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Sete mortos em confronto no Vidigal
Em tiroteio com quadrilha que invadiu o Morro do Vidigal, Batalhão de Operações Especiais da PM mata bandidos do Comando Vermelho, apreende sete fuzis e é aplaudido por moradores
Christina Nascimento e Marco Antonio Canosa
Rio - Sete homens foram mortos, às 20h de ontem, em ação de 30 policiais do Batalhão de Operações Especiais da (Bope) da PM no alto do Morro do Vidigal. Com eles, foram apreendidos sete fuzis, sendo um antiaéreo. Moradores da favela aplaudiram os PMs. Os mortos, segundo a polícia, seriam de grupo ligado à facção criminosa Comando Vermelho (CV), que invadiu o Vidigal domingo para tentar tomar as bocas-de-fumo, provocando outras quatro mortes.
Segundo o comandante da PM, coronel Hudson de Aguiar, que esteve no local, os policiais teriam sido surpreendidos por 16 bandidos. Sete se abrigaram numa casa, que foi cercada pela PM, e houve intenso tiroteio. Os traficantes lançaram três granadas. Estilhaços feriram braço do soldado Matos e a boca do sargento Roca, que foram atendidos no Hospital Miguel Couto, no Leblon. “Não queremos derramamento de sangue, mas não vamos deixar que bandidos tirem a paz da comunidade”, disse Hudson. O morro está ocupado pela PM.
ORDEM PARTIU DE BANGU
A Polícia Civil pediu ontem a prisão de oito envolvidos na invasão, entre eles Patrick Salgado Souza Martins, ex-chefe do tráfico na favela ligado ao CV que está em Bangu 3 e planejou o ataque. Segundo Hudson, a invasão foi facilitada por parentes de bandidos do CV na favela.
Morador da Favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, dominada pelo CV, Wagner Freire da Silva, 22 anos, está desaparecido desde domingo e disse a parentes que iria a festa no Vidigal. Familiares acreditam que esteja entre os mortos.
Pela manhã, homens do Batalhão Florestal e do Meio Ambiente encontraram uma pistola 40 e um carregador. Na noite anterior, um homem tinha sido morto em confronto com o Bope e outro, agredido. Alexandre dos Santos, 22 anos, o Alexandre Cinco Dedos, foi espancado por moradores na Rua Presidente João Goulart, na entrada principal da favela. Do Morro Pavão-Pavãozinho, em Ipanema, ele é acusado de ter ido à comunidade dar reforço ao CV. A sigla PPG (Pavão-Pavãozinho e Cantagalo) podia ser vista em muros do Vidigal e nas armas apreendidas pelo Bope.
De manhã, mototáxis estavam proibidos de circular. Só três vans teriam autorização do tráfico para embarcar passageiros, porque os motoristas seriam moradores antigos. O comércio trabalhava com restrições. Entregas estariam proibidas.
Informante ajudou a invadir
Informante infiltrado pelo CV no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, foi quem ajudou a facção a invadir a favela, antes dominada pela Amigos dos Amigos (ADA). Ele conduziu a quadrilha, de homens das favelas do Dique, Furquim Mendes e Gogó da Ema, aos pontos onde ficavam soldados do tráfico. Até a noite de ontem, a polícia havia confirmado seis mortes, mas outros sete corpos estariam na favela. Anderson Conceição Silva, 27 anos, foi a última vítima da disputa. Ele morreu ao trocar tiros com policiais do 9º BPM (Rocha Miranda) na Rua Tupiniquins, na noite de segunda-feira. Ele faria parte de grupo que atacou policiais. Ontem, todos os acessos ao Juramento foram ocupados pela PM.
Oito prisões pedidas e cinco decretadas
Além de Patrick, preso em Bangu 3, outros sete homens do CV envolvidos na invasão ao Vidigal terão pedidos de prisão encaminhados pela polícia à Justiça hoje. Jairo César da Silva Caetano, o Gerinho, é ex-tesoureiro do tráfico na Rocinha e participou do assalto ao bingo de Botafogo, dia 10. O dinheiro teria sido usado na compra de fuzis para os 20 invasores.
Júlio Lira da Silva, o B1 ou Buiú, estaria entre os sete mortos. Leonardo de Jesus Alves, o Léo Palito, é acusado de matar PM no Morro Chapéu Mangueira, no Leme. Renê Alves Apolinário já foi indiciado por homicídio. Também estão na lista Tiago Matos de Almeida, o TG, um bandido apelidado de Bonito e Américo Pedro Machado Júnior, o Codi, que saiu da cadeia há duas semanas. Cinco traficantes da Rocinha estão com mandados de prisão decretados: João Rafael da Siva, o Joca, Antônio Francisco Lopes, o Nem, Jorge Luiz de Oliveira, o Jorginho PQD, Júlio César, o Preck, e um chamado Cabeção. As prisões também foram pedidas pela 15ª DP (Gávea), assumida ontem pelo delegado Alberto Oliveira.
Mas só devem ter aplaudido pq são da facção rival.