Os mísseis da FAB
Aeronáutica quer investir
US$ 104 milhões na compra de equipamentos aeroespaciais
Por adriana nicacio
Um projeto militar de US$ 104 milhões está
sendo disparado. A trajetória inclui Brasil e
África do Sul e o alvo é o domínio da tecnologia aeroespacial. O que está em jogo é o desenvolvimento do mais sofisticado míssil do mundo: o A-Darter, de quinta geração. É um míssil ar-ar, o que significa que, ao ser disparado de um avião, ele pode abater outra aeronave. Essa tecnologia representa um salto considerável, pois os atuais mísseis brasileiros ainda são de terceira geração e estão na categoria terra-ar. O A-Darter, que pesa 89 quilos, tem sensor de imagens térmicas e sua velocidade é três vezes maior que a do som. O maior diferencial, porém, é a facilidade em manobrá-lo. A África do Sul está mergulhada nesse projeto desde 1995, mas há dois anos tenta uma parceria com o Brasil – que só saiu agora – para a última etapa. No contrato, o governo brasileiro terá transferência de toda tecnologia. O Comando da Aeronáutica apertou o botão e está pronto para desembolsar US$ 52 milhões, a partir do próximo mês, para um projeto de cinco anos. Do lado de lá do Atlântico, a empresa estatal sul-africana Denel Aerospace investirá a outra metade. “Temos que garantir o poder de controle do nosso espaço aéreo”, explica o brigadeiro quatro estrelas Carlos Veloso, chefe do Comando Técnico Aeroespacial da FAB. “Se não tivermos mísseis não adianta termos avião de combate”.
Com tecnologia própria, o Brasil evita passar pelo constrangimento de países como o Chile, que compraram mísseis dos Estados Unidos, pagaram, mas não receberam. É isso mesmo. O governo americano não libera a entrega, porque o Chile não está em guerra. Quanto estiver, os EUA avaliarão se os mísseis são ou não necessários. Esse é um exemplo da rotina internacional, pois todo material bélico precisa de autorização do Estado. Outro problema é a caixa preta. O país leva o míssil, mas desconhece a tecnologia até mesmo para adaptá-lo em suas aeronaves. “Nós vamos conhecer o A-Darter do início ao fim”, diz, animado, o brigadeiro Veloso. “E não vamos precisar de autorização, quando quisermos usá-los”. O desenvolvimento do A-Darter faz parte de um programa em sistema bélico da FAB,
que inclui a modernização do antigo Piranha, os MAA-1, em dois anos, e o desenvolvimento de mísseis anti-radiação, com a empresa Mectron. Em junho, chegam nove caças F-5, que a FAB comprou da Arábia Saudita por US$ 24 milhões. Eles são do início de década de 60 e receberão tecnologia mais moderna.
Há, porém, a dúvida de sempre. O governo Lula já anunciou outros investimentos militares, mas não cumpriu as promessas. Foi assim com a megalicitação de US$ 700 milhões para a compra de caças da FAB. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, está otimista desta vez. Até porque ele tem sido bastante habilidoso em arrancar verbas do Planalto. Nos últimos dois anos, toda vez que chegou alguma fatura ou pedido de reforma para o Aerolula, o novo avião presidencial, ele atendeu em silêncio. Mas conseguiu embutir compensações, repassando pedidos de verbas para os projetos que interessam à Força Aérea. Bueno também trabalha para que a indústria de defesa receba benefícios fiscais e incentivos para a exportação e aquisição de equipamentos bélicos. Se depender dele, o imposto do setor cairá de 4,8% para 1,2%.
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/4 ... is_fab.htm