JORNAL ZERO HORA - 13 / 08 / 2004 - SEXTA – FEIRA
Militar
FAB gastará US$ 400 milhões para modernizar caças Militar
O apelo nacionalista e as eleições
Artigo
KLÉCIO SANTOS/ Agência RBS/Brasília
O apelo nacionalista do governo está influenciando a modernização dos armamentos da Aeronáutica. A revitalização dos obsoletos AMX A-1 da FAB custará US$ 400 milhões, mas o desembolso vai gerar emprego no país, nas unidades da Mectron, em São José dos Campos (SP), e da Aeroeletrônica, de Porto Alegre, responsáveis pela fabricação do radar e dos componentes eletrônicos dos aviões. A decisão resgata ainda uma aeronave de fabricação nacional, evitando a compra de novos aparelhos.
A modernização dos AMX indica o rumo nacionalista de outra licitação
, a dos caças supersônicos F-X, uma compra estimada em US$ 800 milhões. Uma fonte da Aeronáutica confirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está propenso a antecipar o resultado do Programa F-X e convocar o Conselho de Defesa para o começo de setembro, antes do pleito de 3 de outubro. Uma vitória do consórcio formado pela Embraer seria bem-vinda pelos candidatos ligados ao governo petista. Além disso, uma decisão favorável à Embraer seria a única justificativa para um governo que assumiu prometendo reaparelhar as Forças Armadas e, ao mesmo tempo, fomentar a indústria nacional.
Setores da Aeronáutica defendem que se essa vitória não for possível, só resta ao governo levar adiante um plano B: anular a licitação e comprar caças usados, numa solução que soaria patriótica diante da escassez de recursos. Pesa ainda a favor da Embraer a recente decisão do Pentágono de escolher o consórcio integrado pela empresa para fornecer a próxima geração de aviões de vigilância para o Exército e a Marinha dos Estados Unidos.
Contrato foi assinado com discrição
O Comando da Aeronáutica investirá US$ 400 milhões ao longo de 60 meses para modernizar 53 caças-bombardeiros AMX A-1 da Força Aérea Brasileira (FAB). O contrato foi assinado reservadamente há 10 dias com a Embraer, fabricante do jato subsônico. A primeira unidade a ser revitalizada entrará na fábrica de Gavião Peixoto(SP) em janeiro de 2005. O programa só será completado em 2010. O esquadrão pioneiro atualizado voará entre 2007 e 2008.
Mesmo na atual configuração, que emprega tecnologia dos anos 80, o AMX permite à FAB realizar ataques estratégicos em qualquer ponto da América Latina, do Caribe e do Atlântico Sul. Em condições especiais, podem ser alcançados objetivos no sul e no sudoeste da África.
Na nova versão M (de modernizado), o radar atual vai dar lugar a um sofisticado SCP-01, fabricado em São José dos Campos (SP). Os pilotos passarão a contar com um avançado centro eletrônico de gerenciamento de combate e um designador laser para dirigir bombas inteligentes e mísseis ar-terra de precisão.
Um sistema específico compatibilizará a aeronave com os supersônicos F-5BR, também modernizados pela Embraer, e com os turboélice de ataque leve A-29 Supertucano. O caça tem 13,23 metros de comprimento e 9,97 metros de envergadura.
http://www.exercito.gov.br/Resenha/homepage.htm
http://www.exercito.gov.br/Resenha/homepage.htm
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http://www.fab.mil.br/Publicacao/enotimp/enotimp.htm
http://www.fab.mil.br/Publicacao/enotimp/enotimp.htm
O ESTADO DE SÃO PAULO - 13 / 08 / 2004
SONIA RACY
Cerco
O presidente Lula pediu ao Ministério da Defesa atualização da concorrência dos caças FX para a FAB. Segundo fontes do setor, o fato é que depois de ter vendido 58 aviões para o Pentágono, de receber os contratos de modernização de 53 aviões AMX e 46 F5, mais o contrato de 8 aviões eletrônicos de grande porte e de 76 ALXs, todos para a FAB, está ficando cada vez mais difícil para o governo Lula não atribuir a concorrência dos FXs para a Embraer.