Você não precisa cortar os juros na primeira semana de governo, mas em 2 ou 3 anos isso é possível. Os países que reduzem 0,25% ou 0,50% em cada reunião são países que trabalham com a taxa de juros a 3%, 4% ou 5%. O Brasil que trabalha com 14% poderia derrubar 0,75 ou 1,0% em cada reunião.
Finken, se estamos batendo recordes de superavit primário e tudo mais, não precisamos de tanto dinheiro especulativo. E mesmo que precisassemos com o juro a 7% ainda assim teriamos uma das maiores taxas de juros do mundo.
Os R$ 190 bi que pagamos TODO ANO (e vai subindo) de juros poderia ser cortado? Tudo não, é óbvio, mas se pagassemos 7% em vez de 14% teriamos uma economia de R$ 95 bi POR ANO.
7% não ta bom??? A maioria paga menos de 5%.....
Na verdade existe um critério direto para determinar a taxa de juros exigida pelo mercado para "rolar" uma dívida oficial (do governo). É a chamada "taxa de risco" de um país, determinada por instituições internacionais.
O valor desta taxa deve ser convertido em porcentagem e somado à taxa de juros americana, que é considerada um valor de referência. Por exemplo, a taxa de risco do Brasil hoje está abaixo de 250 pontos ou seja, 2,5%. A taxa americana está abaixo dos 5,5% ao ano. Somando-se as duas teríamos uma taxa de juro "correta" para o Brasil na faixa de 8% a.a., bem abaixo dos 14,25% pagos atualmente. Qualquer coisa além disso tem como única finalidade o combate à inflação.
O problema é que a utilização somente da taxa de juros como ferramenta de combate à inflação decorre de um erro conceitual muito grave. Este tipo de expediente é eficaz apenas para combater surtos inflacionários de curta duração (por exemplo, devido a uma quebra de safra ou ao aumento do preço internacional do petróleo provocado por uma guerra), que se sabe desaparecerão em curto espaço de tempo. Isto porque o aumento dos juros causa a desaceleração econômica (e é apenas por isto que a inflação também cai), o que reduz o nível de investimentos, este sim a verdadeira ferramenta de combate à inflação.
É como dar apenas um remédio anti-térmico para que está com febre para tratar o sintoma, mas não procurar a causa real da febre que é algum tipo de infecção. Se um médico faz isto ele pode ir até preso por crime doloso, pois é público e notório que o tratamento estaria errado, mas os economistas do governo (não apenas do governo atual, mas também do governo anterior) agem exatamente desta forma.
É por isto que a economia brasileira apresenta este quadro de inflação crônica (mesmo 3,5% ao ano ainda é muito quando comparado ao que se observa em países com crescimento acima do nosso, como os EUA). A única ferramenta utilizada para o combate à inflação é a taxa de juros, e assim apenas impedindo o país de crescer é que a inflação pode ser controlada.
Vários organismos internacionais estão hoje sugerindo o uso de outras ferramentas, que vão desde a formação de estoques reguladores (para alimentos, álcool, etc...) e a redução seletiva de impostos (sobre o aço, combustíveis, e outros produtos de base) até os subsídios (isto mesmo, subsídios como todos os países desenvolvidos utilizam proteger para as áreas específicas de suas economias que necessitam).
Estas ferramentas também tem um custo para o governo, mas para países onde a dívida pública já atingiu valores muito elevados (como é exatamente o caso do Brasil) os custos associados serão sempre muito menores do que os decorrentes de uma taxa de juros elevada.
Neste ponto devo concordar que a Eloísa Helena, por mais louca que seja, foi a única a tocar no ponto certo da questão.