EDUCAÇÃO

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Bourne
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Re: EDUCAÇÃO

#151 Mensagem por Bourne » Sex Mai 18, 2012 12:37 am

Caro Dall,

Me ofereceram seis mil em uma consultoria em inicio de carreira logo após terminar o mestrado. Possibilidades de ganhos maiores na medida que mostrar competência com os clientes. Um engenheiro com mestrado ganha bem mais que isso. Conheço casos como de uma filha de um amigo que trocou a docência e Petrobras por uma grande multinacional do petróleo. :wink:

Se acha que professor universitário não trabalha. É por que não tem a mínima noção do assunto. Se quiser fazer algo relevante vai trabalhar muito mais que na iniciativa privada. E lá não existem chefias brutais, mas colegas que querem te comer vivo e acabar om você sem piedade. É muito mais sujo que a política. A única certeza é que se quiser ser importante tem que se mostrar e muita gente não vai gostar. Sabotagem e politicagem é normal. Além do sistema não remunerar o esforço. No máximo ganha uma bolsa, incentivo ou remuneração por alguma coisa que fez. Porém não te coloca em um patamar superior de quem não faz nada.

Sugiro que procure saber quanto ganha um professor universitário na Coreia, Estados Unidos e Europa em relação ao que se paga na sociedade como um todo. As universidades de Berkley, Columbia, Harvard, UCLA não pagam US$ 200 mil por ano por docente top pelos belos olhos ou por pena. Sem contar os prêmios e ganhos extras por trabalhos relevantes e publicações.

A questão não é dar aula por que qualquer macaco treinado com um manual na mão faz. O que realmente interessa é a profundidade que o docente tem em tratar de determinado assunto, pesquisá-lo e contribuir para para o avanço na área. O que implica em pesquisa na complementariedade de pesquisas acadêmicas e aplicadas. Refletindo na qualidade de ensino e massa crítica em diversas áreas. Fundamental para qualquer país que pretenda se desenvolver. Os EUA entenderam tão bem isso que tem gente de todo o lugar do mundo sendo convidados para participar das universidades norte-americanas.

A China não enche as pós-graduações norte-americanas com chineses por nada. Existe o objetivo de longo prazo de criar esses centros de conhecimento em território chinês. Da mesma forma criou uma geração fantástica de filósofos, pensadores sociais, químicos e físicos entre o fim do século XIX e XX. Fundaram centros de pesquisa como Instituto Kaiser Guilherme em 1914 que o melhor que a Alemanha poderia oferecer em pesquisa básica. Entre os membros Einstein. Outros países emergentes estão no mesmo caminho.

Olhe quem são e a formação dos assessores e pessoas chaves dos governos de países desenvolvidos. A maioria tem doutorado ou mestrado em alguma coisa. No Brasil segue linha semelhante. Posso citar um nome que é o Guido Mantega que apenas revolucionou a forma de ver a história econômica brasileira. Outro Belluzzo que era apenas assessor do presidente Lula em economia. Até a Dona Dilma quase tem mestrado e quase fez doutorado.

No IPEA um pesquisador com doutorado começa ganhando R$ 13 mil. Se fosse dar aula em federais receberia R$ 7 mil e poucos. A capacidade dos dois é a mesma e estudaram possivelmente nos mesmos lugares com as mesmas pessoas e podem realizar pesquisas semelhantes. A diferença fundamental que um dá aula e outro não. O que não explica a diferença de cinco mil. Na verdade o docente que teria que ganhar mais por que também contribui diretamente para formar pessoal de graduação e pós-graduação.

Aliás, na Fundação Getúlio vargas um professor universitário ganha mais de 20 mil. Ainda ganha o prêmio de 30 mil por artigo aceito em revista internacional de renome. Então um professor da USP ganha menos de 1/3 do colega da FGV. Apesar das instituições serem do mesmo nível.




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Re: EDUCAÇÃO

#152 Mensagem por Dall » Sex Mai 18, 2012 10:44 am

Bourne,

Também sou engenheiro, também sou mestre, também dou aula em universidade.

Se um professor ganha três vezes mais na FGV do que na USP que ele peça demissão e troque de emprego.

Se um engenheiro ganha mais na iniciativa privada do que na Petrobras que ele peça demissão e troque de emprego.
É a lei do mercado.

Mas as questões chaves da discussão pra mim são as seguintes.

1) O salário hoje para iniciantes é de R$ 4500,00 até R$ 7500,00 e isto é sim um salário competitivo.
2) A estabilidade, a menor pressão por resultados e a qualidade de vida compensam um menor salário.

O grande problema das universidades federais é que existe muita gente boa lá dentro, pesquisando coisas realmente úteis ao país e existe muito mais gente pesquisando coisas inúteis ou com nível de profundidade que não permitem nenhuma aplicação pratica.

Como não existem mecanismos muito eficientes para separar o joio do trigo, simplesmente dobrar o salário destes professores não resolve o problema na mesma proporção.




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Re: EDUCAÇÃO

#153 Mensagem por Bourne » Sáb Mai 19, 2012 9:16 am

Seguindo a sua linha Einstein era um idiota por que era um físico teórico que criou uma hipótese que demorou duas décadas para ser testada. E mais de meio século para ter utilidade prática. Muita coisa que parece não ter utilidade hoje sendo mera peça teórica poderá indicar caminhos para criar algo revolucionário daqui um século. Este tipo de pesquisa possui um papel importante em toda a área.

Muitas atividades práticas nascem de desenvolvimento teóricos e executadas pelos teóricos. Exemplo de vivência é um jovem professor que fez o doutorado na Universidade de Ohio no começo da década de 2000. Ele faz mais estudos teóricos, mas Philip Morris contratou uns três da turma e queriam o levar para trabalhar na equipe que constrói cenários de longo prazo. trabalham com informações e desenvolvem modelos secretos. Daqueles que se revelar desce o Boeing de advogados para te quebrar.

No doutorado desse professor existiam uns 30 alunos. O programa é grande. Desses uns cinco norte-americanos, 15 de diversas nacionalidade e 10 chineses. Sim. Tinha mais chinês que norte-americano. O governo chinês pagava tudo. A ideia era quando voltassem para china contribuíssem para montar centros de estudos como existem em Ohio.

Sobre as questões discutidas:

1) Não são competitivos para quem tem qualificação de mestrado e doutorado.

Na minha turma de mestrado dos quinze da minha turma, três dão aula. Os demais fora para a iniciativa privada ou ocupam outros cargos públicos que melhor remuneram. Eu com meus bicos faço ganho o mesmo dos que dão aula.

Semana passado fui ver uma vaga na Universidade Federal de Ponta Grossa. Eles pagam R$ 3 mil para professor colaborador de 40 horas. Para efetivos 4 mil e pouco. Não volto mais por que isso ganho com meus bicos atuais e não sou o único caso. Conheço pelo menos três que desistiram dessas vagas e estão trabalhando em outras coisas. Outras duas meninas que estão no meio do doutorado na FGV-SP foram convidadas pela iniciativa privada e vão ganhar o dobro que um professor doutor recém contratado. Esses realmente queriam ser docentes e tocar pesquisas, mas começam a ceder aos assédios.

Outro fator negativo que a Universidade de Ponto Grossa é muito largada. Para te uma ideia os prédios pareciam casinhas e entrei por um buraco na cerca. Isso em uma das universidades mais importante do Paraná. Quando ouvi o concurso pensei que tinha uma puta estrutura em crescimento e tudo parecida com aqueles universidades médias e pequenas do interior norte-americano. Foi uma triste ilusão. Do jeito que é aquele campus dá medo de deixar o carro estacionado. Comparar com a estrutura de grandes universidades como UFMG, USP, Unicamp, UFRGS, UFPR é vergonhoso.

Outro caso é que fiz um concurso para professor assiste 20 horas na UFPR para ver como é e analisar possibilidades. Tinham 12 inscritos para uma universidade grande e em um centro urbano importante. Muito legal. Porém apenas três prestavam e tinham uma contribuição acadêmica de pesquisa e docência. Os demais queriam um bico ou emprego público para se pendurar. A qualidade da concorrência era horrível. Quem salvava era uma menina que trabalha como consultora, outro cara doutor pela Unicamp e eu. Ainda bem que passou a menina que é muito boa. :mrgreen:

Nesse concurso conversei com pessoal sobre o que os ex-colegas estavam fazendo. A maioria não dá aula. Um chegou a dizer que um cara não queria fazer por que pagava pouco e, talvez, se interessasse se fosse em um bom centro com pós-graduação para 40 horas com dedicação exclusiva.

Em outros concursos mais exigentes está se tornando comum não aprovar ninguém por que falta qualidade. Por mais que goste da coisa e se ache vocacionado. Não vai pegar qualquer coisa.

2) Só não tem pressão por resultados que não quer nada com nada que pode ser favorecido pela má qualidade dos candidatos na média. Mesmo assim vai demorar alguns anos para montar um currículo competitivo para passar em um concurso. O salário é ridículo em comparação ao grau de exigência.

O resultado são concursos com concorrência ridícula. Não conseguem contratar os melhores por que esses se formam e vão trabalhar em outras coisas. Refletindo na redução da qualidade de ensino e pesquisa. Está matando o ciclo de construção de conhecimento brasileiro.

Existem abnegados como esse professor que resistiu ao assédios da Philip Morris ao salário de US$ 25 mil por mês, carro da empresa, viagens de fim de ano e outras regalias. Voltou para o Brasil e virou o cara da área de comércio internacional, mas trabalha e se estressa bem mais do que se tivesse na Philip Morris. Até hoje o amigo que trabalha na empresa conversa com ele e diz "tem um vaga disponível para você. Quando quiser pode vir". Seguem a filosofia dos pilotos como disse Emerson Fittipaldi "da cada 10 tristezas uma alegria". Mas as vezes não dá para ser abnegado. Porém se a Ohio University o chamar não sei se resiste. Temo que ele possa dizer sim.

No caso da USP e FGV alguns fizeram esse caminho. Conheço um que trocou uma universidade federal pela FGV-SP. A vida financeira dele ficou muito boa. Porém a universidade federal que ele deixou perdeu uma cabeça chave para o programa e formação de novos profissionais. Foi bom para a pessoa em questão, mas não para a sociedade. O pior é quando esse convite vem de universidades no exterior. A perda é muito maior. E como muitos possuem fama internacional, acontece.

É claro que precisam de mecanismos para beneficiar os mais produtivos e esforçados. Por exemplo, o um professor adjunto com doutorado depois de uns 10 anos cumprindo critérios de produtividade deveria subir para titular em conjunto com o salário. Muitos merecem pela contribuição que deram.




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Re: EDUCAÇÃO

#154 Mensagem por felipexion » Dom Mai 20, 2012 6:32 pm

Agora são 39 universidades em greve. Valeu Dilma!

Greve já atinge mais de 65% das universidades federais do País

Paralisação começou na quinta-feira e já chegou a 39 das 59 instituições federais

A greve dos professores já atinge mais de 65% das universidades federais do País. No final da tarde desta sexta-feira (18), já eram 39 instituições federais sem aulas. O País tem, ao todo, 59 universidades vinculadas ao governo federal.

Os docentes das Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior) começaram o movimento grevista na quinta-feira (17) e definiram que a paralisação será por tempo indeterminado.

Não há um balanço total de alunos afetados pela paralisação, nem de quantos professores aderiram ao movimento. De acordo com o Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), a greve ainda pode crescer e também se estender para outras instituições, inclusive estaduais.

s principais reivindicações da categoria são valorização da carreira e melhoria da qualidade de ensino e trabalho dos docentes. Além de pedidos específicos de cada instituição.

Além das 39 universidades, os professores do Cefet (Centro Federal de Educação Tecnológica) de Minas Gerais, também cruzaram os braços.

Já a Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), a Universidade Federal do Sudeste de Minas e a Universidade Federal do Maranhão e a UnB (Universidade de Brasília) devem iniciam a greve na segunda-feira (21). Os professores da UnB (Universidade de Brasília) pretendem dar início à paralisação na próxima terça-feira (22). No mesmo dia, os docentes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) farão assembleia para decidir se entram em greve.

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, a greve foi adotada pela UFRRJ (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e pela UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro). Os professores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) estão paralisados e fazem debate no campus da Praia Vermelha.

Paraíba

A greve de professores na UFPB (Universidade Federal da Paraíba) e UFCG (Universidade Federal de Campina Grande) começou na última quarta-feira (16) e prejudicou o atendimento do Hospital Universitário, que foi suspenso. Segundo a direção das universidades, mais de 62 mil alunos estão sem aula.


Ceará e Pernambuco

Das três universidades federais de Pernambuco, a primeira a paralisar as atividades docentes foi a Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco), que entrou em greve na terça-feira (15). Situada em área de fronteira com os Estados da Bahia e Piauí, a estimativa do sindicato dos docentes é de que mais de 95% dos cerca de 400 professores aderiram à greve nacional por tempo indeterminado em todos os seus cinco campi - distribuídos em cidades dos três Estados.

A Universidade Federal Rural de Pernambuco tem a adesão de 90% dos seus 1,1 mil professores, de acordo com o comando de greve. O total de alunos nos seus 40 cursos de graduação é de 15 mil. A expectativa é de expansão da adesão na próxima semana.

Já a Universidade Federal de Pernambuco, com 2,5 mil professores e 32 mil alunos em 93 cursos de graduação presenciais, deflagrou a greve na quinta e ainda não tem um balanço do porcentual de adesão. De acordo com o sindicato da categoria, muitos professores ainda foram à sala de aula nesta sexta-feira para conscientizar os alunos.

Os professores da Universidade Federal do Ceará estão entre os que não aderiram à greve nacional. Os professores associados ao sindicato decidiram convocar nova assembleia para apreciar as propostas negociadas com o governo federal até 31 de maio.


Confira as instituições que aderiram à greve

1- UFMA (Universidade Federal do Amazonas)
2- UFRO (Universidade Federal de Rondônia)
3- UFRA (Universidade Federal Rural do Amazônia)
4- UFPA (Universidade Federal do Pará /Central)
5- UFPA (Universidade Federal do Pará /Marabá)
6- UFOPA (Universidade Federal do Oeste do Pará)
7- UNIFAP (Universidade Federal do Amapá)
8- UFMA (Universidade Federal do Maranhão)
9- UFPI (Universidade Federal do Piauí)
10- UFERSA (Universidade Federal do Semi-Árido) – Mossoró
11 UFPB (Universidade Federal da Paraíba)
12- UFPB-PATOS (Universidade Federal da Paraíba / Patos)
13- UFPB (Universidade Federal da Paraíba / Cajazeiras)
14- UFCG (Universidade Federal de Campina Grande)
15- UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco)
16- UFAL (Universidade Federal de Alagoas)
17- UFS (Universidade Federal de Sergipe)
18- UFTM (Universidade Federal do Triângulo Mineiro)
19- UFU (Universidade Federal de Uberlândia)
20- UFV (Universidade Federal de Viçosa)
21- UFLA (Universidade Federal de Lavras)
22- UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto)
23- UFSJ (Universidade Federal de São João Del Rey)
24- UFES (Universidade Federal do Espírito Santo)
25- UFPR (Universidade Federal do Paraná)
26- FURG (Universidade Federal do Rio Grande)
27- UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso)
28- UFMT-RO (Universidade Federal do Mato Grosso / Rondonópolis)
29- UFRRJ(Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro)
30- UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri)
31- UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná)
32- IFPI (Instituto Federal do Piauí)
33- IFMG(Instituto Federal de Minas Gerais)
34- UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)
35- Univasf (Universidade Federal do Vale do São Francisco)
36- UFRB (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia)
37- UNIRIO (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
38- UFPE (Universidade Federal de Pernambuco)
39- UFG (Universidade Federal de Goiás) - Campus Catalão
40- UFAC (Universidade Federal do Acre)
41- CEFET (Centro Federal de Educação Tecnológica) de Minas Gerais




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Re: EDUCAÇÃO

#155 Mensagem por Bourne » Seg Mai 21, 2012 6:04 am

Camaradas,

Contarei uma experiência pessoal a respeito de como funciona o mundo acadêmico.

Depois de ler um monte de livros e artigos e virar mestre. Quando você se destaca seu orientador continua te perseguindo para publicar junto. Assim, encher o currículo dele, mate-lo no programa de pós e ganhar as vantagens dos projetos e outras vantagens.

Há algumas semanas ele me procurou para escrever em parceria um artigo para um encontro na sociologia sobre capitalismo, estado e empresas no Brasil (ou algo parecido). Apresentou a ideia de fazer um trabalho mostrando os avanços e preocupações da historiografia de empresas o Brasil. Falei que tudo bem e aprimoraria a ideia, faria o resumo, montaria a estrutura e dividiria o trabalho. Também chamou um recém doutorar da Unicamp que precisava publicar (começou a merd@).

Fiz minha parte e mandei para eles fazerem a deles. Deixei claro que era para ficar importante e inovadora para ir para uma grande revista internacional do tema. Até mandei a literatura indicando a abordagem.

Resultado: recebo sexta a parte deles. Não tem nada a ver com o que escrevi no resumo, a ideia do trabalho a abordagem que propus.

- Doutor da Unicamp quase mandei se f@der. Fez um copia e cola de trabalhos antigos. Sete páginas de bla-bla-bla que não tem nada a ver com a ideia do trabalho. Queria saber as preocupações na Espanha, Argentina, EUA, etc... Precisa de artigos de máximo três anos idade mostrando o negócio hoje. Não de autores importantes de 20 anos atrás com ideias genéricas.

- Meu ex-orientador fez uma parte especulativa sobre as preocupações das empresas no Brasil. Sem base e no puro achismo. Ainda que pedi autores e casos específicos para mostrar a procedência dos cinco itens citado no resumo e afirmei que seriam tratados.

Ainda chega a citar cinco autores em sequência sobre desindustrialização. Sem se preocupar em explicar o argumento deles. Repetindo porcamente o que expliquei aprofundadamente na minha parte. Falei de reestruturação produtiva mundial, fator câmbio, argumentos dos estudos a respeito, procedência ou não. :evil:

O que me deu mais raiva esse cara da unicamp me intimar para reduzir a minha parte por que estava grande e o outro tinha pedido 20 páginas.

O que fiz foi vetar o artigo. Se era para fazer esse lixo para encher currículo tinha escrito sozinho. Permitir que isso fosse discutido no encontro mais me queima do que ajuda. Tenho toda vida na iniciativa privada. Sou um rapaz de negócios. Mas se alguém em um eventual doutorado ou outra pessoa qualquer pergunta sobre esse artigo falaria o que? A verdade de que é para encher o currículo e não contribui para nada. Não é discussão teórica ou prática. Não é nada. Depois de terminar de ler não sabia o que escrever no resumo e conclusão. É um trabalho vazio. :x

Eles devem estar me xingando muito agora. Mas que se fod@am.

Não é um caso isolado. Existe muito lixo vendido como produção acadêmica no Brasil.




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Re: EDUCAÇÃO

#156 Mensagem por FCarvalho » Seg Mai 21, 2012 12:54 pm

EDUCAÇÃO NA MÍDIA

21 de maio de 2012


PROFESSOR: AINDA O PIOR SALÁRIO
Segundo o IBGE, porém, a diferença para demais profissionais com nível superior caiu

Fonte: O Globo (RJ)



O salário dos Professores da Educação básica no Brasil registrou, na década passada, ganhos acima da média dos demais profissionais com nível superior, fazendo encurtar a distância entre esses dois grupos. Esse avanço, no entanto, foi insuficiente para mudar um quadro que tem trágicas consequências para a qualidade do Ensino: o magistério segue sendo a carreira universitária de pior remuneração no país.
Tabulações feitas pelo GLOBO nos microdados do Censo do IBGE mostram que a renda média de um Professor do Ensino fundamental equivalia, em 2000, a 49% do que ganhavam os demais trabalhadores também com nível superior. Dez anos depois, esta relação aumentou para 59%. Entre Professores do Ensino médio, a variação foi de 60% para 72%.
Apesar do avanço, o censo revela que as carreiras que levam ao magistério seguem sendo as de pior desempenho. Entre as áreas do Ensino superior com ao menos 50 mil formados na população, os menores rendimentos foram verificados entre brasileiros que vieram de cursos relacionados a ciências da Educação - principalmente Pedagogia e formação de Professor para os anos iniciais da Educação básica.
Em seguida, entre as piores remunerações, aparecem cursos da área de religião e, novamente, uma carreira de magistério: formação de Professores com especialização em matérias específicas, onde estão agrupadas licenciaturas em áreas de disciplinas do Ensino médio, como Língua Portuguesa, Matemática, História e Biologia.
Achatamento provoca prejuízos
Pagar melhor aos Professores da Educação básica, no entanto, é uma política que, além de cara, tende a trazer retorno apenas a longo prazo em termos de qualidade de Ensino. A literatura acadêmica sobre o tema no Brasil e em outros países mostra que a remuneração Docente não tem, ao contrário do que se pensou durante muitos anos, relação imediata com a melhoria do aprendizado dos Alunos.
No entanto, o achatamento salarial do magistério traz sérios prejuízos a longo prazo. Esta tese é comprovada por um relatório feito pela consultoria McKinsey, em 2007, que teve grande repercussão internacional ao destacar que uma característica dos países de melhor desempenho educacional do mundo - Finlândia, Canadá, Coreia do Sul, Japão e Singapura - era o alto poder de atração dos melhores Alunos para o magistério.
- Não dá para imaginar que, dobrando o salário do Professor, ele vai dobrar o aprendizado dos Alunos. O problema é que os bons Alunos não querem ser Professores no Brasil. Para atrair os melhores, é preciso ter salários mais atrativos - afirma Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, concorda com o diagnóstico da baixa atratividade da profissão. Ele afirma que a carreira de Professor, salvo exceções, acaba atraindo quem não tem nota para ingressar em outra faculdade. Para Roberto Leão, salário é fundamental, mas não o suficiente para melhorar a qualidade do Ensino.
- Sem salário, não há a menor possibilidade de qualidade. Agora, claro que é preciso mais do que isso: carreira, formação e gestão.
Priscila Cruz também diz que o salário é só parte da solução:
- É preciso melhorar salários para que os Alunos aprendam mais. Mas o profissional também tem que ser mais cobrado e responsabilizado por resultados. Não pode, por exemplo, faltar e ficar tantos dias de licença, como é frequente.
Distrito Federal lidera ranking do magistério
Professores de Brasília são os que recebem melhores salários. Rio é o 4 no ensino médio e 9 no fundamental
Os Professores do Distrito Federal recebem os maiores salários da categoria no Brasil, conforme o censo do IBGE. Nem por isso deixaram de fazer greve este ano. Durante 52 dias, cruzaram os braços para reivindicar isonomia com as demais carreiras de nível superior. O sindicato diz que um profissional ganha, em média, R$ 5 mil por mês - o que deixaria o magistério em 23º lugar, dentre 26 áreas do governo local.
No balanço feito pelo GLOBO a partir do censo do IBGE, o DF ficou na primeira posição do ranking salarial de Professores por estado, tanto no Ensino médio (R$ 4.367) quanto no Ensino fundamental (R$ 3.412). O Rio de Janeiro foi o 4º no Ensino médio, com renda mensal de R$ 2.778; e o 9º no Ensino fundamental, com R$ 1.882. Os dados são de 2010 e consideram profissionais da rede pública e privada.
O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) diz que o resto do país não serve de parâmetro. É que, no DF, o governo federal banca despesas de Segurança Pública e parte dos gastos com Educação e Saúde.
- Não podemos comparar o salário do Distrito Federal com o de outros estados e sim com os dos demais trabalhadores do DF. A grosso modo, todas as carreiras do DF têm salários maiores: o médico ganha mais, o policial ganha mais - diz a diretora de Imprensa do Sinpro, Rosilene Corrêa.
A greve terminou no último dia 2. Para recuperar aulas, as Escolas funcionarão aos sábados até o fim do ano.
O Professor de Português Carlos Eugênio Rêgo, de 47 anos, recebe salário bruto de R$ 7.464,42 por mês. Ele leciona há 21 anos e está perto do topo da carreira, cuja remuneração vai de R$ 2.426,69 a R$ 8.794,44, conforme tabela do Sinpro. Trabalha no Centro de Ensino Médio Setor Oeste, Escola da rede pública de Brasília com melhores resultados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) à exceção de colégios militares. Ele diz que, ocasionalmente, dá aulas em cursinhos para complementar a renda.
- O ponto fundamental é a isonomia. Incomoda muito a enxurrada de reportagens dizendo que temos o maior salário do Brasil. Tem que levar em conta o custo de vida - diz Carlos Eugênio.
Já o Professor de Física Lucélio Oliveira Fernandes, 42 anos, conta que o Setor Oeste não tem laboratório de Ciências e dispõe de apenas dois Docentes de Física para 1.140 Alunos de Ensino médio. Segundo ele, seria necessário pelo menos mais um profissional.
- E olha que dizem que essa é a melhor Escola do DF. Fico imaginando como é a pior - afirma Lucélio.
Às vésperas da aposentadoria, o Professor de Geografia e Artes Francisco Chagas Rocha, o Paco, de 64 anos, vê descaso na forma como os governos, depois de eleitos, tratam o magistério:
- Se você ganha seis ou sete mil reais por mês, acaba ganhando (líquido) 3.500 reais. E o GDF (governo do Distrito Federal), escreva aí, por favor, o GDF, cretinamente, diz que o Professor ganha bem - diz Paco.
Formados em Medicina têm maior renda média
Engenharias também dão alto retorno financeiro
No outro extremo das carreiras universitárias, o Censo 2010 do IBGE mostra que nenhuma outra área é tão vantajosa, em termos financeiros, quanto Medicina. Os médicos têm os maiores salários e a menor taxa de desemprego entre profissionais com nível superior: apenas 0,7%.
Engenharia Civil e Construção é a segunda de melhor remuneração no país e a terceira com menor taxa de desemprego (1,7%). Ao menos no que diz respeito ao desemprego, as carreiras Docentes não são tão ruins, com taxas médias próximas a 3% (a média nacional para todas era de 8% em 2010)
- O caso da Medicina chama atenção. Taxa de desocupação baixa, renda média elevada e 42% dos profissionais possuem dois empregos (ou mais), fixando-se em grandes centros urbanos. Há déficit de profissionais para suprir a demanda nacional e elevada concentração nos grandes e médios centros urbanos - diz Henrique Heidtmann, coordenador de graduação da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV.
Para ele, este quadro levanta um desafio importante de fixação de profissionais em regiões afastadas dos centros urbanos, que precisam oferecer salários bem maiores que os dos grandes centros e, mesmo assim, encontram dificuldades para contratar médicos.
Presidente da Federação Nacional dos Médicos, Cid Carvalhaes ressalta que médicos trabalham, em média, 62 horas semanais, o que ajudaria a explicar a renda elevada, e reclama de vínculos empregatícios precários e de falta de segurança e equipamentos:
- Não tem desemprego para médico hoje. Tem subemprego. Para conseguir esse salário médio mensal, ele cumpre jornada 50% maior que a de qualquer outro profissional e trabalha à noite, aos sábados, domingos e feriados.
Na avaliação de Edson Nunes, pró-reitor da Universidade Candido Mendes e ex-presidente do Conselho Nacional de Educação, apesar de algumas carreiras terem renda e desemprego maiores que outras, as taxas são sempre melhores que as da população sem diploma universitário. Mas pondera que nem sempre o profissional de nível superior consegue emprego em sua área. de formação.
Professor da FGV, Kaizô Beltrão observa outro ponto importante:
- Existem atividades em que há pessoas com diplomas de nível superior atuando em profissões que requerem só nível médio ou outros níveis. São profissionais com diploma de nível superior atuando em posições que não exigem graduação.

fonte: http://www.todospelaeducacao.org.br/com ... r-salario/




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Re: EDUCAÇÃO

#157 Mensagem por akivrx78 » Seg Mai 21, 2012 12:56 pm

Angola elege sistema de ensino da Coreia do Sul
Por Redação

O embaixador de Angola na Coreia do Sul, Albino Malungo, considerou que o sistema de educação da Coreia do Sul «é um dos melhores do Mundo, pelo que Angola deve aproveitar as oportunidades que lhe são oferecidas neste domínio, para formação de quadros, ao abrigo da cooperação entre os dois países».

Albino Malungo lembrou que em 1960 o PIB da Coreia do Sul era inferior ao de Angola, pelo que «o segredo do sucesso reside no seu sistema de educação, cuja qualidade levou o país à lista das nove economias mais desenvolvidas do Mundo».

O embaixador deu o exemplo da província de Daegu, que tem 13 universidades para 500 mil habitantes. Província que está em negociações para parcerias com Huambo e Uíge.

Albino Malungo revelou que está a desenvoolver contactos para parecrias entre universidades e bolsas de estudo para angolanos se formarem na Coreia do Sul.
16:35 - 21-05-2012

http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=332484




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Re: EDUCAÇÃO

#158 Mensagem por Dall » Seg Mai 21, 2012 8:03 pm

Bourne escreveu:Seguindo a sua linha Einstein era um idiota por que era um físico teórico que criou uma hipótese que demorou duas décadas para ser testada. E mais de meio século para ter utilidade prática. Muita coisa que parece não ter utilidade hoje sendo mera peça teórica poderá indicar caminhos para criar algo revolucionário daqui um século. Este tipo de pesquisa possui um papel importante em toda a área.
Bourne, não force a barra.

A minha "linha" não tem nada haver com o caso do Einstein.

O que estou dizendo pura e simplesmente é que tem muita pesquisa no Brasil (como também há em outros países) que serve somente para engrossar os currículos de professores, que sob a óptica do mercado pouco valem.




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Re: EDUCAÇÃO

#159 Mensagem por Brasileiro » Seg Mai 21, 2012 8:58 pm

Dall escreveu:
Bourne escreveu:Seguindo a sua linha Einstein era um idiota por que era um físico teórico que criou uma hipótese que demorou duas décadas para ser testada. E mais de meio século para ter utilidade prática. Muita coisa que parece não ter utilidade hoje sendo mera peça teórica poderá indicar caminhos para criar algo revolucionário daqui um século. Este tipo de pesquisa possui um papel importante em toda a área.
Bourne, não force a barra.

A minha "linha" não tem nada haver com o caso do Einstein.

O que estou dizendo pura e simplesmente é que tem muita pesquisa no Brasil (como também há em outros países) que serve somente para engrossar os currículos de professores, que sob a óptica do mercado pouco valem.
Acho isso bastante perigoso e até mesmo 'anti-científico'.

Entendo o que você quer dizer, mas se formos olhar apenas para o viés mercadológico da coisa, então o saber encontrará finalmente um "fim". Meu irmão é da matemática pura e foi com ele que aprendi a dar valor a esta ciência menos palpável mas que abre horizontes lá na frente e isto valida o que disse o Bourne: Não podemos cair no utilitarismo do conhecimento, porque, historicamente, todo o conhecimento desenvolvido até agora foi útil, mesmo que a grande prazo ou que não houvesse alguma perspectiva de utilidade num horizonte visível, eles acabaram sendo importante depois.

Mas entendo o problema apontado por você, de pesquisas apenas para fazer número, mas quis destacar este ponto.


abraços




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Re: EDUCAÇÃO

#160 Mensagem por akivrx78 » Qua Mai 23, 2012 5:42 am





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Re: EDUCAÇÃO

#161 Mensagem por Bourne » Sex Mai 25, 2012 1:56 pm

Interessante é que os docentes não se entendem em relação a greve e objetivos.

Segundo Prof. Marco Cavallliere que foi vaiado na reunião do sindicato. E tinha meia dúzia.
Greve. Estou pensando na greve. E estou pensando que a carreira proposta pela ANDES-SN vai criar um impasse na negociação que não será superado. Eles querem "premiar" o tempo de serviço de quem entrou antes do doutorado. Parece que nós, que entramos com doutorado, ficamos de férias até o final do doutorado e só começamos a trabalhar depois de aprovados em concurso. Ah, e tem colegas em situação ma...is grave, aqueles que fizeram pós-doutorado antes de entrar. Então, além do privilégio de aposentar-se mais cedo, além do privilégio de fazer o doutorado muitas vezes liberado com remuneração integral, ainda querem ficar lá em cima na carreira? Isso enquanto os mais novos ficaram ganhando a bolsa de 1,8 mil, sem contar tempo de aposentadoria e sem a certeza do emprego garantido? Vocês estão de brincadeira, né, ANDES-SN? Ainda temos que levar em conta que as atividades exercidas por doutores não são as mesmas que as exercidas por mestres e graduados. De jeito nenhum. Simplesmente, só doutores trabalham na pós-graduação. Não tenho nada contra os colegas que fizeram doutorado com liberação e com emprego garantido. Legal, se eu tivesse a mesma oportunidade, teria feito também. Mas, daí para fazer um projeto pelo qual parece que os entrantes ficaram de férias até a aprovação no concurso, há uma grande distância. É sacanagem, pura e simples. O velho problema do insider/outsider.
Quem vaiou? Os que entraram antes de concluir o doutorado e pós-doutorado. Eles querem defender o deles e são grande parte dos docentes. Por que ainda é muito comum contratar graduandos e mestres para federais. Quando deveria ter como prioridade ou exclusividade doutores para dedicação exclusiva.




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Re: EDUCAÇÃO

#162 Mensagem por LeandroGCard » Sex Mai 25, 2012 2:32 pm

Brasileiro escreveu:
Dall escreveu: Bourne, não force a barra.

A minha "linha" não tem nada haver com o caso do Einstein.

O que estou dizendo pura e simplesmente é que tem muita pesquisa no Brasil (como também há em outros países) que serve somente para engrossar os currículos de professores, que sob a óptica do mercado pouco valem.
Acho isso bastante perigoso e até mesmo 'anti-científico'.

Entendo o que você quer dizer, mas se formos olhar apenas para o viés mercadológico da coisa, então o saber encontrará finalmente um "fim". Meu irmão é da matemática pura e foi com ele que aprendi a dar valor a esta ciência menos palpável mas que abre horizontes lá na frente e isto valida o que disse o Bourne: Não podemos cair no utilitarismo do conhecimento, porque, historicamente, todo o conhecimento desenvolvido até agora foi útil, mesmo que a grande prazo ou que não houvesse alguma perspectiva de utilidade num horizonte visível, eles acabaram sendo importante depois.

Mas entendo o problema apontado por você, de pesquisas apenas para fazer número, mas quis destacar este ponto.


abraços
Parece estar havendo uma certa confusão neste tópico com relação ao escopo das pesquisas, se teóricas ou aplicadas. A distinção entre elas eu detalho no meu texto abaixo, para quem ainda não leu:

http://www.recantodasletras.com.br/artigos/2377521

Como está colocado no texto, os centros acadêmicos de pesquisa (universidades, institutos e laboratórios governamentais, etc...) são focados na pesquisa pura (ou básica, ou teórica), e para isso estão organizados. Pode até acontecer que uma ou outra pesquisa desenvolvida aí tenha aplicação prática, mas não é este o objetivo buscado quando se monta uma instituição destas e esperar ou ainda pior, cobrar que seus pesquisadores se dediquem prioritariamente à pesquisa aplicada é simplesmente irrealista, na grande maioria dos casos eles sequer tem CONHECIMENTOS para isso, pois são especialistas em algum setor muito específico, tendo pouco ou nenhum contato com detalhes práticos que dão o próprio contexto da pesquisa aplicada. Não se espera que um doutor especialista nas equações de Navier-Stokes com 20 anos de carreira em um centro de pesquisas sobre mecânica dos fluídos saiba que detalhes poderiam ser aperfeiçoados em um avião ou helicóptero para torná-los mais competitivos no mercado, ele pode no máximo dar consultoria a engenheiros de projeto que tenham chegado a algum detalhe específico cuja solução ele possa conhecer ou talvez (geralmente não funciona bem) desenvolver.

A pesquisa aplicada é feita principalmente DENTRO DAS EMPRESAS, visando conseguir desenvolver novos produtos e técnicas de produção tendo em vista alcançar vantagens comerciais. A maioria dos resultados mais úteis e interessantes sequer pode vir a público, são segredos industriais guardados a sete chaves ou no máximo vendidos como produtos também (as famosas ToT's). Como um pesquisador de uma universidade iria ficar se fosse proibido de publicar o trabalho que desenvolveu durante anos?!? A melhor coisa que um governo pode fazer para incentivar este tipo de pesquisa é criar um ambiente para que as empresas nacionais tenham interesse em desenvolver novos produtos e tecnologias, ou seja, dar condiçães a que elas possam competir entre si e com outras empresas de fora com possibilidades reais de ganhos significativos. Fora isso o máximo que se pode aspirar das pesquisas são citações em revistas científicas ou algum prêmio Nobel, mas muito pouco ganho para a economia ou a sociedade do país.


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Re: EDUCAÇÃO

#163 Mensagem por felipexion » Sáb Mai 26, 2012 10:20 pm

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Re: EDUCAÇÃO

#164 Mensagem por Brasileiro » Dom Mai 27, 2012 1:12 am

Educação fora da escola
Sem educação formal, irmãos ganham prêmios
Fora de escola desde 2006, os jovens estudam em casa apenas os temas que lhes interessam e não pensam em cursar faculdade
26 de maio de 2012 | 21h 44
Notícia

Ocimara Balmant e Fernanda Bassette, de O Estado de S. Paulo
Davi e Jônatas estão com as malas prontas para a primeira viagem ao exterior: vão para a Califórnia em agosto. Ganharam as passagens e a estadia para a Campus Party americana após vencerem um concurso na edição brasileira do evento.

Por aqui, eles concorreram com mais de 7 mil "nerds", egressos dos cursos de Engenharia e Ciência da Computação. O currículo dos campeões, no entanto, é bem mais modesto. Eles abandonaram a escola antes de concluir o ensino fundamental.

Os dois foram educados pelos próprios pais, em casa. "Se eu estivesse no colégio, estaria entrando na universidade. Em casa, foquei apenas no que gosto. Não perdi tempo nas disciplinas que não me interessam", diz Davi, de 19 anos. Jônatas, um ano mais novo, alfineta: "Mesmo porque o melhor é ter uma boa ideia. Depois, se for preciso, coloco um engenheiro para programar".

A cada afirmação, os dois olham de soslaio para o pai, sentado no sofá ao lado e se segurando para ele mesmo não responder a todas as perguntas. A cada prêmio dos filhos - só nos primeiros quatro meses deste ano eles já ganharam cerca de R$ 30 mil em concursos - Cléber Nunes se convence ainda mais da decisão tomada no fim de 2005, quando Jônatas e Davi terminaram a 5.ª e a 6.ª série.

"Mas, mesmo com todos esses prêmios, ainda dizem que neguei educação para os meninos", diz o pai, referindo-se ao crime de abandono intelectual pelo qual ele e a mulher, Bernadeth Nunes, foram condenados em 2010. Também teriam de pagar uma multa, estimada hoje em R$ 9 mil, pela condenação em um processo na área cível por descumprir o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). "Não quitamos porque temos certeza de que nossos filhos receberam instrução adequada", afirma a mãe.

Quem a vê tão convicta nem imagina que ela era terminantemente contra a decisão do marido. Tanto que, na primeira tentativa de Cleber, no fim de 2004, Bernadeth vetou a ideia. Para convencer a mulher, ele foi aos Estados Unidos, conheceu famílias que praticavam o ensino domiciliar e trouxe uma mala cheia de material sobre o tema.

Começava aí seu processo de "doutrinação" que só tem ganhado adeptos. A mais nova convertida é a pequena Ana, a caçula da família. Aos 5 anos, ela já sabe ler e escrever, é fluente em inglês e, apesar de nunca ter frequentado uma escola, tem uma opinião formada sobre o que se aprende na instituição: "Nada".

Informal. A sala de aula da menina é um cantinho do escritório coletivo que fica no térreo do sobrado em que a família vive, no município mineiro de Vargem Grande. No espaço, as bonecas ficam junto dos livrinhos de tecido costurados por Bernadeth.

Enquanto a mãe ensina a menina a ver as horas, Jônatas desenvolve um software para informatizar as mercearias do município, e Davi é capaz de se esquecer de comer só para programar os códigos que darão origem a um programa capaz de ajudar os candidatos a vereador e a prefeito a mapear redutos eleitorais e traçar estratégias de comunicação.

Creditam todo o aprendizado à técnica implementada pelo pai, autodidata que saiu da escola no 1.º ano do ensino médio.

Assim que os tirou da colégio, Cléber os ensinou lógica, argumentação e aritmética, base a partir da qual eles poderiam estudar o que lhes conviessem. Davi e Jônatas decidiram ignorar disciplinas como química, biologia e geografia. "Por que eu deveria saber o que são rochas magmáticas?", questiona Jônatas.

Das disciplinas oficiais, ficou somente o inglês. Para estimular a fluência, Cléber comprava cursos de informática em inglês e pedia que os filhos legendassem documentários.

Atualmente, cada um faz seu currículo e seu horário. Mas nunca são menos de seis horas diárias, seis dias por semana. Jônatas, webdesigner, dispersa fácil, tanto que decidiu sair do Facebook para não perder tempo. Davi, programador, é mais centrado, cumpre à risca a grade horária colada no mural do seu quarto, ao lado de onde se vê um versículo bíblico em hebraico, idioma que ele aprendeu sozinho com o intuito de compreender melhor textos do livro sagrado.

Motivação. A retirada dos filhos da escola coincidiu com a decisão da família por uma vida mais simples e de retorno a padrões morais descritos na Bíblia.

Cléber abriu mão de sua empresa de produtos de aço inoxidável, como troféus e placas de honra, para fabricar as peças no quintal de casa. Bernadeth, que era decoradora e cursava Arquitetura, abandonou o curso e, desde então, dedica-se a cuidar da casa e a alfabetizar a filha.
http://www.estadao.com.br/noticias/vida ... 8400,0.htm

Para quem quiser ler mais sobre isso, pesquise pelo termo 'homeschooling'



abraços]




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Re: EDUCAÇÃO

#165 Mensagem por Bourne » Dom Mai 27, 2012 2:36 am

Na greve o pessoal não se entende. Existem evidência do professor doutorado que faz pesquisa e lidera algo em relação aos graduando, mestres e doutores que não fazem nada. O segundo grupo que transformar a carreira como se fosse qualquer outro servidor público permitindo que não faça nada e seja premiado. Enquanto o primeiro quer adicionais pela produtividade e atividades de pesquisa. O sindicato colocou na pauta as revindicações do grupo dos mestres e graduandos por que são a maioria e muitas vezes não fazem nada. Conheço casos descarados. Se premiar a meritocracia muitos teriam que se mexer e eles não querem. Por que alguém com a mesma titulação vai ganhar igual independente de se esforçar ou não. O diferencial vai ser uma bolsa ou projeto que é insignificativo e esporádico. :?

Esse é um dos motivos que a greve não levará a nada. Principalmente por que para o governo é interessante premiar o mérito e essa a ideia. Porém a pressão corporativa dos mestres e outros refletida no sindicato não permite. Interessante é que os de mais nome não se metem nisso e defendem as suas posições frente ao sindicato. Não quer dizer que seja os professores mais antigos. Muito jovem que encontraram recentemente para garantir uma boquinha quer que fiquem assim. Vergonhoso e enquanto não se premiar o mérito continuará existindo.




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