Dúvida: 7.62 x 5.56
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Muito boa discussão. Lá vou eu.
No princípio era o .30, mais exatamente 7,62X6.... era um cartuchão, enorme e com um recuo realmente poderoso. Após a II guerra, os estudos americanos e alemães,estes durante a guerra, chegaram a conclusão que os combates davam-se a distâncias inferiores a 1000m, distância para qual os antigos cartuchos eram feitos até então. Após estudos, os americanos decidiram usar uma munição comercial, o .308 winchester, hoje o 7,62X51. Ainda assim este cartucho era por demais poderoso, sendo que os russos, aproveitando os estudos dos alemães adotaram o 7,62X39 junto com o AK-47, cartucho considerado médio, enquanto o padrão otan ainda era excessivamente poderoso mesmo reduzido para o 7,62X51.
Mais estudos americanos e chegou-se a conclusão de que os combates agora eram dentro dos 300m. Mais uma vez achou-se um cartucho comercial, o .223 remington, ou 5,56X45. Esse cartucho era considerado um varmint, ou seja, para caça pequena. Alguns problemas surgiram, como instabilidade a longas distâncias e pouco poder de penetração. Daí a FN, aquela do FAL, desenvolveu o projétil SS-109, cuja característica mais notável era um núcleo de aço deslocado para trás do mesmo e maior peso. Esse peso atrás fazia com que ao impactar o alvo o projétil se desestabilizasse por perda de rotação e deslocamento do centro de gravidade, fazendo assim com que tal munição entrasse atravessado no alvo, aumentando o canal da ferida e multiplicando o efeito traumático. Porém essa mesma característica tornava a munição extremamente sensível a desvios, mormente se comparado ao antigo 7,62 X51 ou mesmo ao 7,62X39, fato confirmado no Vietnã.
O conceito de incapacitação parece que funcionou melhor nos ecritórios e salas refrigeradas, em combate o que se viu e vê são homens atingidos continuarem suas ações por tempo maior que o desejado. Obviamente existem casos e casos, uma pessoa atingida no cérebro por um .22LR cairá instantâneamente, enquanto um atingido por um .38 no abdome(?) provavelvente continuará de pé, e atirando.
A discussão aqui me parece mais focada nos quesitos resistência/durabilidade/confiabilidade onde o velho FAL é indiscutivelmente melhor que o M-16, assim como o AK-47 e suas derivações/versões, vejam que não estamos falando de peso ou modernidade. O novo MD97 não tem nada a ver com o antigo MD2 e segundo consta está em teste e desenvolvimento pelo exército e a IMBEL, sendo mais leve e usando alumínio e plástico para menor peso. Por ser uma evolução bastante estudada do FAL, é de se esperar que tenha desempenho bastante bom.
Quanto aos calibres, não é a toa que o 7,62X39 está em voga outra vez, o .223 é muito bom para ações policiais ou forças especiais, mas ainda assim com restrições. O 7,62X51 é poderoso até em demasia, se bem que estando em combate ninguém quer saber de incapacitação, quer é derrubar se possível com um único tiro não importa aonde.
É assunto para muita conversa, mas minha opinião pessoal é que não devemos embarcar na moda do 5,56, pelo menos enquanto não tivermos uma arma nacional e talvez um desenvolvimento do calibre para algo mais efetivo. Acho preferível a atual padronização do calibre do fuzilXmetralhadora. Também acho o FAL grandão, mais em função do calibre do que defeito de projeto. Daí, um pára-FAL é muito melhor, valeu?
No princípio era o .30, mais exatamente 7,62X6.... era um cartuchão, enorme e com um recuo realmente poderoso. Após a II guerra, os estudos americanos e alemães,estes durante a guerra, chegaram a conclusão que os combates davam-se a distâncias inferiores a 1000m, distância para qual os antigos cartuchos eram feitos até então. Após estudos, os americanos decidiram usar uma munição comercial, o .308 winchester, hoje o 7,62X51. Ainda assim este cartucho era por demais poderoso, sendo que os russos, aproveitando os estudos dos alemães adotaram o 7,62X39 junto com o AK-47, cartucho considerado médio, enquanto o padrão otan ainda era excessivamente poderoso mesmo reduzido para o 7,62X51.
Mais estudos americanos e chegou-se a conclusão de que os combates agora eram dentro dos 300m. Mais uma vez achou-se um cartucho comercial, o .223 remington, ou 5,56X45. Esse cartucho era considerado um varmint, ou seja, para caça pequena. Alguns problemas surgiram, como instabilidade a longas distâncias e pouco poder de penetração. Daí a FN, aquela do FAL, desenvolveu o projétil SS-109, cuja característica mais notável era um núcleo de aço deslocado para trás do mesmo e maior peso. Esse peso atrás fazia com que ao impactar o alvo o projétil se desestabilizasse por perda de rotação e deslocamento do centro de gravidade, fazendo assim com que tal munição entrasse atravessado no alvo, aumentando o canal da ferida e multiplicando o efeito traumático. Porém essa mesma característica tornava a munição extremamente sensível a desvios, mormente se comparado ao antigo 7,62 X51 ou mesmo ao 7,62X39, fato confirmado no Vietnã.
O conceito de incapacitação parece que funcionou melhor nos ecritórios e salas refrigeradas, em combate o que se viu e vê são homens atingidos continuarem suas ações por tempo maior que o desejado. Obviamente existem casos e casos, uma pessoa atingida no cérebro por um .22LR cairá instantâneamente, enquanto um atingido por um .38 no abdome(?) provavelvente continuará de pé, e atirando.
A discussão aqui me parece mais focada nos quesitos resistência/durabilidade/confiabilidade onde o velho FAL é indiscutivelmente melhor que o M-16, assim como o AK-47 e suas derivações/versões, vejam que não estamos falando de peso ou modernidade. O novo MD97 não tem nada a ver com o antigo MD2 e segundo consta está em teste e desenvolvimento pelo exército e a IMBEL, sendo mais leve e usando alumínio e plástico para menor peso. Por ser uma evolução bastante estudada do FAL, é de se esperar que tenha desempenho bastante bom.
Quanto aos calibres, não é a toa que o 7,62X39 está em voga outra vez, o .223 é muito bom para ações policiais ou forças especiais, mas ainda assim com restrições. O 7,62X51 é poderoso até em demasia, se bem que estando em combate ninguém quer saber de incapacitação, quer é derrubar se possível com um único tiro não importa aonde.
É assunto para muita conversa, mas minha opinião pessoal é que não devemos embarcar na moda do 5,56, pelo menos enquanto não tivermos uma arma nacional e talvez um desenvolvimento do calibre para algo mais efetivo. Acho preferível a atual padronização do calibre do fuzilXmetralhadora. Também acho o FAL grandão, mais em função do calibre do que defeito de projeto. Daí, um pára-FAL é muito melhor, valeu?
Re: Dúvida: 7.62 x 5.56
Rodrigo Santos escreveu:Pessoal, a discussão é antiga mais eu nunca vi ninguém com conclusões sobre o assunto. Não sou muito lá entendido de armas de fogo, mais o assunto me interessa. Considerando rifles de assalto:
Já li que o 5.56 é superior porque um soldado consegue carregar mais munição com menos peso, porque ela dá menos recuo e portanto é mais controlável, e até que a 5.56 apenas fere o combatente, assim é mais eficiente porque obriga a outros soldados inimigos a ajudarem o ferido. As duas primeiras afirmativas até entendo, mais a 3ª tem lógica?
Qual calibre é mais eficiente para tiros a longa, média e curta distância?
Os russos desenvolveram um rifle (AEK-971, se não me engano) que consegue reduzir todos os vetores do recuo menos o da bala atravessando o cano, assim fica com um recuo total menor. Isso possibilitou o retorno ao calibre 7.62, ou pelo menos testes deste. Significa que o principal fator para o uso do 5.56 é mesmo a maior controlabilidade em tiros seguidos?
Para falar a verdade eu nunca atirei com um fuzil, só atirei com uma escopeta um 22 e um 38.
Pelo que eu li o 5.56 é melhor para a policia e operações policias. Já o 7.62 é melhor em ambientes de floresta poís o maior peso do projetil faz com que ele não desvie da sua trajetoria quando por exemplo ele bate em uma folha. O 7.62 é ideal então para operação na Amazonia por exemplo.
Eu li isso onde o Comandante do CIGS explicava como é feita a escolha e avaliação das armas usadas por eles.
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Lauro Melo escreveu:Boa Noite ,
Blz Clermont,
Mas hoje não seria uma “intenção” deixar o inimigo nocauteado (ferido), para que as tropas inimigas tenham que levar tal "componente".
Acho que os fuzis de calibre 5,56 mm além de menor peso, maior mobilidade para a tropa ( menor cansaço em longos trechos ) tem a função de não matar o inimigo. Fazendo com que este torne um “problema” a mais, para os inimigos.
Sds,
Boa dia, Lauro Melo (com um pequeeeeno atraso! Mas é que só agora eu revi esse tópico. Sabe cumé quié, muito tópico, a gente acaba se perdendo...)
Olha, eu já li alguém aqui, (não lembro quem, mas deve ter sido um dos nossos grandes mestres do assunto de armas leves) dizer que essa história tem muito de mito.
Do meu ponto de vista, eu também penso assim, por alguns motivos:
Primeiro, porque sempre partimos do pressuposto que vamos ser vitoriosos numa ação de infantaria. Portanto, os eventuais inimigos feridos, possivelmente, acabarão caindo em nossas mãos. E como os códigos de guerra exigem que os feridos inimigos tenham a mesma assistência dos nossos, então, seremos nós a ficar sobrecarregados com o "problema".
Segundo, num combate de infantaria (onde não haja uma grande presença de fogo de armas de apoio), o que conta é vencer o mais rápido possível, com o menor número de baixas possível. Como é difícil atingir com precisão o adversário, devido às circunstãncias da ação, cada inimigo que, sendo atingido, ainda esteja em condições de lutar, acarretará um aumento do tempo para limpar uma posição, dando tempo a chegada de reforços hostis. E, pior ainda, a ação irá incorrer em maior número de baixas para o nosso lado.
Terceiro, na Segunda Guerra Mundial, tropas fanatizadas como as japonesas, as nazistas e outras, lutavam até a morte. Partir para um confronto com elas, com a intenção, "apenas de ferir" seus componentes, teria resultado em catástrofe para a infantaria do lado Aliado.
E essa última característica tem se revelado decisiva, nos confrontos modernos contra inimigos fanáticos, como os muçulmanos. Por causa dela, o Exército dos Estados Unidos, engoliu seu orgulho reconhecendo seu erro da década de 1980, e voltou a adotar a pistola cal .45 ACP. Os soldados americanos, em ação, sempre reclamaram da eficiência do calibre 9 mm. E aqueles que podiam fugir da padronização regulamentar (tropas especiais) compravam, do próprio bolso, suas .45. Se isso vale para as armas de mão, vale também para os fuzis.
Portanto, eu concordo com aqueles que afirmam que essas teorias de "calibre só para ferir" não passam de racionalizações pós-fato, criadas para justificar uma escolha feita por outros motivos. Como o de que o fuzil M-16, com munição 5,56 mm, foi desenvolvido, não como arma para tropas de combate, mas para as tropas de segunda-linha (guardas, pessoal logístico, etc). O primeiro contratante foi a Força Aérea americana. Depois, quando surgiu a necessidade de equipar os asiáticos pró-americanos, alguém imaginou que a nova arma seria perfeita para a constituição física dessa gente. E, de passo em passo, a arma acabou nas mãos da infantaria americana.
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Ja que ressucitaram o tópico...
Um 5.56 é bem letal sim...
Essa de ferir e não matar me parece desculpa para acalmar humanistas,
Talvez fosse interessante o 5.56mm ser um pouco mais pesado e mais lento,
E parao Brasil só falta se tocar de um detalhe, a arma de infantaria que mais causa baixas nos infantes inimigos não é o fuzil, são as granadas, falta um desenvolvimento nessa área.
Um 5.56 é bem letal sim...
Essa de ferir e não matar me parece desculpa para acalmar humanistas,
Talvez fosse interessante o 5.56mm ser um pouco mais pesado e mais lento,
E parao Brasil só falta se tocar de um detalhe, a arma de infantaria que mais causa baixas nos infantes inimigos não é o fuzil, são as granadas, falta um desenvolvimento nessa área.
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Marechal o 5,56 é letal, mas não tem o stopping power e nem o poder de trauma do 7,62, e esse é um fator extremamente importante na hora do combate quando a adrenalina chega a niveis muito altos, no vietna muitos soldados americanos morreram furados por baioneta e por tiros à queima roupa de AK naqueles famosos avanços vietcongs, quando o que na maioria das vexes o que conseguia interronpoer isso era a velha M-60, agora no iraque os maericanos tem reclamado muto do dobradinha 5,56 e 9mm, eu ja vi que muitos soldados estão usando as 911 (45) ao invez das 9mm, e tambem fiquei sabendo que há novos calibres em testes tipo o 6,8mm alguem sabe alguma coisa à respeito?
Um abraço e t+
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Descobri mais sobre esse 6.8mm (110gr),
A trajetória balística é parecida com o 5.56mm de 75gr (esse é um projetil interessante) e com o .308 de 168gr, a diferença basica entre eles é a massa do projetil (a energia é proporcional a massa),
O recuo dele é forte, não tanto quanto os FAL, mas maior que as AK-47.
A trajetória balística é parecida com o 5.56mm de 75gr (esse é um projetil interessante) e com o .308 de 168gr, a diferença basica entre eles é a massa do projetil (a energia é proporcional a massa),
O recuo dele é forte, não tanto quanto os FAL, mas maior que as AK-47.
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- Pablo Maica
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Pablo Maica escreveu:... fiquei sabendo que há novos calibres em testes tipo o 6,8mm alguem sabe alguma coisa à respeito?
Um abraço e t+
Salve, Pablo!
Galera, para quem está com o inglês em dia, acho que esta página será bem interessante.
http://www.angelfire.com/art/enchanter/bullet.html#tablem855
Trata-se de um artigo que estuda a substituição do 5,56mm por outros calibres mais eficiêntes em combate, o que é altamente pertinente ao assunto do tópico. Responde em parte, também, a pergunta do nosso companheiro Pablo Maica.
Summary: Any new round adopted must not just be for a new model of rifle, but easily compatible with the vast number of 5.56mm weapons already in service. That implies that it be based on the .222 Rem/.223 Rem/.221 Fireball case so it can be used in unmodified magazines.
Terminal ballistics at combat ranges is the area in need of improvement, not extreme range performance. This implies the largest bullet from which we can get acceptable exterior ballistics. Acceptable exterior ballistics can be taken to mean any performance better than the 7.62x39mm. This suggests a calibre of 6.5mm-7mm. The 115gr 6.8mm round appears to be a good starting point for a case of this powder capacity. I've christened this proposed round the 6.86mm ARC and this round was featured in Special Weapons for Military & Police no.27 (many thanks to Stan Crist for the mock-ups of the rounds). The 6.5mm bullet in a .223 case is also of interest (and my current preference). Stan beat me to the punch on that one so this is known as the 6.5mm SCC rather than the 6.5mm ARC!
The 6.8mm in a .223 case will not equal the 6.8mm SPC, but will still out perform any assault rifle round in current use, and the only modification needed is a new barrel. That means economic and logistical benefits as well as improved performance.
Não deixem de dar uma olhadinha. E boa leitura!
Abraços!!!
"Se o Brasil quer ser, então tem que ter!"
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O calibre .263, ou 6.71 mm já foi muito usado. O exército italiano usava o fuzil Mannlicher Carcano neste calibre. Pelo que me recordo foi com esta arma que mataram o presidente dos Estados Unidos, John Kennedy. Os portuguese também usavam, até 1937, um fuzil chamado "Vergueiro", em .264 ou 6,71mm. Muita outras armas foram construidas neste calibre.
Saudações
O calibre .263, ou 6.71 mm já foi muito usado. O exército italiano usava o fuzil Mannlicher Carcano neste calibre. Pelo que me recordo foi com esta arma que mataram o presidente dos Estados Unidos, John Kennedy. Os portuguese também usavam, até 1937, um fuzil chamado "Vergueiro", em .264 ou 6,71mm. Muita outras armas foram construidas neste calibre.
Saudações
Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Esse debate em torno do calibre de alta velocidade contra o de maior massa já ocorreu nas armas curtas. Primeiro, nos EUA, reinava o calibre 45, depois, com o aparecimento das munições ponta oca, ficou comprovado que o 9mm era mais eficiente. Mas restaram os saudosistas de um projétil mais pesado, e tentaram o 10mm e acabaram no .40. No fim, o 9mm +P+ ainda é o campeão de stopping power.
Nos calibres de arma longa, voltamos ao antigo debate: de que adianta ter o 7,62, que tem alcance muito maior, muito maior inclusive da capacidade do infante médio de aproveitar esse maior alcance, e um peso muito maior, de arma e munição, um recuo que torna a arma inútil no fogo automático? O desenvolvimento de novas munições, principalmente a SS-109, mostraram que o 5,56 pode fazer muito mais do que era esperado desse calibre, em termos de alcance, precisão e perfuração.
Esse pensamento de que um projétil vai passar por uma folha de capim e vai se desviar é muito absurdo. Isso pode acontecer um um disparo de um sniper, à uma grande distância. Mas em combate comum, que acontece entre 25 a 150 metros, nenhum calibre de arma longa será desviado a ponto de errar um inimigo. Isso é um pensamento tão absurdo e ultrapassado quanto as idéias, da época da guerra do Vietnã, de que o M-16 falha fácil e o AK-47 funciona de qualquer forma. O 5,56 consegue atravessar paredes e ainda acertar quem está atrás, não vai ser vegetação que vai mudar sua trajetória.
Nos calibres de arma longa, voltamos ao antigo debate: de que adianta ter o 7,62, que tem alcance muito maior, muito maior inclusive da capacidade do infante médio de aproveitar esse maior alcance, e um peso muito maior, de arma e munição, um recuo que torna a arma inútil no fogo automático? O desenvolvimento de novas munições, principalmente a SS-109, mostraram que o 5,56 pode fazer muito mais do que era esperado desse calibre, em termos de alcance, precisão e perfuração.
Esse pensamento de que um projétil vai passar por uma folha de capim e vai se desviar é muito absurdo. Isso pode acontecer um um disparo de um sniper, à uma grande distância. Mas em combate comum, que acontece entre 25 a 150 metros, nenhum calibre de arma longa será desviado a ponto de errar um inimigo. Isso é um pensamento tão absurdo e ultrapassado quanto as idéias, da época da guerra do Vietnã, de que o M-16 falha fácil e o AK-47 funciona de qualquer forma. O 5,56 consegue atravessar paredes e ainda acertar quem está atrás, não vai ser vegetação que vai mudar sua trajetória.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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rodrigo escreveu:Esse pensamento de que um projétil vai passar por uma folha de capim e vai se desviar é muito absurdo. Isso pode acontecer um um disparo de um sniper, à uma grande distância. Mas em combate comum, que acontece entre 25 a 150 metros, nenhum calibre de arma longa será desviado a ponto de errar um inimigo. Isso é um pensamento tão absurdo e ultrapassado quanto as idéias, da época da guerra do Vietnã, de que o M-16 falha fácil e o AK-47 funciona de qualquer forma. O 5,56 consegue atravessar paredes e ainda acertar quem está atrás, não vai ser vegetação que vai mudar sua trajetória.
Achu que vc ta um pouco enganado!!
No que se refere ao armamento individual do guerreiro de selva, o EB tem, ao mesmo tempo, o problema e a solução. Fuzis de assalto de diversos tipos foram e são avaliados, incluindo armas de alta qualidade, como o fuzil alemão Heckler & Koch HK33 e o norte-americano M16A2, ambos no calibre 5,56mm, e o tradicional FAL do Exército Brasileiro, no calibre 7,62mm. O fuzil padrão das tropas de selva brasileiras é o Pára-FAL, a versão com coronha rebatível, usada também pelas tropas pára-quedistas brasileiras e outras unidades. O Pára-FAL tem se mostrado a arma ideal para emprego na selva por suas características de peso, rusticidade e simplicidade de manuseio. Por outro lado, sua substituição no futuro será, certamente, um sério problema para o Exército. O calibre 5,56mm, usado na maior parte dos modernos fuzis de assalto, é considerado inadequado para o combate de selva, devido ao pequeno peso do projétil e à sua tendência de assumir uma trajetória instável ao colidir com pequenos obstáculos, como folhas e galhos de árvores. Isso acaba retirando do projétil muita energia e, consequentemente, poder de parada (stopping power).
O respeito que o Pára-FAL conquistou entre os combatentes de selva justifica-se, por exemplo, pelo resultado de um teste realizado numa das bases de instrução do CIGS, quando um exemplar de cada do HK33, do M16A2 e do Pára-FAL foram comparados, com o objetivo de determinar sua resistência às condições da floresta. Numa manhã, cada uma das armas recebeu limpeza e a necessária manutenção, de acordo com as recomendações do fabricante, foi municiada e colocada sobre cavaletes de madeira, e exposta ao Sol e à chuva durante todo o dia e a noite seguinte.
Pela manhã do outro dia, um oficial retirou o HK33 do cavalete e tentou disparar uma rajada contra um alvo: a arma travou várias vezes. Ao repetir a experiência com o M16A2, verificou-se que este não disparou um só tiro, pois estava grimpado. Finalmente, o oficial dirigiu-se ao Pára-FAL, conhecido como “pit-bull” entre a tropa e, surpreendentemente, não somente conseguiu descarregar todo o pente no alvo, como ainda remuniciou a arma e repetiu a dose. Este oficial confidenciou ao autor que não coloca em dúvida a qualidade das outras duas armas, mas o teste evidencia o fato de que ambas necessitam de muito mais cuidados e manutenção do que o tradicional e confiável Pára-FAL
SÓ UMA PERGUNTA?? O QUE É MELHOR?? PRESCISAR E NÃO TER OU TER E NÃO PRESCISAR!!
Achu que deve continuar o 7.62 mesmo, por que mesmo tendo potencia de sobra é melhor sobrar do que faltar, pelo menos quandu a sua vida depende disso.
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Em tua homenagem, OraculoBQ, aí vai repetido uma citação de um post meu, tão velho quanto atual:
Muito tem se escrito sobre a superioridade do FAL em relação a outras armas de design mais atualizado, o que é muito bonito de se escrever, mas que na realidade é, a meu ver, parte de um nacionalismo inconseqüente que se recusa a enxergar a realidade dos fatos, querendo passar para o público interno a idéia que o equipamento de nossas FFAA não deve nada àquele dos países desenvolvidos. Isso me faz recordar daquela história de um exercício de combate aéreo simulado, desenvolvido no torneio “Red Flag” dos EUA, em que nossos caças F-5E abateram os F-15C dos EUA, o que foi motivo de glória e devaneios utópico-nacionalistas: pode ter ocorrido esta situação devido à tática e técnica empregada, fator surpresa e etc., mas daí dá para dizer que o F-5E é melhor que o F-15C? Vamos falar sério! Depois desta ocorrência, e após os americanos terem analisado a tática utilizada e onde eles erraram, quantas vezes mais vocês acham que um F-5E abateu um F-15C? É o mesmo caso que ocorreu com os Mirage 2000 franceses versus Mirage III brasileiros em um exercício realizado por estas bandas: na primeira vez os franceses foram surpreendidos, mas e depois? Não adianta, a superioridade militar é uma combinação do melhor equipamento com a melhor tática de emprego. A superioridade militar baseada somente na tática inovadora pode dar vantagem uma ou duas vezes, mas depois que o inimigo compreendeu seu funcionamento e onde vinha errando, já era...
Mas voltando ao caso do FAL: dizer que a arma fica parada, fechada, apoiada em um suporte sob a chuva, sol, vento, etc. por vários dias e depois ao ser acionada dispara sem problemas é o mínimo que pode se esperar de qualquer arma que se proponha ser uma arma de emprego militar. Agora dizer que outras armas de uso consagrado não o fazem, isso não dá para engolir. Dá até para imaginar as condições do teste: um Para-Fal novo e com a manutenção impecável, dado o domínio que a tropa brasileira tem sobre esta arma, com cada micro dobra das voltas de cada parafuso rigorosamente limpa e a munição nova, por ser a munição padrão do EB, de dotação de uma Unidade que é Centro de Excelência. No outro lado do ringue, um M-16 A2, uma arma que os combatentes do Exército vêem mais na televisão do que ao vivo, com mecanismo de funcionamento não totalmente compreendido, haja vista ter ferrolho de trancamento rotativo e sistema de tomada de gases sem pistão, ao invés do ferrolho basculante e pistão do FAL, e “com a manutenção recomendada pelo fabricante”, ou seja, abriu-se o manual deu-se uma olhadela e pronto. Será que o venturi de transporte dos gases foi corretamente desmontado e limpo no seu interior, pois ele demanda uma escova calibre .17 que não vem com a arma e que não existe no EB, que utiliza escova calibre .30 para a limpeza das armas. Será que o alojamento do percussor foi limpo e a mola de retenção em “v” foi colocada na posição correta? Será que os três anéis de vedação da cabeça do ferrolho foram mantidos desalinhados? Pergunto isso por que, segundo relatos, a arma nem disparou. Não disparou por quê? Será que a face da cabeça do ferrolho foi lubrificada e o óleo contaminou a espoleta da munição de um dia para o outro? Ou será que o carregador foi lubrificado, contaminando a munição? Que munição estava sendo utilizada? Era nova? Por que esta não é a munição de dotação do EB, e pode ter sido utilizada uma munição emprestada ou cedida por outra Força ou por uma Polícia, que não vai dar munição nova para “torrar” em testes. Veja bem, não digo isso por ser um fã do fuzil M-16. Não sou, pois prefiro muito mais um fuzil AK-101 (AK-74M em calibre 5,56x45 OTAN) ou um fuzil Sig Sauer 551, como o utilizado pelo PARASAR da FAB, mas profissionalmente utilizo um fuzil M-4, que nada mais é do que um M-16 A2 encurtado. Portanto não faço os comentários que fiz por suposição: já participei de diversas operações na região amazônica, nas quais sempre procurei fazer contato com o pessoal do EB, que sempre me apoiou da melhor forma possível (Aliás, aproveito para agradecer publicamente o 1º Ten WELLINGTON JUNIO MATHEUS PIRES, Comandante do 4º Pelotão Especial de Fronteira, em Surucucu/RR, que abrigou toda minha equipe nas instalações daquela Unidade de Fronteira, fornecendo-nos alimentação e abrigo, e até atendimento médico, quando fui acometido por uma daquelas esquisitas enfermidades de selva). Nestes diversos contatos sempre faço um “intercâmbio”, demonstrando e dando instrução sobre o fuzil M-4, que toda a tropa e boa parte dos Oficiais nunca sequer viu de perto, portanto acredito que a manutenção dada à arma durante as avaliações não foi comparável àquela do FAL e, ademais, uma arma que sequer dispara depois de um dia de sol e chuva, como foi relatado, está com algum defeito ou problema, caso contrário, metade do Exército Norte-Americano e a totalidade do Exército Israelense já teriam sido mortos em combate.
E, voltando ao ringue, temos ainda um HK-33, provavelmente um fuzil emprestado pela FAB, pois é sua arma de dotação, que já contabiliza mais de 25 anos de uso, com um mecanismo de trancamento por roletes e sem pistão, ou seja, um funcionamento totalmente “alienígena” para quem está acostumado com o FAL e, provavelmente, desacompanhado de seu manual: este não precisa nem de comentários.
Deixando a brincadeira de lado, temos que observar seriamente o seguinte: os israelenses utilizavam o FAL na Guerra dos Seis Dias e a arma deixou muito a desejar naqueles ferozes combates, pois seu cano aquecia demais com uso contínuo, mesmo que em fogo semi-automático, causando a detonação espontânea dos cartuchos, e o mecanismo não suportava o acúmulo de resíduos de pólvora e o ingresso ocasional de areia, que levavam à pane de trancamento incompleto do ferrolho. Como o FAL não tinha um botão auxiliar para o trancamento manual do ferrolho, como o M-16 o tem, sendo este o botão arredondado atrás da janela de ejeção, e nem tão pouco a alavanca de manejo do FAL é afixada ao transportador do ferrolho, como no caso do AK-47, quando esta pane ocorria, só havia duas soluções possíveis: ou o combatente desmontava o fuzil em meio ao combate e limpava os ressaltos de trancamento do ferrolho basculante, ou ele sentava e começava a chorar. Os Sul-Africanos, que também usavam o FAL, passaram pelos mesmos problemas quando o usaram em combate real. O resultado é que os Israelenses, admirados com a confiabilidade da arma de seus adversários, o AK-47, copiaram seu design e seu mecanismo, adaptando-o a um calibre ocidental, dando origem ao famoso fuzil de assalto Galil. Os Sul-Africanos procuraram se esforçar menos e apenas copiaram o Galil dos israelenses, produzindo-o sob a designação de R4. Disto tiramos uma lição, que merece ser analisada, e que é tecnicamente comprovada: o mecanismo de funcionamento por ferrolho basculante empregado no FAL é muito menos confiável que o mecanismo de ferrolho rotativo, empregado na totalidade dos fuzis de assalto de projeto recente. Isto, somado ao fato de o FAL não possuir meios de trancar o ferrolho manualmente em caso de pane, pois não possui o botão de trancamento auxiliar e nem a alavanca de manejo afixada ao transportador do ferrolho, torna-o uma arma muito menos confiável do que outros fuzis de assalto de projeto mais recente. É a realidade, é mecânico e é comprovado em combate. Tanto é assim que o fuzil IMBEL MD-97, da fabricante do nosso FAL, deixou de utilizar o mecanismo de ferrolho basculante, adotando para a nova arma o trancamento por ferrolho rotativo, bem como a dotando de um botão auxiliar para trancamento manual do ferrolho em caso de pane. É a comprovação da realidade dos fatos, mais uma vez. E fecha parêntese.
É um texto do Alexandre Beraldi para o site Sistemas de Armas. Devo esclarecer-te que li a matéria a que te referiste faz pouco mais de um ano e fiquei mais faceiro que pinto no lixo, imaginava os ianques invadindo a Amazônia - AINDA nossa - e morrendo de disenteria por causa de sua dieta, todos portando fuzis imprestáveis, detonados pela inclemência do clima Amazônico. Daí li esse aí acima e caí na real...
Muito tem se escrito sobre a superioridade do FAL em relação a outras armas de design mais atualizado, o que é muito bonito de se escrever, mas que na realidade é, a meu ver, parte de um nacionalismo inconseqüente que se recusa a enxergar a realidade dos fatos, querendo passar para o público interno a idéia que o equipamento de nossas FFAA não deve nada àquele dos países desenvolvidos. Isso me faz recordar daquela história de um exercício de combate aéreo simulado, desenvolvido no torneio “Red Flag” dos EUA, em que nossos caças F-5E abateram os F-15C dos EUA, o que foi motivo de glória e devaneios utópico-nacionalistas: pode ter ocorrido esta situação devido à tática e técnica empregada, fator surpresa e etc., mas daí dá para dizer que o F-5E é melhor que o F-15C? Vamos falar sério! Depois desta ocorrência, e após os americanos terem analisado a tática utilizada e onde eles erraram, quantas vezes mais vocês acham que um F-5E abateu um F-15C? É o mesmo caso que ocorreu com os Mirage 2000 franceses versus Mirage III brasileiros em um exercício realizado por estas bandas: na primeira vez os franceses foram surpreendidos, mas e depois? Não adianta, a superioridade militar é uma combinação do melhor equipamento com a melhor tática de emprego. A superioridade militar baseada somente na tática inovadora pode dar vantagem uma ou duas vezes, mas depois que o inimigo compreendeu seu funcionamento e onde vinha errando, já era...
Mas voltando ao caso do FAL: dizer que a arma fica parada, fechada, apoiada em um suporte sob a chuva, sol, vento, etc. por vários dias e depois ao ser acionada dispara sem problemas é o mínimo que pode se esperar de qualquer arma que se proponha ser uma arma de emprego militar. Agora dizer que outras armas de uso consagrado não o fazem, isso não dá para engolir. Dá até para imaginar as condições do teste: um Para-Fal novo e com a manutenção impecável, dado o domínio que a tropa brasileira tem sobre esta arma, com cada micro dobra das voltas de cada parafuso rigorosamente limpa e a munição nova, por ser a munição padrão do EB, de dotação de uma Unidade que é Centro de Excelência. No outro lado do ringue, um M-16 A2, uma arma que os combatentes do Exército vêem mais na televisão do que ao vivo, com mecanismo de funcionamento não totalmente compreendido, haja vista ter ferrolho de trancamento rotativo e sistema de tomada de gases sem pistão, ao invés do ferrolho basculante e pistão do FAL, e “com a manutenção recomendada pelo fabricante”, ou seja, abriu-se o manual deu-se uma olhadela e pronto. Será que o venturi de transporte dos gases foi corretamente desmontado e limpo no seu interior, pois ele demanda uma escova calibre .17 que não vem com a arma e que não existe no EB, que utiliza escova calibre .30 para a limpeza das armas. Será que o alojamento do percussor foi limpo e a mola de retenção em “v” foi colocada na posição correta? Será que os três anéis de vedação da cabeça do ferrolho foram mantidos desalinhados? Pergunto isso por que, segundo relatos, a arma nem disparou. Não disparou por quê? Será que a face da cabeça do ferrolho foi lubrificada e o óleo contaminou a espoleta da munição de um dia para o outro? Ou será que o carregador foi lubrificado, contaminando a munição? Que munição estava sendo utilizada? Era nova? Por que esta não é a munição de dotação do EB, e pode ter sido utilizada uma munição emprestada ou cedida por outra Força ou por uma Polícia, que não vai dar munição nova para “torrar” em testes. Veja bem, não digo isso por ser um fã do fuzil M-16. Não sou, pois prefiro muito mais um fuzil AK-101 (AK-74M em calibre 5,56x45 OTAN) ou um fuzil Sig Sauer 551, como o utilizado pelo PARASAR da FAB, mas profissionalmente utilizo um fuzil M-4, que nada mais é do que um M-16 A2 encurtado. Portanto não faço os comentários que fiz por suposição: já participei de diversas operações na região amazônica, nas quais sempre procurei fazer contato com o pessoal do EB, que sempre me apoiou da melhor forma possível (Aliás, aproveito para agradecer publicamente o 1º Ten WELLINGTON JUNIO MATHEUS PIRES, Comandante do 4º Pelotão Especial de Fronteira, em Surucucu/RR, que abrigou toda minha equipe nas instalações daquela Unidade de Fronteira, fornecendo-nos alimentação e abrigo, e até atendimento médico, quando fui acometido por uma daquelas esquisitas enfermidades de selva). Nestes diversos contatos sempre faço um “intercâmbio”, demonstrando e dando instrução sobre o fuzil M-4, que toda a tropa e boa parte dos Oficiais nunca sequer viu de perto, portanto acredito que a manutenção dada à arma durante as avaliações não foi comparável àquela do FAL e, ademais, uma arma que sequer dispara depois de um dia de sol e chuva, como foi relatado, está com algum defeito ou problema, caso contrário, metade do Exército Norte-Americano e a totalidade do Exército Israelense já teriam sido mortos em combate.
E, voltando ao ringue, temos ainda um HK-33, provavelmente um fuzil emprestado pela FAB, pois é sua arma de dotação, que já contabiliza mais de 25 anos de uso, com um mecanismo de trancamento por roletes e sem pistão, ou seja, um funcionamento totalmente “alienígena” para quem está acostumado com o FAL e, provavelmente, desacompanhado de seu manual: este não precisa nem de comentários.
Deixando a brincadeira de lado, temos que observar seriamente o seguinte: os israelenses utilizavam o FAL na Guerra dos Seis Dias e a arma deixou muito a desejar naqueles ferozes combates, pois seu cano aquecia demais com uso contínuo, mesmo que em fogo semi-automático, causando a detonação espontânea dos cartuchos, e o mecanismo não suportava o acúmulo de resíduos de pólvora e o ingresso ocasional de areia, que levavam à pane de trancamento incompleto do ferrolho. Como o FAL não tinha um botão auxiliar para o trancamento manual do ferrolho, como o M-16 o tem, sendo este o botão arredondado atrás da janela de ejeção, e nem tão pouco a alavanca de manejo do FAL é afixada ao transportador do ferrolho, como no caso do AK-47, quando esta pane ocorria, só havia duas soluções possíveis: ou o combatente desmontava o fuzil em meio ao combate e limpava os ressaltos de trancamento do ferrolho basculante, ou ele sentava e começava a chorar. Os Sul-Africanos, que também usavam o FAL, passaram pelos mesmos problemas quando o usaram em combate real. O resultado é que os Israelenses, admirados com a confiabilidade da arma de seus adversários, o AK-47, copiaram seu design e seu mecanismo, adaptando-o a um calibre ocidental, dando origem ao famoso fuzil de assalto Galil. Os Sul-Africanos procuraram se esforçar menos e apenas copiaram o Galil dos israelenses, produzindo-o sob a designação de R4. Disto tiramos uma lição, que merece ser analisada, e que é tecnicamente comprovada: o mecanismo de funcionamento por ferrolho basculante empregado no FAL é muito menos confiável que o mecanismo de ferrolho rotativo, empregado na totalidade dos fuzis de assalto de projeto recente. Isto, somado ao fato de o FAL não possuir meios de trancar o ferrolho manualmente em caso de pane, pois não possui o botão de trancamento auxiliar e nem a alavanca de manejo afixada ao transportador do ferrolho, torna-o uma arma muito menos confiável do que outros fuzis de assalto de projeto mais recente. É a realidade, é mecânico e é comprovado em combate. Tanto é assim que o fuzil IMBEL MD-97, da fabricante do nosso FAL, deixou de utilizar o mecanismo de ferrolho basculante, adotando para a nova arma o trancamento por ferrolho rotativo, bem como a dotando de um botão auxiliar para trancamento manual do ferrolho em caso de pane. É a comprovação da realidade dos fatos, mais uma vez. E fecha parêntese.
É um texto do Alexandre Beraldi para o site Sistemas de Armas. Devo esclarecer-te que li a matéria a que te referiste faz pouco mais de um ano e fiquei mais faceiro que pinto no lixo, imaginava os ianques invadindo a Amazônia - AINDA nossa - e morrendo de disenteria por causa de sua dieta, todos portando fuzis imprestáveis, detonados pela inclemência do clima Amazônico. Daí li esse aí acima e caí na real...
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”
P. Sullivan (Margin Call, 2011)
P. Sullivan (Margin Call, 2011)