Gol 1907

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#46 Mensagem por rodman » Seg Out 02, 2006 9:24 pm





Editado pela última vez por rodman em Seg Out 02, 2006 9:41 pm, em um total de 1 vez.
Piffer
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#47 Mensagem por Piffer » Seg Out 02, 2006 9:25 pm

É um acúmulo de falhas ( aparentemente ) que não tem nenhuma explicação lógica!


Todo acidente é assim. Uma seqüência de vários erros ou falhas mais ou menos graves.

Achar um único culpado, como normalmente se procura, é simplificar absurdamente o negócio e não contribui em nada para sanar essas falhas.

Também deixo minha solidariedade às famílias e amigos. SNME, haviam quatro militares do EB no GOL.

Abraços,




Carpe noctem!
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Bolovo
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#48 Mensagem por Bolovo » Seg Out 02, 2006 9:27 pm

Piffer, pelo que tem se visto na TV e jornais, maioria da tropa que está lá é da FAB, incluindo os Helicopteros e Aviões.

O EB não vai participar mais ativamente? Pelo que sei, só tem um BH do EB por lá.




"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Piffer
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#49 Mensagem por Piffer » Seg Out 02, 2006 9:32 pm

Investigação de acidente é coisa da FAB. Se precisar, claro que o EB participa, mas não vejo a necessidade.




Carpe noctem!
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#50 Mensagem por Paisano » Ter Out 03, 2006 12:46 am

Morador de Volta Redonda morre em queda de jato da Gol

Fonte: http://www.diariodovale.com.br

Parentes de coronel do Ministério da Defesa deixam o Jardim Ponte Alta e seguem para Brasília à espera de corpo de oficial, um dos 155 mortos

Volta Redonda - A confirmação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) feita ontem aos parentes dos ocupantes do Boeing 737-800 da Gol que teria colidido no ar com o Legacy da Embraer levou ao desespero Eliete Monteiro Rodrigues Alves, de 40 anos, mulher do coronel do Exército Leonardo Ramalho Rodrigues Alves, de 44. O oficial retornava para casa em Brasília em companhia de cerca de 14 militares depois de uma missão de 15 dias em Manaus. Eliete sofreu uma crise nervosa ao receber a informação da Anac e recolheu-se ao seu quarto no apartamento onde mora em Brasília, segundo revelou o cunhado dela em Volta Redonda, Rubens Zerbone, de 54 anos, logo depois de tentar falar com a mulher pelo telefone.

- Até de manhã, quando falei com Brasília, ela tinha esperança de que o marido estivesse vivo. O Léo era um militar experiente e tinha cursos de especialização em sobrevivência na selva.

Eliete esperava o marido no Aeroporto de Brasília na noite de sexta-feira, de onde só saiu no final da madrugada seguinte, mas acreditava que o marido estivesse escapado com vida. Zerbone viajará para Brasília, para onde sua filha Lílian Monteiro Paiva, de 25 anos, seguiu sábado para fazer companhia para a tia.

Foi Lílian quem telefonou de Volta Redonda para Eliete na noite de sexta-feira, informando que o avião da Gol caíra, logo depois de ver a notícia na TV. Até então, para Eliete e outras pessoas que aguardavam no aeroporto, o vôo 1907 estava atrasado.

Uma comadre de Eliete, Tiana Carvalho, também casada com militar, chamou de descaso das autoridades e da Gol a falta de informações aos parentes das vítimas. Devido à crise nervosa de Eliete, era ela quem atendia as ligações telefônicas. Tiana Carvalho disse que foi ela que iniciou a série de protestos na sala para onde foram levadas as pessoas que aguardavam amigos e parentes no aeroporto.

- Foi uma falta de humanidade e de solidariedade da Gol com as famílias das vítimas. Fui para o aeroporto fazer companhia para a Eliete, que estava desesperada. As primeiras informações, mesmo assim tímidas, só começaram a sair no dia seguinte, quando o descaso já começava a prejudicar o nome da empresa. Não sei por que até agora a empresa não divulgou que 15 militares estavam a bordo - indagou a mulher.

RETROSPECTO - Os dois últimos grandes acidentes aéreos registrados no país envolveram moradores de Volta Redonda. O pior deles, a queda do Fokker 100 da Tam, em outubro de 1996, logo após ter decolado do Aeroporto de Congonhas, no Centro de São Paulo, causou a morte de um morador do Bairro 249 e outro do Laranjal. O Fokker que fazia a Ponte Aérea Rio-São Paulo sofreu uma pane no reverso. Há quatro anos, um avião da Taba que voava de Manaus para Brasília caiu na selva amazônica, matando 26 pessoas, Um sargento pára-quedista cuja família mora na Vila Americana estava entre os mortos.


Coronel (de lenço no pescoço) morreu no acidente:
Imagem




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#51 Mensagem por BrasileiroBR » Ter Out 03, 2006 12:49 am

acharam a caixa preta! :shock:




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#52 Mensagem por BrasileiroBR » Ter Out 03, 2006 12:52 am

FinkenHeinle escreveu:
BrasileiroBR escreveu:infelizmente creio que depois dessa tragédia...

esses Legancy vão vender muito

bateu num boeing em pleno ar e aterrisou sem muitos problemas :shock:

Porque infelizmente?!


A infelicidade foi a tragédia em si!

Incremento de vendas do Legacy 600 é ótima notícia, se vier à se confirmar...


pior será se a investigação apontar falha nos equipamentos do Legancy..
dai ja era vendas... :s

será uma infelicidade dupla




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#53 Mensagem por talharim » Ter Out 03, 2006 9:06 am

Num primeiro momento quando anunciaram que "outra aeronave" teria se chocado em pleno ar contra o Boeing 737 eu juro por Deus que a primeira coisa que pensei é que poderia ter sido um M-2000C...........................devido a sua completa obsolência de sistemas...........




"I would rather have a German division in front of me than a French

one behind me."

General George S. Patton.
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#54 Mensagem por Pedro Gilberto » Ter Out 03, 2006 12:23 pm

uma possível explicação do acidente:

Sucessão de erros provocou o maior acidente aéreo da história do país

IGOR GIELOW
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
da Folha de S.Paulo

LÍVIA MARRA
Editora de Cotidiano da Folha Online, em Brasília

O maior acidente aéreo da história do país resultou de uma combinação de erros no controle aéreo em Brasília, ineficiência na cobertura de rádio no Centro-Oeste e dúvidas sobre procedimentos do piloto e equipamentos em pelo menos um dos aviões envolvidos no choque que matou 155 pessoas.

A colisão entre o Boeing 737-800 da Gol e o jato executivo Legacy comprado por uma empresa americana da Embraer ocorreu na noite de sexta-feira, e a lista de erros que levou ao choque já apurados junto a autoridades aeronáuticas e pilotos ainda está carregada de dúvidas. Não é possível, a esta altura, falar em culpas.

A seguir, a Folha lista os equívocos e algumas hipóteses sob investigação, hierarquizando-os por ordem cronológica e não por pretensa gravidade.

A rota

O Legacy comprado pela ExcelAire rumava aos Estados Unidos decolando às 14h51 de São José dos Campos, em São Paulo, mas precisava fazer uma escala técnica e alfandegária em Manaus --como jato "0 km", precisava de desembaraço aduaneiro.

Para isso, o jato tomou a "aerovia" UW2 do espaço aéreo do Estado de São Paulo para Brasília. As aerovias são equivalentes a rodovias virtuais no céu, e a UW2 é de "mão única", sentido Brasília.

Nessa "pista", o avião estava a 37 mil pés (cerca de 11,2 km). Ao chegar a Brasília, ele deveria virar a noroeste e pegar a UZ6, esta uma "rodovia de mão dupla", com aviões indo e vindo.

Para evitar os choques, os aviões usam "pistas" com 1.000 pés (300 metros) de distância e em alguns casos, separação longitudinal. Para evitar colisões, os aviões vindos de Manaus usam as pistas "ímpares" (21 mil pés, 37 mil pés, por exemplo) e os que vêm de Brasília, as "pares" (20 mil pés, 36 mil pés).

Segundo o plano de vôo registrado e aprovado em São José dos Campos quando decolou, o Legacy deveria entrar na UZ6 e baixar para 36 mil pés e seguir para Manaus. Não foi o que ocorreu.

Erro no controle

Ao passar por Brasília, os controladores do Cindacta-1, o centro de controle que cuida do Centro-Oeste e Sudeste do país, não entraram em contato com o Legacy. Eles deveriam ter feito isso para certificar a redução no nível de vôo.

Onde está o Legacy?

Segundo a Folha apurou, depois de cerca de 15 minutos foi notado que o radar apenas indicava um ponto sem identificação ou controle de altitude na rota em que o Legacy deveria estar.

Os horários exatos só podem ser conhecidos nos registros da FAB, mas foram em torno de 16h --uma hora antes da colisão entre os aviões.

E o que aconteceu? Para militares, a ausência de identificação só pode ocorrer se uma faixa de freqüência para transmissão, chamada faixa C, não estiver funcionando no transponder da aeronave.

O transponder é a antena que transmite os dados do avião para o controle de vôo e outros aparelhos. É por essa faixa que são enviados os dados do sistema anticolisão da aeronave, chamado TCAs.

Se o transponder do Legacy não estava transmitindo seus dados, não poderia ter se comunicado com o TCAs do Boeing e assim sugerir uma alteração de rota emergencial para evitar o choque.

Uma especulação nos meios militares é a de que o piloto poderia desligar o equipamento para fazer "testes" de manobras com o avião sem alertar o controle aéreo. Isso seria comum em "primeiros vôos" dos novos donos.

A dúvida só poderá ser respondida com a análise da caixa-preta do Legacy, mas militares e pilotos confrontados pela reportagem com a informação são unânimes: ou o aparelho estava desligado total, ou parcialmente, ou tinha algum problema técnico.

Isso explicaria por que os aviões não desviaram um do outro, mas é essencial a análise da caixa-preta do Boeing para saber o que aconteceu na aeronave da Gol.

Pânico

Com o sumiço, o centro entrou no que os militares chamam de "estado de incerteza" e, cinco minutos depois, no estado de "alerta".

Foi quando os cerca de 30 profissionais no centro, oito deles cuidando dos consoles de radar que monitoravam a rota da colisão, perceberam que algo estava errado.

Um operador, com aproximadamente seis anos de experiência, tentou se comunicar pelas duas freqüências de rádio, das cinco que deveriam estar operantes, com o Legacy.

Em seu depoimento à Polícia Federal em Cuiabá, os pilotos do Legacy citam ter perdido o contato por rádio "poucos minutos" antes do choque, na freqüência 135,9 MHz. Foi essa e outra, a 125,2 MHz, que o operador em Brasília tentou usar. Não conseguiu.

"Buraco negro"

Aí entra um componente nada alentador para quem voa pela região Norte. As freqüências de rádio são de péssima qualidade entre Brasília e Manaus e, a partir de um marco conhecido como Teres (480 km ao norte da capital federal), há um verdadeiro blecaute que só passa quando radares e rádios de Manaus agem com mais eficácia.

Essa área, conhecida como "buraco negro" pelos controladores de vôo, é exatamente em cima da região da serra do Cachimbo, onde ocorreu a colisão. Pilotos relatam que lá contam apenas com os equipamentos dos aviões.

Um ponto que a investigação deverá mostrar é se houve contato entre Brasília e Manaus, na tentativa de contatar o Boeing e determinar que ele mudasse de rumo. A especulação é a de que o 737 da Gol já estivesse no "buraco negro" quando contatado.


http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u126635.shtml


Se a caixa-preta do 737 naum trazer nada de novo, esta pode ter sido a conjunção de fatores podem ter causado o acidente. É só uma simplificação, mas deve ter sido o q ocorreu:

* falha do controle de tráfego aéreo em naum ter acompanhando corretamente o voo do Legacy e em ter interditado o FL;

* imprudência dos pilotos do Legacy em desligar os equipamentos de segurança para testar com a aeronave 0km;

* infra-estrutura deficiente já que criou esse "buraco-negro" existente na área;

Só tenho umas perguntas: toda a aeronave antes de decolar tem q entregar o plano de voo as autoridades para obter autorização. Este plano de vôo ja consta os FL q serão usados? E os controladores de todos os CINDACTA tem acesso a este plano de vôo? Como eles tem acesso?

Em tempo, deixo meu pesar para com os familiares e amigos das vítimas desta tragédia.

[]´s




"O homem erra quando se convence de ver as coisas como não são. O maior erro ainda é quando se persuade de que não as viu, tendo de fato visto." Alexandre Dumas
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#55 Mensagem por Paisano » Ter Out 03, 2006 12:26 pm





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#56 Mensagem por Guerra » Ter Out 03, 2006 1:15 pm

INFORMEX NR 021 – DE 02 DE OUTUBRO DE 2006

DISTRIBUIÇÃO:
TODAS AS ORGANIZAÇÕES MILITARES
DIFUSÃO: TODOS OS MILITARES
ASSUNTO: ACIDENTE AÉREO


Incumbiu-me o Sr Comandante do Exército de informar à Força o que se segue:

1. O Exército Brasileiro lamenta a tragédia que envolveu o vôo 1907 da Gol, ocorrida em 29 de setembro de 2006.

2. Entre os passageiros encontravam-se os seguintes integrantes da família militar do Exército:

MILITARES DO EXÉRCITO BRASILEIRO

-TC CAV LEONARDO RAMALHO RODRIGUES ALVES - MD

-TC INT ÉLCIO LUIZ GONÇALVES ANCHIETA - CMDO 2º GEC

-MAJ INT ÊNIO DE OLIVEIRA - D LOG

-1º TEN QCO LUCAS SILVA LEMOS - CMM

-1º SGT TOPO HENRIQUE DIAS BARBOSA - 4ª DL

FAMILIARES DE MILITARES DO EXÉRCITO BRASILEIRO

- Sra ANA CAMINHA SILVA, esposa do Cel Inf R/1 MARCOS ANTÔNIO MARINHO SILVA - vinculado ao Cmdo 7ª RM/DE

- Sra ELETA CORDEIRO PIVOTO – Esposa do Cap R/1 NEI JOSÉ PIVOTO - vinculado ao CMDO 11ª RM

- Sra INÊZ REBOUÇAS DE LIMA MARQUES - Esposa do Cap QCO MARCELO IDELFONSO MARQUÊS DOS SANTOS - DCT


3. Desde o primeiro momento, o Exército apóia a operação de resgate coordenada pela FORÇA AÉREA BRASILEIRA.

4. O Exército está prestando apoio irrestrito, solidário na dor, aos familiares das vítimas.




Gen Div ANTÔNIO GABRIEL ESPER
Chefe do CCOMSEx




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#58 Mensagem por Cabral » Ter Out 03, 2006 2:41 pm

Bem acima da Amazônia, uma batida e um céu vazio

Joe Sharkey
em São José dos Campos, Brasil

Era um vôo confortável, rotineiro.

Com o quebra-sol da janela fechado, eu estava descansando em meu assento de couro a bordo de um jato executivo de US$ 25 milhões, voando a mais de 11 mil metros acima da vasta floresta tropical Amazônica. Cada um dos sete a bordo do jato para 13 passageiros estava na sua.

Sem aviso, eu senti um solavanco e ouvi uma forte batida, seguida por um silêncio assustador, exceto pelo zunido dos motores.

E então vieram as palavras que nunca esquecerei. "Fomos atingidos", disse Henry Yandle, um outro passageiro que estava em pé no corredor perto da cabine do jato Legacy 600 da Embraer.

"Atingidos? Pelo quê?" me perguntei. Eu levantei o quebra-sol. O céu estava claro; o sol baixo no céu. A floresta tropical parecia não acabar mais. Mas lá, na extremidade da asa, se encontrava uma aresta dentada, talvez de 30 centímetros de altura, onde uma winglet (ponta da asa) de 1,5 metro devia estar.

E assim começaram os mais angustiantes 30 minutos da minha vida. Me diriam várias vezes nos dias seguintes que ninguém jamais sobreviveu a uma colisão no ar. Eu tinha sorte de estar vivo - e apenas posteriormente é que tomaria conhecimento de que 155 pessoas, a bordo do Boeing 737 em um vôo doméstico que aparentemente se chocou conosco, não estavam.

Os investigadores ainda estão tentando descobrir o que aconteceu, e como - por algum milagre - nosso jato menor conseguiu se manter no ar enquanto o 737 que era mais longo, mais largo e três vezes mais pesado caiu do céu verticalmente.

Mas às 15h59 da tarde da última sexta-feira, tudo o que pude ver, tudo o que sabia, era que parte da asa tinha sido perdida. E estava claro que a situação piorava rapidamente. A borda da asa estava perdendo rebites e começando a se desfazer.

Surpreendentemente, ninguém entrou em pânico. Os pilotos calmamente começaram a estudar seus controles e mapas em busca de sinais de um aeroporto próximo ou, pela janela, um lugar para pousar.

Mas à medida que os minutos passavam, o avião continuava a perder velocidade. Àquela altura todos nós sabíamos que a situação era grave. Eu me perguntava quão dolorida seria uma aterissagem - um termo otimista para queda.

Eu pensei na minha família. Não havia sentido em tentar telefonar com meu celular - não havia sinal. E à medida que nossas esperanças diminuíam, alguns de nós escreveram bilhetes para esposas e entes queridos e os colocaram nas carteiras, na esperança de serem encontrados posteriormente.

Eu estava concentrado em notas diferentes quando o vôo teve início. Eu escrevo semanalmente a coluna "On the Road" para a seção de viagem de negócios do "New York Times", publicada às terças-feiras, há sete anos. Mas eu estava no Embraer 600 para um artigo freelance para a revista "Business Jet Travel".

Os demais passageiros incluíam executivos da Embraer e de uma empresa de vôos charter chamada ExcelAire, a nova dona do jato. David Rimmer, o vice-presidente sênior da ExcelAire, me convidou para pegar uma carona para casa no jato que sua empresa tinha acabado de adquirir na sede da Embraer aqui.

E a viagem até então tinha sido boa. Minutos antes da colisão, eu fui até a cabine para conversar com os pilotos, que disseram que o avião estava voando perfeitamente. Eu li o mostrador que apontava nossa altitude: 37 mil pés (11.277 metros).

Então o choque, que também arrancou parte da cauda de nosso avião.

Imediatamente após, não houve muita conversa.

Rimmer, um homem grande, estava debruçado no corredor à minha frente olhando pela janela para a asa danificada.

"Quão ruim ela está?" eu perguntei.

Ele se voltou para mim com olhar firme e disse: "Eu não sei".

Eu vi a linguagem corporal dos dois pilotos. Eles pareciam soldados de infantaria trabalhando em uma situação difícil, como foram treinados a fazer.

Nos 25 minutos seguintes, os pilotos, Joe Lepore e Jan Paladino, analisaram seus instrumentos à procura de um aeroporto. Nada aparecia.

Eles enviaram um pedido de socorro, que foi recebido por uma avião de carga em alguma parte da região. Não houve contato com nenhum outro avião e certamente não com um 737 no mesmo espaço aéreo.

Lepore então avistou uma pista em meio à mata escura.

"Eu consigo ver um aeroporto", ele disse.

Eles tentaram contatar a torre de controle, que era de uma base militar escondida Amazônia adentro. Ele fizeram uma curva acentuada para reduzir a pressão na asa.

Enquanto se aproximavam da pista, eles receberam o primeiro contato do controle de tráfego aéreo.

"Nós não sabíamos qual era a extensão da pista ou se tinha algo nela", disse Paladino posteriormente, naquela noite na base do Cachimbo na floresta.

A descida foi brusca e rápida. Eu assisti os pilotos lutarem com a aeronave porque muitos dos controles automáticos tinham se perdido. Eles conseguiram parar o avião restando ainda um bocado de pista. Nós cambaleamos para a saída.

"Bela pilotagem", eu disse aos pilotos ao passar por eles. Na verdade, eu inseri uma palavra impublicável entre "bela" e "pilotagem".

"Ao seu dispor", disse Paladino com um sorriso nervoso.

Posteriormente naquela noite, eles nos serviram cerveja gelada e comida na base militar. Nós especulamos interminavelmente sobre o que causou o impacto. Um balão meteorológico desgarrado? Um caça militar cujo piloto ejetou? Um avião nas proximidades que explodiu, lançado destroços contra nós?

Seja qual fosse a causa, ficou claro que estivemos envolvidos em uma colisão no ar da qual nenhum de nós devia ter sobrevivido.

Em um momento de humor negro no quartel onde dormiríamos, eu disse: "Talvez a gente esteja realmente morto e isto seja o inferno -revivendo papos furados de faculdade com uma lata de cerveja pela eternidade".

Por volta das 19h30, Dan Bachmann, um executivo da Embraer e o único entre nós que falava português, veio à mesa na sala com notícias do escritório do comandante. Um Boeing 737 com 155 pessoas a bordo tinha desaparecido no local onde fomos atingidos.

Antes daquele momento, nós todos estávamos brincando e rindo do apuro do qual escapamos. Nós éramos os 7 da Amazônia, vivendo agora um tempo precioso que não mais nos pertencia, mas que de alguma forma tínhamos adquirido. Nós nos encontraríamos anualmente para narrar que uso fizemos deste tempo.

Em vez disso, naquele momento nós baixamos nossas cabeças em um longo momento de silêncio, com o som de lágrimas abafadas.

Ambos os pilotos, com extensa experiência em jatos executivos, ficaram abalados com a situação. "Se alguém devia ter caído deveria ter sido nós", ficava repetindo Lepore, 42 anos, de Bay Shore, Nova York.

Paladino, 34 anos, de Westhampton, Nova York, mal conseguia falar. "Eu estou tentando digerir a perda de todas aquelas pessoas. Está realmente começando a doer", ele disse.

Yandle lhe disse: "Vocês são heróis. Vocês salvaram nossas vidas". Eles sorriram de forma abatida. Estava claro que o peso de tudo aquilo permaneceria com eles para sempre.

No dia seguinte, a base estava repleta de autoridades brasileiras investigando o acidente e dirigindo as operações de busca pelo 737, que um oficial me disse que se encontrava em uma área a menos de 160 quilômetros ao sul de onde estávamos, mas cujo acesso só era possível abrindo densa mata à mão.

Nós também tivemos acesso ao nosso avião, que estava sendo estudado minuciosamente pelos inspetores. Ralph Michielli, vice-presidente de manutenção da ExcelAire e um passageiro do vôo, me levou em um elevador para ver o dano na asa perto da winglet partida.

Um painel perto da borda da asa estava separado em mais de 30 centímetros. Manchas escuras perto da fuselagem mostravam que combustível tinha vazado. Partes do estabilizador horizontal na cauda foram esmagadas, um pedaço pequeno estava faltando no elevador esquerdo.

Um inspetor militar brasileiro ao lado me surpreendeu com sua disposição de conversar, apesar das limitações da conversa devido ao seu fraco inglês e meu português inexistente.

Ele especulava sobre o que tinha acontecido, mas foi isto o que ele disse: ambos os aviões estavam, inexplicavelmente, na mesma altitude e no mesmo espaço no céu. Os pilotos do 737 a caminho do sudeste avistaram nosso Legacy 600, que estava voando para noroeste rumo a Manaus, e fizeram uma manobra evasiva frenética. A asa do 737 -se precipitando no espaço entre nossa asa e a cauda alta, nos atingiu duas vezes, e o avião maior mergulhou em sua espiral fatal.

Soava como uma situação impossível, reconheceu o inspetor. "Mas eu acho que foi isto o que aconteceu", ele disse. Apesar de ninguém ainda ter dito ao certo como o acidente ocorreu, três outros oficiais brasileiros me disseram que foram informados que ambos os aviões estavam na mesma altitude.

Por que eu - o passageiro mais próximo do impacto - não ouvi nenhum som, nenhum barulho de um grande 737?

Eu perguntei a Jeirgen Prust, o piloto de teste da Embraer. Isto ocorreu no dia seguinte, quando fomos transferidos da base em uma aeronave militar para a sede da polícia em Cuiabá. Foi lá que as autoridades estabeleceram a jurisdição e onde pilotos e passageiros do Legacy 600, incluindo eu, seríamos interrogados até o amanhecer por um intenso comandante da polícia e seus tradutores.

Prust pegou uma calculadora e digitou, imaginando o tempo disponível para ouvir o barulho de um jato vindo na direção de outro jato, cada um voando a mais de 800 km/h em direções opostas. Ele me mostrou os números. "É bem menos do que uma fração de segundo", ele disse. Ambos olhamos para os pilotos desabados nos sofás do outro lado da sala.

"Eles e aquele avião salvaram nossas vidas", eu disse.

"Segundo meus cálculos", ele concordou.

Eu posteriormente pensei que talvez o piloto do avião comercial brasileiro tenha salvo nossas vidas, devido ao seu reflexo rápido. Pena que seus próprios passageiros não poderiam dizer o mesmo.

Na sede da polícia, nós fomos obrigados a escrever em uma folha de papel nossos nomes, endereços, datas de nascimento, ocupações e escolaridade, além do nome de nossos pais. Também fomos obrigados a passar por um exame com um médico de cabelo comprido, que vestia uma avental que chegava quase à sua canela. Nós fomos obrigados a nos despir até a cintura para fotografias de frente e costas.

Isto, explicou o médico, cujo nome eu não entendi mas que se descreveu como um "médico perito", era para provar que não tínhamos sido torturados.

O humor negro voltou apesar de nossas tentativas de contê-lo.

"Este sujeito é um legista", me explicou Yandle posteriormente, "eu acho que isto significa que nós estamos realmente mortos".

Mas os risos agora desapareceram, ao nos lembrarmos constantemente dos corpos ainda não recuperados na selva, e como suas vidas e as nossas se cruzaram, literal e metaforicamente, por uma terrível fração de segundo.

Tradução: George El Khouri Andolfato




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#59 Mensagem por Charlie Golf » Ter Out 03, 2006 8:02 pm

O Boeing 737-8EH PR-GTD que se perdeu nesta tragédia foi entregue à GOL no dia 11 de Setembro de 2006. Teve uma curta vida de 18 dias ao serviço da companhia aérea brasileira. :(

:arrow: http://www.airliners.net/search/photo.s ... entry=true




Um abraço,
Carlos Jorge Gomes

"SIC ITUR AD ASTRA"
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#60 Mensagem por rodman » Qua Out 04, 2006 12:21 am

As duas caixas registradoras de dados e voz, também conhecidas como “caixas preta”, da aeronave Gol 1907 já estão em posse da Comissão de Investigação, mas encontram-se muito danificadas. Foi encontrada apenas uma parte do registrador de voz, faltando a unidade de armazenamento de dados. Esta unidade é essencial para a análise e continuam as buscas por ela na Serra do Cachimbo (MT).
Imagem

Fonte ANAC:
http://www.dac.gov.br/salanoticias/vooGol15.asp




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