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Mensagem
por Guerra » Seg Out 02, 2006 4:48 pm
FAB localiza os primeiros corpos de passageiros
Equipes de resgate admitem que talvez não consigam encontrar os restos de todas as vítimas do acidente
PEIXOTO DE AZEVEDO (MT). A Força Aérea Brasileira (FAB) localizou ontem os dois primeiros corpos das vítimas do vôo 1907 da Gol. Em nota divulgada à noite pela empresa aérea, o Comando da Aeronáutica informou que não há sobreviventes, como a Infraero já suspeitava. Os militares envolvidos na operação de resgate já admitem, no entanto, que nem todos os corpos das 155 vítimas do acidente sejam encontrados nas buscas.
- O avião se desintegrou - disse o brigadeiro Jorge Kersul, que comanda as operações de busca e resgate em meio à densa vegetação onde foram localizados os destroços do avião, que caiu após um choque com um jato executivo Legacy da Embraer, na tarde de sexta-feira.
Entre árvores de 40 metros, operação é difícil e lenta
Segundo médicos legistas, a identificação dos corpos não será difícil. Enrolados em sacos plásticos, os corpos encontrados pelas equipes de busca foram levados de helicóptero do local da queda para a base montada pela FAB em Fazenda Jarinã. De lá, os corpos seguiram num avião Bandeirante para a base da Aeronáutica em Cachimbo, localizada no Sul do Pará.
Eram pouco mais de 16h quando os primeiros peritos legistas desceram de rapel para examinar os destroços do vôo 1907 da Gol, que caiu no fim da tarde da última sexta-feira. Numa região de mata densa e terreno acidentado, onde as árvores chegam a ter 40 metros de altura, o resgate é previsivelmente muito lento. Segundo estimam os militares, poderá se estender por até duas semanas.
- Se a estrutura do avião que caiu está toda fragmentada, não é difícil imaginar como está o estado dos corpos das vítimas - comentou o tenente-coronel Jerônimo Inácio, um dos coordenadores da operação de busca e salvamento.
Militares ainda estão alojados precariamente
Os destroços do Boeing 737-800 estão espalhados por uma área de 20 quilômetros quadrados. À tarde, 60 militares da FAB e do Exército ainda trabalhavam para abrir uma clareira no local da queda do avião. A idéia é desmatar uma área de cerca de 30 metros quadrados para facilitar o recolhimento dos corpos e o trabalho de investigação sobre as causas do acidente.
O local em que o avião caiu fica a 40 quilômetros da sede da Fazenda Jarinã, onde há uma pequena pista de pouso e a FAB montou uma base de operações. Os militares ainda estão alojados precariamente na fazenda, mas já se preparam para montar um acampamento no local, com o objetivo de dar suporte aos homens que estão na mata revirando terra e retirando pedaços de metal retorcido em busca dos corpos.
Cada tronco cortado tem que ser carregado no ombro
Chegar ao local do acidente, só de helicóptero. E, como a clareira ainda não está completamente aberta, os militares têm que descer de rapel até o solo, como fizeram ontem à tarde os legistas. No cansativo trabalho de abertura da clareira, os militares usaram motoserras. A derrubada das enormes árvores amazônicas é lenta. Cada tronco cortado tem que ser carregado no ombro porque não há como levar veículos até o local.
Anteontem, depois que a área onde o avião caiu foi identificada por um avião C-130 da FAB, helicópteros foram para a região e, de pára-quedas, os primeiros militares chegaram até os destroços. Um grupo de 16 militares, 11 da FAB e cinco do Exército, foi destacado para passar a noite no local.
Hoje de manhã recomeça o trabalho de limpeza da área. Segundo o coronel Jorge Antônio Amaral, devido às condições do local, todo o trabalho de resgate será lento. Ele prevê que pode levar até 15 dias para a identificação e o transporte dos corpos.
À medida em que forem sendo localizados, os corpos serão levados enrolados em sacos plásticos e içados por helicópteros. Todos serão levados à base de operações montada em Jarinã. A FAB acionou a Polícia Militar para ajudar no transporte dos corpos até a base de Cachimbo. Ainda não está decidido se os corpos seguiriam por terra em caminhões frigoríficos ou em avião da própria FAB até Cachimbo. Após um exame preliminar de peritos, os corpos serão trasladados para Brasília.
A Fazenda Jarinã fica a 200 quilômetros de distância dos municípios de Matupá e Peixoto de Azevedo. A estrada de terra, em péssimas condições, faz com que o trajeto seja percorrido em mais de quatro horas.