Mundo Árabe em Ebulição

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8161 Mensagem por EDSON » Qua Nov 25, 2015 10:28 pm

Damasco.

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8162 Mensagem por EDSON » Qua Nov 25, 2015 11:26 pm

Neste vídeo os caras falam que o segundo avião teve que executar manobras pois também dispararam nele só que conseguiu escapar.





Editado pela última vez por EDSON em Qua Nov 25, 2015 11:46 pm, em um total de 2 vezes.
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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8163 Mensagem por EDSON » Qua Nov 25, 2015 11:32 pm

luis Cláudio escreveu:Espero que o número de Flankers aumentem na Síria. Aqueles 4 eram muito poucos.

Entretanto eu não li nenhuma notícia à respeito. Alguém sabe??
Eu prefiro os Mig 31.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8164 Mensagem por Don Pascual » Qui Nov 26, 2015 3:51 am

Grep escreveu:Alguns estão afirmando que os "turkmen" das fotos do incidente são nascidos na turquia mesmo, o cara que ta posando de lider deles seria filho de um prefeito Turco.
Eu acredito que deve haver varios voluntarios turcos (da Turquia) lutando com os turkmen. A sede do braço politico deles é en Istanbul e ambos povos (turcos da turquia e turkmen) se consideram como membros da mesma raça. O governo Turco os apoia, inclusive sao treinados pelas forças especiais turcas (da onde acham que o TOW veio?). Se duvidar, membros das forças especiais turcas nao apenas estao treinando-os mas tambem lutam com eles.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8165 Mensagem por Bolovo » Qui Nov 26, 2015 10:24 am

Don Pascual escreveu:
Grep escreveu:Alguns estão afirmando que os "turkmen" das fotos do incidente são nascidos na turquia mesmo, o cara que ta posando de lider deles seria filho de um prefeito Turco.
Eu acredito que deve haver varios voluntarios turcos (da Turquia) lutando com os turkmen. A sede do braço politico deles é en Istanbul e ambos povos (turcos da turquia e turkmen) se consideram como membros da mesma raça. O governo Turco os apoia, inclusive sao treinados pelas forças especiais turcas (da onde acham que o TOW veio?). Se duvidar, membros das forças especiais turcas nao apenas estao treinando-os mas tambem lutam com eles.
E morrendo também. Deve ser por isso a birra do Erdogan com os bombardeios russos.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8166 Mensagem por Paisano » Qui Nov 26, 2015 11:13 am

Turquia: quando cai a máscara das ambiguidades

Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/ricardo-ca ... biguidades
RICARDO CAVALCANTI-SCHIEL - QUI, 26/11/2015 - 09:5

Enviado por Ricardo Cavalcanti-Schiel

O artigo reproduzido a seguir foi publicado originalmente em francês e se trata de um olhar sobre os fatos lançado por um analista francês. Alguns detalhes precisariam ser acrescentados às suas observações. Um dele é de que, se a versão turca sobre o abate do caça russo tiver algum fundamento, o hipotético tempo de permanência do caça russo sobre teritório turco, no percurso indicado pelas autoridades turcas, não teria sido de 17 segundos (como argumentou oficialmente o embaixador da Turquia na OUNU) mas, considerada a velocidade de operação desse caça, de 6 segundos. Tempo impensável para produzir uma iniciativa de resposta.

Os dados dos radares indicam que, na verdade, não apenas não houve invasão de espaço aéreo pelo caça russo como foi o caça F-16 turco que invadiu o espaço aéreo sírio para realizar o ataque. Todas as alternativas confluem para uma ação previamente planejada em detalhe pela Turquia, na qual uma improvável invasão do seu espaço aéreo seria um pretexto rigorosamente débil.

De qualquer maneira, não deixa de ser curioso que em junho de 2012 um caça turco, ao prestar assistência tática aos movimentos do Estado Islâmico, tenha sido atacado pelas forças sírias por haver invadido o espaço aéreo desse país, e que, naquela ocasião, o então primeiro ministro turco Recyp Erdogan argumentara que uma violação como aquela jamais poderia justificar um ataque.

De outra parte, as estatísticas levantadas pela Universidade da Tessália, a partir de dados militares, indicam que a Turquia violou o espaço aéreo e marítimo grego com equipamentos militares 2.244 vezes em 2014 e 1.233 vezes até o momento em 2015.

Também há que que acrescentar outro detalhe não mencionado no artigo que se segue: serviços de inteligência de vários países identificaram em Bilal Erdogan, filho do agora presidente turco, o principal gestor e beneficiário do tráfico de petróleo cru no mercado negro, por parte do Estado Islâmico para a Turquia, para financiar suas atividades militares. Nos últimos dias esse esquema de tráfico bilionário de petróleo vem sendo sistematicamente desarticulado pelas ações militares russas, que agora ganham o apoio internacional da França, como expressou o presidente François Hollande em sua entrevista com Barak Obama.
Do Tlaxcala - Rússia-Turquia (CLIQUE AQUI -> http://www.tlaxcala-int.org/article.asp?reference=16662)

Jacques Sapir - (traduzido pelo Coletivo de tradutores Vila Vudu)

A destruição de um caça de combate russo SU-24 na fronteira sírio-russa é incidente de extrema gravidade. O governo turco afirma que o avião teria violado o espaço as fronteiras da Turquia. Se se considera a configuração do terreno, é efetivamente possível que o avião tenha sobrevoado uma estreita língua de terra do território turco. Mas o sobrevoo, se aconteceu, durou, no máximo, dez segundos. O governo turco tenta fazer crer que seus caças teriam alertado o avião russo de sua suposta incursão e só teriam disparado (um míssil) depois de, no mínimo, 5 minutos. Absolutamente não corresponde ao que se pode saber da situação local. A velocidade de cruzeiro de um SU-24 (cerca de 15 km/min), implica que o avião teria penetrado de 30 a 37 km no interior do território turco. Isso é desmentido pelo mapa do radar publicado pelas autoridades turcas, para tentar 'comprovar' o que diziam.

Mas há outra explicação possível. Implica que, se essa informação for verdadeira, a Turquia entende que teria implantado ali uma "zona de exclusão aérea" sobre a Síria – e, isso, sem qualquer mandato da ONU. Por esse argumento, os aviões turcos teriam disparado de posição juridicamente ilegal.

O governo russo diz que seu avião absolutamente jamais invadiu espaço aéreo turco. E o avião caiu em território sírio. Implica, no mínimo, que voava em direção à Síria no momento em que foi atingido por um míssil (sem dúvida míssil ar-ar disparado de um jato F-16 da aviação turca). E não se pode excluir tampouco, considerada a área na qual o aparelho caiu, que o míssil o tenha atingido quando sobrevoava territórios sírio. Se isso aconteceu, estamos diante de uma segunda ilegalidade cometida pela Turquia.

A aviação turca é conhecida por violar, repetidas vezes e há anos, o espaço aéreo da Grécia e também de Chipre. É questão de perguntar de onde teria brotado tanta repentina sensibilidade da Turquia na defesa das próprias fronteiras, ela que é a prova viva do mais total descaso quando se trata de fronteiras dos outros. A ilegalidade da ação soma-se então à imprudência de uma potência que se considera, naquela área de fronteira, como em país conquistado.

Além da situação atual, a atitude do governo turco em torno da crise síria e do DAESH levanta numerosos problemas:

1. O governo turco, sob pretexto de intervir contra forças islamistas, bombardeia, de fato, combatentes curdos os quais, eles sim, lutam contra o DAESH. Há outros exemplos dessa atitude hipócrita, desde o sítio de Kobane.

2. O governo turco tolera, para dizer o mínimo, o contrabando de petróleo que é uma das fontes de financiamento do DAESH. Sabe-se também que, se o governo turco fechasse suas fronteiras com a Síria, rapidamente o DAESH poderia ser financeiramente sufocado. Sabe-se enfim que os aviões russos têm atacado sistematicamente as colunas de caminhões do DAESH que transportam petróleo até a fronteira turca.

3. Jornalistas independentes que investigavam denúncias de colusão entre o aparelho do estado turco e o DAESH e, em particular, sobre possíveis entregas de armas, foram ou sequestrados ou mortos.

4. Quanto à crise dos refugiados, que a Europa vive desde o verão de 2015, parece ser fortemente correlacionada ao desejo do governo turco de pressionar a União Europeia. Antes, o governo sírio chegara a ser elogiado pela importância de sua ação na gestão daquela crise.

Nessas condições, quando Vladimir Putin fala de "uma punhalada nas costas", tem toda a razão.

A punhalada traiçoeira não visa só à Rússia, mas ao conjunto de forças internacionais que lutam contra o DAESH. Mas se a Turquia permitiu-se aplicar esse tipo de punhalada de traição é porque é país membro da OTAN e sabe que a Rússia não imporá represálias militares contra ela. Por tudo isso, é preciso investigar mais e melhor o jogo político que joga a Turquia – e também os EUA –, ao mesmo tempo em que fingem que estariam em luta contra o DAESH.

Espera-se agora com interesse pela reação dos EUA ao incidente, para saber se os EUA pressionarão – como devem pressionar – o governo de Erdogan, para que controle os próprios ímpetos desmesurados.

Contudo, e também muito importante, há relações econômicas muito estreitas entre Rússia e Turquia, do gasoduto que liga Rússia e Turquia pelo Mar Negro às numerosas empresas turcas que trabalham na Rússia, e passando pelos numerosos turistas russos que têm o hábito de fazer férias na Turquia.

De fato, não há como compreender a atitude do governo de Erdogan. Será que supõe que, protegido pela OTAN e também pelos muitos laços econômicos que ligam Rússia e Turquia, estaria 'autorizado' a fazer o que lhe desse na cabeça?

Estaremos diante de uma luta entre clãs no seio da grande burguesia turca, e o clã que apoia Erdogan estará agora 'acertando contas' com outras facções, que talvez tenham interesses investidos no comércio com a Rússia?

Ou Erdogan, cuja posição política continua muito frágil, apesar da vitória em eleições recentes, teria decidido jogar com a carta nacionalista, fazendo acordar a velha inimizade entre Rússia e Turquia?

Uma lição se impõe desde já, desses acontecimentos. Mais do que nunca o governo francês deve buscar afastar-se, ao mesmo tempo, da Turquia, mas também da OTAN, dado que a cada dia mais se vê que a organização militar pode estar sendo usada para proteger governo temerário e irresponsável.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8167 Mensagem por wagnerm25 » Qui Nov 26, 2015 1:30 pm

Força francesa atual na região.

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8168 Mensagem por Don Pascual » Qui Nov 26, 2015 3:57 pm

Bolovo escreveu:
Don Pascual escreveu: Eu acredito que deve haver varios voluntarios turcos (da Turquia) lutando com os turkmen. A sede do braço politico deles é en Istanbul e ambos povos (turcos da turquia e turkmen) se consideram como membros da mesma raça. O governo Turco os apoia, inclusive sao treinados pelas forças especiais turcas (da onde acham que o TOW veio?). Se duvidar, membros das forças especiais turcas nao apenas estao treinando-os mas tambem lutam com eles.
E morrendo também. Deve ser por isso a birra do Erdogan com os bombardeios russos.
Eu acredito que seja porque a Russia representa um grande impecilho nos planos Turcos para o oriente medio. A Russia apoia incondicionalmente o Assad, enquanto os turcos querem a destituiçao do Assad e a implantaçao de um fantoche deles em Damasco.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8169 Mensagem por Wingate » Qui Nov 26, 2015 5:49 pm

wagnerm25 escreveu:Força francesa atual na região.

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Tá faltando eles por lá:


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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8170 Mensagem por Bourne » Qui Nov 26, 2015 6:13 pm

Vai continuar faltando.




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8171 Mensagem por akivrx78 » Sex Nov 27, 2015 8:24 pm

Iraque

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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8172 Mensagem por EDSON » Sáb Nov 28, 2015 3:26 pm

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SDF & YPG combate rebeldes AlQaida ligados com apoio aéreo russo
Relatórios ontem de SDF (Jaish al-thuwar) juntamente com YPG tinham começado um ataque contra Ahrar al-sham e outros elementos AlQaida (ou seja, Al-Nusra) ao norte de Aleppo (perto da fronteira sírio-turca) com apoio aéreo russo, foi confirmada hoje. Este ataque começou poucos dias depois de SDF condenou os ataques a suas posições na vila de Kishtar realizada por Ahrar al-sham e AlNusra. Um mapa acaba de ser lançado por uma fonte pró-rebelde mostra que YPG / SDF tem, efectivamente, ganhou algum terreno na luta perto da cidade Azaz.
* No mapa há um círculo vermelho adicional, que mostra onde os confrontos foram tomadas lugar e onde SDF / YPG capturou algum território.
http://www.modernfrontlines.com/wp-c...ew-730x480.jpg




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8173 Mensagem por Frederico Vieira » Sáb Nov 28, 2015 4:13 pm

As coisas estão esquentando na Turquia:

https://www.rt.com/news/323826-turkey-k ... er-killed/




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8174 Mensagem por Bolovo » Sáb Nov 28, 2015 5:55 pm

EDSON escreveu:https://pbs.twimg.com/media/CU3VfTvW4AAesrc.png:large
SDF & YPG combate rebeldes AlQaida ligados com apoio aéreo russo
Relatórios ontem de SDF (Jaish al-thuwar) juntamente com YPG tinham começado um ataque contra Ahrar al-sham e outros elementos AlQaida (ou seja, Al-Nusra) ao norte de Aleppo (perto da fronteira sírio-turca) com apoio aéreo russo, foi confirmada hoje. Este ataque começou poucos dias depois de SDF condenou os ataques a suas posições na vila de Kishtar realizada por Ahrar al-sham e AlNusra. Um mapa acaba de ser lançado por uma fonte pró-rebelde mostra que YPG / SDF tem, efectivamente, ganhou algum terreno na luta perto da cidade Azaz.
* No mapa há um círculo vermelho adicional, que mostra onde os confrontos foram tomadas lugar e onde SDF / YPG capturou algum território.
http://www.modernfrontlines.com/wp-c...ew-730x480.jpg
Os curdos estão sentando o sarrafo nos "moderados"? E agora, a Turquia vai fazer o que? E os americanos? [003]




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Re: Mundo Árabe em Ebulição

#8175 Mensagem por akivrx78 » Sáb Nov 28, 2015 6:13 pm

O jogo perigoso da Turquia e os riscos para a NATO

José Pedro Teixeira Fernandes
27/11/2015 - 20:31

As potências europeias, sozinhas, são largamente incapazes em termos político-militares. Impõe-se não deixar arrastar a NATO para as ambições neo-otomanas de Erdogan, que nada têm de defensivo.

1. A guerra na Síria está a tornar-se num terreno extremamente perigoso. Há múltiplos confrontos em simultâneo a intensificarem-se. O do governo de Bashar Al-Assad contra os seus inúmeros opositores armados. O dos curdos contra o Daesh (Estado Islâmico). O do Islão sunita contra o Islão xiita. As fracturas étnico-religiosas internas da Síria são instrumentalizadas por poderes externos. O Irão, o Hezbollah e a Rússia apoiam Assad e os alauítas — o grupo minoritário próximo do Islão xiita que mais suporta o regime de Assad.

A Turquia, a Arábia Saudita, o Qatar e outros Estados do golfo, empenharam-se em derrubar Assad, através dos inúmeros grupos sunitas. Até agora têm contado com um apoio político e militar (limitado) dos EUA. Alimentam a rebelião armada contra Assad.

Nesta luta fratricida parece valer tudo, incluindo a benevolência (mal) disfarçada, da Turquia e da Arábia Saudita, para com grupos como o Daesh e a Frente Al-Nusra, próxima da Al-Qaeda. A estratégia é que estes grupos islamistas-jihadistas façam uma guerra por procuração, executando o trabalho sujo no terreno, especialmente contra Assad e os curdos.

Mas há o risco de uma confrontação maior. Potências herdeiras de grandes impérios do passado — e que se vêm, a si próprias, novamente em ascensão —, chocam hoje frontalmente na Síria: a Rússia e a Turquia. O problema é que a NATO e a Europa poderão ser arrastadas para esse conflito, não só pelas ambições czaristas da Rússia de Putin, como pelas ambições neo-otomanas da Turquia de Erdogan.



2. O incidente na fronteira da Turquia com a Síria mostra os riscos. O abate do avião russo Su-24M, pela força aérea turca, é um passo numa escalada de confrontação. Foi a primeira destruição de um avião da Rússia, por um membro da NATO, desde os longínquos anos 1950. Mas isso eram os primórdios da Guerra-Fria.

As versões sobre a entrada do avião russo no espaço aéreo da Turquia e os avisos que terão sido feitos, são contraditórias. Independentemente da forma exacta como ocorreu o incidente, a reacção turca parece excessiva. É conhecido que a Rússia estava a fazer bombardeamentos na Síria, não a atacar a Turquia. A Turquia sabia isso.

Coincidência, ou não, o timing não podia ser melhor para por em causa uma embrionária grande coligação anti-Daesh (Estado Islâmico). François Hollande, que a tenta implementar depois do 13/N — e nessa altura se encontrava nos EUA para convencer Obama a integra-la junto com a Rússia —, viu os seus esforços destruídos à nascença.

A Turquia tem a sua própria agenda na guerra da Síria. Nada tem a ver com democracia pluralista e direitos humanos, aliás, cada vez mais em causa, na própria Turquia governada pelo AKP de Erdogan. Nada tem também a ver com o interesse da União Europeia, que é de pacificar o mais rapidamente possível a região, até por causa do fluxo de refugiados.

Vê a ex-província otomana como um território natural da sua influência. Provavelmente, ambiciona que a futura Síria seja uma espécie de protectorado seu. A entrada da Rússia na guerra frustrou largamente as expectativas turcas. Não por acaso, o incidente ocorreu na fronteira da Síria com a província turca do Hatay.

O território foi anexado pela Turquia em 1938, quando a Síria estava sob o mandato francês da Sociedade das Nações. A anexação nunca foi reconhecida pela Síria independente desde 1945. Sempre foi um ponto de atrito entre os dois Estados. No cálculo de Erdogan para derrubar Assad está ter um governo sírio que aceite de iure a actual fronteira.




3. A Turquia sempre procurou no Ocidente — no passado na Grã-Bretanha, hoje nos EUA —, um contrapeso para a sua rivalidade com a Rússia dos czares/União Soviética/Federação Russa. É isso que explica a ambição de entrar na NATO, concretizada em 1952.

Na altura, a União Soviética de Estaline ambicionava os territórios cedidos ao Império Otomano/Turquia, no leste da Anatólia, pelo Tratado de Brest-Litovsk, em 1917. Esse foi o Tratado que permitiu a saída antecipada da Rússia da I Guerra Mundial, mas com substanciais perdas de território e população.

Foi o preço que os revolucionários bolcheviques tiveram de pagar para consolidarem a revolução. A história e a política internacional estão cheias de cinismo e ironias. A Rússia revolucionária de 1917, mais tarde transformada em União Soviética, foi um decisivo aliado da nascente República Turquia.

O contexto era o da guerra contra a Grécia e as potências aliadas da I Guerra Mundial, após a derrota do Império Otomano. O fornecimento de material militar e reabastecimento pela fronteira leste, vindo da Rússia bolchevique, foi decisivo para o movimento nacionalista de Mustafa Kemal Atatürk. Sem esse apoio provavelmente teria sido derrotado militarmente.

A situação modificou-se no pós II Guerra Mundial, como a emergência de uma poderosa União Soviética. A Turquia de Inönü procurou a NATO. Receava a vontade de Estaline reverter o Tratado de Brest-Litovsk e a pressão soviética sobre os estreitos que ligam o Mar Negro ao Mediterrâneo. Os EUA, viram uma oportunidade para consolidar a sua política de containment (contenção) da União Soviética, no Mediterrâneo oriental e Médio Oriente, cercando-a no seu flanco Sul.




4. A Guerra-Fria acabou a partir nos anos1989-1991, com o fim do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética. O Pacto de Varsóvia — a aliança político-militar liderada pela ex-União Soviética —, foi dissolvido.

Quanto à NATO, manteve-se e procurou adaptar-se aos novos tempos. Alargou até substancialmente o seu de número membros. Incorporou novas missões fora de área e de manutenção de paz. Aspecto importante, o Tratado de Washington, de 1949, estabeleceu uma garantia de assistência militar mútua.

Essa garantia fundamental, prevista no artigo 5º, mantém-se em vigor: “As Partes concordam em que um ataque armado contra uma ou várias delas na Europa ou na América do Norte será considerado um ataque a todas, e, consequentemente, concordam em que, se um tal ataque armado se verificar, cada uma, no exercício do direito de legítima defesa, individual ou colectiva, reconhecido pelo artigo 51° da Carta dias Nações Unidas.”

O mesmo artigo acrescenta ainda que a NATO “prestará assistência à Parte ou Partes assim atacadas, praticando sem demora […] a acção que considerar necessária, inclusive o emprego da força armada, para restaurar e garantir a segurança na região do Atlântico Norte”. Quer dizer, prevê-se, assim, uma resposta militar aliada a um ataque externo contra qualquer dos membros, no perímetro de segurança da área do Atlântico Norte ou seja, contra o território de qualquer um dos membros, na Europa, América do Norte ou Turquia.




5. A Turquia de hoje é muito diferente do Estado que nos anos 1950 integrou a NATO. Afasta-se, cada vez mais, da política externa prudente de Atatürk e Inönü. Está em processo de reislamização e não de secularização. Erdogan vê-se como herdeiro dos sultões otomanos, após o parêntesis da secular República da Turquia de Atatürk.

O fim da União Soviética, os Estados independentes turcófonos — Azerbaijão, Turquemenistão, Uzebequistão, Cazaquistão e Quirguistão —, a implosão da Jugoslávia e os muçulmanos dos Balcãs (Bósnia, Albânia, Kosovo, etc.) são vistos como oportunidades de expansão da sua influência. Está em competição directa com Putin, o qual se vê como herdeiro da Rússia dos czares, após o parêntesis histórico da União Soviética criada por Lenine.

A anexação da Crimeia, a guerra no leste da Ucrânia, são sinais dessa ambição russa. O confronto reassume formas familiares à luz da história europeia dos séculos XVIII e XIX. A Rússia em expansão via no sudeste europeu uma área de influência natural. O Império Otomano também, até porque se tinha instalado em partes significativas desses territórios desde finais do século XIV.

Nesse jogo político-estratégico-militar, os otomanos procuravam o resguardo da potência global da época (a Grã-Bretanha), para contrariar a influência russa. Agora, a Turquia procura o resguardo dos EUA e da NATO. Mas há uma diferença fundamental. No século XIX, o Império Otomano estava em retrocesso.

Era o “homem doente da Europa” — a expressão é do czar russo Nicolau I — e as potências europeias eram potências mundiais. A realidade hoje é substancialmente diferente. A Turquia tem o segundo exército da NATO, equipado com moderno e sofisticado equipamento dos EUA.

As potências europeias, sozinhas, são largamente incapazes em termos político-militares. Impõe-se não deixar arrastar a NATO para as ambições neo-otomanas de Erdogan, que nada têm de defensivo.

http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-j ... 31?page=-1




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