Piffer escreveu:Não existe, nos níveis mais altos da administração pública, ninguém que se interesse pela defesa. As discussòes mais acaloradas envolvem soldos, previdência, mas nenhuma questão operacional.
IMHO, este é o principal motivo do MD não ter decolado ainda.
Já li que a última vez que o Congresso do Brasil, realmente, parou para debater sobre a defesa nacional, foi na época da compra dos couraçados "São Paulo" e "Minas Geraes", lá por volta de 1910.
Mas, tenho dúvidas se, realmente, muitos militares gostariam de que o parlamento se preocupasse, seriamente, com tais temas. Se assim fosse, e se existisse um bom núcleo de parlamentares na Câmara e no Senado com conhecimento de causa, isso não poderia levar a decisões que contrariam interesses corporativos das forças armadas?
Por exemplo, quando a Marinha decidiu transformar um grupamento de FN de Manaus (talvez uma companhia reforçada) num batalhão especializado em guerra ribeirinha, um Congresso autoconfiante e com conhecimento de causa, poderia, muito bem, ter negado permissão aos almirantes para fazerem tal coisa. E lhes determinar que se preocupassem, exclusivamente, com aquisição de mais navios para uso na Amazônia, deixando ao Exército a condução das operações terrestres.
Da mesma forma, um Congresso firme poderia impor às Forças Armadas - em especial à força terrestre - medidas que seus altos-comandos resistem: padronização de equipamentos; revisão de funções das forças; imposição de comandos operacionais combinados. Ou seja, um Congresso hipotético poderia por um ponto final na autonomia estratégica das corporações militares.
Para o Exército, em especial, um novo Congresso poderia propor a redução de efetivos; alterações na sua composição interna; poderia extinguir, de uma vez por todas, o serviço militar obrigatório; poderia forçar a abertura de mais oportunidades para seu corpo de graduados na ocupação de funções, até agora, reservadas ao oficialato.
Para a Marinha, um Congresso poderia ter questionado a sabedoria da aquisição de porta-aviões. Ou por quê o Brasil necessita de uma força de mais de 15 mil fuzileiros navais.
Em suma, eu, às vezes, me pergunto se todos os generais, almirantes e brigadeiros,
realmente, gostariam de que a sociedade se preocupasse mais com os assuntos de defesa e que tal preocupação se refletisse numa permanente inquisição pelo Congresso de todas as medidas internas das forças armadas.
Sobre o tema desse tópico, eu gostaria de lembrar - principalmente aos que são mais recentes aqui - que existem, pelo menos, dois outros tópicos perdidos por aí, que tratam desse tema das possibilidades militares do Brasil na Amazônia. Contém algumas mensagens memoráveis de participantes como o Sgt Guerra e de um antigo participante - "desaparecido em ação" -, o Sgt Valentim da Aviação do Exército.
Quem conseguir achar, ganha um doce...