CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO

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Túlio
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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO

#4291 Mensagem por Túlio » Qui Mar 23, 2017 1:01 pm

LeandroGCard escreveu:Isso é verdade. Não foi por outro motivo que os romanos expulsaram os judeus da região e os proibiram de voltar para lá já no ano 70 DC.

Mas durante estes milhares de anos as ações violentas eram em geral concentradas sobre as forças de ocupação, como em uma guerrilha clássica. Na verdade mesmo durante a aventura de Lawrence da Arábia (que reiniciou as ondas de ações de guerrilha após séculos de estabilidade do domínio turco na região) a coisa era assim, o que ele introduziu de diferente foram as técnicas de sabotagem (principalmente com explosivos), que depois passariam a ser um dos modus-operandi mais clássicos dos terroristas. Foi com as ações violentas dos grupos sionistas na década de 1920 que começaram os ataques contra civis indefesos (desde o início efetuados por ambos os lados), característica típica do terror.

Os praticantes do terrorismo do lado palestino são até hoje tratados como bandidos. Os do lado sionista viraram heróis e estadistas.


Leandro G. Card

Não é bem assim: terrorismo de pequenos grupos organizados e com alguma motivação religiosa ou política contra civis vem desde épocas imemoriais, ou achas que os Hashishin (Assassinos) atacavam apenas Cruzados? Que os Vikings só matavam tropas que se lhes antepusessem? Que só o Estado Romano fazia pogroms contra os Cristãos?

Aliás, interessante sobre os ditos pogroms: quem menos se metia com isso era o Estado, o normal era grupos de Cidadãos pegarem os Judeus (e até amigos deles) que cruzassem seu caminho e matá-los, só por serem Judeus ou simpatizantes. Entre outros Estados Europeus, principalmente eslavos, a Polônia ficou famigerada por isso, e bem antes de o primeiro Judeu reagir e dar o troco.




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Re: CONFLITO ISRAELO-PALESTINIANO

#4292 Mensagem por LeandroGCard » Qui Mar 23, 2017 1:58 pm

Túlio escreveu:Não é bem assim: terrorismo de pequenos grupos organizados e com alguma motivação religiosa ou política contra civis vem desde épocas imemoriais, ou achas que os Hashishin (Assassinos) atacavam apenas Cruzados? Que os Vikings só matavam tropas que se lhes antepusessem? Que só o Estado Romano fazia pogroms contra os Cristãos?

Aliás, interessante sobre os ditos pogroms: quem menos se metia com isso era o Estado, o normal era grupos de Cidadãos pegarem os Judeus (e até amigos deles) que cruzassem seu caminho e matá-los, só por serem Judeus ou simpatizantes. Entre outros Estados Europeus, principalmente eslavos, a Polônia ficou famigerada por isso, e bem antes de o primeiro Judeu reagir e dar o troco.
São coisas completamente diferentes, Túlio. Veja bem, não se pode qualificar toda e qualquer ação violenta na história como "terrorismo", sob o próprio risco de desqualificar este como tal.

Os hashishins, como os ninjas, eram contratados especificamente para eliminar "alvos de alto valor", tais como nobres, comandantes de guarnições e etc..., e não para cometer massacres indiscriminados entre civis sem importância a fim de pressionar um governo ou uma opinião publica, simplesmente porque era uma época em que governos não estavam nem aí para a população mais humilde e opinião pública era coisa que nem existia.

Já as ações de vikings, mongóis e muitos outros conquistadores ao longo da história eram invasões, e não atentados terroristas. Era violência extrema e gratuita contra todos, mas sem fins políticos em si, o objetivo era a pilhagem direta, nua e crua, de bens, pessoas e terras. Isso, felizmente, tem poucos correlatos nos tempos modernos, pelo menos após a SGM (talvez a tentativa do Isis de criar um califado tenha sido uma ação neste sentido - mas perceba que antes deles começarem a ser enfrentados pelos ocidentais não realizavam ações terroristas fora do OM).

Os pogrons e equivalentes também eram ações de estados e maiorias (ou pelo menos grupos militar e politicamente mais fortes) contra populações consideradas etnicamente ou religiosamente distintas ou "inferiores", por razões culturais (basicamente religiosas e xenofóbicas) ou econômicas, e não afetaram apenas cristãos no império romano ou os judeus na Europa Central e Oriental, mas também muçulmanos na Europa inteira, cristãos no OM e Norte da África, armênios na Ásia Menor e até índios já "pacificados" nas Américas, pra não falar dos diversos casos asiáticos e africanos (estes ocorrendo até hoje). Estes sim até podem ser considerados mais próximos de ações terroristas (uma designação possível é "terrorismo de estado", por ação direta ou omissão), mas não são exatamente a mesma coisa porque não sofrem resistência das entidades mantenedoras da ordem (polícias, forças armadas, etc...), que em geral pertencem ao próprio grupo dominante que perpetra as ações.

O terrorismo em si se caracteriza por ações perpetradas por grupos minoritários que não possuem poder real de expulsar ou mesmo afetar de forma significativa o domínio de uma maioria (ou partido mais forte) e sabem perfeitamente disso, mas que ainda assim tentam influenciá-la através de ações ilegais e violentas contra seus membros indefesos, muitas vezes até mesmo buscando forçar represálias que permitam obter o apoio de outros poderes externos a seu favor. Neste caso, se as forças mantenedoras da ordem reagem com a mesma falta de preocupação com os integrantes da minoria de onde partem os terroristas, ela desce ao próprio nível deles, justificando as suas ações. A partir daí o que vale é a lei da força, quem pode mais faz mais e que vença o mais forte. É guerra, e ninguém pode acusar o outro de ser bandido e fora da lei, porque a lei já não vale mais (ela não pode valer apenas para um lado).


Leandro G. Card




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