#212
Mensagem
por Slip Junior » Qui Abr 15, 2004 9:43 am
Lula decidirá sobre novos caças
Está nas mãos do presidente a escolha sobre os substitutos do Mirage
O governo Lula está prestes a tomar uma decisão definitiva sobre a licitação para compra de 12 caças que substituirão os Mirage, comprados em 1973 e já obsoletos. A decisão está nas mãos do presidente Lula: bater o martelo logo, com base nos relatórios da Aeronáutica e da Comissão Interministerial que examinou as propostas, adiar mais uma vez o resultado, ou até mesmo cancelar a licitação. O Ministério da Defesa e o Comando da Aeronáutica, em manifestações oficiais, descartam tanto o adiamento, quanto o cancelamento, e não consideram que haja alternativas razoáveis à compra, como reformar a frota de Mirage ou comprar caças usados no mercado de armamentos. Mas, como deixou claro o ministro da Defesa, José Viegas, “a decisão é do presidente”.
No último dia 8, depois de audiência com o presidente Lula, Viegas afirmou que não trabalha com a hipótese de adiamento. “Já houve um adiamento e não há por que haver um segundo”, disse ele. Mas, segundo Viegas, não há como estabelecer prazos. “Espero que esse processo possa chegar a sua conclusão em algumas semanas”, afirmou – deixando claro que a decisão não será tomada este mês, como estava prevista. Há, no entanto, uma clara preocupação das áreas de Defesa, Comércio Exterior e Relações Exteriores com o impacto negativo de um novo adiamento, ou do simples cancelamento da licitação, iniciada em 1996.
O fato - atestam fontes das três áreas - é que uma decisão destas, depois que os cinco grupos internacionais envolvidos no processo gastaram milhões de dólares para atender às demandas do governo brasileiro e trabalharem em suas propostas ao longo de sete anos, seria trágica para a imagem do País junto a investidores internacionais. Primeiro, porque há uma clara necessidade de reequipar a Força Aérea Brasileira, especialmente depois de inaugurado o Sivam. Em segundo lugar, porque seria uma sinalização negativa para investidores internacionais, que se envolveram na licitação direta ou indiretamente por confiarem no Brasil.
“Será difícil explicar como o Brasil, um País de dimensões continentais e a maior potência da América Latina, abandone um processo de licitação internacional iniciado há sete anos, quando países de menor expressão e com faixas territoriais bem menores compraram aviões recentemente – a África do Sul, por exemplo, comprou 28, a República Tcheca 14, a Áustria 18, e até o vizinho Chile, 10”, disse uma fonte do Ministério da Defesa.
Tecnicamente, as análises indicam que o caça anglo-sueco Gripen é o mais qualificado levando-se em conta todos os indicadores, inclusive por ser o único de quarta geração. O Gripen foi o escolhido no governo FHC. O governo Lula pediu que as propostas fossem refeitas, promovendo o segundo adiamento, mas pouca coisa mudou: o Gripen continua sendo o mais cotado, seguido do russo Sukhoi. O Mirage, da Embraer-Dassault, tem mais apoios políticos, mas foi descartado tecnicamente e considerado de alto risco.
Viegas fala de viagens
O ministro da Defesa José Viegas prestará informações, em audiência pública, na Câmara dos Deputados sobre sua viagem à Rússia, China e Índia, realizada em dezembro de 2003, período em que o governo brasileiro iniciava a finalização do processo de licitação no âmbito do Ministério da Defesa para a compra de caças da Força Aérea Brasileira – FAB, no valor de US$ 700 milhões.
O requerimento de autoria do deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) foi aprovado, hoje, na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, por unanimidade e incorporou outro do deputado Murilo Zaiuth (PFL-MS) que também pedia a presença do ministro.
“A viagem de um ministro do governo brasileiro a um país que tem interesse no processo licitatório, às vésperas de sua realização, pode soar contra a transparência das ações públicas, imprescindível para o cumprimento dos mandamentos constitucionais”, argumentou Hauly.
Argumentos - No que se refere à compra dos novos caças, o presidente Lula tem argumentos prontos para o caso de resolver tocar o processo adiante e descartar a proposta da Embraer-Dassault: seja qual for o vencedor, a decisão do presidente é de que a Embraer participe de qualquer maneira do projeto FX.
As cartas estão lançadas. [b]O processo se afunilou e só dois projetos continuam no páreo: o Gripen, anglo-sueco, e o Sukhoi, russo. Só falta marcar a reunião do Conselho de Defesa Nacional que analisaria os relatórios e orientaria a decisão do presidente Lula. A pressão é grande para que não haja uma decisão política, e sim técnica.
Fonte: Jornal de Brasília via NOTIMP/FAB.
Abraços