Defesanet 19 Outubro 2006
Exclusivo Defesa @ Net
Aeronáutica Confirma a Compra do Míssil BVR
Liberada a restrição da Notícia
(recomendamos a leitura do artigo Festa com Gosto Especial)
Um dos maiores segredos da FAB foi liberado pelo Comandante da Aeronáutica em recente palestra: a compra do míssil BVR, além de outras armas avançadas.
Durante palestra no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo (PAMA-SP), no dia 13 de outubro, do encontro do Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Luiz Carlos da Silva Bueno, com a Turma da Sucata, entidade que congrega os veteranos da FAB na cidade de São Paulo, e a notícia liberada na página da FAB, no dia 18 Outubro, finalmente a FAB confirma a compra do míssil BVR (Além do Alcance Visual).
O míssil adquirido pela Força Aérea Brasileira é o modelo BVR Derby produzido pela empresa israelense Rafael. Também da Rafael a FAB adquiriu recentemente um sistema de designação de alvos "LITENING III e equipamentos de Guerra Eletrônica embarcada "SKYSHIELD".
O Impacto
Após o impacto da primeira Operação CRUZEX I (2002), quando o Armée de l´Air (Força Aérea Francesa) empregando a combinação: míssil MBDA BVR MICA + E-3F AWACS e o Mirage 2000-5 com o radar RDY, marcou definitivamente os rumos da evolução tecnológica da FAB.
No primeiro dia da CRUZEX I os franceses "abateram" "TODOS",os aviões "agressores", alguns a uma distância de 70 km ou mais, a maioria aviões F-5 da FAB, que operavam desde Florianópolis. O exercício teve de ser zerado e reiniciado.
O Brigadeiro Baptista, então Comandante da FAB, foi enfático na entrevista coletiva ao término da CRUZEX I ao mencionar a performance da Força Aérea Francesa:
"Estão abatendo os meus aviões a 50 milhas de distância". Defesa@Net comentou: O conjunto Mirage 2000-5 mais o AWACS possibilitou uma performance superior para a Força de Coalizão liderada pelo L´Armée de L´Air. Isto pode prever desdobramentos com a decisão próxima do Programa FX, termos nos céus brasileiros uma FAB potente e capaz.
O impacto foi tão profundo como pode ser avaliado na declaração do Brigadeiro J. Carlos, ex-comandante do COMGAR, a Defesa@Net. "Temos de sair dessa fossa".
Defesanet: O ganho tecnológico seria nesse processo de integração míssil BVR e o radar ?
Brig. J. Carlos: Sim o ganho seria no processo de integrar: a arma, radar e o datalink, que vai comandar o míssil BVR via radar. Nós não temos isso no momento. Seria o grande ganho tecnológico.
Isso vale qualquer coisa. Se nós pudermos obter essa qualificação de ter um controle de um mísil BVR, via datalink, com o radar de seu avião, isso é que interessa. O resto é perfumaria.
Defesanet: Na CRUZEX 2002 os franceses obtiveram uma grande superioridade com os MICA.
Brig. J Carlos: Temos de sair dessa fossa, e adquirir um novo patamar tecnológico.
Entrevista com o Brigadeiro J. Carlos Pereira - 03 Março 2005
http://www.defesanet.com.br/fx/jcarlos.htm
A Procura
Com o cancelamento do Programa F-X, onde tão importante como o caça a ser escolhido estava a definição do binômio radar e sistema de armas, incluindo o míssil BVR.
O cancelamento do Programa F-X postergou a entrada da FAB nesse campo tecnológico.
Quando foi feito o anúncio da compra dos Mirage 2000C/B, pelo Comandante da Aeronáutica, ao grupo de pilotos do 1º GDA a primeira pergunta que foi feita pelos pilotos, e o míssil BVR?
Porém o programa F-5BR avançava e tornava-se a uma boa plataforma para o emprego de um míssil BVR. O primeiro candidato era o míssil Sul-Africano R-Darter
Em fins do ano passado o Comando da Aeronáutica negociava com a Denel Aerospace, da África do Sul, tanto a participação do programa A-Darter, como para a aquisição do BVR R-Darter. Porém, no ano de 2006 foi definida a aquisição do míssil israelense Derby, produzido pela israelense Rafael. Os dois mísseis são um desenvolvimento conjunto entre Israel e a África do Sul.
Por ter mais recursos e as necessidades operacionais mais prementes, a Rafael incorporou avanços tecnológicos que tornaram o Derby superior ao R-Darter, como próprias fontes sul-africanas confirmaram ao correspondente de Defesa@Net.
Um dos pontos mais relevantes das inovações introduzidas pelos israelenses é a adoção do sistema datalink.
O Brasil acabou adquirindo no primeiro semestre de 2006 o míssil Derby para ser integrado ao caça F-5M. Graças ao sistema modular de aviônica desenvolvido pela Embraer/Elbit e a fácil integração de dados aos computadores permitiu, que em curto espaço de tempo fossem realizadas as seguintes operações:
- Integração dos dados do míssil aos computadores de bordo do avião;
- Sistemas de fixação do míssil, pilone, ao avião;
- Treinamento dos pilotos do 1º/14º GAV, Esquadrão Pampa, em ambiente BVR, e,
- Desenvolvimento de táticas e perfil operacional entre o 1º/14GAV Esquadrão Pampa e o 2°/6° Esquadrão Guardião.
A introdução do sistema do simulador de vôo da aeronave de caça F-5M, que permitiu ao esquadrão simular operações aéreas em ambiente BVR. O 1º/14º GAV treinou tanto no simulador da Base Aérea de Santa Cruz (BASC), como no recém inaugurado da Base Aérea de Canoas (BACO). Esse incorporou os dados do Derby ao sistema para que os pilotos testassem e aperfeiçoassem as táticas para operações em ambiente BVR. (para mais detalhes acesse matéria Inaugurado Simulador de Vôo do F-5M)
A Corrida
Essa corrida contra o relógio tinha uma meta, a CRUZEX III, que seria realizada em Agosto/Setembro, na área de Brasília DF/Campo Grande(MS).
Se o resultado de 2002 jogou a FAB na fossa, o resultado de 2006 espantou aos franceses e demais participantes da CRUZEX, e com repercussões imediatas em todo o continente.
Em uma missão da CRUZEX III, dois Mirage 2000N do Armée de l´Air, operando sob a vigilância de um E-3F, e escoltados por Mirages 2000C franceses, foram abatidos pelos "agressores" do 1º/14º GAV operando desde a Base de Campo Grande (MS).
Mais surpreendente é que nenhum sensor francês detectou: ou os F-5M ou o lançamento dos mísseis ou a presença do R99A
Agora a FAB usava o quarteto:
F-5M, Míssil BVR Derby, R99A e o datalink. A vantagem tática obtida pelos F-5M frente aos demais foi de tal modo superior, que impactou profundamente, não só no período da operação como alguns movimentos de governos Latino-americanos.
Outros exercícios e simulações ocorreram em especial na semana 4- 8 Setembro, quando FAB e Armée de l´Air realizaram vários combates simulados na região de Anápolis.
Defesa@Net comentou a entrega dos dois primeiros Mirage 2000C como uma "Festa com Gosto Especial", visto que
a referência agora da FAB é o conjunto: F-5M + BVR Derby + R99A + Datalink.
Repercussão
O patamar técnico-operacional obtido pela FAB e suas equipes operacionais e técnicas e a indústria nacional com a EMBRAER, são únicos no continente latino-americano e inclui a FAB no seleto grupo de forças aéreas, que não são mais do que cinco, que dominam o ambiente BVR e operam aviões de controle e vigilância aérea como o R-99A .
O impacto foi sentido no continente onde a Fuerza Aérea do Chile (FACh) realizou uma inusitada parada aérea, no dia 20 Setembro, e Hugo Chávez afirmou, no dia 19 Setembro:"Chávez ordena planificar operación militar Mercosur en El Caribe"
Cumprimentamos a Força Aérea Brasileira que ao comemorar os 100 Anos do Vôo do 14 Bis também comemora a entrada de um novo século de domínio tecnológico. Tão importante quanto a bravura dos pilotos do dia 22 Abril de 1945.