Governo inglês divulga plano para privatizar a Amazônia

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#76 Mensagem por Guerra » Dom Out 08, 2006 1:16 am

FinkenHeinle escreveu:
SGT GUERRA escreveu:
FinkenHeinle escreveu:
SGT GUERRA escreveu:É claro que ele fez isso, vcaso contrário seria o enterro dele como politico, a não ser que ele quissesse fazer politica para alguns imbecis que participam desse forum

POWS Guerra Véio, tu acabou de falar da mãe do cara, depois lança essa... Porque não aproveita e dá nome aos bois?!

Vai começar complozinho para me expulsar também Finken? Voce ja me viu atacar alguém aqui no DB de graça? Vamos fazer um historico de insultos e vamos ver quem mais atacou militares, franceses, nordestinos, comunistas e quetales.

Não é complozinho não, não tem isso...


Eu quero é saber quem tu chamou de imbecil... Pois posso não ser dos mais inteligentes, mas tenho um pequeno palpite de que estou no meio deles...


Finken, meu comentário nasceu daqui:


disseram por ai que o Senador Arthur Virgílio(AM) se pronuncio no senado sobre isso hoje.. obviamente.. como todos os outros.. repudiando essa ideia!



O que eu quero dizer é bem simples. Nenhum político gozando de uma boa saúde mental se pronunciaria a favor da compra de terras por estrangeiros na Amazônia, com esse papo de preservação. Porque a maioria não é a favor de venda de território. Não ha registro na história das sociedades humanas de alguma nação que defendeu a venda de seu próprio território. O que existe é muita guerra (eu diria quase todas as guerras) em defesa de territórios. Veja bem, eu sei muito bem que existem estrangeiros vindo comprar terras no Brasil para formar fazendas. Outro dia passou uma reportagem sobre um ex-fuzileiro americano, dono de uma fazenda no mato grosso. Inclusive que lutou na guerra do golfo e mostrou um monte de medalhas. Não é isso que estamos discutindo aqui. O que estamos discutindo é um cara que mora lá na esquina com o fim do mundo, comprar terra com esse papo de preservar. E quanto a isso não há o que discutir. É difícil crer que existe alguém que defenda a venda do chão que ele pisa. Se existe, na minha opinião, o cara é burro (ou imbecil, ou qualquer outra definição para falta de inteligência).
Agora, me diz qual é o problema do meu comentário? Você se ofendeu com o que eu disse porque você é a favor? Pois eu não chamei você de burro. Alias, eu considero você um dos caras mais inteligentes do fórum, e eu não estou fazendo media, porque você sabe que eu não sou de fazer media. Quem esta ligando o nome a pessoa, é você. Só que eu não posso retirar o que eu disse, porque essa é a minha opinião. Da mesma forma que existe opiniões sobre militares aqui no fórum que me ofendem e que são expressas sem o mínimo de tato, eu também me reservo no direito de dar minha opinião sobre qualquer assunto sem tato e sem trela na língua, principalmente quando o comentário é sobre quem acha que para dar sua opinião precisa ofender alguém.
Porque eu perguntei se você esta fazendo “complozinho”? Vou ser sincero com você. Porque na minha opinião, você esta tomando partido só para aumentar o numero de “ofendidos”, justamente por achar você inteligente demais para defender tal causa. Se eu estiver enganado, e você só esta comprando a guerra do “ofendido”. Isso é bom, só gostaria de vê-lo fazer o mesmo quando outros grupos fossem ofendidos aqui no fórum. Digo desde já que você terá trabalho, porque eu posso relacionar por cima uns 10 grupos que sofrem ataques gratuitos diariamente aqui no DB. Se você realmente é a favor dessas idéias, sinto muito...você é o cara errado, com as idéias erradas, no lugar errado, porque você é a ultima pessoa que se passava na minha mente quando comentei isso. Sabendo de sua posição quanto a esse assunto, com certeza, terei mais cuidado ao discutir com você, porque você, pelo menos comigo sempre foi muito educado, mas infelizmente minha opinião você já sabe qual é.




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#77 Mensagem por Guerra » Dom Out 08, 2006 1:29 am

FinkenHeinle escreveu:
Jet Crash® escreveu:Baseado nisto, posso pré-supor que ofensas contra a progenitora alheia está liberada no DB?

:twisted: :twisted: :twisted: :twisted:


Se o objetivo de voces dois é forçar uma punição, não percam tempo. Eu já entrei em contato com a moderação a respeito disso. Não precisam insunuar que eu ofendi, porque foi explicito e era para ofender sim. Foi a única forma para chamar a atenção e mostrar que as pessoas podem se ofender quando soltamos palavras como se estivéssemos sentados no vaso do nosso banheiro lendo um jornal da semana passada.
É obvio que o que disse é baixo, imoral, totalmente sem ética, mas não posso pedir desculpas, porque o Jet simplesmente não respeita ninguém quando expressa suas idéias. Pode até ser seu estilo, mas se ele trata as pessoas no seu dia-a-dia da forma como expressa suas idéias aqui, ele deve ter um serio problema para se relacionar no meio que vive, porque ninguém é obrigado a ouvir as coisas da forma como ele diz e ficar quieto.
Como eu disse meu objetivo era chamar a atenção, sinceramente pensei que ele pediria mais ética durante os debates, mas pelo infelizmente pelo comentario, surtiu o efeito contrario e o que ele quer é baixar o nível ainda mais.
Eu entrei em contado com a moderação, e já disse que aceito qualquer sanção. Por outro lado, se houver mesmo uma tolerância ainda maior que a existente, e se ele e outros integrantes do fórum, que parecem que tem o direito adquirido de dizer o que bem entende e o que vem em suas cabeça, continuarem a fazer uso do que acham que é direito, não é necessário esse tipo de associação para pedir punição, desde de já eu encerro minha participação no fórum.




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#78 Mensagem por Guerra » Dom Out 08, 2006 1:30 am

FinkenHeinle escreveu:
Jet Crash® escreveu:Baseado nisto, posso pré-supor que ofensas contra a progenitora alheia está liberada no DB?

:twisted: :twisted: :twisted: :twisted:


Se o objetivo de voces dois é forçar uma punição, não percam tempo. Eu já entrei em contato com a moderação a respeito disso. Não precisam insunuar que eu ofendi, porque foi explicito e era para ofender sim. Foi a única forma para chamar a atenção e mostrar que as pessoas podem se ofender quando soltamos palavras como se estivéssemos sentados no vaso do nosso banheiro lendo um jornal da semana passada.
É obvio que o que disse é baixo, imoral, totalmente sem ética, mas não posso pedir desculpas, porque o Jet simplesmente não respeita ninguém quando expressa suas idéias. Pode até ser seu estilo, mas se ele trata as pessoas no seu dia-a-dia da forma como expressa suas idéias aqui, ele deve ter um serio problema para se relacionar no meio que vive, porque ninguém é obrigado a ouvir as coisas da forma como ele diz e ficar quieto.
Como eu disse meu objetivo era chamar a atenção, sinceramente pensei que ele pediria mais ética durante os debates, mas pelo infelizmente pelo comentario, surtiu o efeito contrario e o que ele quer é baixar o nível ainda mais.
Eu entrei em contado com a moderação, e já disse que aceito qualquer sanção. Por outro lado, se houver mesmo uma tolerância ainda maior que a existente, e se ele e outros integrantes do fórum, que parecem que tem o direito adquirido de dizer o que bem entende e o que vem em suas cabeça, continuarem a fazer uso do que acham que é direito, não é necessário esse tipo de associação para pedir punição, desde de já eu encerro minha participação no fórum.




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#79 Mensagem por Túlio » Dom Out 08, 2006 10:55 am

Senhores, lastimo profundamente dizer que esse tópico já passou das medidas, esse bate-boca NÃO é nosso objetivo, mas sim ampliar nossos conhecimentos. Flame-wars NÃO ajudam a alcançar esta meta.

Este tópico esteve bloqueado visando avaliação pela Moderação/Administração. Esperamos que agora as discussões se pautem pela civilidade e respeito aos colegas.

Valews! :wink:




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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#80 Mensagem por FinkenHeinle » Seg Out 09, 2006 7:05 pm

SGT GUERRA escreveu:Se o objetivo de voces dois é forçar uma punição, não percam tempo.

Com todo respeito... Mas isso não passa de Coitadismo...


Não tenho nenhuma intenção de forçar uma punição, e me ofende que tu diga uma coisa destas. Tu mesmo admitiu que o que disse foi baixo, tudo bem, mas isso não tira, de certa forma, a razão do JetCrash, que afinal de contas foi o único que teve a atenção chamada pela moderação. Isso é fato, quer gostemos dele ou não!

Dito isso, ele fez um comentário ácido, é verdade, mas sem ofender ninguém, sobre uma atitude da moderação que pode ser considerada discutível! Eu apenas tomei a liberdade de colocar uns Smiles, porque honestamente achei a situação muito engraçada.


Sem mais.




Atte.
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#81 Mensagem por Guerra » Ter Out 10, 2006 7:43 am

FinkenHeinle escreveu:Com todo respeito... Mas isso não passa de Coitadismo...



Não é coitadismo, não tenho nenhuma intenção de comover a banca. Só estou chamando a atenção para um "tatica" que esta se tornando rotineira aqui no DB.
Nossa discussão era uma discussão pessoal, por voce tomou partido então?

Não tenho nenhuma intenção de forçar uma punição, e me ofende que tu diga uma coisa destas.


Minha intenção não era te ofender, mas isso só prova que as vezes as pessoas se sentem ofendidas, mesmo quando essa não é nossa intenção. Talvez esse seja o momento certo para discutirmos a forma como abordamos certos assuntos.


Tu mesmo admitiu que o que disse foi baixo, tudo bem, mas isso não tira, de certa forma, a razão do JetCrash, que afinal de contas foi o único que teve a atenção chamada pela moderação.


Eu fui chamado sim.


Dito isso, ele fez um comentário ácido, é verdade, mas sem ofender ninguém, sobre uma atitude da moderação que pode ser considerada discutível! Eu apenas tomei a liberdade de colocar uns Smiles, porque honestamente achei a situação muito engraçada.


"em briga de marido e mulher..."




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#82 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Out 10, 2006 8:24 am

Essas dos sacos...até a mim caiu mal! :shock:

Mas como o Sarg disse, "em briga de marido e mulher..."




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#83 Mensagem por Túlio » Ter Out 10, 2006 11:14 am

Tá, e isso aí tudo tem precisamente O QUÊ a haver com o assunto do tópico, POWS!?

Tigrada, todo mundo aqui sabe o MSN de todo mundo, por que num resolvem suas diferenças PESSOAIS lá? O nosso véio DB disponibiliza também o recurso da MP para isso...

Assim, que tale a gente largar de mão as frescuragens típicas de guri no recreio do colégio e adotarmos O TEMA do tópico, me parece, SMJ, muito mais profícuo para todos.

Assim, e tantando DE NOVO retornar ao tópico...

Quantas divisões tem o Brasil?
por Lindolpho Cademartori em 26 de julho de 2005

Resumo: O Brasil das Forças Armadas sucateadas e de operacionalidade precária é o mesmo Brasil que almeja se sentar ao lado dos EUA, da Rússia, da Grã-Bretanha, da China e da França no CSNU.

© 2005 MidiaSemMascara.org


Um País cuja Força Aérea não tem uma centena de caças interceptadores e de ataque para se defender de uma eventual operação ofensiva, com vistas à manutenção da superioridade aérea, à qual se sucederão um maciço desembarque anfíbio e a ocupação terrestre por parte de forças invasoras; um País cuja Armada mal e porcamente perfaz uma Frota, e que cuja escassez de recursos impede a Marinha de manter um único navio operando 24 horas por dia ao longo da costa[1]; um País cujo orçamento de defesa tem 75,4% de seu montante dedicado à folha de pagamentos[2] (700 mil inativos, 300 mil em atividade[3]); um País cujo orçamento de defesa – excluído o setor previdenciário – é o menor do mundo, correspondendo a 0,3% do PIB[4]; um País que dispõe de um programa destinado à construção de um submarino de propulsão nuclear que se arrasta por mais de duas décadas; um País que trata suas Forças Armadas com laivos revanchistas e desprezo institucional, ignorando a missão constitucional e de construção e de projeção de poder que as mesmas têm; um País que, aos trancos e barrancos, mantém, em seu próprio quintal estratégico, uma única Brigada na MINUSTAH (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti), e, ainda assim, se depara com sólidas oposições parlamentar, de entidades e popular à ação de suas tropas no estrangeiro: eis o País, caro leitor, que aspira obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Que o apanhado soe como uma troça de mau gosto, mas não é: o Brasil das Forças Armadas sucateadas e de operacionalidade precária é o mesmo Brasil que almeja se sentar ao lado dos E.U.A., da Rússia, da Grã-Bretanha, da China e da França no CSNU.

O Brasil dispõe de uma corrente de plataformas continentais de prospecção de petróleo em alto mar, ao longo de quase toda a costa – nomeadamente no Sudeste -, e sua Marinha de Guerra, malgrado ser a oitava do mundo em tonelagem, descomissiona embarcações com menos de 30 anos de uso pela simples razão de que não há verbas para mantê-las operando; no mesmo sentido estão as aspirações tocantes à “Amazônia Azul”[5], compreendendo nossas águas jurisdicionais, para a defesa da qual seria necessária uma Armada que dispusesse de no mínimo três frotas[6], cada uma das quais operando um porta-aviões e diversas embarcações de escolta e multi-propósito. Os latentes desejos brasileiros de projeção de poder no Atlântico Sul, bem assim a urgência em sediar uma frota em Marajó, para que a mesma controle o acesso à foz do Amazonas, igualmente esbarram no estado depauperado da Marinha, no contingenciamento de verbas e nas aberrações orçamentárias do Ministério da Defesa.

Somos uma nação continental com quase 8.000 quilômetros de extensão costeira, e, a despeito disso, nossos meios navais são inferiores àqueles de que dispõe a Marinha italiana[7]. Temos um oceano sobre o qual poderíamos projetar poder e gerar o capital político e militar necessário a uma investida séria com vistas à obtenção de um assento permanente no CSNU, mas o nosso empenho retórico e dissuasor se concentra em declarações de intenções arrancadas a preços exorbitantes de membros permanentes e aspirantes a uma cadeira cativa no CSNU, reconhecendo o capitalismo de zoológico chinês como uma “economia de mercado” e forçando a barra em visitas oficiais, para que outros líderes endossem a aspiração brasileira. Nossos concorrentes são uma potência nuclear cuja economia cresce à ordem de 7,5-8% ao ano, um colosso tecnológico-industrial que corresponde à segunda maior economia do globo e uma potência científico-tecnológica européia que dispõe do estado-da-arte em matéria de equipamento militar no Velho Mundo[8]. O Brasil, de sua feita, tem um PIB nominal pouco superior ao da cidade de Nova York, uma Força Aérea indulgentemente modesta, uma Marinha de Guerra que definha há mais de uma década e nenhuma frota de bombardeiros médios ou pesados. Some-se a isso limitações constitucionais que fazem da guerra uma realidade só quando uma hipotética aviação inimiga já estiver despejando bombas sobre nossos desprotegidos centros industriais, inversões mínimas na área de Pesquisa & Desenvolvimento militares e, enfim, um Exército cuja experiência aproveitável em teatros operacionais ultramarinos vem sendo deliberadamente atrofiada pela mais absoluta indiferença dos formuladores do pensamento estratégico em relação à necessidade de envolvimento de forças brasileiras nas operações de paz das Nações Unidas – ou mesmo ao lado de uma superpotência que faz ouvidos moucos ao assembleísmo imobilista de Nova York e resolve, manu militari, alterar o equilíbrio regional no Oriente Médio.

A estratégia do blefe gradual

O impedimento não é direcionado e tampouco tem o Brasil como molde, mas as condições das quais o País passa ao largo. O poderio militar de um país candidato a um assento permanente no CSNU deve ser global – global capabilities – ou regional – regional capabilities. O Brasil, sem embargo do porte geopolítico e das possibilidades (quase deterministas, no sentido ratzelliano[9] do termo) de projeção de poder regional, é um país cujas Forças Armadas não conseguem sequer assegurar, para fins absolutos, a ordem e a segurança locais (embora esta tampouco seja sua missão constitucional). Nossas fronteiras porosas são virtualmente desguarnecidas, incapaz por termo à entrada de armas e drogas em território nacional e mesmo a eventuais incursões de forças paramilitares estrangeiras. A Lei do Tiro de Destruição (“Lei do Abate”) é fato recente, de conseqüências que ainda não podem ser inteiramente analisadas. A orientação defensiva e quase resignada das unidades do Exército nas fronteiras amazônicas, perante as afrontas de forças paramilitares colombianas, contribui para suscitar na corporação a desnecessidade de uma postura ativa e ofensiva. O estabelecimento de reservas indígenas de dimensões semelhantes às de nações européias, em áreas de fronteira ou em perímetros estratégicos, nos quais a entrada das Forças Armadas é vetada, agrava o quadro. É transmitida a idéia de que há no Brasil setentrional “territórios semi-autônomos”, sobre os quais o poder estatal não pode agir, tendo como subproduto o mal-ajambrado conceito de que o Brasil é um país não totalmente pacificado e com problemas de ordem doméstica que tornam improvável a possibilidade de que o País venha a se engajar efetivamente – seja no âmbito da vontade ou no tocante à capacidade material - na pacificação de rincões como Chechênia, Kosovo, Congo, Darfur ou Afeganistão.

O que nos guia à conclusão de que nenhuma potência, seja ela membro permanente ou não do CSNU, considerará ou apoiará decididamente o ingresso de uma nação cuja máquina de guerra e vontade política de usá-la está sensivelmente aquém das capacidades dos próprios membros e dos demais candidatos. Almejar um assento permanente no CSNU é um tour de poder, e desejar fazer parte de um pool de superpotências sem dispor de um poder comparável ao delas é pura e simplesmente um blefe. E blefes, bem o disse Winston Churchill[10], são promissórias emitidas a uma nêmesis – Stálin que o dissesse, quando a tempestade alemã de fogo e aço desabou sobre a Rússia, no verão de 1941. Ou ele simplesmente é tomado pelo que é, desacreditando seu postulante, ou a conta não tarda a chegar – impondo ao País responsabilidades acima de seus meios.

A política externa de sindicato

A inércia brasileira diante de um estado de semi-anarquia na Bolívia; o vieses condescendentes e escapistas perante o rearmamento de uma Venezuela aparentemente decidida a se tornar, pela força das armas, uma potência regional; e a abstenção em relação às facções paramilitares colombianas: tais ações integram, de um lado, o flanco passivo da ação estratégica brasileira no continente. No flanco ativo, tem-se o voluntarismo presidencial em assuntos externos, o verbo de palanque da Chancelaria, a tentativa de articulação de uma política externa que mais lembra uma política sindical e a auto-humilhação relativa aos países-chave no apoio ao assento permanente no CSNU, ridicularizando o serviço diplomático brasileiro e dando a entender que nossa política externa serve a virtuoses imediatistas. Previsível é, portanto, que os resultados não sejam os melhores.

Quer nos parecer que o Brasil depositou seus anseios de grandeza institucional face às nações nas mãos de um grupo de homens que age de forma bastante semelhante à do diplomata francês que, durante a II Guerra Mundial, sugeriu a Stálin que os soviéticos abrandassem as perseguições aos católicos, a fim de melhorar a imagem do Kremlin com o Papa. Stálin teria respondido: “O Papa!...Quantas divisões tem o Papa?”. O Brasil, ao que se afigura, quer confrontar o mundo com o suposto fato de que nos atribuir maior importância política fará com que uma parcela pivotal dos Estados reveja o curso de suas políticas externas e domésticas, prerrogando a solução de um número de problemas que compensaria a atribuição de maior importância política ao Brasil por meio de um assento no CSNU. Não tardará, portanto, até que alguém pergunte, de uma forma ou de outra: “O Brasil!...Quantas divisões tem o Brasil?”




[1] Marinha tem projeto para a Amazônia Azul. Gazeta Mercantil, 23/06/2005.

[2] Extraído de http://www.defesabr.com/Md/md_recursos.htm . Àqueles que porventura se interessarem por um projeto simulado de reformulação das Forças Armadas, conferir o portal http://www.defesabr.com, desenvolvido e mantido por Roberto Silva. Cuida-se de um trabalho soberbo e minuciosamente argumentado, simulando um projeto de total reequipagem e reestruturação das FFAA até 2020.

[3] Ibidem

[4] Ibidem

[5] A Amazônia Azul compreende as águas jurisdicionais brasileiras, nomeadamente a ZEE e a plataforma continental. Corresponde a uma área de 4.451.766 km2, equivalente a 52% do território continental. A costa brasileira tem 7.491 km de extensão.

[6] Ver o projeto de Roberto Silva, supracitado, sobre a necessidade de três frotas para a Marinha do Brasil, sediadas em pontos estratégicos ao longo da costa: a 1ª Frota teria como base Sepetiba, no Rio de Janeiro; a 2ª Frota estaria baseada no Recife, em Pernambuco; a 3ª Frota estaria sediada na Ilha de Marajó, atual Estado do Pará, com vistas ao controle do litoral sententrional e do acesso à foz do Rio Amazonas.

[7] http://www.defesabr.com/Mb/mb_marinhas_Parte1.htm

[8] Respectivamente, Índia, Japão e Alemanha. Nigéria e África do Sul – e há divergências quanto ao Brasil fazer parte do “primeiro pelotão” ou do “segundo pelotão” - integram a segunda coluna de candidatos a um assento permanente, embora os endossos à candidatura das mesmas seja mais um gesto positivo de boa vontade e incentivo ao aprimoramento das instituições domésticas do que uma sondagem real com vistas à aceitação dos dois países africanos como membros permanente do CSNU.

[9] Cf. RATZEL, Friedrich. Politische Geographie oder Geographie der Staaten, des Verkehrs und des Krieges.

[10] CHURCHILL, Winston. Memórias da Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.




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#84 Mensagem por 3rdMillhouse » Ter Out 10, 2006 11:56 am

tulio escreveu:
Quantas divisões tem o Brasil?
por Lindolpho Cademartori em 26 de julho de 2005

Resumo: O Brasil das Forças Armadas sucateadas e de operacionalidade precária é o mesmo Brasil que almeja se sentar ao lado dos EUA, da Rússia, da Grã-Bretanha, da China e da França no CSNU.

© 2005 MidiaSemMascara.org


Um País cuja Força Aérea não tem uma centena de caças interceptadores e de ataque para se defender de uma eventual operação ofensiva, com vistas à manutenção da superioridade aérea, à qual se sucederão um maciço desembarque anfíbio e a ocupação terrestre por parte de forças invasoras; um País cuja Armada mal e porcamente perfaz uma Frota, e que cuja escassez de recursos impede a Marinha de manter um único navio operando 24 horas por dia ao longo da costa[1]; um País cujo orçamento de defesa tem 75,4% de seu montante dedicado à folha de pagamentos[2] (700 mil inativos, 300 mil em atividade[3]); um País cujo orçamento de defesa – excluído o setor previdenciário – é o menor do mundo, correspondendo a 0,3% do PIB[4]; um País que dispõe de um programa destinado à construção de um submarino de propulsão nuclear que se arrasta por mais de duas décadas; um País que trata suas Forças Armadas com laivos revanchistas e desprezo institucional, ignorando a missão constitucional e de construção e de projeção de poder que as mesmas têm; um País que, aos trancos e barrancos, mantém, em seu próprio quintal estratégico, uma única Brigada na MINUSTAH (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti), e, ainda assim, se depara com sólidas oposições parlamentar, de entidades e popular à ação de suas tropas no estrangeiro: eis o País, caro leitor, que aspira obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Que o apanhado soe como uma troça de mau gosto, mas não é: o Brasil das Forças Armadas sucateadas e de operacionalidade precária é o mesmo Brasil que almeja se sentar ao lado dos E.U.A., da Rússia, da Grã-Bretanha, da China e da França no CSNU.

O Brasil dispõe de uma corrente de plataformas continentais de prospecção de petróleo em alto mar, ao longo de quase toda a costa – nomeadamente no Sudeste -, e sua Marinha de Guerra, malgrado ser a oitava do mundo em tonelagem, descomissiona embarcações com menos de 30 anos de uso pela simples razão de que não há verbas para mantê-las operando; no mesmo sentido estão as aspirações tocantes à “Amazônia Azul”[5], compreendendo nossas águas jurisdicionais, para a defesa da qual seria necessária uma Armada que dispusesse de no mínimo três frotas[6], cada uma das quais operando um porta-aviões e diversas embarcações de escolta e multi-propósito. Os latentes desejos brasileiros de projeção de poder no Atlântico Sul, bem assim a urgência em sediar uma frota em Marajó, para que a mesma controle o acesso à foz do Amazonas, igualmente esbarram no estado depauperado da Marinha, no contingenciamento de verbas e nas aberrações orçamentárias do Ministério da Defesa.

Somos uma nação continental com quase 8.000 quilômetros de extensão costeira, e, a despeito disso, nossos meios navais são inferiores àqueles de que dispõe a Marinha italiana[7]. Temos um oceano sobre o qual poderíamos projetar poder e gerar o capital político e militar necessário a uma investida séria com vistas à obtenção de um assento permanente no CSNU, mas o nosso empenho retórico e dissuasor se concentra em declarações de intenções arrancadas a preços exorbitantes de membros permanentes e aspirantes a uma cadeira cativa no CSNU, reconhecendo o capitalismo de zoológico chinês como uma “economia de mercado” e forçando a barra em visitas oficiais, para que outros líderes endossem a aspiração brasileira. Nossos concorrentes são uma potência nuclear cuja economia cresce à ordem de 7,5-8% ao ano, um colosso tecnológico-industrial que corresponde à segunda maior economia do globo e uma potência científico-tecnológica européia que dispõe do estado-da-arte em matéria de equipamento militar no Velho Mundo[8]. O Brasil, de sua feita, tem um PIB nominal pouco superior ao da cidade de Nova York, uma Força Aérea indulgentemente modesta, uma Marinha de Guerra que definha há mais de uma década e nenhuma frota de bombardeiros médios ou pesados. Some-se a isso limitações constitucionais que fazem da guerra uma realidade só quando uma hipotética aviação inimiga já estiver despejando bombas sobre nossos desprotegidos centros industriais, inversões mínimas na área de Pesquisa & Desenvolvimento militares e, enfim, um Exército cuja experiência aproveitável em teatros operacionais ultramarinos vem sendo deliberadamente atrofiada pela mais absoluta indiferença dos formuladores do pensamento estratégico em relação à necessidade de envolvimento de forças brasileiras nas operações de paz das Nações Unidas – ou mesmo ao lado de uma superpotência que faz ouvidos moucos ao assembleísmo imobilista de Nova York e resolve, manu militari, alterar o equilíbrio regional no Oriente Médio.

A estratégia do blefe gradual

O impedimento não é direcionado e tampouco tem o Brasil como molde, mas as condições das quais o País passa ao largo. O poderio militar de um país candidato a um assento permanente no CSNU deve ser global – global capabilities – ou regional – regional capabilities. O Brasil, sem embargo do porte geopolítico e das possibilidades (quase deterministas, no sentido ratzelliano[9] do termo) de projeção de poder regional, é um país cujas Forças Armadas não conseguem sequer assegurar, para fins absolutos, a ordem e a segurança locais (embora esta tampouco seja sua missão constitucional). Nossas fronteiras porosas são virtualmente desguarnecidas, incapaz por termo à entrada de armas e drogas em território nacional e mesmo a eventuais incursões de forças paramilitares estrangeiras. A Lei do Tiro de Destruição (“Lei do Abate”) é fato recente, de conseqüências que ainda não podem ser inteiramente analisadas. A orientação defensiva e quase resignada das unidades do Exército nas fronteiras amazônicas, perante as afrontas de forças paramilitares colombianas, contribui para suscitar na corporação a desnecessidade de uma postura ativa e ofensiva. O estabelecimento de reservas indígenas de dimensões semelhantes às de nações européias, em áreas de fronteira ou em perímetros estratégicos, nos quais a entrada das Forças Armadas é vetada, agrava o quadro. É transmitida a idéia de que há no Brasil setentrional “territórios semi-autônomos”, sobre os quais o poder estatal não pode agir, tendo como subproduto o mal-ajambrado conceito de que o Brasil é um país não totalmente pacificado e com problemas de ordem doméstica que tornam improvável a possibilidade de que o País venha a se engajar efetivamente – seja no âmbito da vontade ou no tocante à capacidade material - na pacificação de rincões como Chechênia, Kosovo, Congo, Darfur ou Afeganistão.

O que nos guia à conclusão de que nenhuma potência, seja ela membro permanente ou não do CSNU, considerará ou apoiará decididamente o ingresso de uma nação cuja máquina de guerra e vontade política de usá-la está sensivelmente aquém das capacidades dos próprios membros e dos demais candidatos. Almejar um assento permanente no CSNU é um tour de poder, e desejar fazer parte de um pool de superpotências sem dispor de um poder comparável ao delas é pura e simplesmente um blefe. E blefes, bem o disse Winston Churchill[10], são promissórias emitidas a uma nêmesis – Stálin que o dissesse, quando a tempestade alemã de fogo e aço desabou sobre a Rússia, no verão de 1941. Ou ele simplesmente é tomado pelo que é, desacreditando seu postulante, ou a conta não tarda a chegar – impondo ao País responsabilidades acima de seus meios.

A política externa de sindicato

A inércia brasileira diante de um estado de semi-anarquia na Bolívia; o vieses condescendentes e escapistas perante o rearmamento de uma Venezuela aparentemente decidida a se tornar, pela força das armas, uma potência regional; e a abstenção em relação às facções paramilitares colombianas: tais ações integram, de um lado, o flanco passivo da ação estratégica brasileira no continente. No flanco ativo, tem-se o voluntarismo presidencial em assuntos externos, o verbo de palanque da Chancelaria, a tentativa de articulação de uma política externa que mais lembra uma política sindical e a auto-humilhação relativa aos países-chave no apoio ao assento permanente no CSNU, ridicularizando o serviço diplomático brasileiro e dando a entender que nossa política externa serve a virtuoses imediatistas. Previsível é, portanto, que os resultados não sejam os melhores.

Quer nos parecer que o Brasil depositou seus anseios de grandeza institucional face às nações nas mãos de um grupo de homens que age de forma bastante semelhante à do diplomata francês que, durante a II Guerra Mundial, sugeriu a Stálin que os soviéticos abrandassem as perseguições aos católicos, a fim de melhorar a imagem do Kremlin com o Papa. Stálin teria respondido: “O Papa!...Quantas divisões tem o Papa?”. O Brasil, ao que se afigura, quer confrontar o mundo com o suposto fato de que nos atribuir maior importância política fará com que uma parcela pivotal dos Estados reveja o curso de suas políticas externas e domésticas, prerrogando a solução de um número de problemas que compensaria a atribuição de maior importância política ao Brasil por meio de um assento no CSNU. Não tardará, portanto, até que alguém pergunte, de uma forma ou de outra: “O Brasil!...Quantas divisões tem o Brasil?”




[1] Marinha tem projeto para a Amazônia Azul. Gazeta Mercantil, 23/06/2005.

[2] Extraído de http://www.defesabr.com/Md/md_recursos.htm . Àqueles que porventura se interessarem por um projeto simulado de reformulação das Forças Armadas, conferir o portal http://www.defesabr.com, desenvolvido e mantido por Roberto Silva. Cuida-se de um trabalho soberbo e minuciosamente argumentado, simulando um projeto de total reequipagem e reestruturação das FFAA até 2020.

[3] Ibidem

[4] Ibidem

[5] A Amazônia Azul compreende as águas jurisdicionais brasileiras, nomeadamente a ZEE e a plataforma continental. Corresponde a uma área de 4.451.766 km2, equivalente a 52% do território continental. A costa brasileira tem 7.491 km de extensão.

[6] Ver o projeto de Roberto Silva, supracitado, sobre a necessidade de três frotas para a Marinha do Brasil, sediadas em pontos estratégicos ao longo da costa: a 1ª Frota teria como base Sepetiba, no Rio de Janeiro; a 2ª Frota estaria baseada no Recife, em Pernambuco; a 3ª Frota estaria sediada na Ilha de Marajó, atual Estado do Pará, com vistas ao controle do litoral sententrional e do acesso à foz do Rio Amazonas.

[7] http://www.defesabr.com/Mb/mb_marinhas_Parte1.htm

[8] Respectivamente, Índia, Japão e Alemanha. Nigéria e África do Sul – e há divergências quanto ao Brasil fazer parte do “primeiro pelotão” ou do “segundo pelotão” - integram a segunda coluna de candidatos a um assento permanente, embora os endossos à candidatura das mesmas seja mais um gesto positivo de boa vontade e incentivo ao aprimoramento das instituições domésticas do que uma sondagem real com vistas à aceitação dos dois países africanos como membros permanente do CSNU.

[9] Cf. RATZEL, Friedrich. Politische Geographie oder Geographie der Staaten, des Verkehrs und des Krieges.

[10] CHURCHILL, Winston. Memórias da Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.


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#85 Mensagem por cabeça de martelo » Ter Out 10, 2006 12:12 pm

Excelente texto Túlio! :wink:




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#86 Mensagem por 3rdMillhouse » Ter Out 10, 2006 12:25 pm

tulio escreveu:
Quantas divisões tem o Brasil?
por Lindolpho Cademartori em 26 de julho de 2005

Resumo: O Brasil das Forças Armadas sucateadas e de operacionalidade precária é o mesmo Brasil que almeja se sentar ao lado dos EUA, da Rússia, da Grã-Bretanha, da China e da França no CSNU.

© 2005 MidiaSemMascara.org


Um País cuja Força Aérea não tem uma centena de caças interceptadores e de ataque para se defender de uma eventual operação ofensiva, com vistas à manutenção da superioridade aérea, à qual se sucederão um maciço desembarque anfíbio e a ocupação terrestre por parte de forças invasoras; um País cuja Armada mal e porcamente perfaz uma Frota, e que cuja escassez de recursos impede a Marinha de manter um único navio operando 24 horas por dia ao longo da costa[1]; um País cujo orçamento de defesa tem 75,4% de seu montante dedicado à folha de pagamentos[2] (700 mil inativos, 300 mil em atividade[3]); um País cujo orçamento de defesa – excluído o setor previdenciário – é o menor do mundo, correspondendo a 0,3% do PIB[4]; um País que dispõe de um programa destinado à construção de um submarino de propulsão nuclear que se arrasta por mais de duas décadas; um País que trata suas Forças Armadas com laivos revanchistas e desprezo institucional, ignorando a missão constitucional e de construção e de projeção de poder que as mesmas têm; um País que, aos trancos e barrancos, mantém, em seu próprio quintal estratégico, uma única Brigada na MINUSTAH (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti), e, ainda assim, se depara com sólidas oposições parlamentar, de entidades e popular à ação de suas tropas no estrangeiro: eis o País, caro leitor, que aspira obter um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Que o apanhado soe como uma troça de mau gosto, mas não é: o Brasil das Forças Armadas sucateadas e de operacionalidade precária é o mesmo Brasil que almeja se sentar ao lado dos E.U.A., da Rússia, da Grã-Bretanha, da China e da França no CSNU.

O Brasil dispõe de uma corrente de plataformas continentais de prospecção de petróleo em alto mar, ao longo de quase toda a costa – nomeadamente no Sudeste -, e sua Marinha de Guerra, malgrado ser a oitava do mundo em tonelagem, descomissiona embarcações com menos de 30 anos de uso pela simples razão de que não há verbas para mantê-las operando; no mesmo sentido estão as aspirações tocantes à “Amazônia Azul”[5], compreendendo nossas águas jurisdicionais, para a defesa da qual seria necessária uma Armada que dispusesse de no mínimo três frotas[6], cada uma das quais operando um porta-aviões e diversas embarcações de escolta e multi-propósito. Os latentes desejos brasileiros de projeção de poder no Atlântico Sul, bem assim a urgência em sediar uma frota em Marajó, para que a mesma controle o acesso à foz do Amazonas, igualmente esbarram no estado depauperado da Marinha, no contingenciamento de verbas e nas aberrações orçamentárias do Ministério da Defesa.

Somos uma nação continental com quase 8.000 quilômetros de extensão costeira, e, a despeito disso, nossos meios navais são inferiores àqueles de que dispõe a Marinha italiana[7]. Temos um oceano sobre o qual poderíamos projetar poder e gerar o capital político e militar necessário a uma investida séria com vistas à obtenção de um assento permanente no CSNU, mas o nosso empenho retórico e dissuasor se concentra em declarações de intenções arrancadas a preços exorbitantes de membros permanentes e aspirantes a uma cadeira cativa no CSNU, reconhecendo o capitalismo de zoológico chinês como uma “economia de mercado” e forçando a barra em visitas oficiais, para que outros líderes endossem a aspiração brasileira. Nossos concorrentes são uma potência nuclear cuja economia cresce à ordem de 7,5-8% ao ano, um colosso tecnológico-industrial que corresponde à segunda maior economia do globo e uma potência científico-tecnológica européia que dispõe do estado-da-arte em matéria de equipamento militar no Velho Mundo[8]. O Brasil, de sua feita, tem um PIB nominal pouco superior ao da cidade de Nova York, uma Força Aérea indulgentemente modesta, uma Marinha de Guerra que definha há mais de uma década e nenhuma frota de bombardeiros médios ou pesados. Some-se a isso limitações constitucionais que fazem da guerra uma realidade só quando uma hipotética aviação inimiga já estiver despejando bombas sobre nossos desprotegidos centros industriais, inversões mínimas na área de Pesquisa & Desenvolvimento militares e, enfim, um Exército cuja experiência aproveitável em teatros operacionais ultramarinos vem sendo deliberadamente atrofiada pela mais absoluta indiferença dos formuladores do pensamento estratégico em relação à necessidade de envolvimento de forças brasileiras nas operações de paz das Nações Unidas – ou mesmo ao lado de uma superpotência que faz ouvidos moucos ao assembleísmo imobilista de Nova York e resolve, manu militari, alterar o equilíbrio regional no Oriente Médio.

A estratégia do blefe gradual

O impedimento não é direcionado e tampouco tem o Brasil como molde, mas as condições das quais o País passa ao largo. O poderio militar de um país candidato a um assento permanente no CSNU deve ser global – global capabilities – ou regional – regional capabilities. O Brasil, sem embargo do porte geopolítico e das possibilidades (quase deterministas, no sentido ratzelliano[9] do termo) de projeção de poder regional, é um país cujas Forças Armadas não conseguem sequer assegurar, para fins absolutos, a ordem e a segurança locais (embora esta tampouco seja sua missão constitucional). Nossas fronteiras porosas são virtualmente desguarnecidas, incapaz por termo à entrada de armas e drogas em território nacional e mesmo a eventuais incursões de forças paramilitares estrangeiras. A Lei do Tiro de Destruição (“Lei do Abate”) é fato recente, de conseqüências que ainda não podem ser inteiramente analisadas. A orientação defensiva e quase resignada das unidades do Exército nas fronteiras amazônicas, perante as afrontas de forças paramilitares colombianas, contribui para suscitar na corporação a desnecessidade de uma postura ativa e ofensiva. O estabelecimento de reservas indígenas de dimensões semelhantes às de nações européias, em áreas de fronteira ou em perímetros estratégicos, nos quais a entrada das Forças Armadas é vetada, agrava o quadro. É transmitida a idéia de que há no Brasil setentrional “territórios semi-autônomos”, sobre os quais o poder estatal não pode agir, tendo como subproduto o mal-ajambrado conceito de que o Brasil é um país não totalmente pacificado e com problemas de ordem doméstica que tornam improvável a possibilidade de que o País venha a se engajar efetivamente – seja no âmbito da vontade ou no tocante à capacidade material - na pacificação de rincões como Chechênia, Kosovo, Congo, Darfur ou Afeganistão.

O que nos guia à conclusão de que nenhuma potência, seja ela membro permanente ou não do CSNU, considerará ou apoiará decididamente o ingresso de uma nação cuja máquina de guerra e vontade política de usá-la está sensivelmente aquém das capacidades dos próprios membros e dos demais candidatos. Almejar um assento permanente no CSNU é um tour de poder, e desejar fazer parte de um pool de superpotências sem dispor de um poder comparável ao delas é pura e simplesmente um blefe. E blefes, bem o disse Winston Churchill[10], são promissórias emitidas a uma nêmesis – Stálin que o dissesse, quando a tempestade alemã de fogo e aço desabou sobre a Rússia, no verão de 1941. Ou ele simplesmente é tomado pelo que é, desacreditando seu postulante, ou a conta não tarda a chegar – impondo ao País responsabilidades acima de seus meios.

A política externa de sindicato

A inércia brasileira diante de um estado de semi-anarquia na Bolívia; o vieses condescendentes e escapistas perante o rearmamento de uma Venezuela aparentemente decidida a se tornar, pela força das armas, uma potência regional; e a abstenção em relação às facções paramilitares colombianas: tais ações integram, de um lado, o flanco passivo da ação estratégica brasileira no continente. No flanco ativo, tem-se o voluntarismo presidencial em assuntos externos, o verbo de palanque da Chancelaria, a tentativa de articulação de uma política externa que mais lembra uma política sindical e a auto-humilhação relativa aos países-chave no apoio ao assento permanente no CSNU, ridicularizando o serviço diplomático brasileiro e dando a entender que nossa política externa serve a virtuoses imediatistas. Previsível é, portanto, que os resultados não sejam os melhores.

Quer nos parecer que o Brasil depositou seus anseios de grandeza institucional face às nações nas mãos de um grupo de homens que age de forma bastante semelhante à do diplomata francês que, durante a II Guerra Mundial, sugeriu a Stálin que os soviéticos abrandassem as perseguições aos católicos, a fim de melhorar a imagem do Kremlin com o Papa. Stálin teria respondido: “O Papa!...Quantas divisões tem o Papa?”. O Brasil, ao que se afigura, quer confrontar o mundo com o suposto fato de que nos atribuir maior importância política fará com que uma parcela pivotal dos Estados reveja o curso de suas políticas externas e domésticas, prerrogando a solução de um número de problemas que compensaria a atribuição de maior importância política ao Brasil por meio de um assento no CSNU. Não tardará, portanto, até que alguém pergunte, de uma forma ou de outra: “O Brasil!...Quantas divisões tem o Brasil?”




[1] Marinha tem projeto para a Amazônia Azul. Gazeta Mercantil, 23/06/2005.

[2] Extraído de http://www.defesabr.com/Md/md_recursos.htm . Àqueles que porventura se interessarem por um projeto simulado de reformulação das Forças Armadas, conferir o portal http://www.defesabr.com, desenvolvido e mantido por Roberto Silva. Cuida-se de um trabalho soberbo e minuciosamente argumentado, simulando um projeto de total reequipagem e reestruturação das FFAA até 2020.

[3] Ibidem

[4] Ibidem

[5] A Amazônia Azul compreende as águas jurisdicionais brasileiras, nomeadamente a ZEE e a plataforma continental. Corresponde a uma área de 4.451.766 km2, equivalente a 52% do território continental. A costa brasileira tem 7.491 km de extensão.

[6] Ver o projeto de Roberto Silva, supracitado, sobre a necessidade de três frotas para a Marinha do Brasil, sediadas em pontos estratégicos ao longo da costa: a 1ª Frota teria como base Sepetiba, no Rio de Janeiro; a 2ª Frota estaria baseada no Recife, em Pernambuco; a 3ª Frota estaria sediada na Ilha de Marajó, atual Estado do Pará, com vistas ao controle do litoral sententrional e do acesso à foz do Rio Amazonas.

[7] http://www.defesabr.com/Mb/mb_marinhas_Parte1.htm

[8] Respectivamente, Índia, Japão e Alemanha. Nigéria e África do Sul – e há divergências quanto ao Brasil fazer parte do “primeiro pelotão” ou do “segundo pelotão” - integram a segunda coluna de candidatos a um assento permanente, embora os endossos à candidatura das mesmas seja mais um gesto positivo de boa vontade e incentivo ao aprimoramento das instituições domésticas do que uma sondagem real com vistas à aceitação dos dois países africanos como membros permanente do CSNU.

[9] Cf. RATZEL, Friedrich. Politische Geographie oder Geographie der Staaten, des Verkehrs und des Krieges.

[10] CHURCHILL, Winston. Memórias da Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.


Matou a pau agora Tulio. :wink:




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#87 Mensagem por Bolovo » Ter Out 10, 2006 12:28 pm

cabeça de martelo escreveu:Excelente texto Túlio! :wink:

Também gostei do texto! :D

A suma, quero 300 caças pra FAB, 100 fragatas e 200 submarinos pra MB e 5000 MBTs pro EB.

8-]




"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
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#88 Mensagem por Guerra » Ter Out 10, 2006 1:01 pm

antunsousa escreveu:
SGT GUERRA escreveu:
FinkenHeinle escreveu:
Quiron escreveu:Tenho certeza que o Lulla vai dar uma resposta tão dura aos ingleses quanto deu à Bolívia! :roll:

Putz... Touchè! :(



Finken, esse negocio de estrangeiro comprar terra na amazonia é verdade. Ninguém esta inventando isso. Agora, se vão se organizar e fazer em larga escala, dai é outro assunto.


Ow, sgt. guerra! 75% das terras na Amazônia é do Estado! Portanto, o plano do ministrinho britânico é babaca! Nem que ele quisesse comprar metade da Amazônia ele conseguiria.

O que se vende muito para gringos são terras griladas. Portanto, gringo que compra terra na Amazônia sem assessoria jurídica acaba se estrepando, perdendo dinheiro. Esses tempos mesmo, um bilionário sueco comprou um mundaréu de terras na Amazônia e se estrepou: eram terras griladas, sem titularidade legal. Bom pro espertalhão que vendeu pra ele.

Falows


antunsousa, o que voce disse tem sentido. Grande parte do territorio da amazonia ou é area de preservação ou reverva indigena, o que sobra para compra é muito pouco. Eu acho que existe algo na constituição federal que limita a compra de terras por estrangeiros no territorio nacional.
O que preocupa é o movimento para efetuar essas compras. Essa estrategia de "OCUPAR PARA DESINTEGRAR" não é novidade nenhuma naquela região, em particular na fronteira com a Bolivia. A posse de terras públicas, sempre foi um problema naquela região. Desde da epoca do imperio, o governo nunca teve qualquer controle do processo de apropriação dessas terras.
Com a Constituição de 1891 os estados assumiram a responsabilidade para legislar sobre essa questão de terras públicas ( o que caia bem aos interesses das oligarquias locais, que queriam mais terras) Com essa transferência gerou euforia nos grandes proprietários, que então tinham a possibilidade de se apossar de imensas áreas.
A Lei de Terras de 1850 dizia que as terras públicas localizadas na fronteira (nas dez léguas contíguas à fronteira) somente poderiam ser vendidas a estrangeiros para o assentamento de colonos. Interditava portanto a estrangeiros o acesso a grandes áreas de terras nessa região. Com a transferência para os estados essa restrição desapareceu, podendo os estrangeiros, a partir de então, ter acesso a terras públicas na fronteira, independente do tamanho da área, como qualquer cidadão brasileiro.
Isso trouxe um certo progresso para a região. Varios estrangeiros chegaram na região compraram grandes quantidades de terras. Um exemplo é o caso de Jaime Cibilis Buxaréo, egípcio naturalizado uruguaio, que adquiriu, em 1881, a posse de uma grande área de terra na fronteira do Brasil com a Bolívia. Esse tal de Buxareo, entrou com um requerimento na esfera federal (já no periodo republicano) para a compra das terras que ele tinha posse e foi indeferido, depois de alguns anos ele entrou com um requerimento na esfera estadual e conseguiu a pose de um total de 208 títulos, que lhe garantiu a propriedade com área total de cerca de oitocentos e sessenta e nove mil hectares de terras. Ele agregou a essas terras outras terras alagadas etc e praticamente dominou a fronteira com a Bolivia(Um detalhe sobre essas terras é que eram terras continuas e não existia fronteira entre o Brasil e a Bolivia. Olha a meleca.). Essa area se tornou no local mais industrializado do Mato grosso.
No final de 1894 Buxaréo viaja à Europa e fecha a venda dessas terras para um consórcio belga sediado em Antuerpia, a Compagnie dês Produits Cibils, a Anvers.
A compra dessas terras pelos belgas deu inicio ao período mais nebuloso da presença estrangeira na fronteira oeste do Brasil pós-independência. A parti dai vira uma farra, aparece estrangeiro de todo lado comprando terras naquela região.
Foi nesse cenario que começou a questão do Acre. No processo de disputa pela região do Acre, o governo boliviano decidiu recorrer a um
dispositivo comum no período inicial da colonização contemporânea: a chartered company (companhia de arrendamento). Essas companhias atuavam com o suporte governamental da potência colonial na parte de segurança externa, sem que esse governo aparecesse como estando
diretamente envolvido na questão. Aliviava os problemas políticos e os investimentos e riscos financeiros. Por outro lado, a companhia executava tarefas que são típicas de Estado, como a de segurança interna e a cobrança de impostos. Em troca detinha o monopólio da exploração econômica.
Bom, acho que todos conhecem essa história, para resumir, foi assim que o Brasil teve que encher os bolsos de americanos, britanicos, franceses e afins.
O conto existe, e já caimos uma vez por inocencia, errar novamente, bom, ai já não tem perdão.




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#89 Mensagem por antunsousa » Qua Out 11, 2006 12:55 pm

Ivan Lessa: A salvação da Amazônia



Estão vendo? Nem foi preciso recorrer aos préstimos globo-concertais de Bob Geldorf ou Bono. A Amazônia está com seu futuro garantido. Lá só vai ficar valendo o que lhe é natural: índio, bicho e ave.
Os gananciosos, atrás de um mogno ou inaugurar fazenda com piscina e sauna, vão ficar a ver seus navios petroleiros enquanto o sol se põe lá por trás dos Dois Irmãos, no Rio. Ou tomando banho de cachoeira nas Maldivas.

Amazônia? Babau, seus bocós de mola, para empregar um termo dos mais ofensivos que só os mais velhos, feito eu, e safados, também feito eu, sabem usar.

Viraram, mexeram e, sem tocar numa araucária ou mico-leão-dourado, chegaram a uma boa solução. Ou, pelo menos, início de solução. O importante é dar o pontapé inicial. E não precisa ser em posseiro ou índio corrupto bêbado.

A solução é informática, como não poderia deixar de ser nestes dias cibernéticos que se deletam um após o outro. Mais: a idéia criou raízes, e agora as espalha, aqui no Reino Unido, onde floresta tropical, principalmente sendo amazônica, goza de tanta popularidade quanto uma banda nova de rock.

Amazônia sem fronteiras

O que vai haver é o seguinte: um ex-membro do governo Labour, Frank Field, aliou-se àquilo que é vulgarmente conhecido como um “benfeitor” (do outro partido, o Conservador) e, juntos, vão vender lotes pela Internet.

O esquema bolado por Field e o “benfeitor” (tiremo-lo do injusto anonimato) conservador, lato sensu, Johan Eliasch, oferecerá ao público pagante, a oportunidade de adquirir, a preços módicos, pequenas áreas, ou lotes, da Amazônia.

Um artigo numa publicação tradicional de esquerda, a New Left Review (não pode ser de direita com esse nome), informa que o projeto, que batizaram de “Cool Earth”, dará a todos, que assim o quiserem, a oportunidade de passar por cima das complicadas burocracias governamentais.

Confesso que não me agrada essa história toda. A começar pelo nome. Não se faz gracinha com essas coisas. Principalmente coisa desse tamanhão e importância.

Chamar de “Cool Earth” é querer dar dois recados com duas palavras: que é bacaninha se aventurar nessas terras, que é uma forma de se evitar o aquecimento mundial.

Além do mais, vão colocar – ou tentar colocar – microfichas naquelas árvores todas, como se fossem cachorros, de forma que um satélite possa localizar uma parte individual da floresta, mostrando-a em nossos laptops mediante a digitação de um código.

A maior parte das pessoas quer é ver mulher pelada em seus laptops ou jogatina em seus laptops e não árvores, por mais imponentes que sejam.

Não param aí minhas objeções. Fiquei uma fúria quando soube que o multimilionário conservador, e Conservador, já comprou mais de 16 mil metros quadrados de floresta amazônica. Comprou de uma companhia madeireira, com o objetivo expresso de proteger fauna e flora da região.

Podem me chamar de cínico, mas desconfio de todo multimilionário, além do mais conservador e Conservador. Multimilionário só chegou lá devido à sua pouca intimidade com o altruísmo.

Por fim, e por uma vez na vida, desfraldo nos ares de South Kensington meu imaginário lábaro estrelado e berro em português mesmo, mas com legendas em inglês, “A Amazônia é nossa! Vão salvar baleias, pascácios!”




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#90 Mensagem por antunsousa » Sáb Out 14, 2006 4:21 pm

SGT GUERRA escreveu:
antunsousa escreveu:
SGT GUERRA escreveu:
FinkenHeinle escreveu:
Quiron escreveu:Tenho certeza que o Lulla vai dar uma resposta tão dura aos ingleses quanto deu à Bolívia! :roll:

Putz... Touchè! :(



Finken, esse negocio de estrangeiro comprar terra na amazonia é verdade. Ninguém esta inventando isso. Agora, se vão se organizar e fazer em larga escala, dai é outro assunto.


Ow, sgt. guerra! 75% das terras na Amazônia é do Estado! Portanto, o plano do ministrinho britânico é babaca! Nem que ele quisesse comprar metade da Amazônia ele conseguiria.

O que se vende muito para gringos são terras griladas. Portanto, gringo que compra terra na Amazônia sem assessoria jurídica acaba se estrepando, perdendo dinheiro. Esses tempos mesmo, um bilionário sueco comprou um mundaréu de terras na Amazônia e se estrepou: eram terras griladas, sem titularidade legal. Bom pro espertalhão que vendeu pra ele.

Falows


antunsousa, o que voce disse tem sentido. Grande parte do territorio da amazonia ou é area de preservação ou reverva indigena, o que sobra para compra é muito pouco. Eu acho que existe algo na constituição federal que limita a compra de terras por estrangeiros no territorio nacional.
O que preocupa é o movimento para efetuar essas compras. Essa estrategia de "OCUPAR PARA DESINTEGRAR" não é novidade nenhuma naquela região, em particular na fronteira com a Bolivia. A posse de terras públicas, sempre foi um problema naquela região. Desde da epoca do imperio, o governo nunca teve qualquer controle do processo de apropriação dessas terras.
Com a Constituição de 1891 os estados assumiram a responsabilidade para legislar sobre essa questão de terras públicas ( o que caia bem aos interesses das oligarquias locais, que queriam mais terras) Com essa transferência gerou euforia nos grandes proprietários, que então tinham a possibilidade de se apossar de imensas áreas.
A Lei de Terras de 1850 dizia que as terras públicas localizadas na fronteira (nas dez léguas contíguas à fronteira) somente poderiam ser vendidas a estrangeiros para o assentamento de colonos. Interditava portanto a estrangeiros o acesso a grandes áreas de terras nessa região. Com a transferência para os estados essa restrição desapareceu, podendo os estrangeiros, a partir de então, ter acesso a terras públicas na fronteira, independente do tamanho da área, como qualquer cidadão brasileiro.
Isso trouxe um certo progresso para a região. Varios estrangeiros chegaram na região compraram grandes quantidades de terras. Um exemplo é o caso de Jaime Cibilis Buxaréo, egípcio naturalizado uruguaio, que adquiriu, em 1881, a posse de uma grande área de terra na fronteira do Brasil com a Bolívia. Esse tal de Buxareo, entrou com um requerimento na esfera federal (já no periodo republicano) para a compra das terras que ele tinha posse e foi indeferido, depois de alguns anos ele entrou com um requerimento na esfera estadual e conseguiu a pose de um total de 208 títulos, que lhe garantiu a propriedade com área total de cerca de oitocentos e sessenta e nove mil hectares de terras. Ele agregou a essas terras outras terras alagadas etc e praticamente dominou a fronteira com a Bolivia(Um detalhe sobre essas terras é que eram terras continuas e não existia fronteira entre o Brasil e a Bolivia. Olha a meleca.). Essa area se tornou no local mais industrializado do Mato grosso.
No final de 1894 Buxaréo viaja à Europa e fecha a venda dessas terras para um consórcio belga sediado em Antuerpia, a Compagnie dês Produits Cibils, a Anvers.
A compra dessas terras pelos belgas deu inicio ao período mais nebuloso da presença estrangeira na fronteira oeste do Brasil pós-independência. A parti dai vira uma farra, aparece estrangeiro de todo lado comprando terras naquela região.
Foi nesse cenario que começou a questão do Acre. No processo de disputa pela região do Acre, o governo boliviano decidiu recorrer a um
dispositivo comum no período inicial da colonização contemporânea: a chartered company (companhia de arrendamento). Essas companhias atuavam com o suporte governamental da potência colonial na parte de segurança externa, sem que esse governo aparecesse como estando
diretamente envolvido na questão. Aliviava os problemas políticos e os investimentos e riscos financeiros. Por outro lado, a companhia executava tarefas que são típicas de Estado, como a de segurança interna e a cobrança de impostos. Em troca detinha o monopólio da exploração econômica.
Bom, acho que todos conhecem essa história, para resumir, foi assim que o Brasil teve que encher os bolsos de americanos, britanicos, franceses e afins.
O conto existe, e já caimos uma vez por inocencia, errar novamente, bom, ai já não tem perdão.


Ow Sgto. Guerra, acho que hoje a situação é o contrário. Parece-me que hoje há mais brasileiros do lado de lá da fronteira do que bolivianos ou estrangeiros do lado de cá (no Brasil). Bem, temos de pesquisar melhor sobre isso e, tal como se preocupa, estarmos sempre atentos. Agora, acho que o Incra dá alguma prioridade para essas áreas de fronteira e sei que tem um projeto de lei para ser votado que discorre justamente sobre isso: estabelece como área prioritária para reforma agrária a faixa de fronteira. Vou ver se encontro o projeto de lei e posto ele aqui, blz?




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