao menos, das coisas do mar, que as nossas gentes". Sem a menor dúvida. Era a vantagem dada pela estrutura secreta da Ordem.

Não deu outra. Portugal saiu-se bem no acordo. Pelas bulas Inter Coetera, os espanhóis tinham direito às terras situadas mais de 100 léguas a oeste e sul da ilha dos Açores e Cabo Verde. Pelo acordo de Tordesilhas, a linha divisória imaginária, que ia do pólo norte ao pólo sul, foi esticada para 370 léguas, reservando tudo que estivesse a leste desse limite para os portugueses o Brasil inclusive.




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#3 Mensagem por jif_jr » Qui Jul 22, 2004 1:54 am

As derrotas no Oriente Médio alimentaram uma onda de calúnias segundo as quais os cavaleiros teriam feito acordos com os muçulmanos, fugido de campos de batalha e traído os cristãos. Aproveitando o clima, em 13 de outubro de 1307, Felipe invadiu, de surpresa, as sedes templarias em toda a França. Só em Paris foram detidos 500 cavaleiros, muitos sendo degolados.

Dois processos foram abertos: um dirigido pelo rei contra os presos e o outro conduzido pelo papa Clemente V contra a Ordem. O papa era francês, morava em Avignon e era aliado do rei. Torturas brutais e confissões arrancadas pela Inquisição viraram peças difamatórias escandalosas. O sigilo da Ordem foi usado contra ela e as etapas dos rituais de iniciação foram convertidas em monstruosidades. Os santos guerreiros foram acusados de cuspir na cruz, adorar o diabo, cultuar Maomé, manter práticas homossexuais e queimar crianças. Todos os seus bens foram confiscados. Esperava-se uma fortuna, mas, como pouco foi efetivamente recolhido, criou-se a lenda de que tesouros teriam sido transferidos em segurança para outro país.



Este trecho induz o leitor a uma falsa impressão de que o Clero foi quem deu início ao fim da Ordem dos templário, ocultando e omitindo parte importante da história.

Vou tentar melhorar um pouco...

Os templários estavam diretamente sob a autoridade papal, e, portanto, sem responsabilidade para com qualquer rei ou nação. Estes passaram a possuir terras, castelos e muito dinheiro, se tornaram tão fortes que até mesmo Reis e Príncipes passaram a confiar toda fortuna que possuíam à guarda dos cavaleiros. Muito da riqueza Templária advém disto, pois boa parte dos bens conferidos à guarda Templária, quer por um motivo ou outro, jamais retornaria às mãos de seu dono original.
Reinava na França. Felipe o belo, que havia que governava a França com mãos de ferro. Felipe que almejava ter poder absoluto viu nos templários um empecilio, pois estes se tornaram o mais poderoso agente político-financeiro da Europa, presentes nas cortes de todos os principais países, mas sua ambição de poder tinha a da oposição do Papa Bonifácio VIII (1294 / 1303), que defendia com rigor a supremacia do Papa e dos clérigos sobre o poder civil em matéria espiritual e confirmou essa sua posição em diversas bula, além de ser A FAVOR DA ORDEM. A luta pelo poder entre Filipe e o Papa, levou a excomunnhão do Rei em 1303, Felipe por sua vez excomungou o Papa e o acusou de ter fraudado as eleições papais, neste mesmo ano Felipe mandou prender o papa, que fora torturado na França, depois de ser solto, o papa voltou a Roma morrendo em seguida. Neste mesmo ano o Papa Benedito XI subiu ao poder que após confirmar todos os privilégios dos Templários morreu misteriosamente em 1304.
A história repleta de exemplos de reis dominados pela Igreja e por Papas, teve em Felipe o belo, justamente o oposto, Felipe teve um encontro secreto com um arcebispo, nas ruínas de um mosteiro no qual propôs fazer do arcebispo o novo papa, em troca de seis favores, dos quais um só lhe seria revelado após eleito.
As fortes disputas internas por posições de destaque político dentro do corpo eclesiástico foi fundamental para a concretizar os planos de Felipe, devido a desorganização eclesiástica Felipe obrigou os bispos Franceses a votarem no arcebispo Beltrão de Got que foi eleito Papa sendo chamado de Clemente V
O Papa Clemente mudou a sede da igreja para avignon na França. Mais tarde esta atitude levarou a Igreja ao Cisma do Ocidente que a enfraqueceu de tal ponto a Igreja que esta nunca mais se recuperou, culminando na Reforma Protestante.
O favor que Felipe somente revelaria a Clemente V depois de eleito, era a dissolução da Ordem dos Templários pois só um papa poderia fazê-lo, pois os Templários não estavam submissos a mais ninguém, e Clemente V seria o instrumento que Felipe precisava para se apoderar das riquezas e das terras dos Templários na França. Felipe, no intuito de elaborar um plano de ação contra os Templários, fez-se infiltrar na Ordem através de vários agentes. O fim da Ordem do Templo estava desencadeado, em 1307 Jacques de Molay e cerca de cinco mil Templários, quase todos aqueles existentes na França, foram encarcerados pelos homens de Felipe.
As acusações mostravam heresias, a maioria destas sendo bem comuns aos cotidianos processos movidos pela Santa Inquisição: negação do Cristo, blasfêmia contra Deus, homossexualismo, idolatria, adesão ao islã, etc. O processo de inquisição contra os Templários continuou por anos. Seu ápice ocorreu 1314, quando o último líder dos Templários, Jacques de Molay e um outro irmão da Ordem, foram arrastados à morte na fogueira da Santa Inquisição. A lenda nos diz que, em meio as chamas, pouco antes de morrer, ouviu-se a forte voz de Jacques de Molay, o último Grão Mestre Templário, amaldiçoando o papa, o Rei e sua família: que se os Templários tivessem sido injustamente condenados, que o papa Clemente fosse convocado em quarenta dias, e o Rei Felipe dentro de no máximo um ano, para o julgamento final de Deus. Se isso é ou não verdade, não se pode afirmar. Contudo, Clemente morreu trinta e três dias depois e o Rei Felipe, o Belo, o seguiu em pouco mais de seis meses. Aceite-se ou não esta Lenda do último Grão-Mestre da Ordem do Templo, as mortes permanecerão, assim como permanecerá o próprio mito que cercou os Cavaleiros Templários


O texto aseguir eu peguei em um site da maçonaria, a qual fala que o Papa nãotinhapoder para extinguir a Ordem ...

"A história dos Templários começa forçosamente com uma análise das Cruzadas, aquelas excursões militares apresentadas com objetivos essencialmente religioso, mas que, na verdade, procurava estabelecer uma rota comercial segura para o Oriente Médio com bases ocidentais, que garantisse o fornecimento permanente dos produtos orientais para um mercado europeu sempre crescente. Os mercadores de Veneza tinham criado um centro comercial que durante séculos liderou os demais centros europeus. No início, ele eram pescadores, mas logo depois começaram a comercializar seu sal, indo com o produto até o Islã e Bizâncio, onde intercambiavam madeiras, armas e escravos pelos produtos orientais, que revendiam na Europa com excelentes lucros. Mas as dificuldades que estes audaciosos mercadores enfrentavam eram muitas, incluindo os piratas que infestavam o Mediterrâneo e o fato de não contarem com depósitos e postos de abastecimentos no Oriente.

Foi fácil para os mercadores incentivar as expedições militares, explorando as desventuras por que passavam os fiéis, que desde o século IV peregrinavam a Jerusalém. No século VII, Roma tinha estabelecido as peregrinações entre as penitências canônicas, aumentando o afluxo de peregrinos, especialmente europeus. Surge mais um problema com o aumento da agressividade dos turcos seldjúquidas que chegam em 1095, com grande ameaça, até as portas de Constantinopla.

A Europa começou a levar muito a sério a criação de uma expedição punitiva e recuperadora dos Santos Lugares, que recebeu o nome da I Cruzada. Em fins do século XI, o Papa Urbano II dirigiu-se ao sul da França onde estava reunido o Concílio de Clermont, lançando veemente apelo aos cristãos presentes (ano 1095) que fanaticamente juraram colocar suas armas e suas vidas a serviço da Igreja na luta contra os infiéis, com o grito de guerra “Deus o quer”. Entre os anos 1096 e 1270 houve oito Cruzadas oficiais e no decorrer delas o mundo Ocidental percebeu que era necessário criar grupo paramilitares para receber funções paralelas, tais como policiamento, preservação da fé religiosa (aliás muito importante), atendimento médico, organização jurídica das terras conquistadas etc.

e ele tinha dentre os Templários o mesmo significado que tem para nós maçons, que não é outro senão o reconhecimento da Razão de que o Homem está dotado e se encontra contido dentro do crânio. Fora dos crânios houve outro tipos de cabeças de forma estranha achadas nas Casas dos Templários e que nenhum dos interrogados soube dar uma explicação certa, seja por ignorância, ou fingir ignorância, e os inquisidores, pelas razões não insistiram.

O Julgamento dos Templários

A Ordem não foi extinta, continuando com sua existência jurídica aqui no Brasil

Em 1300, a Ordem dos Templários estava em seu apogeu, no que concerne a poderio econômico e temporal. Reinava em França, de 1285 à 1314, Felipe IV, chamado de “Felipe, o Belo”, indivíduo inescrupuloso e amoral.

Vagando na Cátedra de São Pedro, Felipe usou toda a sua influência, conseguindo a eleição de seu protegido - Beltrand de Goth - que assumiu o nome de Clemente V. Com um Papa que era títere e a sede do papado em Avignon, (França) o Rei multiplicara seus poderes.

As riquezas da Ordem exerceram seu inquestionável fascínio em Felipe, que engendrou um plano para apossar-se dos haveres dos Templários. De inopino, Felipe, no dia 13 de outubro de 1307, mandou prender todos os Templários que se encontrassem em França: só em Paris foram presos cento e quarenta Cavaleiros. No dia 22 de novembro, Felipe consegue, do Papa, ordem de prisão para todos os Templários, de todos os países. Os Templários presos foram imediatamente submetidos a torturas; de 19 de outubro a 24 de novembro, cento e trinta e oito Cavaleiros foram torturados impiedosamente.

O historiador Marcel Lobet, escreve, em sua Historie Mystérieuse et Tragique des Templiers, à pág. 172: “a tortura foi empregada durante os interrogatórios e isso virá a ter grande importância para o que se seguirá. Com efeito, tendo os acusados confessado durante os tormentos, não ousaram, mais tarde, retrata-se pois, segundo o espírito da Idade Média, era gravíssimo negar uma culpa precedentemente confessada”.

Sim, porque quem assim era considerado reincidente, pois, perseverare diabolicum... Em 1314, o Grão-Mestre Jacques de Molay e o Preceptor da Normandia, Geoffroy de Charnay são queimados, na Ilhota dos Judeus, no Rio Sena, em Paris.

Há um erro, que a maioria das Enciclopédias comete, já que uma copia a outra, sem se dar ao trabalho de realizar pesquisa histórica. O Papa não podia extinguir a Ordem das Templários. Não poderia, com uma Bula, extinguir uma pessoa jurídica de Direito Privado. Daí, fê-lo de forma indireta, ou seja, decretando a interdição aos cristãos e a excomunhão dos Templários, através da Bula Vox Clamantis. Assim, o interdito implicava, para os cristãos, a proibição de participar da Ordem e, àqueles que dela faziam parte, a excomunhão. Dessa forma, no mundo cristão, indiretamente, estaria a Ordem extinta; não pela Bula, que não tinha esse alcance, mas pelo esvaziamento do elemento humano.

O Eminente Desembargador Antonio Carlos Alves Braga do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e Professor Titular de Direito Civil da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, em magistral trabalho apresentado na Primeira Convenção Nacional de Estudos Templários, analisou profundamente, sob o ponto de vista jurídico, a Bula Vox Clamantis. Diz Sua Excelência; “O Papa Clemente V reconhece na Bula, que não pode, de direito, extinguir a Ordem. Impõe, contudo, a interdição. Diz a Bula; “Cum eam super hoc secundum inquisitionem etprocesses super his habitos non possumos ferre de jure sed per viam provisionis seu ordinations apostolicae”. Omissis, isto é, “A Bula, pois, deitou sobre os membros da comunidade Templária, pena de censura, atingindo individualmente seus integrantes que houvessem cometido algum atentado contra a Fé. Nada mais. Pena de censura não tem força extintiva”.

E, continua Sua Excelência; “Ora, a existência jurídica da ordem dos Templários nada tem com o poder espiritual do Papa. Ele podia - e o fez - punir com a interdição e excomunhão seus membros, sem afetar em nada a estrutura jurídica da entidade”. “Seguindo-se esse raciocínio, fácil é concluir que erram aqueles que afirmam ter sido a Ordem dos Templários extinta pela Bula do Papa. Ela nunca foi extinta, embora recaísse sobre seus membros a pena de censura deitada pelo Pontifíce”.

E não poderia ser outro o raciocínio lógico-jurídico: a Ordem surgiu soberana e independente, não sendo vinculada hierarquicamente a Igreja de Roma, ou a ela subordinada. Através de ato arbitrário, teve seus bens confiscados, mas tal ato não implicou sua extinção, posto subsistir ela independentemente de seu patrimônio Tanto é verdade que, em 1478, assumiu o cargo de Grão-Mestre da Ordem dos Templários, Roberto de Lenoncourt, Arcebispo de Rheims. Inaceitável pensar-se que uma das mais importantes cidades francesas, aceitasse o cargo supremo de uma Ordem extinta.

Inúmeras outras personalidades ocuparam o Grão Mestrado. O Comandante da Armada que trouxe ao Brasil, em 1808, a Família Real portuguesa, o almirante inglês, Sir Sidney Smith, era, à época, o Grão-Mestre da Ordem do Templo.

Portanto, a Ordem Soberana e Militar do Templo de Jerusalém, conhecida como Ordem do Templo, ou Ordem dos Templários, não foi e não está extinta, continuando com sua existência jurídica no Brasil e sendo reconhecida em vários países.

"Non nobis Domine non nobis sed Nomini Tuo ad gloriam"

História Iniciática Dos Templários

O azar é uma ilusão mental. Somente os ateus ignoram ou rejeitam a presença de Deus, ligando o destino ao azar.

O azar é a contradição de Deus que é perfeição absoluta. No cosmos, que é Ordem por excelência, nada é fruto do azar. Tudo é regido por leis exatas, harmoniosas, que não dão nenhuma margem à fantasia. . No universo, "tudo é números, peso e medida" diz a Bíblia.

A Ordem do templo, regida pelas leis do Universo, e por seu próprio ciclo, não poderia jamais ter surgido por azar, ou por Geração Espontânea, nem pela vontade dos homens. Não é necessário ser um grande historiador, para se convencer que o surgimento da Ordem do Templo em 1118, foi de um caráter providencial.

Lembremos os traços da presença na Palestina, em 1104 do Cavaleiro francês "Huges", o Conde de Champagne. Ele tinha então 28 anos em perfeita saúde, porém não participava das ações de guerra, nem dos assuntos políticos ou administrativos do Reino de Jerusalém, inaugurado por Godefroy de Bouillon (Godofredo de Bulhões) em 1099. Ele fez importantes pesquisas que duraram 4 anos, antes de retornar à França com um certo número de Manuscritos, uns em árabe, e outros em hebraico. Huges de Champagne confiou esses documentos a seu amigo Pierre de Cluny, o Superior dos Monges "Cistirciens", que os estudou minuciosamente, após decifrá-los. Enorme tarefa que durou 6 anos, nos quais o Conde de Champagne retornou brevemente à Palestina. Tudo indica que sua rápida viagem teve por principal objetivo confirmar, "In Loco", as informações contidas nos Manuscritos. Confirmação bem positiva, considerando que, a partir daquele momento, o projeto templário pegou corpo rapidamente, e de maneira singular. Na mesma época apareceu uma figura extraordinária, um Homem excepcional, que dominou a Idade Média, e que tinha por nome Bernardo . O Conde de Champagne, então fez a doação de uma de suas propriedades à Ordem de Cristo, para a construção de uma nova Abadia, tinha ele somente 2 anos de Hábito, mas trouxe com ele a maior parte de sua família e numerosos amigos. Em torno do jovem Bernardo de Calirvaux e de Huges de Champagne se agruparam oito outros cavaleiros, escolhidos por eles. É iniciada novamente a Busca do "Santo Graal", pois eles sabiam onde encontrar a "Taça do Saber", ou melhor, o "Depósito Sagrado da Antiga e Nova Aliança".

A data fixada pela Providência para o Nascimento Iniciático da Ordem do Templo foi de 12 de Junho de 1118. Naquele dia os 9 Cavaleiros reunidos na Cripta do Castelo de "Arginy", perto de Lyon, em comunicação espiritual com Bernardo e seus Monges em Clairvaux, iniciaram uma prodigiosa aventura, em total independência dos Poderes Temporais, sem autorização Real ou Papal de alguma espécie, em total Liberdade. Os 9 Cavaleiros que se denominaram de "Pobres Soldados do Cristo", partiram para Jerusalém, e durante 9 anos trabalharam exclusivamente sobre o Plano Metafísico, sem participar nos combates e nem na Política. Quando, após naquele longo retiro, eles retornaram à Europa as Portas da Cristandade abriram-se magicamente para eles.

Um Concílio foi convocado pela Igreja, especialmente para reconhecer a Ordem dos "Pobres Soldados de Cristo", que não foi jamais vista antes nem depois.

É evidente que as Ordens Militares de Cavalaria surgiram na Idade Média de maneira absolutamente mágica e providencial, com uma indiscutível maneira e caráter esotérico e espiritual. A partir de 1128, a Ordem do Templo adquiriu uma possante estrutura e uma Força Armada. Seus Organismos e Corpos Imponentes serviram de Templo à uma "Alma Templária" construída e modelada pelos 9 Cavaleiros, uma Alma suficientemente forte para animar e manter o "Sentimento do Graal", uma alma suficientemente pura para realizar a Missão Esotérica que lhe foi confiada. Não há dúvida que a Ordem surgiu iniciáticamente quando recebeu sob sua guarda os Despojos Sagrados da "Antiga e Nova Aliança" - Quando descobriu a "Palavra Perdida", que lhe conferiram uma missão correspondente, uma Missão Secreta somente conhecida pela Alta Autoridade da Ordem, seus Iniciados e Sucessores... Seria infantil, para alguns crer que a providência Fez a Ordem do Templo nascer para ser uma Ordem Militar com a finalidade de defender Jerusalém, ou para guardar o Santo Sepulcro, ou para proteger os itinerários de peregrinação aos lugares santos. Os historiadores mesmo não acreditam nesta versão, mas são obrigados a se contentarem com as conjecturas, pois não puderam descobrir nenhum documento sobre a Missão Esotérica da Ordem. Em nossos dias, a Antiga e Mística Ordem Rosa Cruz poderia ser de grande ajuda neste sentido...

Quando em 13 de outubro de 1307, os Esbirros do Rei de França entraram nas Comendadorias, eles não acharam nenhum "tesouro" nem nenhum arquivo sobre a Vida Secreta dos Templários. Tal fato tinha a algum tempo sido preparado, pois a "Autoridade Terrestre da Ordem tinha sido avisada" da iminência do perigo, da Prova de Sacrifício que deveria aceitar, sem saber certamente de que consistiria exatamente.

Jacques DeMolay escreveu seu Testamento dois anos antes de 1314, e as Estruturas Secretas foram montadas em vista da ocultação da Ordem.

A Ordem do Templo, em 1307, possuía o Exército mais importante da Europa, o mais disciplinado, o melhor armado, e o melhor treinado para os combates ininterruptos na Palestina e na Espanha. Curioso que este Exército não reagiu ao ataque do Rei de França. Porquê ? Insolúvel mistério para os historiadores. Os numerosos livros que foram escritos sobre os templários, no curso dos 671 anos que nos separam de sua ocultação definitiva em 1318, se inspiraram em grande parte em uma única sorte de informações, que foram fornecidas pela Igreja, através dos Tribunais da Inquisição. Hoje uma grande maioria dos historiadores, e jovens de todo o mundo rendem justiça aos Templários. Isto não é maravilhoso ?

Os escritores falam daquilo que eles conhecem, ou do que sua fértil imaginação lhes sugere. Eles nunca escreveram sobre a "Alma do Templo" porque ignoram-na totalmente, porque isto é um Domínio Sagrado onde os profanos não penetram. Enquanto os Exércitos dos Templários guerreavam na Palestina e na Espanha, os Colégios de Iniciados na Ordem, os Homens dos Castelos-Fortes e das Comendadorias, em suas Igrejas e Criptas, trabalhavam com vontade e ardor, mas secretamente, porque naqueles tempos a Alquimia, a Magia, e mesmo a Astrologia eram consideradas como Ciências do Diabo; e os Templários construíram as Magníficas Catedrais góticas, tornaram-se Pedreiros Livres.

Durante os 9 anos passados em Jerusalém, nas ruínas do Templo de Salomão, os 9 Cavaleiros sob a Direção do Arquiteto da Época - André de Montbard, recuperaram os Despojos dos Cabalistas Essênios, seus irmãos de uma manifestação de "Uma mesma Egrégora", que lhes deram a Inspiração Espiritual que só pode dar Vida aos novos Templos da Virtude e do Espírito". Eles não precisavam somente de um Saber Técnico, mas também um Fundamento Espiritual para a construção de um Edifício correspondente à Estrutura Cósmica.

A Ordem do Templo na Idade Média foi desmantelada, dissolvida, dispersada, mas sua Alma permanece intacta e pura através dos Tempos, pois ele é inacessível ao poder político e religioso. Ela faz parte do "Templo Espiritual", o Templo de sempre, Ela é eterna.

Da mesma forma que a "Palavra Perdida", a alma e essência dos Templários, tornou-se a Pedra Angular de seu desenvolvimento, da mesma maneira se sucedeu na "Ordem dos Filhos da Luz", chamados oficialmente pela história como Essênios. A "Alma do Templo" permanece intacta e reencarnada em nosso Tempo, para o preparo de uma "Nova Era".

A "Alma do Templo"permanece a mesma, não tendo se modificado em nada: Ela possui a Missão Metafísica de levar a bom termo o "Retorno ao Paraíso". Como os Antigos Irmãos Essênios, os precursores, os Templários de hoje, sob uma manifestação exterior e nova denominação, trabalham num Mundo em mutação que não os pode entender: "Ils ont La Voix de Celui qui clame dans le Désert: Redressez les chemins du Seigneur! ".

Como já se passaram mais de 2000 anos, somente um pequeno número de Iniciados espera o seu retorno. As religiões Cristãs não souberam ainda decifrar o Apocalipse, e por isso não dão mais crédito aos "Profetas".

A missão atual dos Sucessores dos Antigos Templários é preparar o retorno glorioso do "Verbo Encarnado", da "Palavra Perdida" e de ajudar a Terra e a Humanidade em uma passagem que se anuncia como dolorosa, de fornecer aos homens que possam entender as Chaves Iniciáticas da sobrevivência, e testemunhem sobre os "Três Planos", como João Batista, e nossos Irmãos Essênios

Cargos da Ordem dos Templários:

Grão Mestre
Senescal
Marechal
Chefe do reino de Jerusalém
Chefe da cidade de Jerusalém
Chefe do tripoli e Antioquia
Drapier
Chefe da Casa
Chefe da Cavalaria
Irmão Cavaleiro e Sargento do Mosteiro
Turcopolier
Sub-marechal (um Sargento)
Irmão-SargentoPortador padrão
Irmãos Rurais ("Feres Casalier")"


Aliás Clermont você é Maçon???




... e se preciso for até mesmo com a perda da própria vida!!!!


COR UNUM ET ANIMA UNA PRO BRASILIA
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#4 Mensagem por Clermont » Sex Jul 23, 2004 2:07 am

Salve Jif_jr

Este trecho induz o leitor a uma falsa impressão de que o Clero foi quem deu início ao fim da Ordem dos templário, ocultando e omitindo parte importante da história.


Na verdade, esse trecho do texto não me deu tal impressão. De qualquer modo sua interpretação é acertada. Por várias razões já citadas (o exílio do papa numa cidade francesa, sua origem de súdito do rei de França e, principalmente, sua debilidade de caráter pessoal) o papa Clemente V estava sob o poder de Felipe IV, "O Belo". E foi esse rei, apoiado por vários conselheiros, alguns laicos, mas outros membros do clero francês, quem atacou a Ordem do Templo, por puras razões de poder de estado.

Porém, é preciso que se diga que os Templários já não gozavam mais da mesma estima e consideração do início de sua história. A derrota na Terra Santa danificou muito o prestígio da Ordem. E, de qualquer modo, a época era outra. A própria história tornou o Templo uma relíquia fora de moda que, de um modo ou de outro, teria desaparecido ou sido absorvido pelos novos estados nacionais.

A história dos Templários começa forçosamente com uma análise das Cruzadas, aquelas excursões militares apresentadas com objetivos essencialmente religioso, mas que, na verdade, procurava estabelecer uma rota comercial segura para o Oriente Médio com bases ocidentais, que garantisse o fornecimento permanente dos produtos orientais para um mercado europeu sempre crescente.


Típica explicação de caráter marxista (embora os próprios autores não se apercebam disso!). Ela tenta explicar a história sempre de acordo com motivações de ordem econômica e comercial. Se nós, pessoas do mundo contemporâneo só agimos assim, então as pessoas daqueles tempos também agiam. Certo?

Talvez não.

Eu não acredito nem um pouco nesse tipo de explicação "complexa" (ou fácil). Talvez as coisas sejam mais "simples" (ou complicadas). Talvez as pessoas daqueles tempos; muitos deles nobres que tiveram grandes perdas de natureza econômica ao se lançarem em cruzada, tivessem feito isso, pura e simplesmente, porque acreditavam que "Deus o quer!"

Claro que não é todo mundo, hoje em dia, que aceitaria uma explicação dessas. Mas, que se há de fazer?

A Europa começou a levar muito a sério a criação de uma expedição punitiva e recuperadora dos Santos Lugares, que recebeu o nome da I Cruzada.


Pra falar a verdade, quem deu tal nome, foi gente que viveu muitos séculos depois dos acontecimentos. Quando não seja, pelo fato de que, seria difícil que as pessoas da época pudessem adivinhar no que é que iria dar tudo aquilo. E que muitas outras "cruzadas" seriam necessárias...

Há um erro, que a maioria das Enciclopédias comete, já que uma copia a outra, sem se dar ao trabalho de realizar pesquisa histórica. O Papa não podia extinguir a Ordem das Templários. Não poderia, com uma Bula, extinguir uma pessoa jurídica de Direito (...)

O Eminente Desembargador Antonio Carlos Alves Braga do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, e Professor Titular de Direito Civil da Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, em magistral trabalho apresentado na Primeira Convenção Nacional de Estudos Templários, analisou profundamente, sob o ponto de vista jurídico, a Bula Vox Clamantis. Diz Sua Excelência; “O Papa Clemente V reconhece na Bula, que não pode, de direito, extinguir a Ordem.


Deus me livre de querer discutir com um Eminente Desembargador! E muito menos entrar em polêmica com a Franco-Maçonaria. Eu sei que, nos seus dogmas - em sua maioria, surgidos a partir do século XVIII - a idéia de uma origem templária é fundamental.

Quanto a mim, só me limito ao seguinte: a Ordem do Templo foi criada como associação voluntária de alguns cavaleiros laicos, cheios de piedade cristã. Foi reconhecida pelas autoridades religiosas e pelo rei de Jerusalém.

Foi autorizada, como ordem da Igreja Católica, por um papa. E por um papa foi destruída.

Em minha opinião, somente outro papa poderia a ter recriado. Como isso nunca aconteceu, eu não dou nenhum crédito a certas organizações que, hoje em dia, se declaram como continuações dos Cavaleiros Templários. Algumas delas com fortes matizes místicos, tipo "Jim Jones".

Mas, todos são livres para pensarem e se acharem o que desejarem!

Não deixa de ser uma pena que os papas não tenham lá muita criatividade! Fico pensando: eles já disseram que fizeram besteira condenando o Galileu a prisão domiciliar; já confessaram que erraram em colaborar com a queima das feiticeiras pelos poderes seculares; já pediram desculpas por terem colaborado e dado a desculpa que levou a perseguição dos judeus.

Bem que o próximo papa - seja lá quem for - poderia pedir desculpas pela sacanagem que fizeram com os Templários. Quem sabe, até reconstruir a Ordem.

Sempre tive raiva daquela roupinha ridícula que a Guarda Suiça usa em toda cerimônia do Vaticano. Não seria muito melhor termos uma Guarda de Templários?

Eu acho que iria pegar muito bem na televisão...

Aliás Clermont você é Maçon???


Eu? Não. Lá eles não deixam entrar mulher. Acho isso uma violação da causa da emancipação feminina. E eu sou um grande defensor do Movimento Feminista!

Eu não gosto de ficar rodeado de muito homem. Onde Clermont vai, mulher tem de ir atrás!




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#5 Mensagem por pt » Qui Nov 25, 2004 11:21 pm

Textos muito interessantes.

Remetem-me para um livro que li há pouco, e que é um Best-Seller, chamado "O Codigo DaVinci".

As cruzes fizeram-me lembrar a questão da dualidade masculino-feminino referida na obra, e o facto de algumas cruzes cristãs, terem os quatro lados com o mesmo tamanho.

A cruz da ordem de cristo (vide avatar) é normalmente representada com todos os lados iguais, embora em alguns casos também se represente com o lado inferior mais comprido.

São igualmente curiosas (em face do descrito no livro) as substituições nos simbolos portugueses, da ordem de São Tiago, por flores-de-liz.

Aliás acrescento que, da ordem militar de Aviz, veio D. João I (mestre da ordem de Aviz) primeiro rei da segunda dinastia, a dinastia que iniciou o processo das descobertas.


No entanto, acho que muitas vezes se tenta encontrar nas ordens religiosas do tempo das cruzadas, explicações um pouco demasiado rebuscadas, para aquilo que na realidade foram.

Não deixa no entanto, de ser um tema interesante.

Cumprimentos




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Rui Elias Maltez
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#6 Mensagem por Rui Elias Maltez » Sex Nov 26, 2004 10:21 am

Como se fala de Ordens Militares, e do papel que elas tiveram na Reconquista e nas Cruzadas, com especial relevo para os Chamados "Cavaleiros Teutónicos", aqui vai um documento apócrifo, retirado de um Scriptorium de um antigo mosteiro medieval, e que relata uma das fases da uma das cruzadas mais recentes:

Crónica da conquista do Reyno do Iraque I

que rellata os feytos dos cristons na sua campanha pela devoluçom dessas terras aos seguidores de Christo, y que estom leuando que contar pelos serracenos infieis.


(Como rellatada por um companheiro da minha mesnada)



Publicada por ordem de el Rey Dom Sampayo, senhor das terras de Portugal y do Allgarue y das Berlengas y da Madeyra e dos Açores, e com autorizaçom de seu chanceler Dom Duron Barroso, duque de Lysbboa e senhor de uastos dominios, conquistados com a graça de Deus ao Duque do Ratto, Dom Ferro Rodrigo que por mal dos feytos da inquisiçon se encontra encostado nos calabouços à ordem do procurador do Reyno por causa dos grandes malles que á feito por não gostar de el Rey Dom Bush
II.


Aos 29 dias dos idos de Junho do Ano da Graça de Nosso
Senhor Jesu Christo 2003, mandou o Alferes-Mor do
Reyno D. Donal Rumsfeld uma mesnada de 50 lanças,
besteiros, peonagem e alguns caualeiros vilons em
demanda de vilanagem que se acoitava em uma das
mourarias de Bagdade e que tanto dano e moléstia
stavam fazendo em as hostes do Reyno.

Se pôs a mesnada
às portas da mouraria e logo acudiram os gentios
ululando lá na sua língua cousas que os da mesnada não
puderão entendellos e se forão em busca dos vilons rua
por rua e casa por casa em boa ordem e sossego falando
apenas por gestos como é de seu uso.

Tudo ia de feiçam e denodo até que em ua esquina toparam os da frente em um grupo de sarracenos que lhes tolheram o passo de
alfanges desembainhados dando mostra de quererem
tercer armas. E entom a mesnada que até aí fora em boa
ordem e sossego rompeu em rija gritaria que quem os
não soubesse soldados de Christo que é Jesu os tomaria
como parte com o Demo.

À cautela o padre capelom que
via o começo da refrega do alto de ua frágua ergueu o
crucifixo ás mãos ambas e mesmo dali fez os gestos e
as benzeduras de quem exconjura esprítos tal era a
vozearia que se erguia da hoste amaricana e no fim se
benzeu ele também 3 vezes e ao fazedor desta chronica
egual número. No campo da liça a batalha findava já e
sem valor porque os infiéis despois de matarem um
amaricano se forão por entre os gentios como é de uso
entre os perros manhosos e por eles foram engolidos.

Os amaricanos que por muitos feitos d'armas se
conhecem parecem em muitos passos da guerra
esquecer-se que esses feitos são dos braços e não da
gorja pelo que mais não tiveram que fazer senom grande
número de cativos entre homens mulheres e crianças o
que nom é feito d'armas que se diga.

Chegadas estas novas à capital do Reyno, mandou el-rey
D. Bush II reunir as cortes e no fim mandou que o
Alferes-Mor D. Donald fosse dizer aos pregoeiros que
se ajuntavam o que eles deviam ir apregoar pelo Reyno
sobre o grande número de cativos entre os gentios do
Reyno de Iraque. E um dos pregoeiros lhe perguntou:
_ D. Donald e as novas de que os exércitos do Reyno
estam atascados em ua guerra que nom lhes corre de
feiçam?...

D. Donald se avermelhou de cólera e lhe respondeu:
_ Fu, perro maldito! Que espríto imundo te tolhe a
língua para falares como o infiel?! Pois que os
exércitos do Reyno desde que chegados em o Oriente não
têm conhecido senom a vitória e que aqueles que o
infiel nos mata é apenas pela manha de suas traças e
nom polo valor de suas armas! Se falas como o infiel é
porque tens parte com ele e és como aqueles que
temendo-nos nos fazem boas falas e quando lhes
tornamos as costas nos cospem o chão que pisamos e se
arreganham como os perros! Ide pois para o Inferno
onde tendes acostamento!

E tolhido pela ira mandou D. Donald chamar da Guarda
dois dos seus e levarem o pregoeiro para as masmorras
e o esquartejassem e mandassem os pedaços para os
quatro cantos dos Reynos d'aquém e d'alem-mar para que
servisse de documento a todos que como ele quisessem
dizer.


Crónica da conquista do Reyno do Iraque II
de como huns cristãos se uiram aflitos quando de uiram apertados por huns infieis
seguidores da mafoma.



Ao primeiro dia dos idos de Julho do Ano da Graça de
Nosso Senhor Jesu Christo de 2003, se forão uns
caualeiros e homens de pé da hoste de D. Donald
Rumsfeld no Reyno do Iraque em jeito de correria por
terras do infiel com o pendom e a caldeira bem
erguidos em sinal de poderio sobre aquelas terras e
gentes.

Cuidando os outros de os deixar afoitar lhes
fiaram os infiéis de boa mercê por todo o caminho não
se cuidando os amaricanos da mesnada de D. Rumsfeld o
mal que estava para lhes vir.

Da minguada força de
pouco menos de 10 lanças e dois Hummvee, como agora se
usa chamar dos palafréns, pouco se adivinhava de suas
intençons e vontade de pelejar e querendo sabê-lo lhes
lançarão os infiéis algumas setas de RPG que logo
puseram fogo em as duas carruagens.

Da hoste de D.
Donald, logo se ouviu a gritaria que se ordenaram uns
aos outros como usam fazer entre os seus nestas horas,
cousa que levou os infiéis a lhes arrostarem uma chuva
de setas dardos pelouros e virotes que escureceo o
céo. Cuidando os amaricanos de isto não ser cousa de
lhes haver por bem, se continuarão em alta grita e
responderão com fartura de tiros de pelouro como nunca
fora visto e é de uso na arte de pelejar amaricana,
não cuidando os tiros de acertar na outra gente.

Vendo
os mouros que os do outro lado não clamavam salvé por
nenhum santo padroeiro, se lhes lançaram bradando por
Mafoma de lanças em riste e a toda a brida fiados na
protecçom do seu profeta.

Cuidando que ninguem lhes
acudia se levantou a mesnada de D. Donald bradando à
coa e aqui d'el-rey Bush quem me acode e ay valha-me o
Sangue de Nosso Senhor Jesu Christo que nos matam,
retirando-se a bom fugir para terras onde houvessem
mais mercê deixando derribado no chom o pendom e a
caldeira que logo tomaram para si os homens de pé e o
pendom em as mãos do chefe de sua mesnada, que o
deiteou ao chom e o piseou e cuspiu ordenando aos seus
que também assim fizessem antes de lhe pôr fogo como é
de uso muy antigo por aquelas terras.

Mais se lavrou
assim uma vitória do infiel sem honra nem brilho pois
que não é feito de armas que se diga destroçar a um
inimigo que nem santo padroeiro tem e se lança em
batalha sem protecçom celeste fiado apenas em seu
valor humano, como é de jeito entre os tolos.

Aut. Rui Elias y Carvalho N.




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#7 Mensagem por Clermont » Sex Nov 26, 2004 8:04 pm

Pt escreveu: Remetem-me para um livro que li há pouco, e que é um Best-Seller, chamado "O Codigo DaVinci".


Estou ouvindo muito falarem desse livro. Ele parece com aquela obra de há uns 20 anos atrás, "O Nome da Rosa", de Umberto Eco. Um livro que me fascinou - e fascina até hoje. Sempre quis voltar a ler alguma coisa semelhante. Tomara que esse "O Código DaVinci" seja isso.

Aliás acrescento que, da ordem militar de Aviz, veio D. João I (mestre da ordem de Aviz) primeiro rei da segunda dinastia, a dinastia que iniciou o processo das descobertas.


Aliás, sempre tive curiosidade de saber sobre o relacionamento entre as Ordens de Aviz e de Cristo. Teriam sido problemáticas? Ou o fato de ambos os mestres serem príncipes de sangue real, não lhes concedia autonomia para se engalfinharem como haviam feito o Templo e o Hospital, na Terra Santa?

E tendo o seu mestre se tornado rei de Portugal, por quê a Ordem de Avis não suplantou a Ordem de Cristo, em termos de poder e influência? Afinal, foi a cruz vermelha e branca de Cristo e não a cruz verde de Avis a ornamentar as caravelas portuguesas.

No entanto, acho que muitas vezes se tenta encontrar nas ordens religiosas do tempo das cruzadas, explicações um pouco demasiado rebuscadas, para aquilo que na realidade foram.


Acho que vc, caro Pt, se refere ao misticismo que acompanha as histórias das ordens militares. Se for isso mesmo, eu acho que tal fenômeno decorre da forma traumática como a Ordem do Templo foi destruída. As acusações de feitiçaria e heresia lançadas contra a instituição que havia reunido a flor da cavalaria cristã chocaram a Cristandade. E, as circunstâncias nas quais morreu o último mestre adicionaram mais elementos às fantasias místicas.

A lenda diz que, ao ser supliciado na fogueira, o mestre teria exclamado: "Ainda neste ano, o Rei de França e o Papa estarão diante de Deus para responder por seus atos!" E não é que tanto um como outro, realmente morreram no ano de 1314? E pior ainda: a morte do Rei de França, foi seguida pela extinção de sua dinastia, uns quinze anos depois.

Pelo que eu sei, não existem lendas a respeito dos Hospitalários ou dos Teutônicos, que perderam seu poder e influência de forma bem mais "corriqueira". Mas, sobre os Templários, se especula tudo: que eles descobriram o Santo Graal; que eles deram origem à moderna Franco-maçonaria, e por aí vai...

Rui Elias Maltez escreveu: aqui vai um documento apócrifo, retirado de um Scriptorium de um antigo mosteiro medieval, e que relata uma das fases da uma das cruzadas mais recentes:


Excelente texto! Adorei o sabor medieval da narrativa.

Uma pena que os modernos cruzados americanos não enviem seus reis ao campo de batalha, como fazia Portugal.

Seria muito bom que Dom Jorge Andador Bosco, desaparecesse em combate, em Bagdá, da mesma forma como El Rei Dom Sebastião, em Alcácer-Quibir...




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#8 Mensagem por pt » Sex Nov 26, 2004 9:07 pm

Poys que Estam os mesteres de Dom Ruy Elias por muito encima dos de outras artes, que por mor de hauerem sabido y entendido de cousas de lanças e caballeria estam muito menos auisados destas artes das escrituras das cousas dos Reinos lusitanos y dos feytos de armas dos amaricanos, em partes de Iraque y outras terras do mouro infiel, y das batalhas que por aqueles lugares houveram.

= = =

O “Código Davinci.”
Pois eu não quero divulgar a história, mas devo dizer que não está de facto relacionado com o Nome da Rosa, que é uma obra mais “rebuscada” embora igualmente policial.

O Código Davinci, ataca mais fundo, porque põe em causa os próprios fundamentos do Cristianismo. Ou melhor, o livro não põe nada em causa, porque é apenas um romance. O problema é que apresenta, dentro da obra, descrições que o autor considera como históricas e correctas.

Quen não conhecer História, vai achar que o autor está carregado de razão e vai começar a duvidar de tudo. No entanto, quem conhece um pouco de história, ao longo do livro, começa a desconfiar e a encontrar demasiadas imprecisões.

Portanto, o livro é inteligente, muito bem escrito e fala exactamente da Ordem do templo, do priorado de Sião (a ordem do templo era o braço armado do Priorado de Sião) e refere uma enorme quantidade de símbolos religiosos e não religiosos, que se encontram espalhados por todo o mundo, nomeadamente em algumas obras de daVinci como a ultima Ceia.

É um livro interessante, mas deve ser lido com espirito aberto, considerando que não é um relato com raizes históricas, porque muito do que ali se diz, não é de facto historicamente correcto.

= = =
De facto, falar de Ordem do Templo, dos cavaleiros templarios, sem falar do facto de a Ordem do Templo ter sobrevivido em Portugal, com o nome de Ordem dos Cavaleiros de Cristo é no mínimo estranho. (A ordem até adoptou praticamente o mesmo simbolo da cruz vermelha, de braços largos sobre a qual o Rei mandou colocar uma cruz branca em sinal de inocência, dizendo que aquela ordem religiosa era a ordem dos cavaleiros templários inocentes).

Note que, o mestre da Ordem de Aviz era D. João I, e que o mestre da ordem de Cristo, foi o seu terceiro filho, o Infante D. Henrique. Em Portugal, dá-se uma especie de casamento entre as ordens religiosas e o Estado, podendo-se dizer que elas foram uma e a mesma coisa.

Toda a questão levantada pelo livro, dos templários e a busca pelo Santo Graal, o “Sagrado Feminino” levanta algumas curiosidades, sobre as relações entre Portugal e a Igreja Católica. Varios Reis portugueses foram excomungados pelo Papa. O Marquês de Pombal, era absolutamente anti-clerical, ao ponto de, durante o seu governo, devido ao extremo a que chegou a perseguição aos jesuítas, o embaixador inglês escrever para Inglaterra a dizer que não acreditava que Portugal se mantivesse uma nação católica por muito tempo, e que mais tarde ou mais cedo passaria para o campo protestante. Aqui, mais uma vez se notou uma diferença com a Espanha (ou as Espanhas) cujos reis, Aragoneses e Castelhanos, depois de 1492, eram chamados de “Reis Católicos”.

A curiosidade do tema, é um pouco despertada com a leitura do livro.

Cumprimentos




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#9 Mensagem por Clermont » Dom Nov 28, 2004 1:22 pm

De facto, falar de Ordem do Templo, dos cavaleiros templarios, sem falar do facto de a Ordem do Templo ter sobrevivido em Portugal, com o nome de Ordem dos Cavaleiros de Cristo é no mínimo estranho. (A ordem até adoptou praticamente o mesmo simbolo da cruz vermelha, de braços largos sobre a qual o Rei mandou colocar uma cruz branca em sinal de inocência, dizendo que aquela ordem religiosa era a ordem dos cavaleiros templários inocentes).


Muito interessante esse detalhe sobre a cruz da Ordem de Cristo. Eu não o conhecia. Quanto a ela ser uma autêntica sobrevivência do Templo, é um questionamento interessante.

Pelo pouco que sei - aliás, como está descrito no primeiro texto dessa trilha - o rei de Portugal criou a nova ordem, apenas, para evitar que as propriedades templárias portuguesas fossem repassadas para a Ordem do Hospital. Essa ordem, aliás, foi a única que manteve sua autonomia em relação à coroa portuguesa, daí a preocupação da coroa em não permitir que propriedades portuguesas ficassem sob o poder de uma instituição "estrangeira".

Seria preciso tentar discernir até que ponto, tal intenção utilitarista e de poder de estado, era predominante e absoluta. Ou se existiu alguma genuína preocupação com a possível inocência do Templo.

Também, seria preciso averiguar, quantos dos integrantes da nova ordem eram ex-templários portugueses. Pois, não me parece provável que templários de outras nações tivessem sido incorporados. Eu sei que, apesar do Hospital ter incorporado muitas propriedades do Templo, impôs uma proibição absoluta para a incorporação de ex-templários.

De qualquer forma, não tenho conhecimento de que a Ordem de Cristo, alguma vez, tenha reclamado algum bem ou propriedade ex-templárias, fora dos territórios portugueses. Por exemplo, no Reino de Aragão, também foi criada uma ordem militar que absorveu as propriedades templárias, a Ordem de Montesa.

Note que, o mestre da Ordem de Aviz era D. João I, e que o mestre da ordem de Cristo, foi o seu terceiro filho, o Infante D. Henrique. Em Portugal, dá-se uma especie de casamento entre as ordens religiosas e o Estado, podendo-se dizer que elas foram uma e a mesma coisa.


Perfeito. Portanto, as ordens militares portuguesas tornaram-se, pura e simplesmente, repartições da Coroa portuguesa.




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#10 Mensagem por Clermont » Sex Fev 17, 2006 9:32 pm

Está nas bancas a revista "Super Interessante" da Editora Abril, com uma interessante e instrutiva matéria sobre a Ordem dos Templários.

Bem escrita, numa linguagem moderna para facilitar a compreensão da garotada de hoje em dia, ela atinge bem o seu papel.

Interessante é que a chamada de capa, dá a entender que se trata de mais uma das matérias esotéricas que tem os Templários como centro, mas é só para atrair compradores.

Que estão esperando? Comprem! Comprem! Comprem!

(PS. Eu juro que não estou ganhando comissão da Editora Abril) :oops:




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#11 Mensagem por cabeça de martelo » Sáb Fev 18, 2006 8:43 am

Clermont, como vocês dizem no Brasil, está demais!
ADOREI este post!




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#12 Mensagem por Pasquale Catozzo » Sáb Fev 18, 2006 9:05 am

priorado de Sião (a ordem do templo era o braço armado do Priorado de Sião)

O Priorado e os Templários

Os Cavaleiros Templários e o Priorado de Sião (A Ordem de Sião) tornaram-se a elite cultural que adotou totalmente os aspectos ocultistas dos Antigos Mistérios. Isso os colocou em rota de colisão com a Igreja de Roma e seus aliados. O Priorado de Sião teria passado a operar às escondidas e tornado-se uma "sociedade secreta" da elite, enquanto os Cavaleiros Templários foram violentamente atacados pelo rei francês Filipe IV, o Belo e pelo Papa Clemente V. Em 13 de Outubro de 1307, Filipe IV ordenou a prisão de todos os Cavaleiros Templários. Este evento deu origem à superstição do azar numa sexta-feira 13. No entanto, na noite anterior, um número desconhecido de Cavaleiros teria partido da França com dezoito navios carregados com o lendário tesouro da Ordem. Uma parte desses navios aportou na Escócia e os Templários teriam se associado com os Guardas Escoceses, com os Rosa-cruzes, o Colégio Invisível, e a Sociedade Real (todos grupos ocultistas) e juntos teriam formado o Rito Escocês da Maçonaria.




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#13 Mensagem por delmar » Sáb Fev 18, 2006 12:20 pm

Pasquale Catozzo escreveu:
priorado de Sião (a ordem do templo era o braço armado do Priorado de Sião)

O Priorado e os Templários

Os Cavaleiros Templários e o Priorado de Sião (A Ordem de Sião) tornaram-se a elite cultural que adotou totalmente os aspectos ocultistas dos Antigos Mistérios. Isso os colocou em rota de colisão com a Igreja de Roma e seus aliados. O Priorado de Sião teria passado a operar às escondidas e tornado-se uma "sociedade secreta" da elite, enquanto os Cavaleiros Templários foram violentamente atacados pelo rei francês Filipe IV, o Belo e pelo Papa Clemente V. Em 13 de Outubro de 1307, Filipe IV ordenou a prisão de todos os Cavaleiros Templários. Este evento deu origem à superstição do azar numa sexta-feira 13. No entanto, na noite anterior, um número desconhecido de Cavaleiros teria partido da França com dezoito navios carregados com o lendário tesouro da Ordem. Uma parte desses navios aportou na Escócia e os Templários teriam se associado com os Guardas Escoceses, com os Rosa-cruzes, o Colégio Invisível, e a Sociedade Real (todos grupos ocultistas) e juntos teriam formado o Rito Escocês da Maçonaria.


A realidade é outra. O dinheiro e a biblioteca com os livros mais esotéricos foram levados para ??????, onde foi criada a ordem de ??????. O nome da ordem e o local são tão secretos que ninguém sabe onde fica ou quem são. É claro que se soubesemos o nome não seria uma ordem secreta. O poder da ordem é tamanho que se alguém pronunciar seu nome, sem ser da turma do comando, é morto na hora com um supositório envenenado.
Provavelmente alguém da ordem foi o responsável pelo último tsunami ao pronunciar em voz alta algumas palavras de um livro esotérico. O grão mestre da maçonaria todos os anos vai a determinado local fazer uma prestação de contas para a ordem secreta. È recebido após passar duas horas ajoelhados frente ao portão.
Miguel Angêlo pintou algumas paredes na sede da ordem. Depois chamaram o Pablo (Picasso) para mais uma demão. O Gates, aquele da microsoft, é quem troca as lâmpadas no prédio.
Mais não revelo por medo do supositório envenenado.

Saudações




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#14 Mensagem por Pasquale Catozzo » Sáb Fev 18, 2006 2:23 pm

A realidade é outra. O dinheiro e a biblioteca com os livros mais esotéricos foram levados para ??????, onde foi criada a ordem de ??????. O nome da ordem e o local são tão secretos que ninguém sabe onde fica ou quem são. É claro que se soubesemos o nome não seria uma ordem secreta. O poder da ordem é tamanho que se alguém pronunciar seu nome, sem ser da turma do comando, é morto na hora com um supositório envenenado.
Provavelmente alguém da ordem foi o responsável pelo último tsunami ao pronunciar em voz alta algumas palavras de um livro esotérico. O grão mestre da maçonaria todos os anos vai a determinado local fazer uma prestação de contas para a ordem secreta. È recebido após passar duas horas ajoelhados frente ao portão.
Miguel Angêlo pintou algumas paredes na sede da ordem. Depois chamaram o Pablo (Picasso) para mais uma demão. O Gates, aquele da microsoft, é quem troca as lâmpadas no prédio.
Mais não revelo por medo do supositório envenenado.

Saudações


delmar, obrigado pela sua colaboração....muito interessante [001]




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#15 Mensagem por delmar » Sáb Fev 18, 2006 3:51 pm

delmar, obrigado pela sua colaboração....muito interessante


Não precisa agradecer. Teoria conspiratória é comigo mesmo. Quem matou JFK? Elvis está vivo? Quem matou JK? Hitler fugiu de Berlim antes do fim da II guerra e ainda vive? Os mágicos governam o mundo (despertar dos mágicos)? Os ETs já estão aqui? Os templários estão atuantes até os dias atuais? Em noite de lua cheia tem lobisomem? As pirâmides foram construidas por ETs? Etc, etc, etc.
Conheço tudo sobre o assunto. O que não sei invento na hora, o que vem a dar na mesma. Invenção por invenção as minhas valem tanto quanto a dos autores destes livros sobre conspirações. A diferença é que eles escrevem melhor que eu, tem mais imaginação e ganham muuuuuito dinheiro.

Saudações




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