Guerra no tráfico no RJ - mais um capítulo

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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Túlio
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#541 Mensagem por Túlio » Seg Mai 01, 2006 11:35 am

Clermont escreveu:
Vinicius Pimenta escreveu:Esse cara já tinha arrumado confusão uma vez numa churrascaria. Estava doidão e provocou várias pessoas presentes...

É um canalha... Só falta depois vir com a camisa do "Sou da Paz"...


Pô, chefe, você é muito mau! Cadê seus instintos paternais? :shock:

Olhe a carinha, de vítima inofensiva, dele:

Imagem

Ele é só um "doentinho"! Ele, obviamente, "não sabe o que faz"! Eu estou convencido de que ele é uma "vítima da sociedade consumista burguesa"!

O que ele precisa é de amor, carinho e compreensão!

Agora, vamos todos juntos, ficar de pé na frente do monitor e gritar bem alto:

- Abaixo a repressão! O Amor é a solução!

:twisted: :twisted: :twisted: :twisted:

(À propósito, a defesa daquele outro "pobre doentinho" que matou a própria avó e a empregada, tentou livrar sua cara, com a desculpa de que ele cometeu o crime sob efeito de entorpecente. Nos Estados Unidos, o uso de entorpecente ou de álcool é um agravante nos crimes. No Brasil, é atenuante.

Felizmente, não colou e ele foi condenado há uns 30 anos de prisão, embora, é claro, não vá ficar nem um terço disso em cana. Sem contar que a defesa vai lançar mão do seu sacrossanto direito de apelar da sentença...)


Faz um tempão que estou para postar isso:
Pessoal, trabalho como AP há cerca de 22 anos. Posso descrever como funciona isso, na prática:
:arrow: Suponhamos, o índio vai em cana por 30 anos.
:arrow: Sendo primário EM CONDENAÇÃO, não em processo, tem direito a progressão de regime (para o semi-aberto) em 1/6 da pena, ou seja, 5 anos.
:arrow: Isso pode ser abreviado se ele conseguir algum trabalho interno no Estabelecimento Prisional (Cozinha, Faxina, Manutenção, Apoio à Guarda, Aula, Atividades Laborais, etc.), daí entra a Remição ( 'trabalha' 3 dias, desconta um da pena ). Tiver padrinho forte, advogado bom ou muita grana, esses 5 anos viram pouco mais que 3.
:arrow: No Semi-Aberto, tem acesso ao Trabalho Externo, saindo de manhã cedo e retornando à noite. Continua ganhando Remição.
:arrow: Liberdade Condicional - de onda, é liberdade TOTAL, aqui não é os EUA, com aqueles Assistentes Sociais pentelhos - a 1/3 da pena, o que, sendo de 30 anos (raríssima) e com um balaio de Remições, fica em pouco mais de CINCO(!!!!!) anos...
É A PRÁTICA, estou careca de ver isso.
Ah, e num me torrem com aquele papo da mídia que Regime Aberto é ficar em casa e ter que dormir na cadeia. Nada disso. Ao menos no RS, Regime aberto difere do Semi-Aberto pelo perfil de estabelecimento em que pode ficar o preso e que o Aberto pode trabalhar como autônomo. Ah, e este NÃO ganha Remição.




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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#542 Mensagem por César » Dom Jun 11, 2006 8:10 pm

Achei essa notícia muito importante e decidi postá-la aqui para discussão:

11/06/2006 - 09h36
Comando Vermelho paga jovem com cocaína
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MARIO HUGO MONKEN
RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES
da Folha de S.Paulo, no Rio

Em troca de cocaína e não só dinheiro, adolescentes têm aderido ao tráfico em favelas da facção criminosa CV (Comando Vermelho) na região metropolitana do Estado do Rio. Recebem como pagamento cerca de 20% dos papelotes de cocaína da "carga" que lhes cabe vender. Freqüentemente, esse pó não chega a virar dinheiro. É todo cheirado por eles. Outras vezes, é gasto com mais droga.

"Pegava carga de 160 papéis [de cocaína], 40 eram meus. Às vezes cheirava tudo ou gastava o que ganhava em droga", conta Fabrício, 17, um dos meninos detidos por tráfico entrevistados pela Folha de S.Paulo com autorização judicial, na escola João Luiz Alves, do Departamento Geral de Ações Socioeducativas do governo do Rio. "Só comprava maconha. Roupa e outras coisas minha mãe dava", disse Washington, 12.

Estudo da ONG Ibiss (Instituto Brasileiro de Inovações em Saúde Social) estimou em 7.000 os jovens com menos de 18 anos que trabalham em bocas-de-fumo do Rio. Em 2005, segundo o governo, ao menos mil foram detidos por isso.

"Vapores", "olheiros", "radinhos" ou soldados do tráfico, eles têm de 11 a 20 anos e começam a fumar maconha e a cheirar cocaína por volta dos dez. Quando entram para as quadrilhas, já estão viciados.

Com as principais lideranças do CV presas ou mortas, os soldados são chefiados por colegas da mesma idade ou um pouco mais velhos. A facção controla mais da metade das favelas do Rio. "Hoje quem manda no tráfico são os menores", disse Alexandre (nome fictício), 16, detido por tráfico.

Filhos de famílias desestruturadas, eles entram no tráfico levados por parentes, geralmente irmãos ou tios. Não temem nada. "Estou pronto para o que der e vier. Se levar tiro, está levado", completou ele.

"Sei atirar, é só apertar o gatilho. Medo? Morrerei um dia mesmo", diz Washington, um franzino menino de 12 anos, cerca de 1,35 m. É difícil imaginá-lo com o "oitão" (revólver calibre 38) que diz ter portado em uma favela de Teresópolis (90 km do Rio), das 21h às 24h, em troca de R$ 100 semanais, que gasta com entorpecentes.

Esses e outros adolescentes formam uma geração desacostumada à obediência clássica das facções. Dos presídios, os chefões do CV, como Isaías da Costa, o Isaías do Borel, e Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, já não conseguem controlar os traficantes mais jovens, crescidos sob uso de drogas.

"Posso bagunçar tudo tranqüilo, sou menor", disse Caio, 17, referindo-se aos benefícios da lei aos menores de 18 anos.

O que sobra é gasto com "roupas de marca" de surfe, tênis e, eventualmente, armas. Fabrício diz ter pago R$ 300 por um revólver e R$ 600 por uma pistola. Foi preso por tentativa de homicídio. "Um cara de fora disse que ia tomar o tráfico e matar meu irmão e eu. Meu irmão queria ser dono."

Esse quadro tem ao menos uma conseqüência relevante: com o enfraquecimento da venda de drogas, os jovens traficantes estão indo às ruas em busca de dinheiro também para comprar cocaína, o que aumenta os roubos e homicídios.

Também acabou o elo com a comunidade. Os jovens raramente fazem assistencialismo.


As jovens quadrilhas atuam principalmente em duas regiões da zona norte que já foram lucrativas para o CV. Hoje, as favelas da Tijuca e da chamada "Faixa de Gaza" são consideradas "bocas falidas".

A área da Tijuca dominada pela facção é formada pelos morros do Borel, Formiga, Salgueiro, Chacrinha e Andaraí. A "Faixa de Gaza" contempla Manguinhos, Mandela e Arará.

"Os "chefões" dos anos 90 não usavam drogas porque tinham tino comercial. Seus sucessores se perderam no consumo da cocaína. São viciados desde os 11, 12. Não têm 20 palavras no vocabulário. Não sabem fazer conta de dividir e somar. São violentos, com armas possantes", diz a inspetora Marina Maggessi, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/coti ... 2634.shtml


Abraços

César




"- Tú julgarás a ti mesmo- respondeu-lhe o rei - É o mais difícil. É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros. Se consegues fazer um bom julgamento de ti, és um verdadeiro sábio."

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#543 Mensagem por Sniper » Dom Jun 11, 2006 9:41 pm

"Os "chefões" dos anos 90 não usavam drogas porque tinham tino comercial. Seus sucessores se perderam no consumo da cocaína. São viciados desde os 11, 12. Não têm 20 palavras no vocabulário. Não sabem fazer conta de dividir e somar. São violentos, com armas possantes", diz a inspetora Marina Maggessi, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes.


Na minha opinião isso sería um aspecto " positivo " pois estes ou vão morrer de overdose ou nas mãos da PM...

Estaria o tráfico organizado ( CV, 3º comando, etc... ) Com os dias contados :?:




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#544 Mensagem por ZeRo4 » Seg Jun 12, 2006 12:22 am

Sniper escreveu:Na minha opinião isso sería um aspecto " positivo " pois estes ou vão morrer de overdose ou nas mãos da PM...

Estaria o tráfico organizado ( CV, 3º comando, etc... ) Com os dias contados :?:


Pequeno engano Sniper, na época dos "grandes" chefões as coisas eram um pouco mais organizadas, não existia bagunça e etc... hj em dia o tráfico na mão dessa "molecada" ptz... eles se entopem de drogas e vão pra "pista" fazer merda, ai acontece o que acontece com o guitarrista do Detonautas...




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#545 Mensagem por nemesis » Seg Jun 12, 2006 12:50 am

zero.... voce conhece esse cara da madsen?
essa metralhadora ta velhina ja neh... no video tem um hora que parece que ela trava...
http://www.youtube.com/watch?v=lkleCfrIOyM
Imagem




sempre em busca da batida perfeita
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#546 Mensagem por ZeRo4 » Seg Jun 12, 2006 3:36 am

Não fiz o download do vídeo... mas pela descrição parece ser o tiroteio no morro do Encontro!!! Sim... conheço sim, é um dos parceiros do meu irmão na PMERJ, ele mais o cara que grita no fundo "batata, cuidado hein! batata...", cabo Mamute do 6o BPM!!! tbm conheço mais uns três PMs que não aparecem ai no vídeo divulgado na internet, mas aparecem no DVD do Bope...

A Madsen é uma arma complicada... realmente ali parece que ele deu uma travada!!! Mas é uma arma muito importante no conceito da PMERJ!!! a alguns anos era terminantemente proibido a saída dessa arma dos quartéis, mas hj em dia como a situação ta preta é comum vê-la pelas ruas. Gostaria de ver a Minimi ou adaptações do M-16 na PMERJ... mas atualmente devido a realidade financeira é impossível...

É notável que a venerável Madsen possui alguns apelidos singulares... alguns deles são: Sino do Inferno, Armona, Zébedeu, Madame-Satã... e por ai vai!!!




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#547 Mensagem por Vinicius Pimenta » Seg Jun 12, 2006 9:43 am

Se querem tirar os blindados do BOPE, imagina a gritaria quando soubessem que a PMERJ estaria comprando "terríveis armas de guerra, as metralhadoras" Minimi... Vão ficar com a Madsen não só por questões financeiras.




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#548 Mensagem por ZeRo4 » Seg Jun 12, 2006 12:50 pm

Esse não é o problema Vinicius, até pq o termo "arma de guerra" é usado desde o começo da década de 90... O BOPE já usa a Minimo assim como a MAG e a HK-21!!! Além do mais a PMERJ não compraria Minimis aos montes... não precisa ser dito, o problema é mais financeiro mesmo!




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#549 Mensagem por Guilherme » Seg Jun 12, 2006 1:24 pm

ZeRo4 escreveu:Esse não é o problema Vinicius, até pq o termo "arma de guerra" é usado desde o começo da década de 90... O BOPE já usa a Minimo assim como a MAG e a HK-21!!! Além do mais a PMERJ não compraria Minimis aos montes... não precisa ser dito, o problema é mais financeiro mesmo!


Tens foto do BOPE com a Minimi?




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#550 Mensagem por rodrigo » Seg Jun 12, 2006 3:16 pm

O BOPE já usa a Minimo assim como a MAG e a HK-21!!!
Eu sei o seguinte: MAG apenas quando o EB emprestava, no período de transição entre o armamento lixo e o mais ou menos, depois autorizaram comprar o que quisessem. HK-21 foram compradas 3 e são usadas diariamente. Minimi nunca foi comprada ou usada.




"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."

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#551 Mensagem por Sniper » Seg Jun 12, 2006 7:17 pm

Zero, é praxe da PMRJ recolher " os presuntos " após os tiroteios :?:

É como se fosse uma espécie de troféu após o combate :?:

Abraços!




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#552 Mensagem por ZeRo4 » Ter Jun 13, 2006 1:43 am

Rodrigo,

Não sei de onde tu tirou essa informações, mas as minhas são checadas na pista... eu já cansei de ver os policiais do BOPE portanto MAG e Minimi... então ficam elas por elas...

Sniper,

O que acontece, é que os PMs tem que socorrer os vagabundos né??? mas se tu parar pra ver eles não tem nenhuma pressa... e a maioria já está ali morta mesmo!!! é mais questão de fazer o "serviço direito".




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#553 Mensagem por Malandro » Ter Jun 13, 2006 2:08 am

Na boa mas a Minimi já não é demais não? Não é a mesma dos UH-60?




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#554 Mensagem por Cabral » Ter Jun 13, 2006 2:35 am

Malandro escreveu:Na boa mas a Minimi já não é demais não? Não é a mesma dos UH-60?


Acho que estás trocando a Minimi :

Imagem

pela Minigun




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#555 Mensagem por Clermont » Ter Jun 13, 2006 8:27 am

Sniper escreveu:é praxe da PMRJ recolher " os presuntos " após os tiroteios :?:


O que acontece sempre, é que muitos policiais mau-intencionados preferem levar os mortos "para o hospital". E os bandidos sempre morrem "à caminho".

Assim, se evita qualquer perícia no local e a possível descoberta de execuções sumárias ilegais.

Não sei que tipo de país algumas pessoas imaginam querer construir se permitindo aberrações como essa.

À propósito, se permitir que forças policiais utilizem armas como metralhadoras de emprego geral é prova de como o governo do Estado e o comando da Polícia perderam, totalmente, qualquer bom-senso. E depois ainda reclamam dessas ONGs "anti-caveirão".




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