A cultura que abalou o império VARIG

Área para discussão de tudo que envolve a aviação civil e atividades aeroespaciais em geral como aeronaves, empresas aéreas, fabricantes, foguetes entre outros.

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FinkenHeinle
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#16 Mensagem por FinkenHeinle » Sex Abr 21, 2006 8:31 pm

Paisano escreveu:Air France
Fundada em 1933 e estatizada pelo governo da França em 1946. Em 1999, parte da Air France foi privatizada, mas o Estado manteve 62% das ações. Em 2003, comprou a holandesa KLM por US$ 914 milhões e tornou-se a segunda maior empresa aérea do mundo.

British Airways
Nasceu em 1935. Antes da Segunda Guerra Mundial, o governo britânico a fundiu com a Imperial Airways e as estatizou. Em 1987, a empresa foi privatizada novamente e adquiriu as concorrentes British Caledonian e Dan Air.

Alitalia
Criada em 1946 como uma empresa do governo italiano, da inglesa BEA e de investidores privados. A aliança com a KLM/Northwest, a partir de 1998, deveria resultar na criação de uma empresa nova e unificada (Wings), mas foi abandonada em 2000.

Então vamos contemporizar...


AirFrance: estatizada após o Caos da 2ª GM! Não precisamos dizer porque, né?! British Airways, também estatizada num momento de dificuldades do Pré-Guerra.

Alitália idem, recriada após a 2ª GM, onde o Caos Econômico e Financeiro era absoluto.

Mas vejamos: EUA tem Estatais no setor?! Alemanha?! Japão?!

Pelo contrário, os EUA já deixaram falir a Líder. Outras tantas estão em grandes dificuldades, mas o Gov. não move uma palha.

É importante para desmistificar o mito de que só com Grandes Estatais é que o País vai desenvolver-se.




Atte.
André R. Finken Heinle

"If the battle for civilization comes down to the wimps versus the barbarians, the barbarians are going to win."
Thomas Sowell
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#17 Mensagem por Paisano » Sex Abr 21, 2006 8:41 pm

FinkenHeinle escreveu:Mas vejamos: EUA tem Estatais no setor?! Alemanha?! Japão?!

Pelo contrário, os EUA já deixaram falir a Líder. Outras tantas estão em grandes dificuldades, mas o Gov. não move uma palha.


Congresso dos EUA aprova novo socorro a empresas aéreas

Fonte: http://www.bbc.co.uk/portuguese/economi ... smla.shtml

O Congresso dos Estados Unidos aprovou pacotes de ajuda que somam pelo menos US$ 3 bilhões para as companhias aéreas americanas, apesar de objeções da Casa Branca.

O pacote de ajuda é uma resposta às reclamações das empresas aéreas de que a guerra no Iraque está provocando uma queda sem precedentes na venda de bilhetes, em um momento em que as principais companhias do setor já estavam frágeis.

Duas propostas separadas foram aprovadas: um pacote de US$ 3,2 bilhões da Câmara e outro de US$ 3,5 bilhões do Senado.

A Casa Branca reclama que as empresas estão recebendo ajuda muito rapidamente e considerou excessivos os valores de cada projeto. O Executivo americano disse que trabalharia com as duas casas do Congresso para chegar a um pacote mais barato.

Segundo pacote

O governo do presidente americano, George W. Bush, quer que as empresas aéreas se comprometam com medidas mais fortes de reestruturação e corte de gastos antes da aprovação de um pacote de ajuda.

Os congressistas conseguiram contornar as objeções da Casa Branca incluindo o pacote de ajuda às companhias aéreas no projeto de US$ 80 bilhões em financiamentos para o Iraque, uma proposta que Bush queria ver aprovada rapidamente.

Essa é a segunda maior injeção de recursos para o setor de aviação comercial em menos de dois anos.

Depois de 11 de setembro de 2001, o Congresso aprovou um pacote de ajuda global de US$ 15 bilhões, que vêm sendo liberados caso a caso desde então.

Nos últimos 18 meses, cerca de 100 mil empregados do setor perderam o emprego, como parte das medidas adotadas por empresas para se ajustarem a um ambiente de queda de demanda e aumento de custos.

Críticas

Apesar das demissões em massa, dentro do governo americano há críticas pelo fato de não ter havido uma grande reestruturação do setor, como por exemplo a inexistência de fusões.

Autoridades americanas questionam também o tamanho da atual crise, argumentando que as companhias aéreas podem estar exagerando a situação para aumentar o valor da ajuda.

"Se não mudarmos esse processo, estaremos criando uma Amtrak no ar", alertou Jeff Flake, parlamentar republicano do Arizona, referindo-se à empresa nacional de ferrovias que depende de recursos estatais para sobreviver.

Os congressistas fizeram concessões as essas reclamações e incluíram uma previsão de que a liberação de ajuda está condicionada à limitação de salários aos principais executivos das empresas.

Os projetos do Senado e da Câmara oferecem praticamente o mesmo valor em ajuda, mas estão estruturados de forma diferente – o que pode criar dificuldades na redação de uma proposta única.

O projeto da Câmara é concentrado em injeção de novos recursos nas empresas. A proposta do Senado se concentra em perdoar determinadas obrigações financeiras, o que pode ser menos atraente para empresas com necessidade de caixa.

No entanto, devido à resistência da Casa Branca, é provável que nenhum dos dois projetos entre em vigor sem alterações.




Carlos Mathias

#18 Mensagem por Carlos Mathias » Sex Abr 21, 2006 9:21 pm

É mais fácil criar uma empresa nova com todos os empregados da VARIG do que salvar a empresa atual.


ALELUIA! ALELUIA!




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VICTOR
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#19 Mensagem por VICTOR » Dom Abr 23, 2006 11:13 am

Batendo Asas e Botas

Joelmir Beting

Constrangido e a contrgosto, o presidente Lula volta a suspirar fundo: "A Varig não terá dinheiro público". Faltou ao presidente justificar em dois tempos. Primeiro: o Tesouro Nacional não é hospital corporativo para a coletivização de prejuízos privados. Quase meio milhão de empresas perdedoras de micro, pequeno e médio porte quebram a cara e fecham as portas a cada ano. Ou uma em cada nove em atividade. É a media anual histórica.

Na própria aviação comercial temos hoje em coma profundo, desenganadas, a Vasp e a Transbrasil. Lembrando que a gigante Panair do Brasil foi abatida em pleno ar, nos anos 60, por manobras obscuras da própria Varig.

Segundo ponto omitido pelo presidente Lula: o governo não vai dar dinheiro público porque o que não falta no saco sem fundo da Varig é dinheiro público. Ela tem um terço do seu passivo de R$ 7,6 bilhões em débitos para com o governo. Ela deve e não paga e não mais tem como pagar dinheiros públicos para a Receita Federal e para a Previdência Social (além dos calotes consumados nas estatais Infraero e Petrobrás).

A coisa chegou a tal ponto que a Varig não consegue fazer fluxo de caixa nem para a folha salarial agora enxugada a ferro e fogo em quase um terço no salário reduzido e em um quarto no corte anunciado de pessoal. Sem fluxo de caixa suficiente em pleno ciclo de expansão do mercado aéreo, com crecimento de mais de 15% ao ano aqui no país e de mais de 10% nas rotas internacionais - onde ela ainda detém a fatia do leão, em torno de 70% dos assentos emitidos por empresas brasileiras.

Em suma, não há dinheiro bom capaz de dar um jeito em tanto dinheiro ruim. A Varig acabou estolando e não por falta de aviso prévio. É porisso que nenhum grupo privado, aqui dentro ou lá fora, está a fim de encarar esse caroço bem maior que o abacate.

É uma pena, mas esse é o jogo.

Joelmir Beting

(de outra lista)




Carlos Eduardo

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#20 Mensagem por Paisano » Dom Abr 23, 2006 8:46 pm

Como o governo deixou de salvar a VARIG

Fonte: http://noblat1.estadao.com.br/noblat/vi ... onteudo.do

Às vésperas das eleições municipais de 2004, o governo teve tudo nas mãos para garantir que a VARIG continuasse voando. Na hora H, não mexeu um dedinho com medo de prejudicar o desempenho do PT em Porto Alegre e em outras capitais.

Resultado: o PT emplacou apenas os prefeitos de Aracaju, Fortaleza, Recife e Belo Horizonte. E a menos de seis meses das próximas eleições, a VARIG corre o risco de sumir de vez dos céus do país.

Na última quinta-feira, anunciou que não voará mais para Portugal a partir de 15 de maio. Serão cancelados pouco mais de 40 vôos semanais. A venda de passagens no exterior chegou a render à VARIG um bilhão de dólares por ano.

Assim como hoje, também em 2004 não havia solução possível de mercado para a empresa simplesmente porque sua dívida era muito maior do que seu patrimônio.

É fato que a VARIG receberia uma grana preta da União se ganhasse em definitivo ações que movera contra ela por causa de planos econômicos de governos passados. A falida TRANSBRASIL havia ganhado ações da mesma natureza.

Ocorre que a União tinha meios de empurrar na Justiça uma briga que perderia na certa. E a VARIG não tinha fôlego financeiro para esperar o desfecho da briga.

Imaginou-se então fazer um acerto de contas. A VARIG desistiria das ações contra a União e o governo perdoaria suas dívidas com o setor público.

O ministro da Fazenda Antonio Palocci bateu o pé e disse não. Os agricultores exigiriam mais tarde igual tratamento. E somente aí poderiam ir pelo ralo R$ 90 bilhões.

Foi então que começou a ser bolada a chamada “Operação Armênia”.

Por um bilhão de dólares

Azul, vermelho e laranja são as cores da bandeira da Armênia, país que faz fronteira com a Turquia e o Irã, uma das 15 repúblicas da ex-União Soviética até 1991. Azul, vermelho e laranja são também as cores da TAM e da GOL.

O nome “Operação Armênia” foi dado à tentativa de salvação da VARIG pelo então ministro da Defesa José Viegas, atual embaixador do Brasil na Espanha.

Pacientemente, durante quase três meses, Viegas reuniu-se em segredo em uma mansão do Lago Sul de Brasília com os mais altos executivos da TAM e da GOL.

Foi fechado o seguinte acordo: o governo decretaria a liquidação extra-judicial da VARIG por meio de uma Medida Provisória (MP).

Menos de duas horas depois de editada a MP, venderia a parte sadia da VARIG por R$ 1 bilhão em dinheiro ao consórcio TAM-GOL.

A TAM ficaria com as linhas internacionais da VARIG. A GOL, com as internas e algumas para a América do Sul. A marca VARIG seria mantida.

Menos de 10% dos funcionários da VARIG perderiam os empregos. Parte do dinheiro pago pelo consórcio garantiria as indenizações dos demitidos.

A cobertura jurídica do negócio havia sido testada pelo Ministério da Justiça e a Casa Civil da presidência da República. E em consulta informal, o Supremo Tribunal Federal dera luz verde para que o negócio fosse feito.

A dívida da VARIG com o governo seria esquecida. E extintas na Justiça as ações da VARIG contra a União. Elas por elas – e a Varig no ar.

Deu no que deu

Mas aí Lula piscou primeiro e resolveu empurrar o problema com a barriga. Ele costuma proceder assim diante de problemas complicados. De resto, na época ele ainda apostava no PT.

Agora quer razoável distância dele.

Deu nisso que está aí.

Há quinze dias, Lula e a ministra da Casa Civil Dilma Rousseff disseram que não haverá dinheiro do governo para impedir o desastre do fechamento da VARIG.

Na semana passada, a ministra deu a entender que o governo poderá fazer algo para que a VARIG siga voando.

A essa altura, o que ele fizer sairá mais caro do que há dois anos. E não alterará em nada a sorte do PT nas eleições de outubro.

Poderá ajudar Lula a conseguir mais alguns milhares de votos. Ou a não perdê-los.




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Carlos
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#21 Mensagem por Carlos » Dom Abr 23, 2006 9:03 pm

Ocorre que a União tinha meios de empurrar na Justiça uma briga que perderia na certa. E a VARIG não tinha fôlego financeiro para esperar o desfecho da briga.


É dever da União entrar com todos os recursos que forem possíveis durante o processo. Dificilmente esse acerto iria acontecer.

Poderá ajudar Lula a conseguir mais alguns milhares de votos. Ou a não perdê-los.


Ou então o governo poderia estar passando por uma outra CPI, por fazer acordos com empresas privadas em troca de votos.

Falou,

Carlos.




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