Guerra Moderna: Agua!!!
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- Francoorp
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
É importante saber como a escassez de água se distribui geograficamente para prever onde haverá maiores probabilidades de conflitos por ela.
[]s
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Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
a esse propósito um artigo do Expresso de 24-10-2009 , a situação na peninsula ibérica
Triste sina ter nascido português
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Portugal esta numa situação complicada em relação a este assunto,...a espanha é um visinho muito poderoso e tem forças armadas bem equipadas.
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
Carlo M. Cipolla
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Alguns dizem que não tem perigo de combater pela água potável:
http://www.geologo.com.br/aguahisteria.asp
E qual o uso da água no Brasil:
http://www.planetaorganico.com.br/aguabr.htm
Quanto a Portugal e Espanha, jà em 2025 ficam sem, segundo este site:
http://www.meteopt.com/forum/media/port ... -2603.html
Será que os dois vão combater uma guerra???
http://www.geologo.com.br/aguahisteria.asp
E qual o uso da água no Brasil:
http://www.planetaorganico.com.br/aguabr.htm
Quanto a Portugal e Espanha, jà em 2025 ficam sem, segundo este site:
http://www.meteopt.com/forum/media/port ... -2603.html
Será que os dois vão combater uma guerra???
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Guerra da água ameaça o século
Previsões de escassez global impõem ação rápida para evitar catástrofe de abastecimento e crise de segurança
Por Flávio Henrique Lino
A fartura de água no planeta Terra é enganadoramente aparente. Apenas 2,5% da massa líquida são compostos de água doce, e menos de 0,01%, de potável. Com o explosivo crescimento demográfico no século XX, a população triplicou nos últimos 70 anos, enquanto o consumo de água sextuplicou. Cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e 2,4 bilhões, a saneamento básico. Dos recursos hídricos disponíveis anualmente, 54% já são utilizados e, em 2025, poderemos estar usando 70%. As previsões da ONU são de que nesse ano dois terços da Humanidade viverão em países sofrendo de escassez de água. Para atender às demandas de água potável e saneamento básico são necessários investimentos de US$ 23 bilhões por ano, mas apenas US$ 16 bilhões são investidos, abrindo espaço, segundo a Organização Mundial de Saúde, para a morte anual de 3,4 milhões de pessoas por doenças transmitidas pela água.
Acabar com o desperdício, o maior desafio das próximas décadas
O quadro anunciado de escassez mundial de água nas próximas décadas põe na ordem do dia uma questão básica: como aproveitar melhor os recursos hídricos em função do crescimento populacional acelerado. O melhor aproveitamento da água é um dos caminhos apontados para tentar desativar o que especialistas consideram uma bomba-relógio.
Nas últimas três décadas, a área de terra irrigada - que responde por 40% da comida produzida no planeta - subiu de 200 milhões de hectares para 270 milhões, sugando 70% da água doce consumida anualmente. No entanto, 60% dessa água (ou seja, 42% do total geral consumido a cada ano) se perdem por ineficiência dos sistemas de irrigação. Para corrigir esse e outros problemas estruturais de aproveitamento da água, a ONG de pesquisa ambiental americana Worldwatch Institute propõe uma "revolução azul".
- À medida que a água se torna mais escassa no mundo, o desafio é descobrir como melhorar sua utilização e gastar menos - explica Sandra Postel, diretora do Projeto de Políticas Globais para Água do Instituto. - Teremos de combinar um uso mais eficiente da tecnologia com políticas corretas de alocação e gerenciamento de água. Assim, conseguiremos satisfazer as necessidades humanas sem tirarmos mais água do meio ambiente, protegendo a saúde dos rios, lagos e ecossistemas que sustentam nossas vidas e nossa economia.
Segundo Postel, está ocorrendo uma rápida deterioração dos ecossistemas de água doce e a não utilização do precioso líquido de forma sustentável já está gerando sérias conseqüências atualmente.
- Vários rios importantes secam em parte de seu percurso durante certas épocas do ano e muitas espécies de peixes e moluscos de água doce estão correndo o risco de extinção por mudanças em seu hábitat - adverte ela.
Uma outra mudança que o manejo adequado dos recursos hídricos vai exigir é a criação de uma nova mentalidade em relação à água. Até países como o Brasil - dono de quase um quinto das reservas de água doce da Terra e em tese a salvo de escassez - terão de se adaptar à futura realidade de um planeta que até 2050 verá sua população aumentar em 50%, passando a abrigar nove bilhões de habitantes.
- Precisamos mudar essa visão da sociedade de que a água é um recurso inesgotável e mostrar quer seu uso nos últimos séculos não foi eficiente - diz o pesquisador Samuel Roiphe Barreto, da sucursal brasileira da ONG ambientalista WWF, cujo Projeto de Conservação e Gestão de Água Doce visa a implantar um novo modelo de gerenciamento dos recursos hídricos do país por parte das autoridades e incutir uma nova mentalidade na população.
Além de incentivar uma postura mais responsável da sociedade em relação ao uso da água, Barreto cobra também do poder público uma linha de atuação diferente da atual.
- Qualquer intervenção nos rios hoje no Brasil passa por obras de engenharia, enquanto na Europa, por exemplo, já estão "renaturalizado" os cursos d'água, deixando-os correr livremente. Queremos garantir o atendimento da demanda de água, mas mantendo ao mesmo tempo a integridade dos sistemas aquáticos.
O Brasil já está dando passos na direção de uma nova visão de seu patrimônio líquido. Em 1997 foi aprovada a Lei no 9.433, instituindo a Política Nacional de Recursos Hídricos, que estabeleceu processos participativos da sociedade e novos instrumentos econômicos visando ao uso mais eficiente da água. Em 2000, foi criada a Agência Nacional de Águas (ANA) para implementar a lei. Com isso, espera-se que o país esteja finalmente rumando para corrigir a distorção de ser o detentor de 17% da água doce do planeta e ter 8,8 milhões de residências sem água. Estima-se que para garantir acesso à água a todos os brasileiros até 2010 seriam necessários investimentos da ordem de R$ 38 bilhões.
Na questão de saneamento básico, as estatísticas são piores: somente 49% dos brasileiros têm acesso a esses serviços. O investimento para resolver os dois problemas, no entanto, é autofinanciável a médio e longo prazos.
Estima-se que 70% das internações hospitalares no Brasil decorram de doenças transmitidas por água contaminada, gerando um gasto adicional anual de US$ 2 bilhões ao sistema de saúde. Ou seja, com água corrente na torneira e esgoto em casa garantidos a todos os brasileiros, tais recursos poderiam ser redirecionados para outras áreas.
Um outro aspecto importante em relação à água é que, num futuro de possível escassez generalizada, ela tem um potencial significativo de tornar-se fonte de conflitos armados, assim como o petróleo no século XX.
Há mais de 200 bacias hidrográficas partilhadas por dois ou mais países, abrigando 40% da população do planeta. Treze dos maiores rios - como o Amazonas, o Danúbio e o Nilo - cruzam as fronteiras de mais de cem nações.
- Uma feroz competição por recursos hídricos pode resultar em violentos conflitos internacionais - alertou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, no Dia Mundial da Água, em março.
A solução, apontam os pesquisadores da área, é o manejo integrado dos recursos hídricos pelos países que partilham a mesma bacia hidrográfica, de forma que todos possam utilizá-la sem que uns prejudiquem os outros.
Previsões de escassez global impõem ação rápida para evitar catástrofe de abastecimento e crise de segurança
Por Flávio Henrique Lino
A fartura de água no planeta Terra é enganadoramente aparente. Apenas 2,5% da massa líquida são compostos de água doce, e menos de 0,01%, de potável. Com o explosivo crescimento demográfico no século XX, a população triplicou nos últimos 70 anos, enquanto o consumo de água sextuplicou. Cerca de 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso à água potável e 2,4 bilhões, a saneamento básico. Dos recursos hídricos disponíveis anualmente, 54% já são utilizados e, em 2025, poderemos estar usando 70%. As previsões da ONU são de que nesse ano dois terços da Humanidade viverão em países sofrendo de escassez de água. Para atender às demandas de água potável e saneamento básico são necessários investimentos de US$ 23 bilhões por ano, mas apenas US$ 16 bilhões são investidos, abrindo espaço, segundo a Organização Mundial de Saúde, para a morte anual de 3,4 milhões de pessoas por doenças transmitidas pela água.
Acabar com o desperdício, o maior desafio das próximas décadas
O quadro anunciado de escassez mundial de água nas próximas décadas põe na ordem do dia uma questão básica: como aproveitar melhor os recursos hídricos em função do crescimento populacional acelerado. O melhor aproveitamento da água é um dos caminhos apontados para tentar desativar o que especialistas consideram uma bomba-relógio.
Nas últimas três décadas, a área de terra irrigada - que responde por 40% da comida produzida no planeta - subiu de 200 milhões de hectares para 270 milhões, sugando 70% da água doce consumida anualmente. No entanto, 60% dessa água (ou seja, 42% do total geral consumido a cada ano) se perdem por ineficiência dos sistemas de irrigação. Para corrigir esse e outros problemas estruturais de aproveitamento da água, a ONG de pesquisa ambiental americana Worldwatch Institute propõe uma "revolução azul".
- À medida que a água se torna mais escassa no mundo, o desafio é descobrir como melhorar sua utilização e gastar menos - explica Sandra Postel, diretora do Projeto de Políticas Globais para Água do Instituto. - Teremos de combinar um uso mais eficiente da tecnologia com políticas corretas de alocação e gerenciamento de água. Assim, conseguiremos satisfazer as necessidades humanas sem tirarmos mais água do meio ambiente, protegendo a saúde dos rios, lagos e ecossistemas que sustentam nossas vidas e nossa economia.
Segundo Postel, está ocorrendo uma rápida deterioração dos ecossistemas de água doce e a não utilização do precioso líquido de forma sustentável já está gerando sérias conseqüências atualmente.
- Vários rios importantes secam em parte de seu percurso durante certas épocas do ano e muitas espécies de peixes e moluscos de água doce estão correndo o risco de extinção por mudanças em seu hábitat - adverte ela.
Uma outra mudança que o manejo adequado dos recursos hídricos vai exigir é a criação de uma nova mentalidade em relação à água. Até países como o Brasil - dono de quase um quinto das reservas de água doce da Terra e em tese a salvo de escassez - terão de se adaptar à futura realidade de um planeta que até 2050 verá sua população aumentar em 50%, passando a abrigar nove bilhões de habitantes.
- Precisamos mudar essa visão da sociedade de que a água é um recurso inesgotável e mostrar quer seu uso nos últimos séculos não foi eficiente - diz o pesquisador Samuel Roiphe Barreto, da sucursal brasileira da ONG ambientalista WWF, cujo Projeto de Conservação e Gestão de Água Doce visa a implantar um novo modelo de gerenciamento dos recursos hídricos do país por parte das autoridades e incutir uma nova mentalidade na população.
Além de incentivar uma postura mais responsável da sociedade em relação ao uso da água, Barreto cobra também do poder público uma linha de atuação diferente da atual.
- Qualquer intervenção nos rios hoje no Brasil passa por obras de engenharia, enquanto na Europa, por exemplo, já estão "renaturalizado" os cursos d'água, deixando-os correr livremente. Queremos garantir o atendimento da demanda de água, mas mantendo ao mesmo tempo a integridade dos sistemas aquáticos.
O Brasil já está dando passos na direção de uma nova visão de seu patrimônio líquido. Em 1997 foi aprovada a Lei no 9.433, instituindo a Política Nacional de Recursos Hídricos, que estabeleceu processos participativos da sociedade e novos instrumentos econômicos visando ao uso mais eficiente da água. Em 2000, foi criada a Agência Nacional de Águas (ANA) para implementar a lei. Com isso, espera-se que o país esteja finalmente rumando para corrigir a distorção de ser o detentor de 17% da água doce do planeta e ter 8,8 milhões de residências sem água. Estima-se que para garantir acesso à água a todos os brasileiros até 2010 seriam necessários investimentos da ordem de R$ 38 bilhões.
Na questão de saneamento básico, as estatísticas são piores: somente 49% dos brasileiros têm acesso a esses serviços. O investimento para resolver os dois problemas, no entanto, é autofinanciável a médio e longo prazos.
Estima-se que 70% das internações hospitalares no Brasil decorram de doenças transmitidas por água contaminada, gerando um gasto adicional anual de US$ 2 bilhões ao sistema de saúde. Ou seja, com água corrente na torneira e esgoto em casa garantidos a todos os brasileiros, tais recursos poderiam ser redirecionados para outras áreas.
Um outro aspecto importante em relação à água é que, num futuro de possível escassez generalizada, ela tem um potencial significativo de tornar-se fonte de conflitos armados, assim como o petróleo no século XX.
Há mais de 200 bacias hidrográficas partilhadas por dois ou mais países, abrigando 40% da população do planeta. Treze dos maiores rios - como o Amazonas, o Danúbio e o Nilo - cruzam as fronteiras de mais de cem nações.
- Uma feroz competição por recursos hídricos pode resultar em violentos conflitos internacionais - alertou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, no Dia Mundial da Água, em março.
A solução, apontam os pesquisadores da área, é o manejo integrado dos recursos hídricos pelos países que partilham a mesma bacia hidrográfica, de forma que todos possam utilizá-la sem que uns prejudiquem os outros.
- Matheus
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Pessoal de Portugal e Espanha que quiserem importar água mineral de alta qualidade, só mandar uma MP.
- joao fernando
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Agua vc faz facil. Balela pra invasão imperialista.
Eu, numas de Dandoido, já bolei fornos solares, fazendo funcionar destiladores de agua salgada. E hoje em dia, com as soluções de filtragem de agua salgada, por micro membranas, solução tem. Basta querer.
Eu, numas de Dandoido, já bolei fornos solares, fazendo funcionar destiladores de agua salgada. E hoje em dia, com as soluções de filtragem de agua salgada, por micro membranas, solução tem. Basta querer.
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
- irlan
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
A água salgada filtrada serve para a agricultura?
Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
- joao fernando
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Serve pra beber. Logo...
Antigamente, para se retirar o sol só por destilação. Hoje em dia, usa-se uma membrana plastica, de um lado agua salgada, do outro, agua pura.
É uma parede de plastico, onde existem micro canais, onde só passa a molecula da agua.
Coisas do seculo 21, claro.
Agora, em caso de necessidade, um forno solar, aquece a agua, evapora e condenda dentro de um recipiente, agua 100% pura, sem o uso de fontes de energia. Basta vontade.
Antigamente, para se retirar o sol só por destilação. Hoje em dia, usa-se uma membrana plastica, de um lado agua salgada, do outro, agua pura.
É uma parede de plastico, onde existem micro canais, onde só passa a molecula da agua.
Coisas do seculo 21, claro.
Agora, em caso de necessidade, um forno solar, aquece a agua, evapora e condenda dentro de um recipiente, agua 100% pura, sem o uso de fontes de energia. Basta vontade.
Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
- Sterrius
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Nao acredito em guerra (convencional) por agua nas americas, Europa e maior parte da Asia devido ao avanço tecnologico.
Agora nao é impossivel prever guerra entre 2 estados falidos por agua. Ja que tudo que resolve o problema necessita de alto investimento e as corporações nao ajudam!
EDIT: vi o video. O video é bom pq une os problemas e as soluções no mesmo video.
Agora nao é impossivel prever guerra entre 2 estados falidos por agua. Ja que tudo que resolve o problema necessita de alto investimento e as corporações nao ajudam!
EDIT: vi o video. O video é bom pq une os problemas e as soluções no mesmo video.
- Plinio Jr
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
O que tem chovido aqui em SP ultimamente, ficaremos como alvos prioritários da cobiça mundial....
¨Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão ¨- Eça de Queiroz
- Glauber Prestes
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
AUeuahuae...
Mas eu acho que a água vai apenas diminuir de qualidade, não escassear. Vamos aumentar o uso de água obtida por osmose reversa, água tratada, e outros tipos de águas que não são minerais da fonte.
Mas eu acho que a água vai apenas diminuir de qualidade, não escassear. Vamos aumentar o uso de água obtida por osmose reversa, água tratada, e outros tipos de águas que não são minerais da fonte.
http://www.tireoide.org.br/tireoidite-de-hashimoto/
Cuidado com os sintomas.
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
Cuidado com os sintomas.
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
- Marino
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Re: Guerra Moderna: Agua!!!
Navios-tanque traficam água de rios da Amazônia
É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na
revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto
sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado
internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão
retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”.
Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a
captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da
Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica
para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.
Conforme a revista, a captação geralmente é feito no ponto que o rio
deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja
abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento
na Europa e Oriente Médio.
Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil,
considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o
metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US
$ 1,50).
Há trás anos, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta.
Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o
crime batizado de hidropirataria.
Para a revista Consulex, “essa prática ilegal, no então, não pode ser
negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vida que são
considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seus domínio (CF, art. 20, III).
Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à
Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a
fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União.
A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse
direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o
artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da
humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso
mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses
econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.
Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é
realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de
origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os
navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a
permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio
carregando milhões de litros de água.
Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no
transporte transatlântico de água: as bolsas de água.
A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O
tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a
revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à
dos superpetroleiros”.
Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de
acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por
embarcações rebocadoras convencionais.
Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso.
Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a
biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a
Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce.
A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por
Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades
brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão
reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das
águas nacionais.
Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização
da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação
ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade
para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos
condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.
O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos
amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal,
que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma
operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano
Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi
formalizado”, observa.
Águas amazônicas
Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas
multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões
religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o
Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os
contrabandos e a interferência externa dentro da região.
A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e
de órgãos públicos estaduais do Amazonas.
A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao
Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo
local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e
necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade
para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.
A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do
curso de água doce.
Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de
extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a
profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de
um grande navio cargueiro.
O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte
de origem mineral, pode ser facilmente tratada.
Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio,
trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande
economia.
O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de
dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do
pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície
existentes, principalmente, dos rios europeus.
Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro
Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece
Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento
seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter
água potável.
“Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais
barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do
mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo
desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos
esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da
fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos
ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial
hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os
pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as
águas amazônicas para outros continentes.
O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus
organismos vivos.
“Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve
diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento
de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary
Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser
vantajoso no aspecto econômico.
“Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas
pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de
microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o
volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria
relativamente pequeno.
Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água
utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes.
“Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses
além de se levar apenas água doce”, comentou.
Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos
utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a
grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus
cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território
amazônico.
“Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem
26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios.
Porém, somente 3% desse volume são de água doce.
Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o
percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e
nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas
subterrâneas.
Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido,
representa menos de 1% deste total disponível.
A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam
motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo
humano e em suas diversas atividades, com a agricultura.
Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo
aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico
mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices
pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves
permanentes.
Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico.
Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser
a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede
hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes.
Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da
biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.
Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo,
sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que
significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual
tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no
caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois
63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites
nacionais.
Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de
Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser
contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de
nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento
remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de
captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das
nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente
no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é
fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para
cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de
1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water
World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados
como limpos.
(Por Chico Araújo, Agência Amazônia, Envolverde, 04/02/2010)
Navios-tanque traficam água de rios da Amazônia
É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na
revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto
sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado
internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão
retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”.
Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a
captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da
Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica
para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.
Conforme a revista, a captação geralmente é feito no ponto que o rio
deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja
abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento
na Europa e Oriente Médio.
Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil,
considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o
metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US
$ 1,50).
Há trás anos, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta.
Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o
crime batizado de hidropirataria.
Para a revista Consulex, “essa prática ilegal, no então, não pode ser
negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vida que são
considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seus domínio (CF, art. 20, III).
Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à
Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a
fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União.
A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse
direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o
artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da
humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso
mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses
econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.
Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é
realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de
origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os
navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a
permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio
carregando milhões de litros de água.
Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no
transporte transatlântico de água: as bolsas de água.
A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O
tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a
revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à
dos superpetroleiros”.
Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de
acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por
embarcações rebocadoras convencionais.
Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso.
Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a
biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a
Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce.
A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por
Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades
brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão
reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das
águas nacionais.
Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização
da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação
ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade
para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos
condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.
O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos
amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal,
que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma
operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano
Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi
formalizado”, observa.
Águas amazônicas
Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas
multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões
religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o
Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os
contrabandos e a interferência externa dentro da região.
A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e
de órgãos públicos estaduais do Amazonas.
A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao
Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo
local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e
necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade
para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.
A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do
curso de água doce.
Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de
extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a
profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de
um grande navio cargueiro.
O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte
de origem mineral, pode ser facilmente tratada.
Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio,
trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande
economia.
O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de
dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do
pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície
existentes, principalmente, dos rios europeus.
Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro
Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece
Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento
seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter
água potável.
“Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais
barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do
mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo
desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos
esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da
fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos
ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial
hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os
pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as
águas amazônicas para outros continentes.
O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus
organismos vivos.
“Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve
diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento
de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary
Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser
vantajoso no aspecto econômico.
“Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas
pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de
microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o
volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria
relativamente pequeno.
Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água
utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes.
“Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses
além de se levar apenas água doce”, comentou.
Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos
utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a
grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus
cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território
amazônico.
“Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem
26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios.
Porém, somente 3% desse volume são de água doce.
Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o
percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e
nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas
subterrâneas.
Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido,
representa menos de 1% deste total disponível.
A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam
motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo
humano e em suas diversas atividades, com a agricultura.
Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo
aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico
mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices
pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves
permanentes.
Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico.
Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser
a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede
hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes.
Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da
biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.
Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo,
sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que
significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual
tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no
caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois
63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites
nacionais.
Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de
Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser
contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de
nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento
remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de
captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das
nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente
no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é
fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para
cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de
1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water
World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados
como limpos.
(Por Chico Araújo, Agência Amazônia, Envolverde, 04/02/2010)
É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na
revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto
sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado
internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão
retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”.
Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a
captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da
Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica
para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.
Conforme a revista, a captação geralmente é feito no ponto que o rio
deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja
abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento
na Europa e Oriente Médio.
Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil,
considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o
metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US
$ 1,50).
Há trás anos, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta.
Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o
crime batizado de hidropirataria.
Para a revista Consulex, “essa prática ilegal, no então, não pode ser
negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vida que são
considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seus domínio (CF, art. 20, III).
Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à
Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a
fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União.
A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse
direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o
artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da
humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso
mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses
econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.
Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é
realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de
origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os
navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a
permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio
carregando milhões de litros de água.
Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no
transporte transatlântico de água: as bolsas de água.
A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O
tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a
revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à
dos superpetroleiros”.
Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de
acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por
embarcações rebocadoras convencionais.
Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso.
Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a
biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a
Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce.
A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por
Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades
brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão
reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das
águas nacionais.
Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização
da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação
ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade
para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos
condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.
O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos
amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal,
que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma
operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano
Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi
formalizado”, observa.
Águas amazônicas
Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas
multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões
religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o
Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os
contrabandos e a interferência externa dentro da região.
A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e
de órgãos públicos estaduais do Amazonas.
A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao
Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo
local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e
necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade
para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.
A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do
curso de água doce.
Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de
extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a
profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de
um grande navio cargueiro.
O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte
de origem mineral, pode ser facilmente tratada.
Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio,
trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande
economia.
O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de
dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do
pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície
existentes, principalmente, dos rios europeus.
Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro
Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece
Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento
seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter
água potável.
“Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais
barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do
mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo
desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos
esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da
fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos
ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial
hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os
pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as
águas amazônicas para outros continentes.
O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus
organismos vivos.
“Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve
diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento
de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary
Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser
vantajoso no aspecto econômico.
“Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas
pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de
microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o
volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria
relativamente pequeno.
Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água
utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes.
“Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses
além de se levar apenas água doce”, comentou.
Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos
utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a
grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus
cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território
amazônico.
“Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem
26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios.
Porém, somente 3% desse volume são de água doce.
Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o
percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e
nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas
subterrâneas.
Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido,
representa menos de 1% deste total disponível.
A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam
motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo
humano e em suas diversas atividades, com a agricultura.
Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo
aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico
mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices
pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves
permanentes.
Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico.
Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser
a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede
hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes.
Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da
biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.
Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo,
sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que
significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual
tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no
caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois
63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites
nacionais.
Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de
Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser
contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de
nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento
remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de
captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das
nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente
no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é
fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para
cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de
1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water
World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados
como limpos.
(Por Chico Araújo, Agência Amazônia, Envolverde, 04/02/2010)
Navios-tanque traficam água de rios da Amazônia
É assustador o tráfico de água doce no Brasil. A denúncia está na
revista jurídica Consulex 310, de dezembro do ano passado, num texto
sobre a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o mercado
internacional de água. A revista denuncia: “Navios-tanque estão
retirando sorrateiramente água do Rio Amazonas”.
Empresas internacionais até já criarem novas tecnologias para a
captação da água. Uma delas, a Nordic Water Supply Co., empresa da
Noruega, já firmou contrato de exportação de água com essa técnica
para a Grécia, Oriente Médio, Madeira e Caribe.
Conforme a revista, a captação geralmente é feito no ponto que o rio
deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que cada embarcação seja
abastecida com 250 milhões de litros de água doce, para engarrafamento
na Europa e Oriente Médio.
Diz a revista ser grande o interesse pela água farta do Brasil,
considerando que é mais barato tratar águas usurpadas (US$ 0,80 o
metro cúbico) do que realizar a dessalinização das águas oceânicas (US
$ 1,50).
Há trás anos, a Agência Amazônia também denunciou a prática nefasta.
Até agora, ao que se sabe nada de concreto foi feito para coibir o
crime batizado de hidropirataria.
Para a revista Consulex, “essa prática ilegal, no então, não pode ser
negligenciada pelas autoridades brasileiras, tendo em vida que são
considerados bens da União os lagos, os rios e quaisquer correntes de
água em terrenos de seus domínio (CF, art. 20, III).
Outro dispositivo, a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, atribui à
Agência Nacional de Águas (ANA), entre outros órgãos federais, a
fiscalização dos recursos hídricos de domínio da União.
A lei ainda prevê os mecanismos de outorga de utilização desse
direito. Assinado pela advogada Ilma de Camargos Pereira Barcellos, o
artigo ainda destaca que a água é um bem ambiental de uso comum da
humanidade. “É recurso vital. Dela depende a vida no planeta. Por isso
mesmo impõe-se salvaguardar os recursos hídricos do País de interesses
econômicos ou políticos internacionais”, defende a autora.
Segundo Ilma Barcellos, o transporte internacional de água já é
realizado através de grandes petroleiros. Eles saem de seu país de
origem carregados de petróleo e retornam com água. Por exemplo, os
navios-tanque partem do Alaska, Estados Unidos – primeira jurisdição a
permitir a exportação de água – com destino à China e ao Oriente Médio
carregando milhões de litros de água.
Nesse comércio, até uma nova tecnologia já foi introduzida no
transporte transatlântico de água: as bolsas de água.
A técnica já é utilizada no Reino Unido, Noruega ou Califórnia. O
tamanho dessas bolsas excede ao de muitos navios juntos, destaca a
revista Consulex. “Sua capacidade [a dos navios] é muito superior à
dos superpetroleiros”.
Ainda de acordo com a revista, as bolsas podem ser projetadas de
acordo com necessidade e a quantidade de água e puxadas por
embarcações rebocadoras convencionais.
Há seis anos, o jornalista Erick Von Farfan também denunciou o caso.
Numa reportagem no site eco21 lembrava que, depois de sofrer com a
biopirataria, com o roubo de minérios e madeiras nobres, agora a
Amazônia está enfrentando o tráfico de água doce.
A nova modalidade de saque aos recursos naturais foi identificada por
Farfan de hidropirataria. Segundo ele, os cientistas e autoridades
brasileiras foram informadas que navios petroleiros estão
reabastecendo seus reservatórios no Rio Amazonas antes de sair das
águas nacionais.
Farfan ouviu Ivo Brasil, Diretor de Outorga, Cobrança e Fiscalização
da Agência Nacional de Águas. O dirigente disse saber desta ação
ilegal. Contudo, ele aguarda uma denúncia oficial chegar à entidade
para poder tomar as providências necessárias. “Só assim teremos
condições legais para agir contra essa apropriação indevida”, afirmou.
O dirigente está preocupado com a situação. Precisa, porém, dos
amparos legais para mobilizar tanto a Marinha como a Polícia Federal,
que necessitam de comprovação do ato criminoso para promover uma
operação na foz dos rios de toda a região amazônica próxima ao Oceano
Atlântico. “Tenho ouvido comentários neste sentido, mas ainda nada foi
formalizado”, observa.
Águas amazônicas
Segundo Farfan, o tráfico pode ter ligações diretas com empresas
multinacionais, pesquisadores estrangeiros autônomos ou missões
religiosas internacionais. Também lembra que até agora nem mesmo com o
Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) foi possível conter os
contrabandos e a interferência externa dentro da região.
A hidropirataria também é conhecida dos pesquisadores da Petrobrás e
de órgãos públicos estaduais do Amazonas.
A informação deste novo crime chegou, de maneira não oficial, ao
Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), órgão do governo
local. “Uma mobilização até o local seria extremamente dispendiosa e
necessitaríamos do auxílio tanto de outros órgãos como da comunidade
para coibir essa prática”, reafirmou Ivo Brasil.
A captação é feita pelos petroleiros na foz do rio ou já dentro do
curso de água doce.
Somente o local do deságüe do Amazonas no Atlântico tem 320 km de
extensão e fica dentro do território do Amapá. Neste lugar, a
profundidade média é em torno de 50 m, o que suportaria o trânsito de
um grande navio cargueiro.
O contrabando é facilitado pela ausência de fiscalização na área.
Essa água, apesar de conter uma gama residual imensa e a maior parte
de origem mineral, pode ser facilmente tratada.
Para empresas engarrafadoras, tanto da Europa como do Oriente Médio,
trabalhar com essa água mesmo no estado bruto representaria uma grande
economia.
O custo por litro tratado seria muito inferior aos processos de
dessalinizar águas subterrâneas ou oceânicas. Além de livrar-se do
pagamento das altas taxas de utilização das águas de superfície
existentes, principalmente, dos rios europeus.
Abaixo, alguns trechos da reportagem de Erick Von Farfan:
O diretor de operações da empresa Águas do Amazonas, o engenheiro
Paulo Edgard Fiamenghi, trata as águas do Rio Negro, que abastece
Manaus, por processos convencionais. E reconhece que esse procedimento
seria de baixo custo para países com grandes dificuldades em obter
água potável.
“Levar água para se tratar no processo convencional é muito mais
barato que o tratamento por osmose reversa”, comenta.
O avanço sobre as reservas hídricas do maior complexo ambiental do
mundo, segundo os especialistas, pode ser o começo de um processo
desastroso para a Amazônia. E isto surge num momento crítico, cujos
esforços estão concentrados em reduzir a destruição da flora e da
fauna, abrandando também a pressão internacional pela conservação dos
ecossistemas locais.
Entretanto, no meio científico ninguém poderia supor que o manancial
hídrico seria a próxima vítima da pirataria ambiental. Porém os
pesquisadores brasileiros questionam o real interesse em se levar as
águas amazônicas para outros continentes.
O que suscita novamente o maior drama amazônico, o roubo de seus
organismos vivos.
“Podem estar levando água, peixes ou outras espécies e isto envolve
diretamente a soberania dos países na região”, argumentou Martini.
A mesma linha de raciocínio é utilizada pelo professor do Departamento
de Hidráulica e Saneamento da Universidade Federal do Paraná, Ary
Haro. Para ele, o simples roubo de água doce está longe de ser
vantajoso no aspecto econômico.
“Como ainda é desconhecido, só podemos formular teorias e uma delas
pode estar ligada ao contrabando de peixes ou mesmo de
microorganismos”, observou.
Essa suposição também é tida como algo possível para Fiamenghi, pois o
volume levado na nova modalidade, denominada “hidropirataria” seria
relativamente pequeno.
Um navio petroleiro armazenaria o equivalente a meio dia de água
utilizada pela cidade de Manaus, de 1,5 milhão de habitantes.
“Desconheço esse caso, mas podemos estar diante de outros interesses
além de se levar apenas água doce”, comentou.
Segundo o pesquisador do Inpe, a saturação dos recursos hídricos
utilizáveis vem numa progressão mundial e a Amazônia é considerada a
grande reserva do Planeta para os próximos mil anos. Pelos seus
cálculos, 12% da água doce de superfície se encontram no território
amazônico.
“Essa é uma estimativa extremamente conservadora, há os que defendem
26% como o número mais preciso”, explicou.
Em todo o Planeta, dois terços são ocupados por oceanos, mares e rios.
Porém, somente 3% desse volume são de água doce.
Um índice baixo, que se torna ainda menor se for excluído o
percentual encontrado no estado sólido, como nas geleiras polares e
nos cumes das grandes cordilheiras. Contando ainda com as águas
subterrâneas.
Atualmente, na superfície do Planeta, a água em estado líquido,
representa menos de 1% deste total disponível.
A previsão é que num período entre 100 e 150 anos, as guerras sejam
motivadas pela detenção dos recursos hídricos utilizáveis no consumo
humano e em suas diversas atividades, com a agricultura.
Muito disto se daria pela quebra dos regimes de chuvas, causada pelo
aquecimento global. Isto alteraria profundamente o cenário hidrológico
mundial, trazendo estiagem mais longas, menores índices
pluviométricos, além do degelo das reservas polares e das neves
permanentes.
Sob esse aspecto, a Amazônia se transforma num local estratégico.
Muito devido às suas características particulares, como o fato de ser
a maior bacia existente na Terra e deter a mais complexa rede
hidrográfica do planeta, com mais de mil afluentes.
Diante deste quadro, a conclusão é óbvia: a sobrevivência da
biodiversidade mundial passa pela preservação desta reserva.
Mas a importância deste reduto natural poderá ser, num futuro próximo,
sinônimo de riscos à soberania dos territórios panamazônicos. O que
significa dizer que o Brasil seria um alvo prioritário numa eventual
tentativa de se internacionalizar esses recursos, como já ocorre no
caso das patentes de produtos derivados de espécies amazônicas. Pois
63,88% das águas que formam o rio se encontram dentro dos limites
nacionais.
Esse potencial conflito é algo que projetos como o Sistema de
Vigilância da Amazônia procuram minimizar. Outro aspecto a ser
contornado é a falta de monitoramento da foz do rio. A cobertura de
nuvens em toda Amazônia é intensa e os satélites de sensoriamento
remoto não conseguem obter imagens do local. Já os satélites de
captação de imagens via radar, que conseguiriam furar o bloqueio das
nuvens e detectar os navios, estão operando mais ao norte.
As águas amazônicas representam 68% de todo volume hídrico existente
no Brasil. E sua importância para o futuro da humanidade é
fundamental. Entre 1970 e 1995 a quantidade de água disponível para
cada habitante do mundo caiu 37% em todo mundo, e atualmente cerca de
1,4 bilhão de pessoas não têm acesso a água limpa. Segundo a Water
World Vision, somente o Rio Amazonas e o Congo podem ser qualificados
como limpos.
(Por Chico Araújo, Agência Amazônia, Envolverde, 04/02/2010)
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
Barão do Rio Branco