Ação militar contra o Irã seria 'muito perigosa', diz relatório
Da France Presse
05/02/2007
10h50-Uma ação militar contra o Irã para acabar com o programa nuclear daquele país seria "muito perigosa" e "contraproducente". As informações foram retiradas do relatório inglês independente publicado nesta segunda-feira.
O relatório, cuja conclusão aponta para a necessidade de se tentar soluções diplomáticas a todo custo para a questão, diz que, enquanto a Inglaterra e o primeiro-ministro Tony Blair têm importante papel na resolução do impasse ao pressionar os Estados Unidos, "apenas o comprometimento direto entre EUA e Irã pode levar a um acordo".
Entre as instituições que participaram da elaboração do relatório estão a ONG Oxfam, o centro de pesquisas Foreign Policy Centre, além da Unison, Amicus e GMB, três dos principais sindicatos britânicos.
Organizações religiosas, como o Conselho Muçulmano da Inglaterra e a Pax Christi, uma instituição internacional beneficente pacifista cristã, também participaram na pesquisa.
"As conseqüências de uma eventual ação militar seriam inteiramente contraproducentes e muito perigosas. Uma saída diplomática para a questão nuclear iraniana deve ser resolutamente buscada", segundo o relatório.
O documento aponta ainda para várias conseqüências negativas que resultariam de qualquer ação militar, dentre as quais um paradoxal reforço "da resolução iraniana em se tornar uma potência nuclear" e o provável abandono do Tratado de Não-Proliferação Nuclear por parte do Irã.
Outra implicação levantada pelos autores do relatório seria uma eventual "intensificação" da guerra ao terrorismo, assim como a possibilidade de que a União Européia, que em grande parte depende do Irã para suprir suas necessidades energéticas, "sentisse a pressão e chegasse, inclusive, a sofrer uma recessão".
O relatório pede que a Grã-Bretanha use sua influência diplomática junto aos Estados Unidos para conseguir o comprometimento americano, considerado essencial para resolver a situação.
De acordo com os autores do documento, no entanto, "não se pode dizer que a via diplomática tenha sido esgotada, já que negociações diretas entre Irã e EUA ainda não aconteceram".
O Conselho de Segurança da ONU aprovou no ano passado uma resolução impondo sanções ao Irã, uma vez que o país se recusa a parar com o enriquecimento de urânio - que tanto pode produzir energia nuclear civil como material para a fabricação de bombas atômicas.
O Ocidente teme que o programa nuclear iraniano, alegadamente pacífico, sirva apenas como fachada para a produção de armas de destruição em massa.
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