A compra da Venezuela tem a marca das decisões e declarações do Sr. Hugo Chaves. É uma compra mais impressionante do que realmente importante e foi decidida, a princípio, porque os EUA lhes teriam negado a modernização dos F-16. Me parece mais uma atitude de desafio político e de demonstração de força do que uma aquisição que tenha se baseado em um estudo sério e completo.
Não duvido que a FAV possa operar os SU-30 com bastante eficiência mas, no meu entendimento, somente esses aviões não serão suficientes para que se possa creditar a FAV uma superioridade na AL ou mesmo dar-lhe a capacidade para entrar em conflito com vantagem sobre seus vizinhos maiores.
Sobre a FAV realmente pouco sei mas entendo que lhes falta a quantidade de diversos meios importantes de apoio como aviões para REVO, AEW&C, ELINT, transportes, C-SAR, que possuem um pequeno número de bases principalmente na Amazônia e que não contam com um sistema como o nosso SISDACTA. Não existem muitos relatos sobre treinamentos em conjunto com outras forças fora uma Cruzex, muito menos sobre a organização e execução de semelhantes exercícios, o que no meu entender é um ponto negativo e não ajuda para avaliação do seu profissionalismo.
Hoje não temos aviões que possam se comparar em capacidade com os SU-30 mas penso que na quantidade anunciada os mesmos não seriam suficientes para a FAV controlar de um TO como o da Amazônia. Também acho que não é uma tarefa simples a destruição de uma série de sensores espalhados em uma área tão grande, como no caso do SIVAM. Seria pouco provável que fossem anulados em um curto espaço de tempo.
Além disso, o controle do espaço aéreo precisa ser acompanhado de uma ocupação terrestre, ainda mais em uma área onde o bombardeio pouco ou nada pode fazer para destruir as vias navegáveis, onde a infra-estrutura industrial e energética não é signicativa e onde não existem tantos objetivos para ataques aéreos. Não sei se o Exército Venezuelano teria capacidade para tal ocupação.
Também não duvido que mesmo em inferioridade a FAB dificilmente seria anulada e faria sim algum estrago.
Concordo que ficaríamos em desvantagem com os meios que temos hoje mas a FAB estuda a compra de novos caças há anos e, embora muitos não acreditem, já foi dito inúmeras vezes que a compra dos Mirage 2000 não significou a conclusão do programa FX.
É natural que nos falte paciência mas nós não podemos fazer como o Chaves e pedir os melhores caças para quem quiser nos vender. Vocês sabem que não pode ser assim. Além nos faltar os petrodólares existem muito mais fatores em jogo que vão desde a vontade política ao interesse de contrapartidas e conhecimento dos sistemas. Será que é tudo mentira e que ninguém está trabalhando de verdade para isso? Eu tento ser crédulo e otimista.
Bem ou mal os programas da FAB estão se concretizando e outros estão sendo anunciados, como a compra de novos mísseis AA.
A Venezuela ainda não está operando o SU-30 e vai levar ainda alguns anos para que eles possam pensar em utiliza-los para fazer alguma besteira conosco ou com quem quer que seja. Também não creio que continuaremos apenas com os F-5 e Mirage 2000.
Assim espero
Abraços
