Comissões - CRE
Ministro defende a manutenção do serviço militar obrigatório
Nelson Jobim afirma à Comissão de Relações Exteriores que alistamento facultativo acabaria com a "mistura de classes sociais’’ nas Forças Armadas
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O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu ontem a manutenção do serviço militar obrigatório para os jovens brasileiros. Ao ser questionado sobre propostas em tramitação no Congresso Nacional destinadas a tornar o serviço facultativo, ele sustentou, durante audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que a obrigatoriedade ajuda a fazer das Forças Armadas um retrato mais fiel da sociedade brasileira.
Na opinião do ministro, acabar com a obrigatoriedade do serviço militar significaria "descolar as Forças Armadas da nação". Os efetivos das três Forças são profissionais, admitiu. Mas a inclusão nelas apenas de brasileiros provenientes dos setores mais pobres da sociedade – o que poderia ocorrer com o fim da obrigatoriedade – levaria a uma situação em que as Forças Armadas seriam "pagas para defender o Brasil pela outra parte de brasileiros".
– É isso o que queremos? Nossa opção sempre foi a de ter ali um grande nivelador republicano. As formaturas de turmas de militares nas Agulhas Negras ou em Piracicaba sempre demonstram que existe entre os formandos uma mistura de classes sociais. Perderemos isso se o serviço for exclusivamente facultativo – alertou.
Estratégia
Nelson Jobim foi convidado a comparecer à audiência para expor a Estratégia Nacional de Defesa, a pedido dos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Augusto Botelho (PT-RR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Em sua apresentação, ele ressaltou a instabilidade do atual cenário internacional, onde surgem novas ameaças, como conflitos não tradicionais, guerra cibernética e existência de armas de destruição em massa.
Um dos eixos da nova estratégia, como informou o ministro, é o da reestruturação da indústria de defesa. O Brasil, disse, deixou de ser apenas um "comprador de oportunidade" de equipamentos produzidos por outros países, exportando empregos. Jobim defendeu a mudança da atual legislação brasileira para garantir preferência, em licitações militares, a produtos produzidos no país. Ele observou que a estratégia inclui ações para os próximos 25 anos.
– Precisamos garantir a capacidade de o Brasil dizer não quando tiver que dizer não na conjuntura internacional. Daí a ligação com a estratégia de desenvolvimento do país – afirmou Jobim.