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Milícia recruta homens para novo ataque no Rio
Moradores da favela Cidade Alta, em Cordovil, na capital fluminense, relatam que a milícia de policiais e ex-policiais que atuava na localidade está recrutando homens, ao preço de R$ 200 por pessoa, para promover um novo ataque no local, após ser expulsa por traficantes do Comando Vermelho (CV). Nesta quarta-feira, circularam informações na comunidade de que grupo armado estava "contratando" moradores do Conjunto Bento Cardoso, na Penha, para tentar tirar novamente o controle da Cidade Alta da facção criminosa. A disputa na região deixou pelo menos seis mortos ao longo dos últimos dias.
Por conta do medo, o comércio local fechou as portas mais cedo, por volta das 20h, enquanto moradores corriam para casa. Por rádio, milicianos teriam oferecido, na terça-feira, R$ 50 mil para traficantes deixarem a favela. O grupo seria chefiado por sargento do 16º BPM (Olaria). Parte dos milicianos estaria na favela Kelson's, na Penha, onde teria ocorrido, domingo à tarde, distribuição de "prêmios" a quem apóia o grupo. Segundo moradores, eletrodomésticos roubados da Cidade Alta foram doados.
Pessoas expulsas da favela, que agora moram na Cidade Alta, mas ainda têm parentes na comunidade da Penha, contam que os milicianos se surpreenderam com a retomada do tráfico. "Mesmo assim, promoveram churrasco e mandaram espalhar a notícia de que voltarão com tudo", disse uma jovem "refugiada" em Cordovil.
Ontem, um grupo de moradores da Cidade Alta entregou à reportagem cópia de uma carta que será enviada ao governador Sérgio Cabral (PMDB), pedindo providências em relação a ameaças de nova invasão.
Eles denunciam a participação de três policiais do 16º BPM (Olaria) e de um ex-PM que foi investigado pela Chacina de Vigário Geral, em 1993. No texto, sugerem que Cabral mande à comunidade "perito de sua confiança" para que faça exame de DNA na touca ninja que teria sido usada, segundo eles, pelo sargento Alex Sarmento Mendes, morto no confronto de domingo, com um tiro no olho. Ainda ensangüentada, a touca foi exposta em poste da Rua Água Doce, como troféu pela retomada do conjunto pelo tráfico.
PM não sabia da retomada
Ao contrário do que diz o registro de ocorrência da 22ª DP (Penha) sobre o assassinato do soldado Moisés da Silva Coelho, que teria sido vítima de assaltantes, moradores da Cidade Alta contam que o policial do 16º BPM (Olaria) e o ex-guarda municipal Jorge Antônio Araújo integravam a milícia que invadiu o conjunto habitacional na madrugada de sábado. A nova versão sobre a morte do soldado dá conta de que ele e Jorge teriam ido à comunidade render o turno de comparsas milicianos.
Desavisados sobre a retomada pelo tráfico, Moisés e Jorge chegaram pela rua Ponto Chic, no Monza do PM, gritando "Cavaca, Realengo!", espécie de código dos milicianos. A rua estava às escuras e os traficantes, que voltaram à favela usando branco, em contraste com os milicianos, que invadiram a Cidade Alta de roupas pretas, também colocaram trajes de cor preta.
"Eles foram levados no carro do PM até a localidade conhecida como Frente Fria e o amigo do Moisés pulou do veículo em movimento e se jogou de uma ribanceira", contou um morador.
Jorge foi internado no hospital Getúlio Vargas com muitas escoriações. Em depoimento à delegada Valéria de Castro, ele contou que os dois tinham sido separados pelos bandidos e que, provavelmente, Moisés teria sido reconhecido como policial. Jorge também afirmou que o soldado, encontrado morto a tiros no porta-malas de seu carro, na avenida Brasil, estava de folga.
O ex-guarda municipal será novamente chamado a depor, para esclarecer pontos contraditórios. A 22ª DP (Penha) e a Corregedoria da PM investigam a relação do crime com a milícia.
O Dia
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1397975-EI316,00.html