Programa de Reaparelhamento da Marinha

Assuntos em discussão: Marinha do Brasil e marinhas estrangeiras, forças de superfície e submarinas, aviação naval e tecnologia naval.

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Luís Henrique
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15421 Mensagem por Luís Henrique » Sex Out 20, 2017 11:02 am

Energys escreveu:
alex escreveu:Eu li, mas quantos destes não estarão em manutenção ou servindo em outras áreas do país? Quantos a MB disponibilizará para o Ocean operar completo? A verdade é que o navio vai operar subutilizado a maior parte do tempo. Um navio menor teria um custo de operação menor, compativel com o orçãmento da MB. Associado ao tempo que resta para este navio ser desativado não deve compensar sua aquisição.
Você sabe a capacidade média do HMS Ocean em transporte de helicópteros? Cerca de 16, dado o porte das máquinas embarcadas, este número varia. Outra informação: nem a Royal Navy o opera com a capacidade máxima de aeronaves, o motivo é óbvio. Creio que você saiba como foi utilizado o A-11 Minas Gerais durante a maior parte de sua vida operacional na Marinha, falar em subutilização não é correto.
Qual navio menor, novo, construído do zero, você sugere que apresente o mesmo custo-benefício que ele pode dar à Marinha? Se está pensando naquela classe "Makassar", esqueça. Não se engane com isso.
Qual o tempo que resta para o navio? Você sabe? Pois bem, ilações desse tipo não podem ser feitas sem base em fatos. É por isso que se fará vistoria no navio caso a Marinha ainda tenha interesse nesta aquisição.

Att.
A Marinha vai receber MAIS helicópteros H-225M.
Ao todo serão 15 deste modelo.

Fora todos os outros helicópteros que JÁ estão em uso pela marinha, citados alguns posts atrás.

A MB aposentou o A-12 São Paulo e um navio com as capacidades do Ocean seria EXCELENTE para a MB.

Seria nosso navio Capitânia. Com o moderno radar Artisan 3D ele proveria uma boa capacidade de consciência situacional para nossa frota naval.
A MB está sucateada, como as demais forças, mas possui uma frota de helicópteros MODERNOS.
Este navio aliado à nossos helicópteros H-225M e Sea Hawk garantiriam à nossa MB, capacidades equivalentes à países de 1º mundo.

Comparar com Makassar, não da.
São navios de porte muito diferente.

Agora, o melhor de tudo isso é que o navio é SEMI-NOVO, portanto o valor divulgado de cerca de U$ 80 mi NÃO É CARO para um navio com estas capacidades.

Veja, a MB está engajada em aprovar a construção de 4 Corvetas Classe Tamandaré.
A operação está avaliada em U$ 1,8 BILHÕES.

U$ 80 ou U$ 100 mi pelo Ocean NÃO vai quebrar a Marinha.
E trará uma capacidade MUITO DESEJADA.

Imagine que algumas opções divulgadas pela mídia dêem certo:

1) Aquisição do Ocean
2) Aquisição de 3 Fragatas OHP Australianas
3) Modernização de 3 Fragatas Classe Niterói
4) Construção de 4 Corvetas Classe Tamandaré

Em poucos anos a MB, se conseguir emplacar esses projetos e aquisições, estará com um Navio Capitânia, com helicópteros Modernos H-225M e Sea Hawk.
E escoltados por 3 Fragatas OHP com capacidade de Defesa antiaérea de ÁREA com mísseis SM-2.
Mais 3 Fragatas Classe Niterói. Mais 4 Corvetas Tamandaré. Mais a Corveta Barroso.

Não é nenhuma Brastemp, mas é MUITO mais do que temos hoje.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15422 Mensagem por pmicchi » Sex Out 20, 2017 5:24 pm

Lord Nauta escreveu:
pmicchi escreveu:acho que vai ter muito mais concorrencia para comprar esses River do que o Ocean.

Poucos paises tem meios aéreos suficientes para operar um navio como o Ocean. Mesmo a MB não tem o suficiente para usar ele completamente.

Prezado Colega,


Em relação a quantidade de aeronaves a MB na realidade tem falta de plataformas (navios).No momento excluindo os Jet Ranger a AN conta com as seguintes aeronaves aptas a operação embarcadas:

7 UH-14
5 UH-15
6 SH-16
12 AH-11A
26 UH 12/13

Total: 56 aeronaves

Sds


Lord Nauta
Então,

Eu já excluo de cara os UH12/13, não faz sentido embarcar helicopteros desse porte no Ocean. Mesmo no caso dos Super Lynx (AH-11) nao faz sentido, poia eles são necessarios para uso em escoltas e outros navios menores.

Sobram os UH-14 (e futuramente UH-15) que podem ser usados em operações anfibias. O Ocean pode operar mais de 20 desses helicopteros e não temos tantos. Teoricamente os helicopteros ASW podem ser usados para isso também, mas não é o ideal.

Num outro cenario, o Ocean poderia operar em controle maritimo, usando UH-15A e SH-16. De novo, teremos muito menos vetores que a capacidade do navio.

Não invalido a compra do Ocean por conta disso, até porque nem temos plataformas suficientes para o pouco que temos hj, só estava comentando que é um navio bem grande. Não é diferente da situação que tinhamos com o Sao Paulo, na verdade.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15423 Mensagem por Energys » Sex Out 20, 2017 11:01 pm

pmicchi escreveu:Então,

Eu já excluo de cara os UH12/13, não faz sentido embarcar helicopteros desse porte no Ocean. Mesmo no caso dos Super Lynx (AH-11) nao faz sentido, poia eles são necessarios para uso em escoltas e outros navios menores.

Sobram os UH-14 (e futuramente UH-15) que podem ser usados em operações anfibias. O Ocean pode operar mais de 20 desses helicopteros e não temos tantos. Teoricamente os helicopteros ASW podem ser usados para isso também, mas não é o ideal.

Num outro cenario, o Ocean poderia operar em controle maritimo, usando UH-15A e SH-16. De novo, teremos muito menos vetores que a capacidade do navio.

Não invalido a compra do Ocean por conta disso, até porque nem temos plataformas suficientes para o pouco que temos hj, só estava comentando que é um navio bem grande. Não é diferente da situação que tinhamos com o Sao Paulo, na verdade.
Equivocado. UH-12/13 podem dar apoio no desembarque anfíbio, com metralhadoras e foguetes. Além de fazerem as vezes de helicópteros de busca e resgate. Não é regra que os AH-11 devam, obrigatoriamente, operar das escoltas, isso varia de missão para missão.

Errado. O Ocean não opera com mais de 18 aeronaves. Comumente não passa de 16 na poderosa Royal Navy.

São 6 SH-16 e 4 UH-15A. Sendo conservador, se 50% desses forem embarcados (cinco) representam cerca de 30% do número médio de helicópteros operados pela RN no Ocean.

Comparar o Ocean com o São Paulo é o maior erro que se pode cometer, sob qualquer ponto de vista.

Att.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15424 Mensagem por pmicchi » Sex Out 20, 2017 11:32 pm

Eu não comparei o Sao Paulo com o Ocean, apenas comentei que também operávamos o São Paulo com um numero muito menor de aeronaves do que ele poderia operar. Se adquirirmos o Ocean, provavelmente acontecerá o mesmo.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15425 Mensagem por Energys » Sáb Out 21, 2017 1:35 am

pmicchi escreveu:Eu não comparei o Sao Paulo com o Ocean, apenas comentei que também operávamos o São Paulo com um numero muito menor de aeronaves do que ele poderia operar. Se adquirirmos o Ocean, provavelmente acontecerá o mesmo.
Nem o NDM Bahia opera com capacidade máxima de aeronaves fora de uma missão real, que poderia ser, por exemplo, em algum deslocamento de uma força de paz para a África.
A vida operacional não é feito de questões rígidas. Prender-se em números por vezes turva a visão do global das questões. Nem sempre se opera full um meio em treinamentos ou operações de menor intensidade, e nem em operações reais se carrega um meio estratégico com tudo o que se tem.

Att.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15426 Mensagem por Lord Nauta » Sáb Out 21, 2017 2:02 am

pmicchi escreveu:Eu não comparei o Sao Paulo com o Ocean, apenas comentei que também operávamos o São Paulo com um numero muito menor de aeronaves do que ele poderia operar. Se adquirirmos o Ocean, provavelmente acontecerá o mesmo.

Embarquei no São Paulo com Esquilos integrando o GAE.


Sds


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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15427 Mensagem por Energys » Sáb Out 21, 2017 3:06 pm

Lord Nauta escreveu:Embarquei no São Paulo com Esquilos integrando o GAE.

Sds

Lord Nauta
A França opera Gazelle e Alouette III nos seus Mistral e no Charles de Gaulle.

Att.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15428 Mensagem por Luís Henrique » Sáb Out 21, 2017 3:25 pm

pmicchi escreveu: Então,

Eu já excluo de cara os UH12/13, não faz sentido embarcar helicopteros desse porte no Ocean. Mesmo no caso dos Super Lynx (AH-11) nao faz sentido, poia eles são necessarios para uso em escoltas e outros navios menores.

Sobram os UH-14 (e futuramente UH-15) que podem ser usados em operações anfibias. O Ocean pode operar mais de 20 desses helicopteros e não temos tantos. Teoricamente os helicopteros ASW podem ser usados para isso também, mas não é o ideal.

Num outro cenario, o Ocean poderia operar em controle maritimo, usando UH-15A e SH-16. De novo, teremos muito menos vetores que a capacidade do navio.

Não invalido a compra do Ocean por conta disso, até porque nem temos plataformas suficientes para o pouco que temos hj, só estava comentando que é um navio bem grande. Não é diferente da situação que tinhamos com o Sao Paulo, na verdade.

O Nae São Paulo é 40 ANOS MAIS VELHO em relação ao Ocean.
Possuía tripulação de + de 1.000 homens contra 285 do Ocean.
A propulsão não inclui caldeiras a vapor, é bem menos complexa e barata.

Enfim, é um navio relativamente novo e bem mais barato de operar do que era o A-12.

E foi MODERNIZADO RECENTEMENTE, incluindo radar 3D moderno, sistemas CIWS, etc.

E ninguém vai operar o meio no máximo de sua capacidade.
A quantidade de helicópteros que possuímos HOJE já é suficiente para operá-lo a contento.
E a MB ainda receberá mais uns 10 H225M nos próximos anos.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15429 Mensagem por FCarvalho » Sáb Out 21, 2017 4:07 pm

Como não se vai ter Nae nos próximos anos, o que temos é o que ainda vai se receber em termos de helos dá para usar o Ocean por muitas décadas, dado o histórico da MB.
Considerar também a substituição dos 7 AS332 que ainda estão operacionais e que, diga-se de passagem, são contemporâneos dos SP da força aérea. Ou seja, precisam ser retirados em breve. Se já não deviam ter sido.

abs




Um mal é um mal. Menor, maior, médio, tanto faz… As proporções são convencionadas e as fronteiras, imprecisas. Não sou um santo eremita e não pratiquei apenas o bem ao longo de minha vida. Mas, se me couber escolher entre dois males, prefiro abster-me por completo da escolha.
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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15430 Mensagem por Lord Nauta » Seg Out 23, 2017 11:55 am

INSIDER/IDEIAS: A Marinha deve encolher? E como se faz isso? Dispensando pessoal? Parando navios? Economizando nas patrulhas? Deixando passar as oportunidades?

Posted by Roberto Lopes (jornalista de fato com conhecimento profundo da estratégia naval brasileira).

Um capitão de fragata que há pouco deixou a ativa me disse quarta-feira passada à tarde (18.10), pelo telefone: “a Marinha precisa encolher, Roberto. Esses jovens tenentes e capitães tenentes, ou corvetas, vão estagiar na Marinha dos Estados Unidos quando são moços, conhecem aquela maravilha, e quando se tornam almirantes querem transformar a Marinha do Brasil numa US Navy… Não pode dar certo! E foi o que o [ex-Comandante da Marinha almirante] Moura Neto fez!…
A crítica ao estilo visionário do almirante de esquadra Julio Soares de Moura Neto, chefe da Marinha do Brasil (MB) entre 2007 e 2015 (e hoje recolhido ao seu apartamento de Copacabana, no Rio), é recorrente.
Com ele a Força Naval Brasileira engajou-se em um programa bilionário de submarinos franceses da classe Scorpène que vem sacrificando os cofres da Força, investiu na aquisição de meia dúzia de modernos helicópteros antissubmarinos MH-16, na reforma das aeronaves de ataque Lynx, e tomou as primeiras providências para obter o navio-doca de assalto anfíbio Siroco (atual NDM Bahia).
Outros sonhos de Moura Neto ficaram pelo caminho, como a aquisição de convertiplanos V-22 Osprey, de 60 milhões de dólares a unidade…
Em defesa do ex-Comandante da Marinha é preciso ressaltar: em seu período de gestão, o Brasil era outro.

A Era Lula foi convencida a equipar a Marinha com patrulheiros e submarinos para a defesa do Pré-Sal (!), e não havia, para dizer o que era bom ou ruim (o que podia ou não podia), um Henrique Meirelles – com aquela sua expressão permanentemente impenetrável (do médico que precisa dar uma notícia terrível à família do paciente…).
Providências – Mas isso é passado, e quem se prende a divagar sobre o passado às vezes perde o foco sobre o que realmente importa: prever e equacionar o futuro.
Assim, a pergunta é (ou as perguntas são):
A Marinha precisa mesmo encolher?
E como se faz isso?
Diminuindo o número de almirantes? Substituindo o vinho branco servido no almoço deles por Água Prata? Brecando o crescimento do efetivo do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN)? Parando os navios nas bases para diminuir o consumo de combustível, das peças de reposição e de suprimentos? Cancelando a Viagem de Instrução dos Guardas-Marinhas? Deixando de lado as compras de oportunidade no mercado dos navios de guerra usados?
Até que ponto, em nome de uma temporada de dinheiro escasso (contingenciado) – à qual se somam as advertências catastróficas do ministro da Fazenda e o aparente desinteresse do Ministro da Defesa (em importunar o colega “chefe do cofre”) – temos o direito de levar a Força Naval à estagnação?
No Brasil, o problema é que essas “soluções heroicas” precisam ser aplicadas não a um país de 749 km de litoral, mas a um “continente ” de 7.491 km de costas debruçadas sobre o Oceano Atlântico, que devem ser tão patrulhadas quanto as centenas de milhares de vias navegáveis interiores do país, as famosas hidrovias (que só na Amazônia se estendem por mais de 25.000 km).
Domingo passado, militares da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) impediram que a embarcação Abençoado IV suspendesse do Porto Santa Efigênia, em Belém, para um passeio turístico até a praia do Caripi, no município paraense de Barcarena.
Inscrito na CPAOR e homologado para o transporte de até 326 pessoas, o barco de madeira estava com excesso de passageiros a bordo (foto), comprometendo a segurança de tripulantes e viajantes, e, pior, se preparava para uma saída clandestina, já que o comandante não apresentou aos inspetores da Marinha a devida autorização da Capitania para a realização da travessia.
No caso do Abençoado IV a MB efetivamente preservou algumas centenas de vidas, mas o episódio se refere a somente uma das 54.000 embarcações (!) que trafegam na área do 4º Distrito Naval…
Como estarão trabalhando os outras?
A Marinha certamente possui procedimentos e planos de contingência para garantir a boa ordem da navegação e, sobretudo, a segurança das plataformas em campos petrolíferos de alto mar. Mas essa rotina vem sendo cumprida? Há dinheiro para manter isso?
Ou o caminho é reduzir o porte da Autoridade Marítima Brasileira, responsável, dentre outras atribuições, pelo ordenamento das atividades da Marinha Mercante, e pela implementação e execução da Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário?
O propósito, nesse campo da Administração Pública, é assegurar a salvaguarda da vida humana e a segurança da navegação. Vamos nos lixar para isso?
Perspectiva histórica – Também é preciso refletir se, em nome de dificuldades conjunturais que podem estar completamente equacionadas em cinco ou dez anos, devemos deixar passar uma compra de oportunidade que serviria à Marinha pelas próximas duas décadas, ou mais.
Trata-se, aí, de brincar com a perspectiva histórica, desafiar o futuro, apostar em uma opção para afrontar o desconhecido, o que ainda está por vir.
Quem vai assumir esta responsabilidade?
O ministro de cavanhaque e óculos escuros que, do alto da sua empáfia intelectual, torce o nariz para os gastos fabulosos embutidos nos programas da Marinha (e amanhã estará de volta ao seu grotão pernambucano bebendo água de coco e reduzido ao anonimato)?
A coluna INSIDER está coligindo dados de dois estudos comparativos realizados por sites estrangeiros de assuntos militares, que concluem pela excelência do projeto técnico do porta-helicópteros britânico HMSOcean (L12), recentemente oferecido ao Brasil, que nem mesmo pode ser considerado um navio de concepção luxuosa. Até porque a Marinha de Sua Majestade controla os seus pounds com um pragmatismo implacável…
Na Marinha e fora dela, fontes comprometidas com a defesa dos interesses da indústria naval francesa – e a oferta do navio-aeródromo de 50.000 toneladas que ela tenta empurrar para o Brasil ao custo (mínimo) de 5,5 bilhões de Euros –, tentam denegrir as qualidades do Ocean (visto abaixo), em nome, justamente, da falta de recursos da Marinha para mantê-lo e operá-lo.
Tudo isso em uma Força Naval que tem 7.491 km de costas para defender.
Fosse o Brasil um país com o tamanho e a expressão marítima do Uruguai, ou do Equador, e o Ocean talvez pudesse, mesmo, ser considerado um luxo.
Mas no país-continente em que vivemos, ele é, sim, uma bela chance de elevarmos a capacidade expedicionária da MB – considerada uma “Marinha inferior” por muitos especialistas em Defesa europeus –, do seu Corpo de Fuzileiros Navais (de pouca experiência em missões d’além mar) e, especialmente, da sua Força Aeronaval (de muitas máquinas modernas e poucas plataformas marítimas).

A outra opção é transformar o CFN em uma guarda portuária, que brinca (de vez em quando) de alcançar as praias a bordo de botes a motor semi-rígidos, com seus militares gritando rá-tá-tá-tá, para fingir que disparam suas armas portáteis…
Mas esse, rigorosamente, não é o Brasil da Embraer, de Itaipú, das reservas de urânio, do petróleo enterrado na plataforma continental.
Hornets – Há casos certamente mais complicados de resolver, como o da Aviação Naval de Asa Fixa (abordei este assunto recentemente, em um texto sobre o futuro da Aviação de Naval de Combate nas Marinhas do Brasil e da Argentina).
E o problema aí não é a boa ou má Administração da Força Naval, mas as opções de alta tecnologia – e altíssimo custo – que se oferecem à Força.
A estratégia de momento é manter a qualificação dos pilotos navais de combate nos A-4KU Skyhawk que restam à Força, mas isso tem prazo para acabar: entre 2025 e 2027.
A Força Aeronaval, que já está incomodada com a demora do Comando da Marinha em definir a obtenção, ou não, do porta-helicópteros Ocean, começa a emitir sinais de descontentamento também com a falta de autorização para examinar um caça naval apto a substituir (com vantagens, obviamente) o A4 do Esquadrão Falcão.
Ironicamente, fontes do setor de Material da Marinha consultadas pela coluna apontam: a solução mais barata, preservada certa capacidade militar contemporânea, poderia vir, precisamente do país que nos vendeu os Falcões: o Kuait!
A cobiça, nesse caso, seria pelos F/A-18C/D Hornets que a Quwwat Aj Jawwaiya Al Kuwaitiya (Força Aérea Kuaitiana) encomendou em 1988 nos Estados Unidos: 32 monopostos F/A-18C e 8 bipostos F/A-18D Hornets. Aviões recebidos entre outubro de 1991 e agosto de 1993, e que (importante) ninguém sabe quando estarão disponíveis para a revenda.
Em 2008 os kuaitianos ainda mantinham 39 dos seus Hornets plenamente operacionais e, em fevereiro passado, o Comandante da Aviação Militar do Kuait revelou: esses jatos, sediados na Base Aérea Rei Khalid, haviam cumprido, aproximadamente, 3.000 sortidas nos céus do conflituoso Iêmen (sob a liderança ora de americanos, ora de militares sauditas).
A questão que desafia os chefes navais brasileiros é, porém, a que pode ser traduzida da seguinte maneira:
Vale a pena investir em um jato naval usado, nesse caso um dispendioso bimotor, que só poderá decolar de pistas em terra? A FAB não poderia fazer o mesmo serviço, caso fosse habilitada para tal?
Por que um país que não tem porta-aviões, como o Brasil, deve insistir na Aviação Naval projetada para ser Embarcada?
O fragata que defendeu para a coluna o “encolhimento” da Marinha, garante: dos 23 caças A-4 arrematados no Kuait ainda durante o governo Fernando Henrique Cardoso, menos de 10 voaram com regularidade no Esquadrão sediado na Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia.
Vamos trilhar de novo essa alternativa, de operar aviões de alta performance de segunda mão?
Ou é melhor descontinuar a Aviação Embarcada até que a Marinha possa voltar a crescer?
Obstinações – Alguns consideram que a insistência de parte da oficialidade na Aviação Embarcada de Asa Fixa mais parece uma obsessão, e que esse sentimento ficou reforçado agora, que a Esquadra já não possui mais um porta-aviões.
Mas nesse capítulo das compulsões é preciso dizer: algumas das obstinações da MB são elogiáveis, e ajudam a diferença-la de outras forças navais dessa parte do continente.
Refiro-me, claro, à fixação dos chefes navais brasileiros em manter, há quase 45 anos, o programa do seu submarino nuclear. E, mais importante, fazer isso sem recorrer a atalhos: desenvolvendo a tecnologia de enriquecimento do urânio, o reator nuclear e todo o sistema de propulsão do seu submersível movido a energia atômica – além do navio em si, claro.
Não tenho dúvidas de que esse trabalho está inscrito na História da Marinha do Brasil, e dela ainda será considerado um marco glorioso.
Em uma sexta-feira do início de novembro do ano passado tive a oportunidade de testemunhar, em São Paulo, o encontro do ministro da Defesa, Jungmann, com sete ou oito dos principais líderes da Base Industrial de Defesa.
Não ouvi deles – de nenhum deles –, uma palavra sequer de elogio ou reconhecimento ao esforço da Marinha em perseguir a meta do submarino nuclear. Ouvi só ironias, críticas aos gastos que o governo, por meio das verbas da Defesa, faz neste programa.
E isso de pessoas que estão entre as mais respeitáveis e de melhores resultados na produção de equipamentos militares no país, como o presidente da Embraer, Jackson Schneider (que, aliás, nem por isso tem relacionamento ruim com o Comandante da Marinha, ao contrário).
A Marinha também nunca desistiu de manter ativa uma Força de navios-varredores, mesmo que, para isso, precisasse estender a “vida útil” de embarcações de origem alemã construídas na década de 1970.
Um Request for Proposal para substituí-las será emitido no mês que vem, e a compra de novas unidades está agendada para acontecer até o início dos anos de 2020, quando os varredores da classe Aratu (Schültze) serão, enfim, dispensados.
Também virou uma fixação, na MB, lutar por meios aptos ao transporte e ao desembarque de tropas anfíbias – algo mais que compreensível em se tratando de uma corporação de efetivo numeroso – superior a 17.000 militares –, mais significativo que o de muitos exércitos do continente americano e do Caribe.
Os chefes navais argentinos, por exemplo, ensaiaram imitar o Brasil no programa do submarino nuclear, mas o fizeram sem o punch necessário; seu esquadrão de navios varredores foi dissolvido em 2003, e os navios de desembarque de fuzileiros navais faltam por completo, desde que o ARACabo San Antonio (Q-42) foi descomissionado, 20 anos atrás…
COMCONTRAM – Finalmente, é preciso considerar que não estamos sós no planeta. E nem no Atlântico Sul, que muitos estrategistas estrangeiros gostam de rotular como “o fim do mundo”, por sua desimportância no equilíbrio militar mundial.
Por um lapso, deixei de relatar aos leitores e foristas do Plano Brasil e da coluna INSIDER: durante minha conversa com o Comandante da Marinha, almirante Eduardo Leal Ferreira, na tarde de 1º de agosto passado, houve uma parte em que ele discorreu sobre as medidas de economia que lhe propuseram:
– Veja, Roberto, chegaram a me propor que eu desativasse o COMCONTRAM [Comando do Controle Naval do Tráfego Marítimo]. Como eu poderia fazer isso com esses problemas todos de pirataria na costa da África?
Verdade, almirante. O senhor não podia mesmo ter desativado o COMCONTRAM. Ainda bem que não fez isso.
Vamos em frente.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15431 Mensagem por FCarvalho » Seg Out 23, 2017 10:13 pm

Uma solução simples para acabar com os problemas de custeio e investimento da MB é a criação da Guarda Costeira. Mas todos aqui sabemos a opinião dos almirantes sobre isso.

No mais, seria prudente o alto comando da marinha estudar de perto e com zelo o plano de reorganização da FAB.

Tem muita coisa ali que poderia ser aproveitada em seu favor. Uma marinha menor e mais capaz, mas tanto operacional quanto tecnologicamente, com certeza não seria um problema para ninguém.

O MF é do planejamento agradeceriam.

É nós pagadores de impostos também.

abs




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15432 Mensagem por Juniorbombeiro » Seg Out 23, 2017 11:12 pm

Caras, é verdade esse negócio de servir vinho nas refeições do almirantado? Eu não tenho nenhuma convivência de caserna, mas isso na minha humilde opinião é um absurdo, por mais irrelevante que possa parecer, as coisas tem que começar pelo exemplo, sei que a vida militar tem suas tradições e méritos, mas isso é extremamente desnecessário.




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15433 Mensagem por FCarvalho » Seg Out 23, 2017 11:55 pm

Sabe de nada inocente... :mrgreen:

abs




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15434 Mensagem por gusmano » Ter Out 24, 2017 11:34 am

Se fosse só vinho, tava ótimo. rs




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Re: Programa de Reaparelhamento da Marinha

#15435 Mensagem por Lord Nauta » Ter Out 24, 2017 3:30 pm

Estaleiros pernambucanos lutam para sobreviver! Vard Promar aguarda ansiosamente que projeto das CCT avance…


Por Roberto Lopes (JORNALISTA ARROJADO PERTENCENTE A ELITE DA MÍDIA ESPECIALIZADA EM DEFESA)


O Portal Marítimo reproduziu, nesta segunda-feira (23.10), reportagem da jornalista Adriana Guarda, do Jornal do Comércio Online, que trata da situação dos dois principais estaleiros pernambucanos, e da expectativa que um deles, controlado pelo grupo italiano Fincantieri, alimenta acerca do programa das quatro corvetas classe Tamandaré (CCTs).

Eis o texto:

“Estaleiros de Pernambuco buscam novas encomendas''



Em Pernambuco, os estaleiros trabalham para vencer a tormenta e manter viva a indústria naval no Brasil. O esforço diário é para conquistar novas encomendas, continuar avançando na curva de aprendizagem e se defender de ameaças contra o setor. Há dez anos em operação, o Atlântico Sul (EAS) é referência no País. Nos últimos anos vem investindo em infraestrutura, tecnologia, processos e gestão para garantir competitividade e se transformar num player mundial.

Desde que chegou ao EAS, em 2014, o gaúcho Harro Burmann tem a missão de melhorar os indicadores. E conseguiu. Na sua gestão a produtividade aumentou cinco vezes, baixando de 300 para 60 horas-homem (medida para calcular eficiência). Usando a tecnologia de megablocos, o EAS também avançou

no tempo de produção dos navios, que passou de um para quatro por ano. Até maio de 2019, a indústria vai entregar cinco petroleiros Aframax DP à Transpetro.

Apesar dos avanços, a crise na Petrobras e na Sete Brasil reduziu de 29 para 15 embarcações a carteira de encomendas do empreendimento. “Estamos atentos a demanda do mercado de cabotagem, que deve contratar entre oito e dez navios nos próximos anos. O segmento vem crescendo muito no País e existe uma procura por graneleiros e navios de contêiner”, diz Burmann.

O estaleiro também está de olho na demanda pelos cascos das unidades flutuantes de produção, armazenamento e transferência de petróleo, as chamadas FPSOs, estimada em 40 unidades. Para cada FPSO é necessário um navio DP (sistema que torna o posicionamento da embarcação mais preciso), gerando mais encomendas.

Outro contrato em negociação é a construção de cinco Suezmax DP para a empresa Satco de Cingapura, que poderão ser afretados pela Petrobras. “A companhia precisa divulgar essa demanda para que as empresas possam se preparar, porque só o tempo de desenvolvimento do projeto é de 18 meses. Estamos conversando com três grupos coreanos para escolher um parceiro tecnológico para esse projeto”, adianta Burmann.

VARD PROMAR

Vizinho de porta do EAS, o Vard Promar também teve os contratos de dois navios gaseiros cancelados pela Transpetro, de uma encomenda inicial de oito embarcações. Do total, cinco foram entregues e o último vai incorporar a frota da estatal no fim de 2018. Além desses, a empresa tem contrato de dois PLSVs (navios de lançamento de dutos) com o consórcio Dofcon, formado pela DOF e Technip. Controlado pelo grupo italiano Fincantieri, o Vard também está de olho na licitação de corvetas para a Marinha do Brasil.

“Vejo o Vard Promar muito bem posicionado para essa licitação pela qualidade de nossas instalações, sua adequação aos tipos de navios que a Marinha do Brasil necessita, e pela expertise do grupo Fincantieri na construção de navios militares sofisticados e tecnologicamente avançados. Dentre os grupos pré-qualificados para essa disputa, o grupo Fincantieri é o único com estaleiro no País”, diz o vice-presidente Sênior no Brasil, Guilherme Coelho.

Apesar dos avanços, o executivo demonstra preocupação com o cenário da indústria naval no Brasil. “O setor foi impactado pela crise mundial da indústria de óleo e gás, e pelo cenário político-econômico desafiador que o País vive, em especial a Petrobras. Além disso, a constante mudança de políticas públicas gera incerteza nos investidores”, observa”.




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