Por que os juros não baixam?
Moderador: Conselho de Moderação
Algumas ponderações
1) Ao contrário do que acha o Finken economia e política não são possíveis de serem separadas. Por trás da teoria econômica convencional (ortodoxa, neoclássica, mainstream) não existem leis científicas precisas tais quais as leis da física, mas sim um bando de hipóteses fracas e pouco críveis.
Tão fracas são essas hipóteses que o lendário Milton Friedman escreveu que os pressupostos da teoria econômica pouco importam e sim seus resultados empíricos. Concordaria com ele, caso não existissem tantos problemas nas análises empíricas existentes. Mais do que isso, a 'robustez' empírica de teorias ortodoxas é tão grande (ou pequena, como queiram) do que a de teorias alternativas que pregam exatamente o oposto.
O fato é que a econometria é várias vezes (mas não sempre) apenas uma arma de retórica usada pelos economistas. Isto é, para te convencer que o que eu acredito é correto eu te mostro uma série de dados estatísticos robustos. Mas, no final das contas, o que existe por trás daqueles lindos dados não são leis científicas como muitos economistas querem fazer transparecer, mas sim um bando de hipóteses que ninguém em sã consciência ousaria em chamar de verdadeiras.
Resumo da história: por trás de qualquer análise econômica não há apenas ciência, mas também algo nem um pouco científico, que é a fé daquele economista que a sociedade funciona desse ou daquele jeito. Sem isso (i.e., hipóteses arbitrárias e não científicas) não se contrói teoria econômica alguma. E fé implica em subjetividade, em ideologia e, portanto, em política.
2) A partir do que disse acima, supor que não se pode mudar os juros (variável estritamente econômica para Kanitz e, portanto, fora de alcance do governo) é algo exdrúxulo!
Aliás, o texto em si é coberto de erros. O primeiro é supor que fazer cair a divida/PIB não é útil. Fazer cair essa relação significa tomar menos da sociedade o que se paga a ela em juros e amortizações, i.e., 'devolver' a ela parte de seus recursos emprestados ao governo, nas palavras do próprio autor. O déficit nominal zero significa devolver ainda mais? Sim, mas seguindo esse raciocínio seria melhor fechar o governo por um ou dois anos e usar todos impostos para pagar a dívida. Afinal, o propósito não é devolver a sociedade o que o governo tomou dela emprestado??
O autor também se esquece que uma queda dos juros reais permite ao governo gastar menos com a dívida e, portanto, 'devolver' mais dívida à sociedade.
Kanitz também erra ao supor que a sociedade cobra caro do governo porque ele deu calote no passado. Tanto a econometria (com todos seus problemas ela é sim útil) como a história (vide Argentina e Rússia) mostram que a memória do mercado acerca do histórico de bom pagador de um país é pequena e em muito suplantada por fatores de conjuntura macroeconômica de curto e médio prazo.
Por último, deve-se ter em mente que o problema brasileiro não é só a SELIC e sim o spread. E por mais que a Febraban culpe os compulsórios e os impostos pelo seu tamanho existe um outro fator importante por trás de tal diferença, a existência de um enorme cartel no setor bancário, seja quanto a juros seja quanto a tarifas. Pode-se cortar impostos pela metade, mandar o compulsório pro espaço que pouco mudaria sem uma maior concorrência. Infelizmente o Bacen pouco olha para esse problema e o governo, através de seus bancos públicos (CEF e Banco do Brasil) participa e lucra com esse cartel.
Abs
Arthur
ps: para quem for responder minha msg.....estarei fora de contato nos próximos dias em um seminário de economia.....
1) Ao contrário do que acha o Finken economia e política não são possíveis de serem separadas. Por trás da teoria econômica convencional (ortodoxa, neoclássica, mainstream) não existem leis científicas precisas tais quais as leis da física, mas sim um bando de hipóteses fracas e pouco críveis.
Tão fracas são essas hipóteses que o lendário Milton Friedman escreveu que os pressupostos da teoria econômica pouco importam e sim seus resultados empíricos. Concordaria com ele, caso não existissem tantos problemas nas análises empíricas existentes. Mais do que isso, a 'robustez' empírica de teorias ortodoxas é tão grande (ou pequena, como queiram) do que a de teorias alternativas que pregam exatamente o oposto.
O fato é que a econometria é várias vezes (mas não sempre) apenas uma arma de retórica usada pelos economistas. Isto é, para te convencer que o que eu acredito é correto eu te mostro uma série de dados estatísticos robustos. Mas, no final das contas, o que existe por trás daqueles lindos dados não são leis científicas como muitos economistas querem fazer transparecer, mas sim um bando de hipóteses que ninguém em sã consciência ousaria em chamar de verdadeiras.
Resumo da história: por trás de qualquer análise econômica não há apenas ciência, mas também algo nem um pouco científico, que é a fé daquele economista que a sociedade funciona desse ou daquele jeito. Sem isso (i.e., hipóteses arbitrárias e não científicas) não se contrói teoria econômica alguma. E fé implica em subjetividade, em ideologia e, portanto, em política.
2) A partir do que disse acima, supor que não se pode mudar os juros (variável estritamente econômica para Kanitz e, portanto, fora de alcance do governo) é algo exdrúxulo!
Aliás, o texto em si é coberto de erros. O primeiro é supor que fazer cair a divida/PIB não é útil. Fazer cair essa relação significa tomar menos da sociedade o que se paga a ela em juros e amortizações, i.e., 'devolver' a ela parte de seus recursos emprestados ao governo, nas palavras do próprio autor. O déficit nominal zero significa devolver ainda mais? Sim, mas seguindo esse raciocínio seria melhor fechar o governo por um ou dois anos e usar todos impostos para pagar a dívida. Afinal, o propósito não é devolver a sociedade o que o governo tomou dela emprestado??
O autor também se esquece que uma queda dos juros reais permite ao governo gastar menos com a dívida e, portanto, 'devolver' mais dívida à sociedade.
Kanitz também erra ao supor que a sociedade cobra caro do governo porque ele deu calote no passado. Tanto a econometria (com todos seus problemas ela é sim útil) como a história (vide Argentina e Rússia) mostram que a memória do mercado acerca do histórico de bom pagador de um país é pequena e em muito suplantada por fatores de conjuntura macroeconômica de curto e médio prazo.
Por último, deve-se ter em mente que o problema brasileiro não é só a SELIC e sim o spread. E por mais que a Febraban culpe os compulsórios e os impostos pelo seu tamanho existe um outro fator importante por trás de tal diferença, a existência de um enorme cartel no setor bancário, seja quanto a juros seja quanto a tarifas. Pode-se cortar impostos pela metade, mandar o compulsório pro espaço que pouco mudaria sem uma maior concorrência. Infelizmente o Bacen pouco olha para esse problema e o governo, através de seus bancos públicos (CEF e Banco do Brasil) participa e lucra com esse cartel.
Abs
Arthur
ps: para quem for responder minha msg.....estarei fora de contato nos próximos dias em um seminário de economia.....
Bom depois de tanto tempo sumido destes debates vou dar minha palhinha .
Por que os juros não caem? Essa é uma boa pergunta Talvez a mais importante depois do fim da hiperinflação.Antes de apelarmos para a crucificação dos bancos é bom lembrar que um dos maiores beneficiários desta situação é a classe média/ alta que investe em títulos públicos do governo e que até recentemente podiam deixar seu dinheiro tranquilo nos bancos aplicados em títulos do governo por estes pagarem altíssimas taxas de juros . Há diversos tipos de explicação de diversos economistas .Colocarei aqui as mais famosas :
Pérsio Arida alega que seria por"incerteza jurisdicional". Ou seja como a justiça brasileira procura sempre favorecer o devedor em alguma cobrança judicial .
Há os que alegamque os fundamentos do país são fracos ( baixo crescimento PIB percapita , alto endividamento do governo ,e cia )
Há outra corrente que alega que os fracos meios de mecanismo de transmissão da política monetária . OU seja devido à baixa penetração do crédito para a Economia os juros teriam que subir muito para uma determinada queda almejada da inflação
Há outra corrente que alega que o histórico de calotes justifica essa alta taxa de juros . Então embutido nesta taxa estaria o prêmio de risco de ficar chupando o dedo de uma hora para outra .
Outra corrente diz que a alta dívida interna no governo aliado à sua má vontade em realizar o superávit primário e o fato do BC não ser legalmente independente explicaria isso .
E outra alega que os preços enrijecidos do mercado brasileiro , fruto de uma legislação trabalhista arcaica , mercados oligopolizados , e pequena abertura da economia brasileira explicariam a taxa de juros .
E finalmente há os que agregam mais de uma das correntes acima citados
Qual a que acredito ? Em todas pois para mim elas t6em seu fundo de vverdade , mas qual é a mais importante eu não sei . Eu me arriscaria a apostar em um mix ponderado de todas elas
Há controvérsias . O recente cresicmento da economia argentia se dá localizada em poucos setores ( Miriam Leitão - O Globo ) que acaba inflacionando no crescimento econômico do país . Segundo muitos economistas a dificuldade de empresas argentinas conseguirem empréstimos no exterior é grande e vai ficar muito pior agora que a recente bonança mundial encontra seu fim . Quanto à Rússia muitos argumentam que boa parte de seu atual crescimento está calcado praticamente no petróleo , mas seja como for muitos também alegam que seus fatores macroeconômicos melhoraram muito desde seu calote para cá.
Por que os juros não caem? Essa é uma boa pergunta Talvez a mais importante depois do fim da hiperinflação.Antes de apelarmos para a crucificação dos bancos é bom lembrar que um dos maiores beneficiários desta situação é a classe média/ alta que investe em títulos públicos do governo e que até recentemente podiam deixar seu dinheiro tranquilo nos bancos aplicados em títulos do governo por estes pagarem altíssimas taxas de juros . Há diversos tipos de explicação de diversos economistas .Colocarei aqui as mais famosas :
Pérsio Arida alega que seria por"incerteza jurisdicional". Ou seja como a justiça brasileira procura sempre favorecer o devedor em alguma cobrança judicial .
Há os que alegamque os fundamentos do país são fracos ( baixo crescimento PIB percapita , alto endividamento do governo ,e cia )
Há outra corrente que alega que os fracos meios de mecanismo de transmissão da política monetária . OU seja devido à baixa penetração do crédito para a Economia os juros teriam que subir muito para uma determinada queda almejada da inflação
Há outra corrente que alega que o histórico de calotes justifica essa alta taxa de juros . Então embutido nesta taxa estaria o prêmio de risco de ficar chupando o dedo de uma hora para outra .
Outra corrente diz que a alta dívida interna no governo aliado à sua má vontade em realizar o superávit primário e o fato do BC não ser legalmente independente explicaria isso .
E outra alega que os preços enrijecidos do mercado brasileiro , fruto de uma legislação trabalhista arcaica , mercados oligopolizados , e pequena abertura da economia brasileira explicariam a taxa de juros .
E finalmente há os que agregam mais de uma das correntes acima citados
Qual a que acredito ? Em todas pois para mim elas t6em seu fundo de vverdade , mas qual é a mais importante eu não sei . Eu me arriscaria a apostar em um mix ponderado de todas elas
Kanitz também erra ao supor que a sociedade cobra caro do governo porque ele deu calote no passado. Tanto a econometria (com todos seus problemas ela é sim útil) como a história (vide Argentina e Rússia) mostram que a memória do mercado acerca do histórico de bom pagador de um país é pequena e em muito suplantada por fatores de conjuntura macroeconômica de curto e médio prazo.
Há controvérsias . O recente cresicmento da economia argentia se dá localizada em poucos setores ( Miriam Leitão - O Globo ) que acaba inflacionando no crescimento econômico do país . Segundo muitos economistas a dificuldade de empresas argentinas conseguirem empréstimos no exterior é grande e vai ficar muito pior agora que a recente bonança mundial encontra seu fim . Quanto à Rússia muitos argumentam que boa parte de seu atual crescimento está calcado praticamente no petróleo , mas seja como for muitos também alegam que seus fatores macroeconômicos melhoraram muito desde seu calote para cá.
- Morcego
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Senhores é SIMPLES, os juros não baixam pq o País gasta mais do que pode.
o governo ainda tem coisa pa caramba para privatizar, precisamos de um novo pacto federativo e o dinheiro tem que ser usado para alavancar a economia.
mas como precisamos pagar bolsa esmola, vagabundeamos nossa massa trabalhadora.
pq não exigem que o cara faça um trabalho público sei la. varrer uma rua.
o governo ainda tem coisa pa caramba para privatizar, precisamos de um novo pacto federativo e o dinheiro tem que ser usado para alavancar a economia.
mas como precisamos pagar bolsa esmola, vagabundeamos nossa massa trabalhadora.
pq não exigem que o cara faça um trabalho público sei la. varrer uma rua.
- hancelo
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- Nenhum governo até hoje nestes 500 anos devolveu as dívidas que governos anteriores contraíram. Não há interesse nem estímulo político em pagar o que o governo anterior tomou emprestado e gastou. Isso até dá para entender. Todo governo quer ser reeleito e para isso tem de gastar mais do que o governo anterior, e não pagar o que é devido
o governante que eu quero teria que parar com esta corrente
fazer o correto sem ficar atrelado a reeleição.
mas ficar atrelado com o compromisso de ver o pais crescer de forma sustentavel e com juros a um patamar sadio.
mas parece que morrerei e não verei isto acontecer.
é uma lastima.
O maior patrimônio de uma nação é o espírito de luta de seu povo e a maior ameaça para uma nação é a desagregação desse espírito. (George B. Courtelyou)
- Penguin
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Vejo como algo muito positivo que o tema juros e principalmente o spread bancário estejam em discussão na mídia.
Série de artigos sobre esse tema publicaos nos últimos dias no jornal Valor:
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Inadimplência representa maior custo
De Brasília
22/08/2006
Os custos de inadimplência explicam a maior parte dos altos "spreads" bancários vigentes no país, segundo o diagnóstico anual do Banco Central sobre o mercado de crédito, que acaba de ser divulgado. Pelos seus cálculos, essa despesa representa 33,97% da diferença entre os custos de captação dos bancos e as taxas cobradas dos clientes.
Depois da inadimplência, o que mais pesa são os custos administrativos, que respondem por 21,56% do "spread". O lucro dos bancos, tecnicamente chamado de resíduo líquido, representa 19,8% do "spread".
Desde 1999, quando o BC anunciou seu projeto de redução do "spread" bancário, são divulgados relatórios anuais que aprofundam a discussão sobre o por que os juros bancários são tão elevados no país. Nos primeiros anos dos projetos, os relatórios eram divulgados mais rapidamente, mas agora só são distribuídos depois que seus textos são submetidos a debates por especialistas. O diagnóstico recém-divulgado é do ano de 2005, e usa a base estatística de 2004, quando o "spread" equivalia a 27,2 pontos percentuais.
Os números, porém, não têm mostrado grande variação ao longo do tempo. A inadimplência, por exemplo, tem se mantido sempre acima de 31% nos três últimos anos. O peso dos lucros dos bancos tem girado em torno de 20% nos últimos anos.
No estudo, o BC não se refere explicitamente aos lucros dos bancos. Na verdade, o percentual é tecnicamente tratado como se fosse um "resíduo". Ou seja, o BC procura extrair todos os demais custos dos empréstimos - incluindo inadimplência, compulsórios, impostos etc. - e o que sobra, teoricamente, é o lucro dos bancos. Mas é possível que, dentro desse número, estejam outros custos. É o caso dos encargos representados pelos subsídios cruzados, que, neste ano, foram calculados pela primeira vez, com os resultados referentes a 2001. Naquele ano, após feitos todos os ajustes, o resíduo fica em 16,3%.
Outros custos que explicam os "spreads" bancários em 2004 são os compulsórios (7%), os tributos indiretos (8,11%), os tributos diretos (9,3%) e as contribuições ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC, com peso de 0,26%).
O elevado peso da inadimplência nos "spreads" ajuda a entender por que, desde que iniciou seu projeto, o BC vem dando grande ênfase às propostas que visam a reforçar os diretos dos credores. É o caso, por exemplo, da extensão da alienação fiduciária para os financiamentos habitacionais, da nova Lei de Falências e da criação do crédito consignado em folha de salário.
Os dados do BC também reconhecem que existe alguma gordura na margem dos bancos, que pode ser queimada com a ampliação da concorrência. O diagnóstico é que os clientes têm dificuldades de buscar os juros mais baixos no mercado porque os bancos rejeitam crédito a quem não conhecem bem. Entre as medidas já colocadas em prática pelo BC está a portabilidade dos dados cadastrais, que, porém, é pouco usada pelos clientes. (AR)
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BC contesta dados que apontam país como vilão do juro
De Brasília
22/08/2006
O Banco Central divulgou, em seu relatório anual que examina por que os juros bancários são altos no Brasil, um texto que questiona estudos que apontam o Brasil como o campeão mundial nos "spreads" bancários.
"Domina a visão de que o 'spread' bancário brasileiro não é só o maior do mundo, mas também se situa em um patamar muito superior aos demais países", afirma o texto, de autoria dos economistas Marcio Nakane e Ana Carla Abrão Costa, ambos do Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) do BC. "Mas não é exatamente esse o retrato que surge a partir de uma análise mais minuciosa."
Os economistas fazem cálculos usando metodologias alternativas, uma das quais chega à conclusão de que o "spread" brasileiro é inferior ao vigente na Suíça e no Japão.
Eles sustentam que há diferenças entre as metodologias de cálculo dos "spreads" nos diferentes países incluídos em rankings. No caso do Brasil, por exemplo, o "spread" se refere apenas à diferença entre os custos de captação e de aplicação dos empréstimos livres. Ficam de fora, portanto, os empréstimos direcionados e os repasses do BNDES, que têm juros mais baixos. Se essas taxas fossem consideradas, o "spread" brasileiro cairia dos atuais 28,5 para 20 pontos percentuais.
Outra diferença importante, dizem, é que no Brasil são incluídas nos "spreads" operações de todos os tipos de risco, tanto de grandes clientes, com risco menor, quanto os menores. Outros países divulgam apenas o "spread" de parte do mercado, dos clientes com menor risco.
O estudo dos dois economistas do BC refaz o ranking internacional dos "spreads" bancários, usando como parâmetro de comparação um instrumento conhecido como índice de Lerner. São apresentadas três tabelas, para os anos entre 2002 e 2004, usando como matéria-prima rankings elaborados pelo International Financial Statatistics (IFS, Estatísticas Financeiras Internacionais) do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A conclusão é que, em 2002, o Brasil era o terceiro país com maior juros - atrás de Zimbábue e Angola - e se torna o 37º maior juros, entre 72 países. Em 2003, passa do 2º lugar para o 19º, mais bem posicionado que Japão e Suíça. Em 2004, deixa a 2ª posição para ocupar a 16ª, ficando melhor do que Suíça, Alemanha e Estados Unidos. "O Brasil deixa de liderar os rankings, ao contrário do que acontece quando se utilizam as metodologias baseadas na diferença entre as taxas de empréstimo e captação."
Os economistas dizem que o ranking que construíram não significa que o "spread" brasileiros é um problema menor. "Em termos absolutos ele é elevado e merecedor de esforços constantes no sentido da sua redução", afirmam. "Só assim se conseguirá mais aprofundamento financeiro e mais eficiência na intermediação bancária no Brasil." (AR)
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Revisitando a questão do "spread" bancário
Gustavo Loyola
21/08/2006
A divulgação pelo BIS de estudo comparativo internacional sobre "spreads" bancários recolocou o tema na grande imprensa diária brasileira, já que o Brasil foi apontado pela instituição da Basiléia como sendo o "campeão mundial do spread". O assunto é sem dúvida relevante, mas a maneira ligeira pela qual, na maioria das vezes, está sendo discutido pode acarretar incompreensão generalizada das causas do elevado custo do crédito no Brasil, dificultando o desenho e a implementação de políticas públicas adequadas para lidar com o problema.
Não resta dúvida que o "spread" bancário médio no Brasil é elevado tanto em termos absolutos quanto comparativamente a outros países emergentes. As causas desse fenômeno são muitas e a maioria não comporta soluções simples e de rápida implementação. Ao contrário, trata-se tipicamente de um problema que exige a convergência de diversas políticas públicas durante um período razoável de tempo.
A impaciência com esse problema vem gerando simplificações perigosas tanto no seu diagnóstico quanto na prescrição de remédios. A manifestação mais grave e bizarra dessa tendência foi, no passado recente, a inserção na Constituição de 1988 de dispositivo tabelando os juros reais no Brasil, iniciativa inédita em escala planetária que, felizmente, já foi apagada do texto constitucional. Parece não haver hoje mais o risco da repetição de bobagens da espécie, mas percebe-se implicitamente em certas análises e comentários disseminados pela imprensa que o "espírito de 1988" ainda continua vivo nas mentes de muita gente.
A pressa em apontar a ganância dos bancos brasileiros como uma das causas do elevado "spread" leva a equívocos, como comparar rentabilidade média
Graças principalmente a um projeto iniciado pelo Banco Central, em 1999, conhece-se hoje razoavelmente as causas dos elevados "spreads" bancários praticados no segmento livre do mercado de crédito brasileiro. Na última avaliação publicada do projeto sobre "spread" bancário, o BC identificou que seus principais componentes eram os depósitos compulsórios e o Fundo Garantidor de Crédito (5,3% do total), a cunha tributária (20,8%), os custos com inadimplência (20,9%), os custos administrativos (26,3%) e o chamado "resíduo do banco" (27,6%), que reflete, "grosso modo", o resultado da instituição bancária.
Vê-se daí que, apesar das limitações metodológicas dos cálculos do BC - que se limita a um segmento específico do mercado de crédito brasileiro - a origem do problema dos elevados "spreads" permeia vários aspectos macro e microeconômicos, a maioria dos quais enraizados profundamente no ambiente operacional dos bancos no mercado doméstico. De qualquer modo, de forma simplificada, pode-se dizer que a redução dos "spreads" dependeria da diminuição dos recolhimentos compulsórios e da cunha tributária incidente sobre a intermediação financeira, da queda dos custos administrativos - de origem exógena ou endógena às firmas bancárias - e à diminuição do chamado "resíduo dos bancos", via aumento do grau de competição nesse mercado e eliminação do direcionamento obrigatório do crédito.
Quando se chega, porém, à apuração do "spread" para fins de comparações internacionais, redobrada cautela é necessária, tendo em vista não apenas as especificidades do mercado bancário brasileiro, como também à própria imprecisão terminológica que cerca a expressão "spread" (ou margem), o que enseja a coexistência de várias metodologias para o seu cálculo. Em recente trabalho, dois economistas do BC, Márcio Nakane e Ana Carla Abrão Costa, apontaram os equívocos que têm levado muitos analistas a superestimar o problema do "spread" no Brasil e a timbrar o país como recordista mundial nesse particular. Segundo esses autores, o Brasil não é um "ponto fora da curva" na comparação internacional. O nosso indevido título mundial decorre de erros na comparação de números obtidos a partir de metodologias distintas. No caso brasileiro, o "spread" divulgado pelo BC é calculado levando em conta todas as operações de empréstimos da carteira livre, independentemente do risco de crédito, enquanto que, em outros países, se considera geralmente apenas as taxas praticadas nas operações com empresas de primeira linha, que são naturalmente as menores. Ademais, no exterior, não se verifica a segmentação do crédito bancário entre os mercados "livre" e "tabelado", um dos fatores que levam à majoração das taxas de juros cobradas no segmento "livre" em nosso país.
Portanto, o estudo do respeitável BIS deveria ter sido acolhido com maior cautela, posto que abusa de comparações internacionais entre grandezas de naturezas distintas. Não se trata, vale insistir, de ignorar a necessidade de políticas públicas para a redução do "spread" bancário. O que se deve evitar é que tais comparações deságüem em conclusões apressadas, tais como as que ignoram o papel negativo desempenhado pela existência de direcionamento obrigatório de crédito (financiamentos habitacionais e crédito rural, por exemplo) e as que superestimam o problema da "inexistência" de competição no mercado bancário brasileiro.
Aliás, a pressa em apontar a ganância dos bancos brasileiros como uma das causas do elevado "spread" leva a equívocos tais como a comparação nua e crua entre as rentabilidades médias sobre o patrimônio líquido obtidas por instituições bancárias de países, cujos bancos centrais praticam taxas de juros básicas distintas. O jornal "Estado de São Paulo" (13/08/2006), por exemplo, publicou tabela mostrando a rentabilidade média do patrimônio dos bancos em oito países, entre os quais o Brasil, da qual concluiu que "só na Suíça os bancos têm rentabilidade maior que no Brasil". Ora, considerando-se o conceito de uso alternativo do dinheiro dos acionistas, observa-se que a rentabilidade dos bancos brasileiros em excesso à taxa básica da economia é a menor entre os oito países apontados e não a maior. No Brasil, por exemplo, os bancos auferiram uma rentabilidade de 4,67% ao ano sobre a taxa Selic, enquanto nos EUA os bancos ganharam em média 8,96% ao ano sobre a taxa dos "FED funds".
Série de artigos sobre esse tema publicaos nos últimos dias no jornal Valor:
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Inadimplência representa maior custo
De Brasília
22/08/2006
Os custos de inadimplência explicam a maior parte dos altos "spreads" bancários vigentes no país, segundo o diagnóstico anual do Banco Central sobre o mercado de crédito, que acaba de ser divulgado. Pelos seus cálculos, essa despesa representa 33,97% da diferença entre os custos de captação dos bancos e as taxas cobradas dos clientes.
Depois da inadimplência, o que mais pesa são os custos administrativos, que respondem por 21,56% do "spread". O lucro dos bancos, tecnicamente chamado de resíduo líquido, representa 19,8% do "spread".
Desde 1999, quando o BC anunciou seu projeto de redução do "spread" bancário, são divulgados relatórios anuais que aprofundam a discussão sobre o por que os juros bancários são tão elevados no país. Nos primeiros anos dos projetos, os relatórios eram divulgados mais rapidamente, mas agora só são distribuídos depois que seus textos são submetidos a debates por especialistas. O diagnóstico recém-divulgado é do ano de 2005, e usa a base estatística de 2004, quando o "spread" equivalia a 27,2 pontos percentuais.
Os números, porém, não têm mostrado grande variação ao longo do tempo. A inadimplência, por exemplo, tem se mantido sempre acima de 31% nos três últimos anos. O peso dos lucros dos bancos tem girado em torno de 20% nos últimos anos.
No estudo, o BC não se refere explicitamente aos lucros dos bancos. Na verdade, o percentual é tecnicamente tratado como se fosse um "resíduo". Ou seja, o BC procura extrair todos os demais custos dos empréstimos - incluindo inadimplência, compulsórios, impostos etc. - e o que sobra, teoricamente, é o lucro dos bancos. Mas é possível que, dentro desse número, estejam outros custos. É o caso dos encargos representados pelos subsídios cruzados, que, neste ano, foram calculados pela primeira vez, com os resultados referentes a 2001. Naquele ano, após feitos todos os ajustes, o resíduo fica em 16,3%.
Outros custos que explicam os "spreads" bancários em 2004 são os compulsórios (7%), os tributos indiretos (8,11%), os tributos diretos (9,3%) e as contribuições ao Fundo Garantidor de Crédito (FGC, com peso de 0,26%).
O elevado peso da inadimplência nos "spreads" ajuda a entender por que, desde que iniciou seu projeto, o BC vem dando grande ênfase às propostas que visam a reforçar os diretos dos credores. É o caso, por exemplo, da extensão da alienação fiduciária para os financiamentos habitacionais, da nova Lei de Falências e da criação do crédito consignado em folha de salário.
Os dados do BC também reconhecem que existe alguma gordura na margem dos bancos, que pode ser queimada com a ampliação da concorrência. O diagnóstico é que os clientes têm dificuldades de buscar os juros mais baixos no mercado porque os bancos rejeitam crédito a quem não conhecem bem. Entre as medidas já colocadas em prática pelo BC está a portabilidade dos dados cadastrais, que, porém, é pouco usada pelos clientes. (AR)
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BC contesta dados que apontam país como vilão do juro
De Brasília
22/08/2006
O Banco Central divulgou, em seu relatório anual que examina por que os juros bancários são altos no Brasil, um texto que questiona estudos que apontam o Brasil como o campeão mundial nos "spreads" bancários.
"Domina a visão de que o 'spread' bancário brasileiro não é só o maior do mundo, mas também se situa em um patamar muito superior aos demais países", afirma o texto, de autoria dos economistas Marcio Nakane e Ana Carla Abrão Costa, ambos do Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep) do BC. "Mas não é exatamente esse o retrato que surge a partir de uma análise mais minuciosa."
Os economistas fazem cálculos usando metodologias alternativas, uma das quais chega à conclusão de que o "spread" brasileiro é inferior ao vigente na Suíça e no Japão.
Eles sustentam que há diferenças entre as metodologias de cálculo dos "spreads" nos diferentes países incluídos em rankings. No caso do Brasil, por exemplo, o "spread" se refere apenas à diferença entre os custos de captação e de aplicação dos empréstimos livres. Ficam de fora, portanto, os empréstimos direcionados e os repasses do BNDES, que têm juros mais baixos. Se essas taxas fossem consideradas, o "spread" brasileiro cairia dos atuais 28,5 para 20 pontos percentuais.
Outra diferença importante, dizem, é que no Brasil são incluídas nos "spreads" operações de todos os tipos de risco, tanto de grandes clientes, com risco menor, quanto os menores. Outros países divulgam apenas o "spread" de parte do mercado, dos clientes com menor risco.
O estudo dos dois economistas do BC refaz o ranking internacional dos "spreads" bancários, usando como parâmetro de comparação um instrumento conhecido como índice de Lerner. São apresentadas três tabelas, para os anos entre 2002 e 2004, usando como matéria-prima rankings elaborados pelo International Financial Statatistics (IFS, Estatísticas Financeiras Internacionais) do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A conclusão é que, em 2002, o Brasil era o terceiro país com maior juros - atrás de Zimbábue e Angola - e se torna o 37º maior juros, entre 72 países. Em 2003, passa do 2º lugar para o 19º, mais bem posicionado que Japão e Suíça. Em 2004, deixa a 2ª posição para ocupar a 16ª, ficando melhor do que Suíça, Alemanha e Estados Unidos. "O Brasil deixa de liderar os rankings, ao contrário do que acontece quando se utilizam as metodologias baseadas na diferença entre as taxas de empréstimo e captação."
Os economistas dizem que o ranking que construíram não significa que o "spread" brasileiros é um problema menor. "Em termos absolutos ele é elevado e merecedor de esforços constantes no sentido da sua redução", afirmam. "Só assim se conseguirá mais aprofundamento financeiro e mais eficiência na intermediação bancária no Brasil." (AR)
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Revisitando a questão do "spread" bancário
Gustavo Loyola
21/08/2006
A divulgação pelo BIS de estudo comparativo internacional sobre "spreads" bancários recolocou o tema na grande imprensa diária brasileira, já que o Brasil foi apontado pela instituição da Basiléia como sendo o "campeão mundial do spread". O assunto é sem dúvida relevante, mas a maneira ligeira pela qual, na maioria das vezes, está sendo discutido pode acarretar incompreensão generalizada das causas do elevado custo do crédito no Brasil, dificultando o desenho e a implementação de políticas públicas adequadas para lidar com o problema.
Não resta dúvida que o "spread" bancário médio no Brasil é elevado tanto em termos absolutos quanto comparativamente a outros países emergentes. As causas desse fenômeno são muitas e a maioria não comporta soluções simples e de rápida implementação. Ao contrário, trata-se tipicamente de um problema que exige a convergência de diversas políticas públicas durante um período razoável de tempo.
A impaciência com esse problema vem gerando simplificações perigosas tanto no seu diagnóstico quanto na prescrição de remédios. A manifestação mais grave e bizarra dessa tendência foi, no passado recente, a inserção na Constituição de 1988 de dispositivo tabelando os juros reais no Brasil, iniciativa inédita em escala planetária que, felizmente, já foi apagada do texto constitucional. Parece não haver hoje mais o risco da repetição de bobagens da espécie, mas percebe-se implicitamente em certas análises e comentários disseminados pela imprensa que o "espírito de 1988" ainda continua vivo nas mentes de muita gente.
A pressa em apontar a ganância dos bancos brasileiros como uma das causas do elevado "spread" leva a equívocos, como comparar rentabilidade média
Graças principalmente a um projeto iniciado pelo Banco Central, em 1999, conhece-se hoje razoavelmente as causas dos elevados "spreads" bancários praticados no segmento livre do mercado de crédito brasileiro. Na última avaliação publicada do projeto sobre "spread" bancário, o BC identificou que seus principais componentes eram os depósitos compulsórios e o Fundo Garantidor de Crédito (5,3% do total), a cunha tributária (20,8%), os custos com inadimplência (20,9%), os custos administrativos (26,3%) e o chamado "resíduo do banco" (27,6%), que reflete, "grosso modo", o resultado da instituição bancária.
Vê-se daí que, apesar das limitações metodológicas dos cálculos do BC - que se limita a um segmento específico do mercado de crédito brasileiro - a origem do problema dos elevados "spreads" permeia vários aspectos macro e microeconômicos, a maioria dos quais enraizados profundamente no ambiente operacional dos bancos no mercado doméstico. De qualquer modo, de forma simplificada, pode-se dizer que a redução dos "spreads" dependeria da diminuição dos recolhimentos compulsórios e da cunha tributária incidente sobre a intermediação financeira, da queda dos custos administrativos - de origem exógena ou endógena às firmas bancárias - e à diminuição do chamado "resíduo dos bancos", via aumento do grau de competição nesse mercado e eliminação do direcionamento obrigatório do crédito.
Quando se chega, porém, à apuração do "spread" para fins de comparações internacionais, redobrada cautela é necessária, tendo em vista não apenas as especificidades do mercado bancário brasileiro, como também à própria imprecisão terminológica que cerca a expressão "spread" (ou margem), o que enseja a coexistência de várias metodologias para o seu cálculo. Em recente trabalho, dois economistas do BC, Márcio Nakane e Ana Carla Abrão Costa, apontaram os equívocos que têm levado muitos analistas a superestimar o problema do "spread" no Brasil e a timbrar o país como recordista mundial nesse particular. Segundo esses autores, o Brasil não é um "ponto fora da curva" na comparação internacional. O nosso indevido título mundial decorre de erros na comparação de números obtidos a partir de metodologias distintas. No caso brasileiro, o "spread" divulgado pelo BC é calculado levando em conta todas as operações de empréstimos da carteira livre, independentemente do risco de crédito, enquanto que, em outros países, se considera geralmente apenas as taxas praticadas nas operações com empresas de primeira linha, que são naturalmente as menores. Ademais, no exterior, não se verifica a segmentação do crédito bancário entre os mercados "livre" e "tabelado", um dos fatores que levam à majoração das taxas de juros cobradas no segmento "livre" em nosso país.
Portanto, o estudo do respeitável BIS deveria ter sido acolhido com maior cautela, posto que abusa de comparações internacionais entre grandezas de naturezas distintas. Não se trata, vale insistir, de ignorar a necessidade de políticas públicas para a redução do "spread" bancário. O que se deve evitar é que tais comparações deságüem em conclusões apressadas, tais como as que ignoram o papel negativo desempenhado pela existência de direcionamento obrigatório de crédito (financiamentos habitacionais e crédito rural, por exemplo) e as que superestimam o problema da "inexistência" de competição no mercado bancário brasileiro.
Aliás, a pressa em apontar a ganância dos bancos brasileiros como uma das causas do elevado "spread" leva a equívocos tais como a comparação nua e crua entre as rentabilidades médias sobre o patrimônio líquido obtidas por instituições bancárias de países, cujos bancos centrais praticam taxas de juros básicas distintas. O jornal "Estado de São Paulo" (13/08/2006), por exemplo, publicou tabela mostrando a rentabilidade média do patrimônio dos bancos em oito países, entre os quais o Brasil, da qual concluiu que "só na Suíça os bancos têm rentabilidade maior que no Brasil". Ora, considerando-se o conceito de uso alternativo do dinheiro dos acionistas, observa-se que a rentabilidade dos bancos brasileiros em excesso à taxa básica da economia é a menor entre os oito países apontados e não a maior. No Brasil, por exemplo, os bancos auferiram uma rentabilidade de 4,67% ao ano sobre a taxa Selic, enquanto nos EUA os bancos ganharam em média 8,96% ao ano sobre a taxa dos "FED funds".
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SGT GUERRA escreveu:mas como precisamos pagar bolsa esmola, vagabundeamos nossa massa trabalhadora.
e tem as empresas que não cumprem seu papel social...e assim fica esse circulo.
As empresas grandes geralmente cumprem sim.
das médias para baixo, ainda impera a mentalidade da revolução industrial.
precisamos evoluir nossa sociedade para um nivel de informação, onde se acredite mais no estudo, na ciência e no trabalho; do que na fé, no grande irmão e em que DEUS VAI DAR.
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Guilherme escreveu:A responsabilidade social da empresa é pagar os impostos e oferecer condições de trabalho com ergonomia e salubridade para o empregado, além de pagar os salários em dia. Não acho que seja responsabilidade da empresa oferecer planos de saúde, creche, etc para os empregados.
UHMMMM até da para fazer, mas ai estariamos falando de um nivel de privatização do setor público bem alto; as empresas tem que ser competitivas mas ao mesmo tempo não devemos nos tornar uma nova CHINA.
mas putz, tem regiões do pais que são praticamente nomades, tem gente com a cabeça em 1017; e outros em 1964, NÃO DA PARA SALTARMOS TODOS DE UMA VEZ para a ERA DA INFORMAÇÃO.
NÃO TEM JEITO, vai demorar para acelerarmos, mais uma vez ESTAMOS PERDENDO O BONDE DA HISTÓRIA.
CHINA e EUA, estão despontando como aliados estratégicos.
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morcego escreveu:SGT GUERRA escreveu:mas como precisamos pagar bolsa esmola, vagabundeamos nossa massa trabalhadora.
e tem as empresas que não cumprem seu papel social...e assim fica esse circulo.
As empresas grandes geralmente cumprem sim.
das médias para baixo, ainda impera a mentalidade da revolução industrial.
precisamos evoluir nossa sociedade para um nivel de informação, onde se acredite mais no estudo, na ciência e no trabalho; do que na fé, no grande irmão e em que DEUS VAI DAR.
eu concordo com voce Morcego, mas acho que nem as grandes estão com essa bola toda. a maioria tem a mentalidade de trocar impostos por investimentos sociais. isso não adianta.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Guilherme escreveu:A responsabilidade social da empresa é pagar os impostos e oferecer condições de trabalho com ergonomia e salubridade para o empregado, além de pagar os salários em dia. Não acho que seja responsabilidade da empresa oferecer planos de saúde, creche, etc para os empregados.
...sim Guilherme, e a do Estado é fornecer bolsa familia...essa é mentalidade atual do pais. o empresario brasileiro é "predador" e o estado é um "pai de filho prodigo". sera que esta funcionando?
nos EUA, por exemplo, existem 40.000 fundações de empresas privadas, no Brasil existem 100. isso sem contar que fundações como a Roberto Marinho, só servem para não pagar impostos.
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O Estado cobra impostos altos para fornecer serviços de saúde e educação para a população. Se não está funcionando, então acho que se deve mudar o funcionamento da estrutura do Estado.
Se o povo parasse de só se preocupar com a vagabunda que mostra o rabo na TV, com o Campeonato Brasileiro ou se o coronel da novela das 8 vai virar pederasta, e começasse a cobrar uma atitude de quem retira quase 40% do PIB para financiar 40 mil cargos comissionados, as coisas começariam a mudar.
Sobre os juros, muita gente no Brasil deve pensar que as reuniões do COPOM do Banco Central são celebrações satânicas, onde se aumentam os juros pelo prazer de prejudicar os brasileiros.
"Vamos aumentar os juros em 0,5%!"
"Isso, vamos ferrar com todos eles! Hail Satan! Huahuahauhauhauha! (risada diabólica)"
Se o povo parasse de só se preocupar com a vagabunda que mostra o rabo na TV, com o Campeonato Brasileiro ou se o coronel da novela das 8 vai virar pederasta, e começasse a cobrar uma atitude de quem retira quase 40% do PIB para financiar 40 mil cargos comissionados, as coisas começariam a mudar.
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Guilherme escreveu:O Estado cobra impostos altos para fornecer serviços de saúde e educação para a população. Se não está funcionando, então acho que se deve mudar o funcionamento da estrutura do Estado.
Se o povo parasse de só se preocupar com a vagabunda que mostra o rabo na TV, com o Campeonato Brasileiro ou se o coronel da novela das 8 vai virar pederasta, e começasse a cobrar uma atitude de quem retira quase 40% do PIB para financiar 40 mil cargos comissionados, as coisas começariam a mudar.
Sobre os juros, muita gente no Brasil deve pensar que as reuniões do COPOM do Banco Central são celebrações satânicas, onde se aumentam os juros pelo prazer de prejudicar os brasileiros.
"Vamos aumentar os juros em 0,5%!"
"Isso, vamos ferrar com todos eles! Hail Satan! Huahuahauhauhauha! (risada diabólica)"
O pior é que o gasto público primário (não incluindo o gasto com juros) aumenta sempre e a uma taxa praticamente constante, independente da pseudo orientação político-economica do governo de turno, desde o regime militar até hoje. Como esse gasto é na sua totalidade de péssima qualidade, as demandas se tormam cada vez mais urgentes e fortes (infra-estrutura, educação, saúde, C&T, forças armadas, etc). Para financiar isso, aumenta-se os tributos. Como os gastos são de pésssima qualidade, nunca é suficiente. O problema é que essa estratégia adotada por todos os governos brasileiros até agora está se esgotando devido ao fato de termos atingido uma carga tributária de país desenvolvido (com serviços de paises pobre), ou seja a margem de simplesmente aumentar os tributos chegou a um limite.
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Guilherme escreveu:O Estado cobra impostos altos para fornecer serviços de saúde e educação para a população. Se não está funcionando, então acho que se deve mudar o funcionamento da estrutura do Estado.
foi o que eu disse no inicio. As empresas estão pegando parte de seus impostos para fazer marketing, que na pratica não funciona da mesma forma que a politica social paternalista do estado. ninguem faz sua parte e o circulo se fecha.
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- Guilherme
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SGT GUERRA escreveu:Guilherme escreveu:O Estado cobra impostos altos para fornecer serviços de saúde e educação para a população. Se não está funcionando, então acho que se deve mudar o funcionamento da estrutura do Estado.
foi o que eu disse no inicio. As empresas estão pegando parte de seus impostos para fazer marketing, que na pratica não funciona da mesma forma que a politica social paternalista do estado. ninguem faz sua parte e o circulo se fecha.
É isso aí.